Com imensa alegria, compartilho com amigos e leitores deste blog o que
considero os trechos mais importantes do
discurso da presidente Dilma Rousseff, reeleita no domingo 26 de outubro - embora com uma pequena diferença de votos - à presidência do Brasil.
Para a ocasião comemorativa da vitória Dilma escolheu vestir-se de branco, e salientou a sua disposição ao diálogo, a sua abertura para trabalhar com todas as forças políticas e sociais para continuar as mudanças e construir o futuro do Brasil. A presidente reeleita considera que o calor
da disputa eleitoral deve ser transformado em energia construtiva pelo bem
do povo brasileiro. Eis os trechos selecionados do seu discurso após a confirmação da vitória:
“Agradeço a cada um e a cada uma dos integrantes dessa militância
combativa que foi a alma, que foi a força dessa vitória. E agradeço sem exceção
a todos os brasileiros e as brasileiras. Faço um agradecimento do fundo do meu
coração a um militante, ao militante número um das causas do povo e do
Brasil: o presidente Lula.
Conclamo, sem exceção, as brasileiras e os brasileiros a nos unir em favor do futuro da nossa pátria, de nosso país e
do seu povo. Não acredito, sinceramente, do fundo do meu
coração, não acredito que essas eleições tenham dividido o país ao meio. Entendo, sim, que elas mobilizaram ideias e emoções às vezes contraditórias, mas movidas por um sentimento comum: a busca por um futuro melhor para o país. Em lugar de ampliar divergências, de criar um fosso, tenho forte esperança de que a energia mobilizadora tenha preparado um bom terreno para a construção de pontes.
O calor liberado do
fragor da disputa pode e deve agora ser transformado em energia construtiva de um novo
momento no Brasil. Com a força desse sentimento mobilizador, é possível
encontrar pontos em comum e construir com eles uma primeira base de
entendimento para fazermos o nosso país avançar.
Algumas vezes na
história, resultados apertados produziram mudanças mais fortes e mais rápidas
do que vitórias muito amplas. É essa a minha esperança. Ou melhor, a minha
certeza do que vai ocorrer a partir de agora no Brasil. O debate das ideias, o choque de
posições, pode produzir espaços de consenso capazes de mover a sociedade nas
trilhas das mudanças que tanto necessitamos. Minhas primeiras palavras
são, portanto, de chamamento à base e à união.
Nas democracias
maduras, união não significa necessariamente unidade de ideias, nem ação
monolítica conjunta. Pressupõe em primeiro lugar abertura e disposição para o
diálogo. Esta presidente está disposta ao diálogo e este é o meu primeiro
compromisso do segundo mandato: diálogo.
Toda eleição deve ser vista
como uma forma pacífica e segura de mudança de um país. Toda eleição é uma
forma de mudança, principalmente para nós, que vivemos numa das maiores
democracias do mundo. Quando uma reeleição se consuma ela é entendida como UM
VOTO DE ESPERANÇA dado pela melhoria do governo.
Voto de Esperança - é isto
o que é uma reeleição: ESPERANÇA “especialmente
na melhoria dos atos dos que até então vinham governando. Eu sei que é isso que
o povo diz quando reelege um governante, foi o que eu escutei nas urnas, por
isso quero ser uma presidenta muito
melhor do que fui até agora. Quero ser uma
pessoa ainda melhor do que tenho me esforçado por ser. Esse sentimento de
superação deve não apenas impulsionar o governo e a minha pessoa, como toda a
nação.
O caminho é muito
claro: alguns temas dominaram esta campanha. A palavra mais
repetida, mais dita, mas falada, mais dominante foi: MUDANÇA. O termo mais
amplamente evocado foi REFORMA. Sei que estou sendo reconduzida à presidência
para fazer as grandes mudanças que a sociedade brasileira exige.
Naquilo que o meu esforço, o meu papel e o meu
poder alcançam podem ter certeza de que estou pronta a responder a essa
convocação. Direi sim a esse
sentimento que vem do mais profundo da alma brasileira. Sei das forças e das
limitações que tem qualquer presidente. Sei
também do poder que cada presidente tem de liderar as grandes causas populares,
e eu o farei.
A minha disposição mais profunda é liderar, da
maneira mais pacífica e democrática, esse momento transformador: Estou disposta a abrir um grande espaço de
diálogo com todos os setores da sociedade, para encontrar as soluções mais
rápidas para os nossos problemas.
Entre as reformas, a primeira e a mais
importante deve ser a REFORMA POLÍTICA. Meu compromisso, como
ficou claro durante toda a campanha, é deflagrar esta reforma, que é de responsabilidade constitucional do
Congresso e que deve mobilizar a
sociedade num plebiscito por meio de uma consulta popular.”
