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RELIGIÃO E EVANGELHO EM TEMPOS DO COVID-19

21 abril, 2020





Neste período em que muitos temos procurado seguir a orientação de FICAR EM CASA - para nos proteger a nós e aos outros de contaminação - tenho buscado trazer aos leitores deste espaço textos mais reflexivos, que nos alimente interiormente de modo a nos fortalecer, nesta longa quarentena, para enfrentarmos os dias que virão. Um tempo que, certamente, não será como antes. O que se sabe é que uma catástrofe sanitária e social desta natureza - inserida na desastrosa e preocupante situação política que todavia nos atinge, no Brasil - nos aponta cenários que, até agora, os filósofos, sociólogos, historiadores, psicólogos e políticos apenas estão tateando para tentarem balbuciar as primeiras intuições.

Hoje trazemos da Espanha uma reflexão de forte densidade e iluminação. 
Eu ousaria traduzir o que o autor - José Maria Castillo - chama de Evangelho para Espiritualidade - a fonte de vida que dá sentido ao nosso viver, move o nosso agir em toda circunstância, fundamenta as nossas mais importantes e mais simples decisões, e nos convoca a viver o momento, como fosse o último

Segue o artigo citado.

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O CORONAVÍRUS NOS FAZ PERCEBER A
DIFERENÇA ENTRE RELIGIÃO E EVANGELHO
 

Religião e Evangelho são meio ou caminhos opostos para buscar a Deus. Foi preciso o coronavírus, para que as pessoas se dessem conta da diferença entre religião e evangelho”, escreve José María Castillo, teólogo espanhol. 



Artigo de: José Maria Castilho
Religión Digital.org
Tradução de: Wagner Fernandes de Azevedo.


Uma das coisas que estão se tornando mais evidentes nessa enorme desgraça que estamos sofrendo – a pandemia de coronavírus – é a diferença entre religião e evangelho. Porque são duas coisas muito diferentes. E, em alguns assuntos de enorme importância, são experiências e práticas contraditórias. Foi preciso uma desgraça assustadora, como o coronavírus, para muitas pessoas perceberem a diferença entre a religião e o evangelho.

Explico-me. Uma das coisas mais óbvias que estamos vendo, hoje em dia, é que manifestações públicas de religião (procissões, cerimônias religiosas solenes, funções sagradas nos templos etc.  são um obstáculo e até um perigo. Pelo contrário, (em alguns casos e até alguns dias atrás),  sentíamos falta de que, na vida e na convivência diária o evangelho estivesse mais presente na cura dos doentes, na atenção aos mais infelizes e vulneráveis, como aqueles que vivem em perigo de morte (mendigos, idosos, marginalizados, moribundos) ou mesmo os mortos.

O que é compreensível. Porque “religião” e “evangelhosão meios ou maneiras de buscar a Deus. Mas, são meios ou caminhos opostos. A "religião" é um conjunto de crenças, normas e ritos, para acalmar a consciência. O “evangelho” é um “modo de vida” que coloca todo o seu interesse em remediar o sofrimento daqueles que têm dificuldades. E tudo isso explica por que a “religião” tem o seu centro “no sagrado”, enquanto o “evangelho” tem o seu centro no “humano”.

Isto explica por que, segundo o Evangelho, Deus se encarnou. O que significa: Deus se humanizou. Antes de tudo, em Jesus de Nazaré. Assim, o próprio Jesus poderia dizer ao apóstolo Felipe: “Quem me viu, viu o Pai... Como é que você diz, mostra-nos o Pai?” (Jo 14, 9). No entanto, Deus não se encarnou só em Jesus. Deus está presente em cada ser humano. Por isso, o próprio Deus dirá a cada um no juízo final: Eu vos asseguro: o que fizestes a estes meus irmãos menores, a mim o fizestes”. (Mt 25,40).

O fundo da questão está em algo que não entra em nossa cabeça. Em nossa intimidade mais profunda, sempre nos colocamos questões que não encontram resposta. Muitas vezes fugimos de nós mesmos ou tentamos fugir, procurando soluções na diversão ou no egoísmo. Soluções de emergência que duram pouco. Mas, lá dentro de nós permanecem as questões e o vazio. 

Há, também, aqueles que buscam resposta na  religião. Embora os  ritos religiosos sejam ações que, devido ao rigor da observância das normas, acabam constituindo um fim em si mesmo. Com isso, nem resolvem seu problema, nem vão a lugar algum. Concluindo: quando focamos nossa vida no “ethos”, na conduta da honradez e da bondade, num projeto de vida que nos humaniza, que nos torna pessoas honestas e abertas para o outro, então nos encontramos no Evangelho.

