Apresento aqui um livro entre aqueles que mais me tocaram, por sua profunda análise do sentimento humano vivido de forma metafórica por um pequeno abete, encantado porque um dia pôde sair do espaço físico da vida das plantas, para ir conviver com uma família de classe média, em tempos de Natal.
A autora, Clarissa Pinkolas Estés é uma antropóloga e psicanalista americana reconhecida e famosa, como escritora, especialmente por seu livro de grande sucesso traduzido em diversos países, inclusive no Brasil: Mulheres que correm com os lobos.
Clarissa Pinkola Estés é, também, uma grande contadora de histórias, por herança familiar, e escreveu vários livros com algumas das suas histórias familiares. Como, por exemplo, O Jardineiro que tinha fé (título do livro na versão brasileira).
É a história do tio Zavar de Clarissa, a autora. Neste livro, ela também conta a história de um pequeno abeto da qual eu gostaria de lembrar alguns momentos, neste espaço. Para isto, preferi fazer uma versão livre dos textos citados, amparada na edição italiana.
Clarissa Pinkola Estés é, também, uma grande contadora de histórias, por herança familiar, e escreveu vários livros com algumas das suas histórias familiares. Como, por exemplo, O Jardineiro que tinha fé (título do livro na versão brasileira).
É a história do tio Zavar de Clarissa, a autora. Neste livro, ela também conta a história de um pequeno abeto da qual eu gostaria de lembrar alguns momentos, neste espaço. Para isto, preferi fazer uma versão livre dos textos citados, amparada na edição italiana.
... Era uma vez um jovem abeto, que embora fosse
pequeno de estatura era grande de espírito. Vivia na profundidade de uma
floresta e era circundado de árvores maiores do que ele.
A cada ano ele esperava que o verão passasse, que chegasse o outono e, enfim, o delicioso inverno. Naquele ano estava na sua plenitude com o seu manto verde frondoso e alegre. Ele sonhava que o levassem para enfeitar a noite de Natal na casa de alguma família, como acontecia com outros abetes, seus conhecidos. Esse era o grande sonho que ele tinha!
A cada ano ele esperava que o verão passasse, que chegasse o outono e, enfim, o delicioso inverno. Naquele ano estava na sua plenitude com o seu manto verde frondoso e alegre. Ele sonhava que o levassem para enfeitar a noite de Natal na casa de alguma família, como acontecia com outros abetes, seus conhecidos. Esse era o grande sonho que ele tinha!
E um dia o abeto ouviu algumas pessoas passarem, e uma criança disse: – Oh, vejam como estão vigorosos os ramos dessa árvore! E a sua mãe comentou: - Como esse abeto está cheio de ramos bonitos! - Sim, disse o pai. Não é nem muito alto nem muito baixo, é perfeito para a nossa casa!
Ao ao cair da noite, aquela família cortou o abeto e o levou no trenó, com eles. E chegaram diante de uma casa coberta de neve. Um casas de velhos saiu e, olhando o abeto no trenó, exclamaram: Que lindo! Que lindo! Esta árvore tão bonita e frondosa, é perfeita para nós.
- Oh - pensou o abeto - como é bom ser acolhido
tão bem! Quando as lâmpadas da casa foram apagadas, o abeto – que amava a profundidade e a escuridão da floresta – começou
a amar também a escuridão da casa. E, embora estivesse habituado a contemplar a noite estrelada a céu aberto – e agora só pudesse ver apenas um naco do céu
através do vidro da janela – ele percebeu a estrela que brilhava mais do que
as outras. E vendo-a, o abeto sentiu que muitas outras coisas bonitas poderiam
acontecer. E adormeceu feliz.
De manhã as crianças acordaram festejando o abeto, vendo ao seu redor todos os presentes que os adultos haviam colocado.
À noite, acenderam-se as luzes, chegaram os amigos da família, trocaram presentes, e as crianças cantavam, pulavam, gritavam, e comemoravam com muita alegria. Chegaram até a colocar uma estrela brilhante no topo do abeto, tornando-o mais bonito.
À noite, enquanto todos estavam dormindo, o cachorro e o gato faziam zzzzzz, a mãe, o pai e os velhos: ZZZZZZZ, e o abeto entrou num sono profundo e sonhou sobre a sua nova vida. Mas, dias depois, o abete viu toda a família preparar-se e sair, deixando a sala na desordem que a festa havia provocado.
Quando todos voltaram, era hora de guardar o que não pertencia à sala, em outro lugar. Chegara o momento de levar o abeto para o sótão. Era lá que ficavam as coisas que não estavam mais em uso.
Então, abandonado no sótão, o abeto se perguntou:
– O que significa toda essa escuridão?
O sábio Tio Zovár –
que contava essa história à escritora Clarissa
Pinkola Estés – suspirou, tendo o coto do cigarro entre os seus dentes
escurecidos: - “Ah”, disse-me o tio, “na história dessa pequena existência, chegamos
ao ponto em que a única mudança segura é a certeza de que haverá uma mudança.
Entendes o que quero dizer?”
E Clarissa escreve: “Então me lembrei e, abaixando
a voz lhe respondi: “Significa, caro tio,
que mesmo quando achamos que estamos seguindo corretamente o mapa, numa caminhada...”. E o tio esboçando um sorriso, completou:
“... Deus, inesperadamente, decide mudar o caminho... nos leva para
outra parte nós e o
caminho”.
No sótão, o abeto gritou, num grande clamor:
- Ai de mim! "O que fiz para ser abandonado em um lugar tão frio e solitário?”
No sótão, o abeto gritou, num grande clamor:
- Ai de mim! "O que fiz para ser abandonado em um lugar tão frio e solitário?”
Um ratinho que estava por perto, e havia percebido a situação, lhe disse:
- Oh, querida árvore, você teve uma boa vida, não foi?
- Sim, disse o abeto entristecido.
- Pensava que aquela boa vida não ia terminar nunca, não é?!
E deu um bofete no abeto:
- Todas as coisas, cara árvore, mesmo as coisas boas, num dado momento têm um fim!
- Então tudo isso vai terminar?
- Sim, mas para que possas iniciar uma vida nova, um tipo de vida diferente... Verás!
E juntos eles adormeceram na noite escura...
Não termina aqui essa maravilhosa história, que nos convida a refletir sobre a nossa adesão ao
que a vida nos pede. E o livro tem outras histórias inspiradas como esta. Na segunda capa do livro, Thomas Moore comenta:
trata-se de uma história que “nasce de
antigos ritos familiares e reconhece que a alma não está perdida, mas ficou por
algum tempo adormecida...”. É uma
história que “está em total sintonia com
o sofrimento da nossa sociedade, mexe com a imaginação e acorda a alma”.
Os leitores estão convidados à leitura deste livro especial e profundo. Na sua aparente simplicidade, a história do abeto nos fala das coisas mais profundas da vida. Está traduzido em diversos idiomas, como muitos outros livros de Clarissa.
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Fonte do texto:
Créditos das imagens:
1. Capa do livro: O Giardiniere dell'Anima" (O Jardineiro da Alma).
2. Capa do livro: O Jardineiro Fiel
3, 4, 5 - www.canstockprhoto.com.br
6 - Janela - Pintura de Iman Malec, pintor realista indiano - Galeria do pintor: www.imanmamleki.com
7. Árvore de Natal - www.canstockphoto.com.br
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma dessas imagens e deseja que ela seja removida deste espaço, por favor faça um comentário nesta postagem.
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