Com o PLEBISCITO, "como instrumento dessa consulta, nós
vamos encontrar a força e a legitimidade exigida neste momento de transformação,
para levar em frente a reforma política. Quero
discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e com toda a
população brasileira”. Quero discuti-lo, igualmente, “com todos os movimentos sociais e as forças da sociedade civil”. Quando cito a reforma
política “não significa que eu não saiba
a importância das demais reformas que teremos também a obrigação de
promover:
Terei um compromisso
rigoroso com o COMBATE À CORRUPÇÃO, fortalecendo
as instituições de controle e propondo
mudanças na legislação atual para acabar com a impunidade, que é a
protetora da corrupção.
Promoverei ações localizadas em especial na economia,
para retomar o ritmo de crescimento, continuar garantindo níveis altos de emprego e assegurando também a valorização
dos salários.
Vamos dar mais
impulso à ATIVIDADE ECONÔMICA em todos os setores, em especial no setor
industrial: quero a parceria de todos os segmentos, setores, áreas produtivas e
financeiras nessa tarefa que é responsabilidade de cada um de nós, brasileiros
e brasileiras.
Seguirei a
COMBATER COM RIGOR A INFLAÇÃO e a avançar no terreno da responsabilidade fiscal. Vou estimular o mais
rápido possível o diálogo e a parceria com todas as forças produtivas do país. Antes
mesmo do início do meu próximo governo, eu prosseguirei nessa tarefa.
Mais do que nunca é
hora de cada um e de todos nós acreditarmos no Brasil. De ampliar nosso SENTIMENTO DE FÉ NESSA NAÇÃO INCRÍVEL,
a quem nós temos o privilégio de pertencer e a responsabilidade de fazê-la cada
vez mais prospera e mais justa.
O Brasil - esse nosso
querido país - saiu maior dessa disputa e eu sei da responsabilidade que pesa
sobre meus ombros, vamos continuar
construindo um Brasil melhor: mais INCLUSIVO, mais MODERNO, mais PRODUTIVO. Um país da solidariedade e das oportunidades.
Um Brasil que valoriza o trabalho e a energia empreendedora, um Brasil que cuida das pessoas com olhar especial para as mulheres, os negros e os jovens. Um Brasil cada vez mais voltado para a EDUCAÇÃO, a CULTURA, a CIÊNCIA e a INOVAÇÃO.
Vamos nos dar as mãos e avançar nessa caminhada que vai nos ajudar a construir o presente e o futuro. O carinho, o afeto, o amor e o apoio que recebi nessa campanha me dão energia para seguir em frente com muito mais dedicação.
Hoje estou muito mais forte, mais serena e mais madura para a tarefa que vocês me delegaram. BRASIL: mais uma vez, essa filha tua não fugirá à luta. Viva o Brasil, viva o povo brasileiro! ”.
COMENTÁRIOS SOBRE OS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES (*)
A mídia, no Brasil e no exterior, entende que a eleição brasileira foi uma disputa acirrada entre duas visões polarizadas do Brasil.
No facebook, o desespero pela
vitória de Dilma se expressa por meio de comentários levianos, ignorantes e
discriminatórios contra “o povo nordestino” a quem é imputada a “culpa” de ter
reelegido a presidente Dilma Rousseff. No entanto, é mais numerosa, instigante, bonita e alegre a manifestação dos que
votaram na candidata do PT.
Na América do Sul o jornal chileno La
Tercera destaca que a campanha eleitoral foi a mais disputada em
décadas, enquanto o argentino La
Nación chamou Dilma de presidente
‘teflon’, por ter conseguido se reeleger apesar da intensa campanha
contrária à sua reeleição.
Nos Estados Unidos o New York Times afirmou que a campanha das eleições no Brasil "foi marcada por acusações de corrupção, insultos pessoais e um debate acalorado" e mostrou uma "crescente polarização no Brasil".
Na Europa, o jornal espanhol El País
comenta que as denúncias de corrupção e problemas na economia do Brasil marcarão
o novo mandato. O jornal britânico The Guardian
afirmou que a eleição de Dilma "estende a dominação dos partidos de
esquerda na América do Sul na última década". O site do jornal italiano Corriere
della Sera colocou a eleição brasileira na manchete e disse que o país
está "dividido em dois". Na Alemanha a mídia destacou que a campanha presidencial brasileira é uma
das mais acirradas dos últimos tempos e confronta o norte "negro e
pobre" do país contra o sul "rico e industrializado".
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Fonte: www.brasilalemanha.com em 26.10.2014
(*) Pesquisas realizadas na internet, especialmente nos sites da Folha de São Paulo, no g1.globo.com.br, no www.notícias.bol.uol.com.br e no www.ig.com.br
Créditos imagens:
1 - Militantes à espera do resultado das urnas - www.ig.com.br
2 - Dilma, Lula, Temer e outros aliados comemoram a vitória - www.eleições.uol.com.br
3 - Dilma Sim - Imagem: faccebook.com/Obviedades
4 - Guardachuvas coloridos - Cidade de Agueda, Portugal - foto de Cidônio Rinaldi
5 - Dilma sentada, de branco - www.luiscardoso.com.br
6 - Mapa das eleições no Brasil elaborado por Thomas Victor Conti in: www.thomasconti.blog.br
7 - Foto de um grupo de médicos pró-Dilma - Recife-PE - arquivo do blog.