É com um “projeto de vida” que humanizamos nossas vidas, e, com isso, nos contagiamos de bem-estar e paz, e seremos felizes, mesmo  aguentando as pandemias que podem nos invadir.

Que enorme equívoco se cometeu na Igreja quando, com o passar dos anos, se acabou fundindo e confundindo o Evangelho  com a Religião!

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Fonte da tradução do texto original: 


Texto original em espanhol:


Observação:  As citações dos evangelhos, nesta versão portuguesa aqui publicada, foram copiadas da Bíblia do Peregrino - Novo Testamento - Ed. Paulus, 3ª edição, 2005.

Créditos das Imagens:

1. Imagem de abertura - integrada no texto original in: www.religióndigital.org
2. Imagem do autor: José Castillo - www.castilho.publico.es.jpg
3. Papa Francisco recebe José Maria Castillo - www.redescristianas.net.jpg


Nota:  As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja retirada desta publicação, por favor entre em contato conosco fazendo um comentário nesta postagem.


RELIGIÓN Y EVANGELIO EN TIEMPOS DEL COVID-19



En este período, cuando muchos hemos tratado de seguir la orientación de mantenernos en casa - para protegernos a nosotros mismos y a los demás de la contaminación - he tratado de traer a los lectores de este espacio textos más reflexivos, que nos alimenten desde adentro, de modo a fortalecernos en esta larga cuarentena, para enfrentar los días por venir. Un tiempo que, ciertamente, no será como antes. 

Lo que se sabe es que una catástrofe social y sanitaria de esta naturaleza, insertada, en ciertos casos, en desastrosas y preocupantes situaciónes políticas,  señala escenarios que, hasta ahora, filósofos, sociólogos, historiadores, psicólogos y políticos solo a tientas consiguen murmurar las primeras intuiciones.

Hoy traemos de España un reflejo de fuerte densidad e iluminación. Me atrevería a traducir lo que el autor llama de Evangelio, para Espiritualidad - una filosofia de vida que da sentido a nuestra vida, mueve nuestra acción en todas las circunstancias, sustenta nuestras decisiones más importantes y más simples, y nos llama a vivir el momento como fuera el último.

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"¡Qué enorme equivocación se cometió en la Iglesia cuando, con el paso de los años, terminó por fundirse y confundirse 
el Evangelio con la Religión!"

  
Sigue el artículo de José Maria Castillo, teólogo español, publicado por Religión Digital, en 22/03/2020. 


CORONAVIRUS HACE DESCUBRIR LA DIFERENCIA ENTRE RELIGIÓN Y EVANGELIO


Por: José Maria Castillo

Una de las cosas, que están quedando más patentes en esta enorme desgracia que estamos sufriendo - la pandemia del coronavirus - es la diferencia que hay entre la religión y el evangelio. Porque son dos cosas muy distintas. Y, en algunas cuestiones de enorme importancia, son experiencias y prácticas contradictorias. Ha tenido que venir una desgracia, tan espantosa como el coronavirus, para que mucha gente caiga en la cuenta de la diferencia que hay entre religión y evangelio.
 Y es que, si todo esto se piensa despacio, caemos en la cuenta de que fueron los “hombres de la religión” los que no pudieron tolerar el “evangelio de Jesús”. Y fueron los sumos sacerdotes del templo los que condenaron a muerte a Jesús, los que forzaron a Poncio Pilatos para que lo crucificaran, los que se burlaron de Jesús en su agonía. Y no se quedaron tranquilos hasta que lo vieron muerto. Es un hecho evidente: la “religión” no pudo convivir con el “evangelio”.
Me explico. Una de las cosas más patentes, que estamos viendo en estos días, es que las manifestaciones públicas de la religión (procesiones, solemnes ceremonias religiosas, funciones sagradas en los templos, etc) son un estorbo y hasta un peligro. Mientras que, por el contrario (en algunos casos y hasta hace pocos días) echamos en falta que, en la vida y en la convivencia diaria, estuviera más presente el evangelio, que es curación de enfermos, atención a lo que necesitan los más desgraciados de este mundo, los que están en peligro de muerte y hasta los difuntos (mendigos, ancianos, personas marginadas, moribundos y hasta muertos).
Lo cual es comprensible. Porque “religión” y “evangelio” son medios o caminos para buscar a Dios. Pero son medios o caminos opuestos. La “religión” es un conjunto de creencias, normas y ritos, para tranquilizar la conciencia. El “evangelio” es una “forma de vida” que `pone todo su interés en remediar el sufrimiento de quienes lo pasan mal en la vida. Y todo esto es lo que explica por qué la “religión” tiene su centro en “lo sagrado”, mientras que el “evangelio” tiene su centro en “lo humano”.
esto es lo que explica por qué, según el “evangelio”, Dios “se encarnó”, es decir: Dios “se humanizó”. Ante todo, en Jesús de Nazaret. De forma que el mismo Jesús le pudo decir al apóstol Felipe: “El que me ve a mí, está viendo a Dios” (Jn 14, 9). Pero no sólo en Jesús. Dios está presente en cada ser humano. Por eso, el mismo Dios dirá a cada cual en el juicio final: “Lo que hicisteis con cada uno de éstos, a Mí me lo hicisteis” (Mt 25, 40).
Y es con el “proyecto de vida”, que humaniza nuestras vidas, con eso contagiamos felicidad y seremos felices, incluso aguantando las pandemias que nos puedan invadir.


