Hoje trazemos da Espanha uma reflexão de forte densidade e iluminação.
Eu ousaria traduzir o que o autor - José Maria Castillo - chama de Evangelho para Espiritualidade - a fonte de vida que dá sentido ao nosso viver, move o nosso agir em toda circunstância, fundamenta as nossas mais importantes e mais simples decisões, e nos convoca a viver o momento, como fosse o último.
Segue o artigo citado.
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Eu ousaria traduzir o que o autor - José Maria Castillo - chama de Evangelho para Espiritualidade - a fonte de vida que dá sentido ao nosso viver, move o nosso agir em toda circunstância, fundamenta as nossas mais importantes e mais simples decisões, e nos convoca a viver o momento, como fosse o último.
Segue o artigo citado.
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O CORONAVÍRUS NOS FAZ
PERCEBER A
DIFERENÇA ENTRE
RELIGIÃO E EVANGELHO
“Religião e Evangelho são meio ou caminhos opostos para buscar a
Deus. Foi preciso o coronavírus, para que as pessoas se dessem conta da diferença
entre religião e evangelho”, escreve José María Castillo, teólogo espanhol.
Religión Digital.org
Tradução de: Wagner Fernandes de
Azevedo.
Uma das coisas que estão se tornando
mais evidentes nessa enorme desgraça que estamos sofrendo – a pandemia de coronavírus – é a
diferença entre religião e evangelho. Porque são duas coisas muito
diferentes. E, em alguns assuntos de enorme importância, são experiências e
práticas contraditórias. Foi preciso uma desgraça assustadora, como
o coronavírus, para muitas pessoas perceberem a diferença entre a religião
e o evangelho.
Explico-me. Uma das coisas mais
óbvias que estamos vendo, hoje em dia, é que manifestações públicas de religião
(procissões, cerimônias religiosas solenes, funções sagradas nos templos etc. são um obstáculo e até um perigo. Pelo contrário, (em alguns casos e até alguns
dias atrás), sentíamos falta de que, na
vida e na convivência diária o evangelho estivesse mais presente na cura dos
doentes, na atenção aos mais infelizes e vulneráveis, como aqueles que vivem em
perigo de morte (mendigos, idosos, marginalizados, moribundos) ou mesmo os mortos.
O que é compreensível. Porque “religião”
e “evangelho” são meios ou maneiras de buscar a Deus. Mas, são meios ou
caminhos opostos. A "religião" é um conjunto de crenças,
normas e ritos, para acalmar a consciência. O “evangelho” é um “modo de
vida” que coloca todo o seu interesse em remediar o sofrimento daqueles que têm
dificuldades. E tudo isso explica por que a “religião” tem o seu
centro “no sagrado”, enquanto o “evangelho” tem o seu centro no
“humano”.
Isto explica por que, segundo o
Evangelho, Deus se encarnou. O que significa: Deus se humanizou. Antes de tudo,
em Jesus de Nazaré. Assim, o próprio Jesus poderia dizer ao
apóstolo Felipe: “Quem me viu, viu o Pai... Como é que você diz, mostra-nos o Pai?” (Jo 14, 9). No entanto,
Deus não se encarnou só em Jesus. Deus
está presente em cada ser humano.
Por isso, o próprio Deus dirá a cada um no juízo final: “Eu vos asseguro: o que fizestes a estes meus irmãos
menores, a mim o fizestes”. (Mt
25,40).
O fundo da questão está em algo que
não entra em nossa cabeça. Em nossa intimidade mais profunda, sempre nos
colocamos questões que não encontram resposta. Muitas vezes fugimos de nós
mesmos ou tentamos fugir, procurando soluções na diversão ou no egoísmo.
Soluções de emergência que duram pouco. Mas, lá dentro de nós permanecem as
questões e o vazio.
Há, também, aqueles que buscam resposta na religião. Embora os ritos religiosos sejam ações que, devido ao rigor da observância das normas, acabam constituindo um fim em si mesmo. Com isso, nem resolvem seu problema, nem vão a lugar algum. Concluindo: quando focamos nossa vida no “ethos”, na conduta da honradez e da bondade, num projeto de vida que nos humaniza, que nos torna pessoas honestas e abertas para o outro, então nos encontramos no Evangelho.
Há, também, aqueles que buscam resposta na religião. Embora os ritos religiosos sejam ações que, devido ao rigor da observância das normas, acabam constituindo um fim em si mesmo. Com isso, nem resolvem seu problema, nem vão a lugar algum. Concluindo: quando focamos nossa vida no “ethos”, na conduta da honradez e da bondade, num projeto de vida que nos humaniza, que nos torna pessoas honestas e abertas para o outro, então nos encontramos no Evangelho.
É com um “projeto de vida” que
humanizamos nossas vidas, e, com isso, nos contagiamos de bem-estar e paz, e
seremos felizes, mesmo aguentando as
pandemias que
podem nos invadir.
Que enorme equívoco se cometeu na
Igreja quando, com o passar dos anos, se acabou fundindo e confundindo o Evangelho com
a Religião!
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Fonte da
tradução do texto original:
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/597358-igreja-e-reino-transpassam-o-vaticano-artigo-de-jose-maria-castillo - publicada
em 23/03/2020.
Texto original em espanhol:
Observação: As citações dos evangelhos, nesta versão portuguesa aqui publicada, foram copiadas da Bíblia do Peregrino - Novo Testamento - Ed. Paulus, 3ª edição, 2005.
Créditos das Imagens:
1. Imagem de abertura - integrada no texto original in: www.religióndigital.org
2. Imagem do autor: José Castillo - www.castilho.publico.es.jpg
3. Papa Francisco recebe José Maria Castillo - www.redescristianas.net.jpg
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja retirada desta publicação, por favor entre em contato conosco fazendo um comentário nesta postagem.
1. Imagem de abertura - integrada no texto original in: www.religióndigital.org
2. Imagem do autor: José Castillo - www.castilho.publico.es.jpg
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