No mesmo dia da Greve Geral no Brasil – 28 de abril de 2017 – a imprensa e os canais da mídia alternativa informavam que “a greve não foi pífia”, como se tentou divulgar na mesma sexta-feira.
Cada vez menos o povo acredita no que as grandes redes de TV continuam tentando fazê-lo acreditar. As mídias modernas, os celulares, a divulgação via internet estão conseguindo enterrar a velha crença de que vale o que os amigos do Mercado e das grandes redes de comunicação estão a disseminar. A conversa miúda, os vídeos institucionais e privados, os portais alternativos, e a adesão política de importantes divulgadores de opinião (atores, jornalistas profissionais, intelectuais) estão fortalecendo a disseminação democrática da informação. Em minha casa, por exemplo, minha empregada doméstica discute comigo sobre tudo o que lhe chega de notícias e vídeos, via celular.
Cada vez menos o povo acredita no que as grandes redes de TV continuam tentando fazê-lo acreditar. As mídias modernas, os celulares, a divulgação via internet estão conseguindo enterrar a velha crença de que vale o que os amigos do Mercado e das grandes redes de comunicação estão a disseminar. A conversa miúda, os vídeos institucionais e privados, os portais alternativos, e a adesão política de importantes divulgadores de opinião (atores, jornalistas profissionais, intelectuais) estão fortalecendo a disseminação democrática da informação. Em minha casa, por exemplo, minha empregada doméstica discute comigo sobre tudo o que lhe chega de notícias e vídeos, via celular.
Essa Greve Geral será lembrada, na história, como
a maior manifestação que o Brasil já conheceu. Foi uma significativa expressão do que o
povo, hoje, sabe e quer em relação às suas conquistas e aos seus direitos
cidadãos. As Organizações Sindicais, associações profissionais públicas e privadas e importantes movimentos sociais do país aderiram à convocação. Os meios de transporte público paralisaram. Grande parte das escolas públicas e privadas fecharam as portas. Categorias de bancários, metroviários e funcionários dos Correios cruzaram os braços.
Ao ler as primeiras notícias - aquelas que não "confundem" uma Greve Geral Nacional com problemas de trânsito nas capitais - alegra-nos ver que o povo conseguiu efetivamente manifestar, em mais de 20 capitais do país, o seu repúdio às propostas de reformas na legislação trabalhista e da previdência social, do jeito que os lobistas estão apresentando ao irregular governo Temer.
Conforme informa Vinicius Gomes Melo, "a Greve Geral 28/04/2017 estava anunciada há mais
de um mês, com sua data sendo decidida poucos dias após as manifestações de 31
de março. Não foi uma escolha aleatória, ela coincidia com
a semana que a Câmara dos Deputados agendou a votação da Reforma Trabalhista
proposta pelo governo Temer.
Todavia – escreve o jornalista – em pleno ano de 2017, a
discussão (na Câmara dos Deputados, às
vésperas da deflagração da greve), estava ao redor de sua legalidade. O
absurdo chegou à necessidade do Ministério Público do Trabalho (MPT) ter de
emitir uma nota, lembrando que a greve é amparada pela Constituição. Na nota
assinada pelo procurador-geral, Ronaldo
Curado Fleury, enfatiza-se também que: a legitimidade dos interesses que
se pretende defender por meio da anunciada Greve Geral como movimento justo e
adequado de resistência dos trabalhadores às reformas trabalhista e
previdenciária, em trâmite açodado no Congresso Nacional, diante da ausência de
consulta efetiva aos representantes dos trabalhadores.
Ou seja, - continua o artigo, publicado logo após a greve - apesar da
tentativa de desqualificar e criminalizar as manifestações – especialmente pelo
gabinete do atual prefeito de São Paulo – a verdadeira legitimidade que deveria
estar sendo debatida são as reformas (extremamente impopulares) que estão
tramitando no Congresso brasileiro sem qualquer deliberação e consulta com
aqueles que serão mais afetados por elas.
O projeto de lei aprovado na
quarta-feira (26/04) e que agora segue para análise no Senado, altera mais de
cem pontos da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). (...). Segundo o The Intercept, entre as 850 emendas apresentadas à
comissão especial da “reforma” trabalhista, 445 foram formuladas por lobistas
de associações empresariais, ou seja, uma em cada duas.