También hay quienes buscan respuesta en la religión. Pero los ritos religiosos son acciones que, debido al rigor de la observancia de las normas, acaban constituyéndose en un fin en sí. Con lo cual, ni resuelven su problema, ni van a ninguna parte. Y para acabar: cuando centramos nuestra vida en el “ethos”, la conducta de la honradez y la bondad, el proyecto de vida que nos humaniza, nos hace honrados y buenas personas, entonces hemos encontrado el EVANGELIO.

Y es que el fondo del asunto está en algo que no nos entra en la cabeza. 

En nuestra intimidad más honda, llevamos siempre preguntas que no encuentran repuesta. Muchas veces huimos de nosotros mismos o intentamos huir, buscando soluciones en la diversión o el egoísmo. Soluciones de repuesto que duran poco. En el fondo, quedan las preguntas y el vacío. 

¡Qué enorme equivocación se cometió en la Iglesia cuando, con el paso de los años, terminó por fundirse y confundirse el Evangelio con la Religión!

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Fuente del artículo:


Crédito de las Imágines:

1. Imágen de abertura del altículo original.
2. José MariaCastillo - www.publico.es.jpg
3. Papa Francisco recibe José Maria Castillo de la Rede Digital - España 
 www.redescristianas.net


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A PANDEMIA E A LUTA DA POPULAÇÃO NATIVA

19 abril, 2020

Neste 19 de abril queremos homenagear esses nossos irmãos que nos acolheram em suas terras nativas, desde quando os primeiros portugueses puseram os pés nessas terras ameríndias. Há inúmeros artigos, neste abril comemorativo, que falam da situação dos indígenas brasileiros, em tempos de Covid-19. Selecionei este, do El País Brasil, por me parecer mais adequado aos interesses dos leitores. Sabe-se que há uma Frente Parlamentar da qual fazem parte duas deputadas indígenas, que estão acompanhando as questões práticas de assistência, na área governamental. De sua parte, as comunidades indígenas desde março que cumprem a quarentena, mas estão sempre de sobressalto pela segurança de suas comunidades.


               Acampamento Terra Livre, em Brasília. Foto: Caarl de Souza / AFP


A pandemia e a luta indígena
em um planeta que tem febre

A história dos povos indígenas mostra que a pandemia mata, a fome mata e a ausência do Estado mata. Matam em velocidades diferentes

Por: Célia Xakriabá e Edmundo Antonio Dias Neto Júnior 
Em: 19/04/2020


No território Xakriabá, na região norte de Minas Gerais, os estudos começam com os mais jovens ouvindo os anciãos e lideranças do povo. Com eles, nunca se aprende que em 1500 o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral. O achamento do país foi uma conquista que ainda perdura.

O antropólogo Darcy Ribeiro, no livro O povo brasileiro, observou que a chegada da branquitude desencadeou, “desde a primeira hora, uma guerra biológica implacável. De um lado, povos peneirados, nos séculos e milênios, por pestes a que sobreviveram e para as quais desenvolveram resistência. Do outro lado, povos indefesos, que começavam a morrer aos magotes. Assim é que a civilização se impõe, primeiro, como uma epidemia de pestes mortais.”
Essa história perpassa o presente. Em 04 de abril de 2020, patrulhas e guinchos da Polícia Militar adentraram a terra indígena Xacriabá para verificar a documentação de motos e carros de membros daquele povo. Estavam em seu território, em quarentena, como milhões de brasileiros que, procurando resguardar-se da pandemia, ficaram em suas casas. Cenas de violência simbólica.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro dizia que a pandemia que assusta o mundo é uma “gripezinha”, mais sábia (e antenada com as recomendações da Organização Mundial da Saúde) foi a decisão do povo Xacriabá, que desde o dia 19 de março, como medida de proteção, havia fechado seu território, onde o isolamento social é para cuidar da morada coletiva (para não adoecer a morada interior).

