Sempre que o fazer político dos governos de um país nos leva a falar e a lutar pela democracia, é oportuno lembrar a importância não só de cuidarmos do cultivo de uma saudável gestão democrática do país, mas também do processo de nosso próprio agir democrático.
Cidadania significa buscar aplicar no nosso trabalho e no nosso fazer cotidiano, uma convivência democrática e respeitosa entre nós. Para isto será preciso assumir uma boa dose de civilização nas relações públicas e pessoais.
Entendemos que não é possível exercitar a democracia sem exercer a tolerância, como defendia o colombiano Maturana. Mas, não se trata de apenas sermos tolerantes com o que o outro pensa. Paulo Freire, renomado educador brasileiro, recomendava que a nossa não seja "uma tolerância que funcione como um favor a ser feito - na tentativa de deixar de lado aquilo que penso com o meu sentimento de superioridade - para acolher o que pensa o outro".
O que se vê hoje no Brasil, - e que está levando alguns políticos retrógrados a querer assumir decisões perigosamente antidemocráticas - é uma prática não disfarçada de intolerância política: ou o outro pensa igual a mim, e faz o que eu quero, ou devo demovê-lo do lugar que democraticamente foi alcançado.
É o que acontece com a atual oposição à presidência da república, assumida por uma cidadã eleita democraticamente com o voto da maioria, ainda que mínima. A demonstração democrática das diferenças políticas seriam sempre bem-vindas, não fosse a vontade intolerante de alguns políticos que buscam mecanismos de apagamento da democracia, de um lugar conquistado por meio do voto popular. Mais de uma vez vivenciei, ao longo da minha profissão, a experiência da intolerância e da mesquinhez por parte de outros. Por motivos insondáveis, alguém utilizou processos injustos da mentira e do engodo, a fim de minar o conceito que eu havia conquistado em determinadas instituições. Nesses casos são usados subornos, fatos mentirosos por questões meramente pessoais, de mau caráter.
João Batista Freire - um especialista em pedagogia do jogo dentro e fora da escola - nos faz entender que há lados positivos e pessoas elevadas que nos fazem esquecer a mesquinhez dos outros.
"Certo - diz ele - que tolerar é uma virtude mas, quem sabe, uma virtude provisória, até que o convívio seja resolvido por algo mais despojado e humilde, tal como a compaixão ou o amor. Na tolerância eu aceito o que não é meu; no amor eu me alegro com o que é do outro (2). Bem sabemos que alegrar-se com o que é do outro - especialmente quando esse outro partilha comigo o trabalho ou a vida - é uma virtude que exige o profundo respeito pelo que esse outro é, e sabe conquistar, construindo o seu espaço nesse mundo das diferenças.
"Certo - diz ele - que tolerar é uma virtude mas, quem sabe, uma virtude provisória, até que o convívio seja resolvido por algo mais despojado e humilde, tal como a compaixão ou o amor. Na tolerância eu aceito o que não é meu; no amor eu me alegro com o que é do outro (2). Bem sabemos que alegrar-se com o que é do outro - especialmente quando esse outro partilha comigo o trabalho ou a vida - é uma virtude que exige o profundo respeito pelo que esse outro é, e sabe conquistar, construindo o seu espaço nesse mundo das diferenças.
Há um modo brincante de entender essa questão, sugerido num texto que circulou na internet a tempos atrás - de autoria desconhecida. Poderá servir para iniciar uma boa conversa quando estivermos com os amigos num momento de lazer. Trata-se da busca de resposta a uma simples questão que busca revelar qual seria o comportamento das pessoas de acordo com o seu signo.
Assim, na brincadeira se percebe como somos diferentes, até mesmo quando se trata de simplesmente mudar uma lâmpada.
Quantas pessoas de um determinado signo seriam necessárias para trocar uma lâmpada?
As respostas são muito precisas. Vejamos: Se for um ariano, bastará uma só pessoa. No entanto... Seriam necessárias inúmeras lâmpadas! Se taurino, não precisará ninguém. Taurinos não gostam de mudar coisa alguma!
E se geminiano, é claro que precisaremos pelo menos de duas pessoas. E a tarefa duraria o fim de semana inteiro! Mas, quando o serviço for terminado a lâmpada vai iluminar toda a casa, terá um intenso brilho, e você poderá vê-la da cor que desejar!
Sendo um canceriano, não se preocupe: bastará uma só pessoa. Ela levará anos!... E ainda precisará ser orientada por um terapeuta para ajudá-la a passar por esse processo.
E um leonino? Um leonino não troca lâmpadas - a não ser que ele fique a segurar a lâmpada e o mundo siga a girar em torno dele!
Se for chamado um virginiano para trocar uma lâmpada, vamos ver: precisa-se de uma pessoa para girar a lâmpada, outra para anotar quando a lâmpada foi comprada, um outro para verificar quando a lâmpada queimou, outro ainda para averiguar de quem foi a culpa e, quiçá, uma reunião deles para decidirem como remodelar a casa enquanto a lâmpada é trocada.
Não se sabe quantos librinianos seriam necessários. Tudo vai depender de quando a lâmpada queimou. Talvez bastarão dois deles se for uma lâmpada comum, mas... Onde e como encontrar uma lâmpada?
Tratando-se de escorpianos... Quem quer saber? Por que "você" está interessado nisso? É um policial, por acaso?
Pegunte a um sagitariano. Mas espere: ainda é cedo, o sol acaba de nascer, temos a vida inteira pela frente para resolver isso! E você aí preocupado em trocar uma lâmpada estúpida!?
Veja que não seja necessário um capricorniano. Capricornianos não trocam lâmpadas - a não ser que isto se torne um negócio lucrativo!
Se a questão for posta a um aquariano... Vão aparecer centenas deles, todos competindo, a ver quem será o primeiro a trazer a luz ao mundo!
Os piscianos? Quantos seriam necessários para
trocar uma lâmpada?
É bom lembrar que assumir atitudes de respeito pelo outro e cidadania não é caretice. É claro que não se pode deixar de lado nossos valores, principalmente aqueles que na vida elegemos assumir em nossa vida privada e pública.
Superamos a desarmonia nas relações pessoais com atitudes recíprocas de compreensão e de perdão. E na vida profissional, com a troca de talentos, métodos de trabalho, e de conhecimentos a fim de tornar a convivência mais leve, o fardo da vida menos pesado, o prazer de viver uma condição possível de ser feliz. No acolhimento das recíprocas diferenças todos sairemos enriquecidos.
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Créditos Imagens:
1. La libertè - Museu do Louvre
2. Um gesto de amor - Usininos
Imagens de 3 a 5 são da www.canstockphoto.com.br
- O quê? A luz está apagada!!!?
Diante desse quadro de tão diferentes reações, não fosse uma atitude amorosa de suportação do outro, - como fazem os bons amigos que se riem dos próprios limites e implicâncias - como se poderia conviver em fraterna harmonia?