Após o violento golpe
infringido ao sistema democrático nacional, as informações que circulam na
grande mídia, tanto quanto os fatos reais têm deixado a grande maioria dos cidadãos
brasileiros atordoados de espanto e desesperança.
A pequena e esperta
Mafalda dos quadrinhos de Quino – o argentino Joaquín Salvador Tejón, seu
criador – reagiria hoje, no Brasil, como reagiu às questões políticas e sociais
argentinas há cinco décadas. Menina astuta, incisiva, e crítica inconformada
com tudo o que observa ao seu redor – nas diferentes edições dos seus quadrinhos,
sempre atuais – a Mafalda argentina nos apresenta um importante material
crítico que poderia ser dirigido aos bobos da corte do Brasil de hoje.
Trazemos a este espaço trechos de uma importante análise da situação brasileira partindo de uma visão da economia global “em guerra com a sociedade”, apresentada por Luiz Gonzaga
Belluzo e Gabriel Galípolo, na revista Carta Capital. Seguem os trechos:
"Os dados estatísticos catastróficos – reportados de uma
publicação do Credit Suisse – exibem
as graves condições de precariedade da pobreza globalizada. Segue alguns
trechos do que foi publicado na revista citada.
"A riqueza acumulada pelo 1% mais
abastado da população mundial pela primeira vez equivale à riqueza dos
99% restantes. A Oxfam afirma que, em 2015, apenas 62 indivíduos detinham a
mesma riqueza que 3,6 bilhões de pessoas, a metade mais afetada pela pobreza da
humanidade".
A análise de Belluzo e Galípulo continua: "A Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico afirma que, entre 1975 e 2012,
perto de 47% do crescimento total da renda antes de impostos, nos Estados
Unidos, foi para o 1% no topo. O Fundo Monetário Internacional aponta queda de
11% na participação da população de renda média entre 1970 e 2014 nos Estados
Unidos, em razão do ‘baixo dinamismo do mercado de trabalho’. A tendência de
polarização é consistente para diferentes cortes de definição de renda média. Não
é recente a inquietação com o movimento do capitalismo impulsionado pelas
contradições entre sociedades com ‘espaços democráticos’ nacionais e mercados
globais".
E mais: Os coroinhas do ilegítimo poder rapidamente 'informaram' às pessoas que elas "precisam se sacrificar, aceitar cortes nos gastos sociais, e menos direitos e benefícios trabalhistas,
ou encarar a destruição da economia – tudo em nome da ciência econômica.”
Logo ficou claro que “os trabalhadores devem cumprir maiores
jornadas e por mais tempo, em suas vidas. Os impostos e as tarifas públicas
serão maiores, mas os serviços públicos serão reduzidos. (...) O
necrosamento do tecido econômico e o esgarçamento do social empurram os
acuados – pelo discurso da inevitabilidade econômica – a abraçarem a conclusão
de que ‘o inferno são os outros’. Se os empregos foram tomados, o Estado
onerado, e a paz ameaçada por aqueles de nacionalidade, religião, gênero, opção
sexual, raça ou ideologia diferentes, a solução passa pela sua exclusão ou
eliminação".
Talvez Mafalda tenha razão: Precisa-se avançar com a humanidade... Avançar com a humanização da humanidade.
Bem sabemos que a Esperança hoje, no Brasil, encontrará consistência se persistirmos na divulgação de ideias, no diálogo de talentos, na união de forças e nos acordos para a tomada de atitudes organizadas de resistência. O que significa congregação de vontade política e compromisso sincero com o futuro do país.
Bem sabemos que a Esperança hoje, no Brasil, encontrará consistência se persistirmos na divulgação de ideias, no diálogo de talentos, na união de forças e nos acordos para a tomada de atitudes organizadas de resistência. O que significa congregação de vontade política e compromisso sincero com o futuro do país.
Aparentemente, pode parecer que estamos perdidos. Mas a história nos ensina que já sabemos sendas e atalhos de reconstruir caminhos e seguir em frente.
Mesmo assim, não deixa de ser verdade que os quadrinhos
da pequena Mafalda são, também hoje, uma leitura recomendada aos cidadãos brasileiros
pasmados com o resultado do golpe
salvador da pátria, que além de afetar diretamente o sistema democrático
brasileiro, está atingindo profundamente o cotidiano dos cidadãos mais fragilizados,
e de modo especial os jovens em situação de grave vulnerabilidade social.
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Os trechos citados são de Luiz Gonzaga Belluzzo e Gabriel Galípolo são foram tirados de uma matéria publicada na: Carta Capital/Economia/Movimento de Capitais/21.9.2016, intitulada:
A economia em guerra com
a sociedade - O absolutismo financeiro encaminha o conflito civil global
e orienta todas as suas polarizações.
Crédito
das Imagens:
2. As tiras 2, 3 e 4 dos quadrinhos foram fotografadas do livro TODA MAFALDA - Quino - Ediciones de La Flor - 21ª ed. Buenos Aires-AR, 2007.
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