Nesse contexto pandêmico, o mês de abril, que tradicionalmente é marcado pelas rememorações da história indígena no país, pela realização do acampamento Terra Livre e por marchas públicas, evoca de maneira forte o momento inicial da conquista e as constantes violações a direitos dos povos originários. Este ano, os povos indígenas decidiram ficar em suas moradas. A sua história mostra que a pandemia mata, a fome mata, as armas de fogo e a violência matam, a injustiça mata, a colonização mata, o racismo mata, o veneno mata, a mineração mata, a ausência do Estado mata. Matam em velocidades diferentes.

A Constituição de 1988 reconhece a organização social, costumes, línguas, crenças e tradições dos índios e seus direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Quando a Constituição se refere ao patrimônio cultural, ela fala de identidade, de ação, da memória de diferentes grupos que formam a sociedade brasileira. Ela protege formas de expressão, modos de criar, fazer e viver. As manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional também encontram proteção em um Estado que, portanto, é pluriétnico e multicultural. Mas nem todos compreendem toda essa diversidade e riqueza, como se elas caminhassem inelutavelmente para se tornarem homogêneas, ou seja, como se a tradicionalidade tivesse de se modernizar.

Para o presidente da República, por exemplo, “o índio mudou, tá evoluindo. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós...” A fala, que não esconde o preconceito, expõe um projeto governamental assimilacionista. Uma das facetas da aculturação imaginada é o que se pode chamar de “agriculturação”, a imposição de um modo de pensar a ocupação dos territórios indígenas, que violenta a identidade dos povos originários e tenta fazer nova catequese, a de uma visão de mundo e de modos de produção vindos de fora.

Para o projeto de agriculturação, os povos indígenas têm muita terra, mesmo que estejamos atrasados (há mais de 26 anos) em concluir a demarcação das terras indígenas, que a Constituição estabeleceu, deveria ser concluída no prazo de cinco anos a partir de 1988. A fala de Jair Bolsonaro, de que, se eleito, não haveria “um centímetro a mais para demarcação” de terras indígenas, é expressão desse projeto.

A desterritorialização é uma das marcas da ditadura implantada no país em 1964, que via os indígenas como um obstáculo ao modelo de desenvolvimento proposto pelos militares. A Comissão Nacional da Verdade estima que pelo menos 8.350 indígenas tenham sido mortos no período de suas investigações. A não implementação de reparação e de medidas de não repetição, como as que foram recomendadas pela comissão, mantém pulsante o agir de violência da história brasileira. Segundo dados preliminares divulgados pela Comissão Pastoral da Terra, sete lideranças indígenas foram mortas em conflitos no campo no ano passado, maior número da década.

A “agriculturação” se manifesta em várias frentes, como no projeto de lei nº 191, apresentado este ano à Câmara dos Deputados, para, a pretexto de regulamentar a Constituição, permitir a mineração em terras indígenas, propondo um modelo etnocêntrico apartado da cosmovisão indígena.

Felizmente, as marchas e contramarchas da história deixam também avanços, como o fortalecimento do movimento indígena. São travas em períodos de retrocessos. É o caso também da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, promulgada no país em 2004, que estabelece a obrigação de que os povos indígenas sejam consultados previamente sobre proposições legislativas que os afetem diretamente, como o acima mencionado projeto de lei nº 191/2020.

A esse panorama de tensões, violações e ameaças a direitos, soma-se, agora, o enorme desafio trazido pelo novo coronavírus. A chegada da pandemia encontra um Poder Executivo federal em constante conflito com os demais Poderes, incapaz de com eles se relacionar em harmonia, como propugnado na Constituição. A nota positiva é que o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional vêm estabelecendo limitações importantes à atuação do Governo federal. O sistema federativo, de sua parte, está fortalecido e permite que governadores e prefeitos ocupem o aparente vazio de poder que decorre, na verdade, da particular visão de mundo presidencial.

A pandemia que hoje todos vivemos cria um mundo que ainda não se mostrou, cujas bases estão em reconstrução. A sociedade busca urgentemente a cura, e precisa não apenas do princípio ativo do remédio a ser encontrado, mas também de ativar nossos princípios de humanidade.
Como tem dito a primeira autora deste artigo, a humanidade tem fome de “ressentimentalizar” a coletividade e a solidariedade, de respeitar o luto e as cicatrizes do planeta (um planeta que há um bom tempo está com febre), de curar a casa interior, para não perder a esperança. É ela que move o reencantamento pela vida.

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Fonte da matéria:



Célia Xakriabá é cientista Social, mestra em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília e doutoranda em Antropologia pela UFMG. 
Edmundo Antonio Dias Netto Junior é procurador da República em Belo Horizonte e representante do Ministério Público Federal no Conselho Nacional dos Povos e Comunidades.

