O escritor
moçambicano Dany Wambire autor do livro: “Adubada Fecundidade e Outros Contos”, recebeu menção honrosa no Prêmio Internacional José Luís Peixoto, concedido a cidadãos
de países de língua oficial portuguesa. Dany Wambire é o nome artístico de Danito Gimo da Graça Avelino, licenciado em Ensino de História pela Universidade Pedagógica de Moçambique, e professor primário na cidade da Beira, no centro dob país, além de diretor da revista
literária “Soletras – A sopradora de Letras”.

Com alegria, trago a este espaço uma crônica de Dany Wambire. Seu texto foi mantido no original português moçambicano, o que não trará dificuldades ao leitor brasileiro, que de certo irá perceber a leveza de seu estilo e a beleza de sua linguagem. O conto é intitulado:
Nunca mais corrupção!
Todos já eram corruptos ou corruptores, em Fim-de-Mundo.
Sim, todos já eram mais dedicados ao dinheiro ilícito, pedindo recompensas por todo o
serviço a todo o cidadão. Até o serviço, que era do seu respectivo dever,
devidamente remunerado, aos fins de meses.
Dentre os corruptos, havia Inconstante Constâncio, homem, que
exercia, com zelo e dedicação a sua corrupta prática, conforme as hodiernas e
malvadas ordens. Ele jamais defraudou as expectativas dos seus apoiantes. Falo
dos que com ele trabalhavam, de forma abnegada, para o desenvolvimento da
corrupção, e para o combate aos homens de excelente educação, os morigerados.


E, quando o automobilista, ora interpelado, se concentrou, a cumprir as
exigências do fiscal rodoviário, ouviu dele:
― Vinhas em velocidade excessiva e estás bêbedo. Você bebeu!
― Não bebi, chefe. Apenas tomei uns copos de cerveja clara. ― Retrucou o
automobilista. ― Então, vamos soprar balão. ― Ordenou o homem da lei e ordem.

No seguido, Distância Esquivado desceu do carro, e conduziu o agente da
polícia de Tráfego para o lado traseiro. Disse-lhe que daria qualquer coisa, em
troca da detenção e parqueamento da viatura pelas infracções cometidas, para a
satisfação do polícia. Afinal, o polícia estava à espera de pessoas abertas:
aquelas que cometiam erros rodoviários, e logo vinham deixar algum trocado,
para facilitar o perdão.
Distância Esquivado pagou dois mil meticais, e seguiu com a marcha. O
polícia ficou a ganhar delícias do produto da sua malvada prática: a corrupção.
É caso para dizer que o dinheiro resolvia tudo em Fim-de-Mundo.


Afinal, quem era a senhora que conduzia a outra viatura? Incrível que
pareça, a condutora ora morta, era a esposa de Inconstante Constâncio, o agente
da polícia de tráfego, que deixara passar o automobilista, que lhe acabou com a vida
da consorte, a sua genuína esposa. E nasceu o entristecimento de Inconstante. O
homem estava inconsolável como ninguém. Por que é que ele podia ter convocado
morte para sua casa? Por causa da corrupção, é claro.
E aos que o vinham
consolar, ele jurava, peremptoriamente: ― Nunca mais, corrupção!
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Fontes do texto:
Mia Couto - Portal: http://www.miacouto.org
Osservatório MMT // APN - Lusa/Fim
Crédito Imagens:
1.Foto Dany Wambire: https//:aquihagato.net/pt/temasdeactualidade/congressos-coloquios -e-eventos/
Outras imagens: www. canstockphoto.com.br
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma destas, e deseja que seja removida deste espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com
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Osservatório MMT // APN - Lusa/Fim
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