O artigo conclui com uma advertência: No horário de almoço e ao redor das
mesas com cerveja no happy hour dessa
sexta-feira, o que deveria realmente preocupar aqueles trabalhadores que, por
qualquer razão que seja, não concordam com as greves, é o quão eles serão afetados,
assim como seus familiares e, no futuro, seus filhos e filhas pelo que está
sendo decidido em Brasília." i
A primeira manifestação dos trabalhadores brasileiros, de maior expressão foi em 1917,
em São Paulo, apoiada pelo movimento anarquista.
Hoje, 100 anos depois, o povo brasileiro vai às ruas, ou aderem parados, em suas casas, como manifestação de um voto popular inequívoco contra as reformas que estão em pauta no Congresso
Nacional.
Entre as modificações apresentadas, há pontos inegociáveis, tais como: Permitir jornadas de 12 horas. Legitimar “acordos” em que trabalhadores renunciam a direitos legais. Autorizar trabalho de grávidas em locais insalubres. Metade do texto votado na Câmara foi escrito por lobistas empresariais.
De Brasília, Temer certamente acompanhou o movimento grevista nas principais capitais do país. Também em Brasília, no dia anterior à greve, houve um protesto específico dos povos indígenas. Também eles a exprimir o descontentamento geral, a desaprovação cada vez mais consciente do povo – diferentemente do que algumas fontes de informação divulgam.
O jornalista Eduardo Alves comenta, após a greve:
“A meu ver, a abrangência e a legitimidade da greve geral (...) dependem
essencialmente dessa forma de organização autêntica, por local de trabalho,
através do convencimento e da conscientização de que trabalhadores rurais,
urbanos, servidores públicos, prestadores de serviços e todos os outros fazem
parte de uma mesma classe trabalhadora, detentora de direitos e deveres que precisam
ser respeitados por empregados, empregadores e governos.
A greve geral de abril de 2017 - afirma - é também
“uma homenagem aos ensinamentos de julho de 1917. Deveria mostrar que as
decisões arbitrárias da oligarquia política e econômica que tomou o poder, na
figura de Michel Temer e seus asseclas, não serão toleradas pela maioria da
população, formada por trabalhadores, e não por patrões”. ii
No Portal "Conversa Afiada" levantamos os seguintes dados: "Segundo a Exame, da meia-noite de quinta-feira até as 3 horas de sexta-feira, foram emitidas 727.889 mensagens sobre a Greve no Brasil. #BrasilEmGreve chegou a ser o segundo colocado nos trending topics mundiais - os assuntos mais comentados na rede social.
O impacto da Greve Geral nas redes sociais contrasta com a tentativa do PiG de, ao menos durante a manhã, ignorar as manifestações completamente. Ao se questionar, no Twitter, sobre a razão da Rede Globo não ter citado a decretação da Greve em seus noticiários, o apresentador do "Bom Dia Rio", Flavio Fachel, respondeu: “O que é notícia? O que acontece. E a greve? Se acontecer, a notícia é amanhã”.iii
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i- Vinicius Gomes Melo, publicado em: www.outraspalavras.net/ blog/2017/04/28/o-que-e-realmente-ilegal-a-greve-ou-essa-reforma-trabalhista
ii - Eduardo Alves Siqueira – www.outraspalavras.net/uncategorized/greve-geral-100-anos-depois
iii - www.conversaafiada.com.br: #Brasil em Greve conquistou a rede e bateu as hastags anti-greve.
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Créditos das Imagens
1. Greve Geral no Recife - Imagem de Chico Peixoto/NE10 /Leia Já Imagens
www.leiaja.com/noticias/2017/04/28/greve-geral-no-recife
www.leiaja.com/noticias/2017/04/28/greve-geral-no-recife
2. Manifestação na Avenida Brasil (RJ) contra a reforma da previdência, imagem do artigo: www.exame.abril.com.br/as-maiores-greves-que-o-Brasil-já-viu
3. Minas Gerais - Manifestação em Belo Horizonte no dia 28/04/2017 - divulgação. ww.exame.abril.com.br/brasil/ao-vivo-a-greve-geral-e-os-protestos-pelo-brasil-nesta-sexta
4. Manifestação em Cruz das Almas-BA - imagem de Maurício Lordêlo divulgada por: www.exame.abril.com.br/brasil/ao-vivo-a-grave-geral-e-os-protestos-pelo-brasil-nesta-sexta
4. Manifestação em Cruz das Almas-BA - imagem de Maurício Lordêlo divulgada por: www.exame.abril.com.br/brasil/ao-vivo-a-grave-geral-e-os-protestos-pelo-brasil-nesta-sexta
5. Imagem ilustrativa do artigo: exame.abril.com.br/brasil/as-maiores-greves-gerais-que-o-brasil-já-viu
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