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REVISITANDO AS DIMENSÕES DO AMOR - A ATENÇÃO PELO OUTRO

18 abril, 2020


Nestes dias em que estamos isolados em nossos refúgios domésticos, para nos proteger da pandemia, talvez consigamos refletir um pouco sobre os outros que, por razões da profissão ou da necessidade de sobrevivência, necessitam trabalhar em serviços de apoio à população. 

De início, é importante que consideremos o dom de poder estar em nossos refúgios domésticos, alguns
em casas com jardins,  ou varandas no apartamento. Esses, têm a possibilidade de ver os  retalhos de luar, o céu estrelado, o sol nascente nas madrugadas insones, e um poente avermelhado, na despedida do dia. 

Há quem, por razões profissionais (como médicos, enfermeiros e diversos agentes de saúde) não pode voltar à sua casa e, mesmo quando voltam, é para se recolherem sem abraços nem beijos, num quarto isolado, até que a pandemia os devolva ao convívio com a família. 

Por outro lado, há milhares de pessoas que - por inúmeras razões resultantes da má distribuição de renda e de oportunidades - fazem dos bancos de praças e beiras de rua o seu lugar de sobrevivência. Sabemos muito bem que, mesmo que tenhamos ralado para chegar onde queríamos, não é culpa dos outros, os descartados sociais, estarem no fundo do poço, ou, para ser mais realista, na lama, por trás dos tapumes que chamamos favela.

A nossa "oração" carece de mais atitude do que de palavras, precisa ser mais pé no chão, mais solidária e atenta ao clamor dos empobrecidos. 


E, por favor, não deixem soar dentro de si, o eco do homem que rezava - segundo os Evangelhos - para  agradecer a Deus por ele "não ser como os outros"... pois ainda há os que vivem a olhar para si, contemplando-se feito Narciso, uma figura mítica que buscava o outro, igual a si, no espelho das águas.

O que trago hoje para vocês são dizeres de poetas e pensadores da modernidade, e das páginas encardidas de escrituras das religiões mais antigas, sobre o amor pelo outro, quem quer que ele seja. Que essa leitura nos ajude a rever as nossas ações no dia a dia, e os nossos pensares recônditos.

Mais do que isto.
Precisamos enxergar o julgamento inadequado que, por vezes, fazemos de alguém com quem dividimos tarefas, ou que estão ao nosso serviço, como os domésticos, porteiros, taxistas, o pessoal da limpeza das ruas, e os muitos jovens que hoje vivem numa moto ou bicicleta, sem contrato de trabalho, no vaivém das entregas em domicílio, arriscando suas vidas para sobreviverem.

O que o amor fraterno nos sugere, neste momento, quando essas pessoas continuam a nos servir? 

Esta poderia, também, ser uma boa ocasião para revermos nossas atitudes com quem compartilhamos os ideais humanitários de fraternidade, de justiça, de igualdade e de paz. A ideia de alcançar o poder "para fazer o bem" "para dar um jeito no país" pode nos encantar de tal modo, que esquecemos de começar a construir laços de diálogo e fraternização com outros, que estão do mesmo lado, mas não é do mesmo partido, ou não parte da mesma proposta que desejaríamos. Sairemos todos perdedores por esse grande equívoco.

Em casa, podemos aproveitar esse tempo de maior convivência,  sem o estresse do trabalho, para repensar o nosso jeito de amar o companheiro ou a companheira de vida, quando for o caso. É sempre tempo de enxergar os nossos exageros de querer que o outro pense e aja como nós, sem deixar a ele ou a ela o espaço de ser o que são, como são, para que o amor amadureça no diálogo e na reciprocidade. 

Se ficarmos esperando que seja o outro a dar o primeiro passo,(companheiro ou companheira, pai ou mãe, filho ou filha, namorado ou namorada, vizinho ou amigo)  esse cálculo pode ser um indicativo de que não não é o amor que me move. Pode-se chamar de competição, negociação, ato civilizatório de convivência. Aqui, no entanto, propõe-se o amor e a reciprocidade.

Vejamos o que dizem escritores e líderes religiosos, profetas ou deuses, a depender da nossa fé pessoal.

