Encontramo-nos com amigos que poucas vezes se reúnem em outras datas, para curtir a vida e torná-la mais
alegre. Então se percebe como faz bem ficar juntos, contar piadas e caçoar uns
dos outros, provando-se um bem-estar pouco experimentado nos dias ‘comuns’,
quando são esquecidos os preciosos valores da conversa, da amizade e do bem-querer.
Neste final de ano senti a necessidade de fazer um simples cálculo do ano que passou: quanto tempo passei ‘ocupada’ em repassar vídeos e mensagens que fulano recebeu de beltrano e enviou a sicrano, o qual, para manter a corrente, me repassou esperando que eu não a quebrasse...
O passa-passa do WatsApp favorece a atualidade da informação e é uma excelente ferramenta de trabalho. Mas há mensagens que circulam de forma despersonalizada, desvinculada do nosso momento pessoal, da nossa necessidade de trocar ideias. O que de certa forma nos desvia do que estamos a fazer ou a pensar, e requer a gentileza de responder... Ainda bem que os amigos mais próximos, além de nos enviar importantes informações, também sabem escolher vídeos que nos levam a boas risadas!
Mesmo assim, um rápido
olhar no tempo empregado com o WatsApp poderia nos falar de quantas amizades reais foram acrescidas à convivência de cada um, com os valores sinceros da reciprocidade.
Fico a imaginar se não seria a hora de voltar a investir também nos velhos hábitos do encontro! Pois arriscamos de nos enroscar no distanciamento de uma dimensão indeclinável da relação humana: a intensidade do colóquio pessoal, o sabor da visita aos amigos, a importância da boa prosa enquanto se toma juntos um sorvete, uma cerveja, um chimarrão, um café, uma boa taça de vinho... A depender da criatividade e das circunstâncias em que vivemos.
Nesses momentos, as pessoas que se querem bem podem falar tudo o que pensam, exprimir o que sentem no mais profundo, e entender o que não se é capaz de intuir sozinho.
O convite do réveillion – que tem o significado de "despertar" – nos lembra o sentido profundo daquilo que nos aponta o que é importante para a vida. Como, por exemplo, tornar-se uma pessoa mais alegre e ousada, mais solta e participativa, mais confiante e disponível, mais aberta e colaborativa.
Esse "despertar" tem a força de nos trazer inspirações de mudança, iniciando por nos convidar a um pequeno gesto, que cabe muito bem nos tempos natalinos.
Um deles é nos abrir os olhos para o próprio descuido de acumular roupas, bolsas, sapatos, e tudo aquilo que felizmente se deixou de usar porque foi possível comprar novas roupas, novos sapatos, novos cremes e perfumes...
O descuido nos faz juntar aquilo que não nos serve mais e que, agora mesmo estará faltando a outras pessoas. Um exemplo clássico são as roupas e os brinquedos de bebê guardados “de lembrança” ou esquecidos num canto do armário. Em algum momento, quiçá eu me lembre que há muitos bebês e crianças que viveriam melhor se esses "guardados" chegassem até eles.
As ocasiões em que manifesto o bem-querer aos filhos, netos e outros familiares, o registro das fotografias, os vídeos no celular e, especialmente, as cálidas memórias que conservo no coração já seriam suficientes para se perceber o significado e o dom de uma vida cheia de afeto, e sem necessidades.
A comemoração do Natal a cada ano propõe reavivar, em nós, as mensagens do aniversariante. Uma delas é que os dons que se recebe deveriam frutificar, do mesmo modo concreto e gratuito que se recebeu.
Sabe-se que o marketing da indústria e do comércio se esmera em convencer a sociedade do bem-viver que quanto mais se renova o que se tem, e quanto mais se presenteia, se está a cuidar do próprio bem-estar, e a fazer os presenteados cada vez mais felizes...
Com essa visão de mundo que se expressa tão bem nos tipos de presentes que se escolhe para uns e para outros, fica-se a girar num círculo que só dança no próprio terreiro... E não se percebe o que é possível fazer pelos que não encontraram oportunidades que os ajude a levantar-se do seu chão enrudecido.
É assim que se vai perdendo o sentido maior da celebração do nascimento de um Menino que veio "para que todos tenham vida, e vida em abundância!"
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Com essa visão de mundo que se expressa tão bem nos tipos de presentes que se escolhe para uns e para outros, fica-se a girar num círculo que só dança no próprio terreiro... E não se percebe o que é possível fazer pelos que não encontraram oportunidades que os ajude a levantar-se do seu chão enrudecido.
É assim que se vai perdendo o sentido maior da celebração do nascimento de um Menino que veio "para que todos tenham vida, e vida em abundância!"
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Créditos Imagens:
1. Novo Ano: 2017 - Imagem de arquivo do blog.
2. Mulheres musicistas egípcias - Paul Alexandre Alfred Leroy, o.s.t. 81x65cm; in: www.andepm.ma
3. Menino Vendedor de Peixes - Pintura do iraquiano Iman Maleki -
in: www.alixo.freeiraq.biz
4. Mãe e Filho - Pintura do iraquiano Iman Maleki - Iman Malek in Pinterest.
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma dessas imagens e deseja que ela seja removida deste espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com