O jornal espanhol El País divulgou, na quinta-feira 27/06, pesquisa do CNI/Ibope confirmando o que já se vem percebendo nas conversas de rua: mais da metade da população não confia neste governo e 32% avalia a gestão Bolsonaro "ruim e péssima", crescendo cinco pontos a mais de desaprovação, em comparação com a pesquisa anterior. A pesquisa também revela que grande parte dos que desaprovam o governo são os mais pobres e as mulheres. Veja a seguir o que diz o El País.
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Mulheres e mais pobres impulsionam desaprovação do Governo Bolsonaro
Metade da população não confia no presidente, afirma pesquisa CNI-Ibope
divulgada nesta quinta. Parcela dos que avaliam gestão como ruim ou péssima
cresce cinco pontos
BEATRIZ JUCÁ - El País
São Paulo, 27/06/2019
Imerso em uma enxurrada de crises nos seus
primeiros seis meses de Governo, o presidente Jair Bolsonaro viu
crescer, mais uma vez, a insatisfação popular com a sua gestão —mais da metade
da população (51%) diz não confiar no presidente e 32% avaliam o Governo dele
como ruim ou péssimo, segundo a pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta-feira. A
má avaliação do presidente cresceu cinco pontos percentuais nos últimos três
meses, quando 27% consideravam sua gestão ruim ou péssima de acordo com a mesma
pesquisa, feita em abril.
Considerando a margem de erro de dois pontos
percentuais, o percentual de pessoas que desaprova o Governo está próximo do
dos que o aprovam, com uma leve vantagem para a desaprovação: 48% e 46%,
respectivamente. Ainda de acordo com o levantamento, a queda na popularidade de
Bolsonaro é maior entre as mulheres, pessoas com até o quarto ano, com menor
renda e residentes nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. O Sul é a região
onde o presidente do PSL mantém maior popularidade: 52%.
Há seis meses no Planalto, Bolsonaro viu seus
problemas de governabilidade ficarem mais evidentes com os embates travados com o
Congresso Nacional, onde precisa aprovar a Reforma da Previdência,
sua principal aposta para equilibrar as contas do país. No mês passado, o
presidente também viu emergir das ruas as primeiras grandes manifestações
nacionais contra seu Governo, movidas pela crítica aos cortes na Educação.
Essa é uma das áreas mais criticadas pela população, segundo a pesquisa da CNI,
com 54% de desaprovação. As demais são: taxa de juros (59%), impostos (61%),
saúde (56%) e combate ao desemprego (54%).
Os protestos contra os cortes na Educação provocaram
uma reação dos apoiadores do presidente com atos que, embora tenham tido
mobilização em menos cidades que a dos opositores, mostraram que há força do
bolsonarismo nas ruas. Dentro do Governo, porém, o ambiente não tem sido menos
turbulento. Bolsonaro já demitiu três ministros após a disputa interna de
grupos ideológicos e agora vê se elevar a pressão contra os
ministros Sergio Moro (Justiça) e Marcelo Álvaro Antônio
(Turismo). Eleito sob uma forte bandeira anticorrupção, Bolsonaro assistiu Moro
ser acusado de interferir nas investigações da Lava Jato após o vazamento de
mensagens supostamente trocadas por ele com procuradores do Ministério Público
Federal no período em que atuava como juiz na operação. Bolsonaro não se
manifestou imediatamente sobre a questão, mas nas últimas semanas afirmou que
não iria demiti-lo.
O presidente também havia dado um voto de confiança
ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, investigado por conta de candidaturas laranjas no
PSL. A crise que estava adormecida voltou a pressionar o presidente
nesta quinta-feira, quando a Polícia Federal prendeu três assessores do
ministro por um esquema no qual Marcelo Álvaro Antônio patrocinaria
candidaturas fantasmas de mulheres no PSL. Até então, Bolsonaro vinha dizendo
que esperaria as investigações da Polícia Federal para decidir o destino do
ministro do seu partido. No Japão para a cúpula do G20, ainda não se manifestou
sobre as prisões.
Outros três ministros não tiveram o mesmo
tratamento. Até agora, Bolsonaro demitiu três deles. Há duas semanas, o
general Carlos Alberto dos Santos Cruz deixou a Secretaria de Governo,
depois de uma crise desgastante envolvendo o filho do presidente, Carlos
Bolsonaro, e o escritor Olavo de Carvalho, de quem foi alvo diversas vezes. Ricardo
Vélez e Gustavo Bebianno também foram demitidos do Ministério da Educação e da
Secretaria-Geral, respectivamente.
A pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quinta-feira
também analisa a percepção da população sobre a cobertura da imprensa sobre a
gestão Bolsonaro. O percentual dos entrevistados que consideram as notícias
recentes mais desfavoráveis ao governo cresce de 39% para 45% em três meses. O
levantamento também revela que 20% da população considera as notícias
veiculadas mais favoráveis ao presidente enquanto outros 25% não as consideram
favoráveis nem desfavoráveis. Os temas mais lembrados pelos entrevistados são a
reforma da previdência, o decreto sobre a posse de
armas e as manifestações populares. Os recentes vazamentos de
mensagens trocadas por Moro e procuradores da Lava Jato também estão entre os
assuntos noticiosos mais lembrados pela população. A pesquisa foi realizada
entre 20 e 26 de junho, com 2.000 pessoas, em 126 municípios brasileiros.
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Fonte do artigo:
Créditos das Imagens:
1. Manifestação no Rio de Janeiro, 08/03/2019 - Foto da Carta Capital.
2. Bolsonaro chega na quinta (27/06) em Osaka, no Japão, para a reunião do Bloco de países G20. El País, 27/06/2019 - Foto: Charly Triballeau - AFP
3. Resistindo à mordaça - Carta Capital, 20/02/2019 - Foto de Lula Marques.
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