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Clarice Lispector - Sou como você me vê. / Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania / Depende de quando e como você me vê passar. (i)

Chiara LubichSe tentares viver de amor verás que, nesta terra, convém que faças a tua parte – a outra nunca sabes se virá, nem é necessário que venha. Por vezes ficarás decepcionado, mas jamais perderás a coragem se te convenceres de que, no amor, o que vale é amar”. (ii)

João Guimarães Rosa - Deus nos dá pessoas e coisas para aprendermos a alegria... / Depois, retoma coisas e pessoas, para ver se já somos capazes da alegria sozinhos... / Essa, a alegria que ele quer. (iii)

Sophia de Mello B. Andresen – “E a caridade de que ele falava não era a conhecida e pacífica praxe das comedidas esmolas regulamentares. Era um mandamento de Deus solene e rigoroso, uma palavra nua de Deus atravessando o espírito do homem”. (iv- p.57)  
“E, de repente, pareceu ao velho bispo que todo o abandono do mundo, todo o sofrimento, toda a solidão, o olhavam de frente, no rosto daquele homem. Coisa difícil de olhar de frente”. (iv-p.94) 
“Muitos anos passaram. O homem certamente morreu. Mas continua ao nosso lado. Pelas ruas”. (iv-p.161)


Eduardo Galeano - "Nem dez pessoas iam aos últimos recitais do poeta espanhol Blas de Otero. Mas quando Blas de Otero morreu, muitos milhares de pessoas foram à homenagem fúnebre, feita na arena de touros em Madri. Ele não ficou sabendo". (v) 

"Sim, sim, por mais machucado e fodido que a gente possa estar, sempre é possível encontrar contemporâneos em qualquer lugar do tempo e compatriotas em qualquer lugar do mundo. E sempre que isso acontece, e enquanto isso dura, a gente tem a sorte de sentir que é algo na infinita solidão do universo: alguma coisa a mais que uma ridícula partícula de pó, alguma coisa além de um momentinho fugaz". (vi)



Leonardo Boff - "O amor é uma arte combinatória feita com sutileza, que demanda capacidade de compreensão, de renúncia, de paciência e de perdão e, ao mesmo tempo, de desfrute comum do encontro amoroso, da intimidade sexual, da entrega confiante de um ao outro, experiência que serve de base para entendermos a natureza de Deus, pois Ele é amor incondicional e essencial". (vii)




Abaixo, abriremos uma brecha, nas janelas de religiões e de antigas filosofias, ainda presentes na vida de milhares de pessoas no mundo contemporâneo:

Budismo - Não firas os outros, para que depois não venhas a reencontrar-te ferido. (vii)

Confucionismo - O máximo da amável benevolência é: não fazer aos outros aquilo que não gostarias que eles fizessem contigo. (viii)

Taoismo - Respeita a vitória do teu próximo como se fosse a tua, e a desgraça do teu próximo como se fosse a tua. (ix)

Induísmo - Este é o cerne do dever: não fazer aos outros aquilo que te faria mal. (x)

Islamismo - Nenhum de vós é verdadeiro crente se não desejar para o seu irmão aquilo que deseja para si mesmo. (xi)

Provérbio Ruandês - Aquilo que deres aos outros será dado a ti. (xii)

Antigo Testamento - Aquilo que é odioso para ti, não o faças ao teu semelhante.  Esta é toda a lei. (xiii)

Cristianismo - Tudo o que vocês desejarem que os outros façam a vocês, façam também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas. (xiv)

Ubuntu – “Eu sou aquilo que tu és em mim”. (xv)

Concluo com a singela e profunda percepção de Mario Quintana, quando afirma:  "A arte de viver é simplesmente a arte de conviver... Simplesmente, disse eu? Mas, como é difícil!" (xvi)

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Fontes das Citações:

