
Nesse clima, a dor fincou presença,
depois de termos admirado a alegria celebrada por um time que estava a
conquistar um lugar de evidência, no futebol da América Latina.
Um descuido da aviação privada provocou muitas mortes e profundas saudades. Pois não choramos essas mortes feito se choraria a morte como no poema do grande Fernando Pessoa:...e quando se vai morrer,
lembrar-se de que o dia morre.
Mas eu nem sempre quero ser
feliz.
É preciso ser de vez em quando
infeliz
Para se poder ser natural...
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se
Natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer,
Lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo
E é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...".
Sobre a dor do mundo que nos atinge, há um soneto nascido em circunstância como esta, que me deixou abalada e triste. Volto
àqueles versos e me refaço na Esperança:

Dos abalos infames, traiçoeiros,
De aleatórias mortes provocadas,
Ventania do ódio em nevoeiros...
De tanta falta de serenidade
Da infame lei de revidar no engodo,
Na guerra, na cegueira e na maldade
Que a violência traz ao mundo todo...
Essa vontade de abraçar os tristes
Frente à guerra, ao terror, ao gesto insano,
Nessa dor que se espalha sem limites...
De tantos ais e tantos desenganos,
Este desejo meu, essa vontade,
De revidar com gestos mais humanos!
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Origem dos poemas:
Se eu pudesse trincar a terra toda - Fernando Pessoa (Alberto Caieiro) - Obra Poética em um volume - Org.
e notas: Maria Aliete Galhoz - Editora Nova Aguiar, Rio de Janeiro,1995. p.216.
A dor do mundo - Vanise Rezende - Antologia
Poética Sarau Brasil 2016 (Concurso Nacional de Novos Poetas). Org. Isaac
Almeida Ramos. Vivara Editora Nacional. Cabedelo-PB, 2016. p.21
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Crédito das Imagens:
1. Madeleine Veilleuse - George La Tour - Museu do Louvre.
2. Imagem de Fernando Pessoa - www.nolimiardaspalavras.
blogspot.com.br
3. Amanhecer - Foto: Odair Schiefelbein-Agudo-RS (Brasil).
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blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma dessas
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