(i) As frases citadas de Clarice Lispector e de Guimarães Rosa foram retiradas de: www.pensador.uol.com.br/frase; 
(ii)  Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares. In: Ideal e Luz. 
(iii) Sophia de Mello Breyner Andersen, poetisa portuguesa - In: Contos Exemplares, Ed. Figueirinhas (Lisboa (PT), 15ª edição, 1985.
(iv) Galeano, Eduardo. O livro dos abraços, Lp&M Pocket, p.211
(v) Galeano, Eduardo. O livro dos abraços, Lp&M Pocket, p.245
(vi) The Buddha Vadanararga – 5,18 – “O Budismo  é um  sistema  filosófico  e religioso indiano, fundado por Siddharta Gautama (563-483 a.C.), o Buda, que parte da constatação do sofrimento como a condição fundamental de toda existência, e afirma a possibilidade de superá-lo através da obtenção de um estado de bem-aventurança integral, o nirvana. O budismo não professa a existência de nenhum deus”.
(vii) Confucio, Analects (25,23) – Confucianismo –  “Designação atribuída no Ocidente às doutrinas e ao sistema de pensamento elaborado pelo filósofo e teórico político chinês K'ung ch'iu (tb. dito Khong-Fon-Tseu, K'ung-fu-tzu, K'ung-tzu ou, no Ocidente, Confucio [551 a.C.- 479 a.C.]) e por seus continuadores [Foi doutrina política, religião e código de ética oficial do império chinês de 136 a.C. até 1912.]”.
(viii) Loo Tzu Tai Shang Kan Ying Phen – 213-218 –  O Taoismo da cultura chinesa, é uma “doutrina mística e filosófica formulada no Século VI a.C. por Lao Tse e desenvolvida a partir de então por inúmeros epígonos, que enfatiza a integração do ser humano à realidade cósmica primordial, o tau, por meio de uma existência natural   espontânea e serena [Seu caráter contemplativo, na vida religiosa chinesa, é o principal rival do racionalismo pragmático que caracteriza o confucianismo.]”.
(ix) Mahabharata Islamismo (Maometanismo, Mulçumanismo) – diz-se de “religião caracterizada por monoteísmo estrito e síntese entre fé religiosa e organização sociopolítica, fundada pelo profeta árabe Maomé (570 ou 580-632), que codificou sua doutrina em um livro sagrado, o Corão, que se tornou o fundamento escrito da fé muçulmana”.
(x) Provérbio Ruandês - Religião tradicional da República Ruandesa (Ruanda), país do Centro-Leste africano.
(xi) Ubuntu – Filosofia seguida por alguns povos africanos, prestigiada por Mandela e pelo cardeal Desmond Tutu, cuja centralidade é “o respeito pelo outro”;
(xii) Maomé, 13º dos 40 Hadiths Nawawi – Ver "islamismo".
(xiii) 31, Sabbat Ta Iaud Babilonese – O hebraico é a língua da família semítica falada pelos hebreus, na qual foi escrito quase todo o Velho Testamento (a Bíblia aceita pelo judaísmo); No século XIX, após transformações históricas, o hebraico ressurgiu com o movimento sionista e tornou-se língua oficial do Estado de Israel;
(xiv)  Jesus Cristo, no Evangelho segundo Mt. 7,12
(xvi) Mário Quintana - www.pensador.uol.com.br/frase 

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Crédito das Imagens:

1. Abelardo da Hora - "Enamoramento" - foto de exposição realizada no Recife.
2.Narciso - Caravaggio - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Narcissus-Caravaggio_(1594-96).jpg
3. Clarice Lispector - www.lounge.obviousmag.org
4. Chiara Lubich - www.focolares.org  - foto divulgação
5. Eduardo Galeano - www.escritores.org.index.jpg 
6. Leonardo Boff - twitter.com.jpg


Nota:  As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja retirada desta publicação, por favor entre em contato conosco fazendo um comentário nesta postagem.

CUIDAR DAS NOSSAS RELAÇÕES - AMIZADE E AMOR - LEONARDO BOFF

12 abril, 2020



Neste domingo de Páscoa chegamos ao capítulo final do texto de Leonardo Boff sobre o cuidado de si e do outro, as relações humanas, a Amizade e o Amor. 
Continuamos a sugerir que os leitores deste blog deixem os seus comentários, mesmo se anônimos, de modo que possamos entender sobre os temas de seu interesse.




CUIDAR DAS NOSSAS RELAÇÕES
                    
                      A AMIZADE E O AMOR



Por: Leonardo Boff
                       
O cuidado como precaução especial, também, nas nossas relações. Essas devem estar sempre abertas a serem construtoras de pontes.

Tal propósito implica superar as estranhezas e os preconceitos. Aqui importa sermos vigilantes e travarmos uma luta forte contra nós mesmos e os hábitos culturas estabelecidos. Albert Einstein, sabedor das dificuldades inerentes a este esforço, ponderou, não sem razão, que “é mais fácil desintegrar um átomo, que remover um preconceito da cabeça de uma pessoa”.
Cada vez que encontramos alguém, estamos diante de uma emergência nova, oferecida pelo universo ou por Deus, uma mensagem que somente esta pessoa pode pronunciar, e que pode significar uma luz em nosso caminho.
Nós passamos uma única vez por este planeta. Se eu puder fazer algum bem ao outro, não devo postergá-lo ou negligenciá-lo. Dificilmente o irei encontrar outra vez sobre o mesmo caminho. Isso vale como disposição de fundo de nosso projeto de vida.
Importante é preocupar-nos com a nossa linguagem.
Somos os únicos seres de fala. Pela fala, como nos ensinaram Maturana e Wigenstein, organizamos as nossas experiências, colocamos ordem nas coisas e criamos a arquitetônica dos saberes. Bem cantam os membros das Comunidades Eclesiais de Base do Brasil: ”Palavra não foi feita para dividir ninguém/Palavra é a ponte onde o amor vai e vem”.
Pela palavra construímos ou destruímos, consolamos ou amarguramos, criamos sentidos de vida ou de morte. As palavras, antes de definirem um objeto ou dirigirem-se a alguém, nos definem a nós mesmos. Falam sobre quem somos e revelam em que mundo habitamos.

Cuidado com nossa relação maior:
                    a amizade 

Há um cuidado especial que devemos cultivar sobre duas realidades fundamentais em nossa vida: a amizade e o amor.   Muito se tem escrito sobre elas. Aqui, nos restringimos ao mínimo.  

A amizade é aquela relação que nasce de uma ignota afinidade,  de  uma simpatia de todo inexplicável, de uma proximidade afetuosa para com a outra pessoa. Entre os amigos e amigas cria-se como que uma comunidade de destino. A amizade vive do desinteresse, da confiança e da lealdade. A amizade possui raízes tão profundas que, mesmo passados muitos anos, ao reencontrarem-se, os amigos ou amigas, os tempos se anulam e se reatam os laços e até a recordação da última conversa.


Cuidar das amizades é preocupar-se pela vida, pelas penas e alegrias do
amigo ou amiga.

É oferecer-lhe um ombro, quando a vulnerabilidade o visita, e o desconsolo lhe
rouba as estrelas-guias. É no sofrimento e no fracasso existencial, profissional ou amoroso que se comprovam os verdadeiros amigos ou amigas. Eles são como uma torre fortíssima que defende o castelo de nossas vidas peregrinas.




Cuidado com a nossa relação maior: o amor

Relação mais profunda e a que mais realizações de felicidade traz ou de mais dolorosas frustrações é a experiência do amor. Nada é mais precioso e apreciável do que o amor. Ele vive do encontro entre duas pessoas que se trocaram olhares, e sentiram uma misteriosa atração mútua  que moveram os seus corações. Resolveram fundir as vidas, unir os destinos, compartir as fragilidades e as benquerenças da vida.
Estes valores, por serem os mais preciosos, são os mais frágeis, porque são os mais expostos às contradições da humana existência.
Cada qual é portador de luz e de sombras, de histórias familiares e pessoais, cujas raízes alcançam arquétipos ancestrais, marcados, também, pelas experiências felizes ou dramáticas que deixaram marcas na memória genética de cada um.
O amor é uma arte combinatória de todos estes fatores, feita com sutileza que demanda capacidade de compreensão, de renúncia, de paciência e de perdão e, ao mesmo tempo, de desfrute comum do encontro amoroso, da intimidade sexual, da entrega confiante de um ao outro, experiência que serve de base para entendermos a natureza de Deus, pois Ele é amor incondicional e essencial.
Quanto mais alguém é capaz de uma entrega total, maior e mais forte é o amor. Tal entrega supõe extrema coragem, uma experiência de morte, pois não se retém nada e se mergulha totalmente no outro.
O homem possui especial dificuldade para este gesto extremo, talvez pela herança de machismo, patriarcalismo e racionalismo de séculos que carrega dentro de si e que limitam, em si, a capacidade desta confiança extrema.
A mulher é mais radical: vai até o extremo da entrega no amor, sem resto e sem retenção. Por isso seu amor é mais pleno e realizador e, quando é frustrado, a vida revela contornos de tragédia e de um vazio abissal.

O segredo maior para cuidar do amor reside nisso: singelamente, cultivar a ternura mútua. A ternura vive de gentileza, de pequenos gestos simbólicos que revelam o carinho, de sinais pequenos, como recolher da praia uma concha e levá-la à pessoa amada e dizer-lhe que, naquele momento, pensou carinhosamente nela.
Tais “banalidades” têm um peso maior do que a mais preciosa joia. Assim como uma estrela não brilha sem uma aura ao seu redor, da mesma forma, o amor não vive nem sobrevive sem uma atmosfera de afeto, de enternecimento e cuidado.

 O cuidado é uma arte. Como pertence à essência do humano, sempre está disponível. Tudo o que vive, precisa ser alimentado. Assim, o cuidado se alimenta de ternura e de vigilante preocupação pelo futuro de si próprio e especialmente do outro.
Isso se alcança reservando-se, às vezes, momentos de reflexão sobre si mesmo, fazendo silêncio ao seu redor, concentrando-se nalguma leitura que alimente o espírito e, não em último lugar, entregando-se à meditação e à abertura Àquele maior que detém o sentido de nossas vidas e conhece todos os nossos segredos.

Conclusão: o cuidado é tudo
O cuidado é tudo. Sem ele, ninguém de nós existiria. Quem cuida ama, quem ama cuida. Cuidemo-nos uns aos outros, particularmente nestes momentos dramáticos de nossas vidas, pois elas correm perigo e podem afetar o futuro da vida e da humanidade sobre esse pequeno planeta, que é a única Casa Comum que temos.
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Leonardo Boff escreveu Saber cuidar: ética do humano-compaixão pela Terra, Vozes muitas edições 2018 e A força da ternura, Mar de Ideias, Rio 2016.

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Fonte do texto:



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2. Leonardo Boff - reprodução.
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