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CARTA PARA O BRASIL DO AMANHÃ - LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

28 outubro, 2022


Com imensa alegria, reproduzo, aqui, a "CARTA PARA O BRASIL DE AMANHÃ" do  candidado à Presidência da República LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, dirigida a todos os brasileiros.
  O texto é claro, e está organizado em treze sessões que abordam os temas mais sensíveis do programa do governo Lula, de modo que todos possam entendê-lo.

Já foram feitos vários comentários nas redes sociais e na imprensa nacional sobre este gesto de respeito e atenção de Lula por seus eleitores e pelo povo deste país. O propósito da carta é entregar à população do Brasil um resumo das principais ações que o atual candidato à presidência prevê realizar, para responder e cuidar dos justos anseios de todos, sem exceção. É um documento que também nos  servirá para acompanhar as ações do seu provável governo. Assim, poderemos cobrar respostas efetivas ao que o candidato aqui propõe, pois trata-se de uma GRANDE ESPERANÇA da maioria dos brasileiros e brasileiras.   

Segue íntegra do documento. Os grifos são nossos.

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CARTA PARA O BRASIL 
DO AMANHÃ


Esta não é uma eleição qualquer. O que está em jogo é a escolha entre dois projetos completamente diferentes para o Brasil. 

Um é o país do ódio, da mentira, da intolerância, do desemprego, dos salários baixos, da fome, das armas e das mortes, da insensibilidade, do machismo, do racismo, da homofobia, da destruição da Amazônia e do meio ambiente, do isolamento internacional, da estagnação econômica, do apreço à ditadura e aos torturadores. Um Brasil de medo e insegurança com Bolsonaro. 

Outro é o país da esperança, do respeito, do emprego, dos salários decentes, da aposentadoria digna, dos direitos e oportunidades para todas e todos, da vida, da saúde, da educação, da preservação do meio ambiente, do respeito às mulheres, à população negra e à diversidade; da integração soberana com o mundo, da comida no prato e, sobretudo, do compromisso inabalável com a democracia. Um Brasil de esperança, um Brasil para todos

As primeiras medidas de nosso governo serão para resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiros e brasileiras. A democracia só será verdadeira quando toda a população tiver acesso a uma vida digna, sem exclusões. 

Temos consciência da nossa responsabilidade histórica e, junto com amplas forças que apoiam a democracia brasileira, a partir de um permanente processo de diálogo e escuta da sociedade, apresentamos nossas principais propostas para a reconstrução do país. 

1| DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO COM INVESTIMENTOS 

Nossa primeira iniciativa será definir com os governadores dos 27 estados um planejamento para retomar obras paradas e definir obras prioritárias. Vamos buscar financiamento e a cooperação – nacional e internacional – para o investimento público e privado, para dinamizar e expandir o mercado interno de consumo, desenvolver o comércio, serviços, agricultura de alimentos e indústria. 

Vamos investir em serviços públicos e sociais, em infraestrutura econômica e em recursos naturais estratégicos. Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e empresas indutoras do crescimento e inovação tecnológica, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo. Ao mesmo tempo, vamos impulsionar o cooperativismo e a economia solidária e popular. A roda da economia vai voltar a girar e o povo vai voltar e ser incluído no orçamento. 

Além disso, enfrentaremos o desemprego e a precarização do mundo do trabalho, com um amplo debate tripartite (governo, empresários e trabalhadores), para construir uma Nova Legislação Trabalhista que assegure direitos mínimos – tanto trabalhistas como previdenciários – e salários dignos, assegurando a competitividade e os investimentos das empresas. Vamos também criar o Empreende Brasil, com crédito a juros baixos para os batalhadores das micro, pequenas e médias empresas. Nosso Brasil será o país da inovação. 

2| DESENVOLVIMENTO SOCIAL COM TRABALHO E RENDA 

Nosso maior compromisso é construir um Brasil mais igualitário, sem fome, sem pobreza, com bons empregos e salários, priorizando as pessoas que mais precisam. Para isso propomos: um Salário-Mínimo Forte, com crescimento todo ano acima da inflação; um Novo Bolsa Família, que garantirá R$ 600,00 como valor permanente mais R$ 150,00 para cada criança de até 6 anos de idade; o programa Desenrola Brasil, para renegociar as dívidas de milhões famílias que estão inadimplentes, oferecendo grandes descontos e juros baixos; Imposto de Renda Zero para quem ganha até R$ 5 mil, que será acompanhado de uma reforma tributária; além da Igualdade Salarial para Homens e Mulheres que exerçam a mesma função.

3| DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E TRANSIÇÃO ECOLÓGICA 

Vamos construir um Brasil sustentável. O Brasil tem tudo para ser uma grande potência ambiental. Para isso, é preciso aproveitar a criatividade da bioeconomia e dos empreendimentos da sociobiodiversidade. Vamos iniciar a transição energética e ecológica para uma agropecuária e uma mineração sustentáveis, para uma agricultura familiar mais forte, para uma indústria mais verde. Nosso compromisso estratégico é buscar o desmatamento zero na Amazônia e emissão zero de gases do efeito estufa na matriz elétrica. Vamos apoiar a grande agricultura de baixo carbono e a agricultura familiar com crédito, garantias e assistência. Vamos criar o Ministério dos Povos Originários e revogar as medidas contrárias as populações indígenas e povos originários. Vamos reconstruir os órgãos de fiscalização e controle do desmatamento. Vamos acabar com o garimpo ilegal em terras indígenas. 

Em vez de líderes mundiais de desmatamento, queremos ser campeões mundiais do enfrentamento da crise climática e do desenvolvimento socioambiental. Assim, teremos comida saudável no prato, ar limpo para respirar, água boa para beber e muitos empregos de qualidade com os investimentos verdes. 

4| EDUCAÇÃO 

Para assegurar oportunidades para todas e todos, a Educação e a Ciência, hoje tão abandonadas e negligenciadas, serão tratadas como investimento e não como gasto. Vamos voltar a construir e apoiar as creches, aumentar os recursos para a merenda escolar, implantar o Ensino em Tempo Integral, com bolsa-estudante para quem completar o Ensino Médio. Vamos universalizar a banda larga nas escolas, com equipamentos adequados que atuarão como ponto de irradiação para a conectividade dos territórios. 

Também vamos investir em Mais Universidades, com o fortalecimento do ENEM, FIES, do PROUNI, da Bolsa Formação, e ampliaremos a Lei de Cotas, incluindo a pós-graduação. Voltaremos a expandir fortemente o Ensino Técnico Profissionalizante. Vamos valorizar a formação, a remuneração e as condições de trabalho dos professores, professoras e demais profissionais da Educação. A educação pública, universal e de qualidade voltará a ser prioridade estratégica do país. 

5| SAÚDE 

Para assegurar a saúde e a tranquilidade das famílias, vamos fortalecer o SUS, retomar o Farmácia Popular, implantar o Médicos Pelo Brasil para atender a população de todos os municípios brasileiros; promover mutirões emergenciais em todo o país para zerar as filas de consultas, exames e cirurgias que não foram realizados na pandemia, criar o Centro Nacional de Telemedicina e investir no atendimento integral à Saúde da Mulher. Vamos reconstruir o Programa Nacional de Vacinação. A vida é o nosso bem mais precioso.

6| HABITAÇÃO E INFRAESTRUTURA 

Vamos retomar o Minha Casa Minha Vida para garantir emprego e moradia para milhões de brasileiros. Também universalizaremos o acesso à luz e à água com a reconstrução de programas como o Luz para Todos e Cisternas. Vamos retomar obras paradas e estruturar um Novo PAC, para reativar a construção civil e a engenharia pesada – orientando o investimento para setores que atendam a demandas sociais como habitação, transporte e mobilidade urbana, energia, água e saneamento. É o caminho para iniciar um novo ciclo de crescimento econômico. 

7| SEGURANÇA 

Vamos criar o Ministério da Segurança Pública para implementar o Sistema Único de Segurança Pública, com polícias bem equipadas, treinadas e remuneradas. Vamos retomar o PRONASCI para investir na profissionalização e formação dos policiais. Vamos voltar a fortalecer e respeitar o importante trabalho da Polícia Federal e da Força Nacional. Vamos revogar decretos e portarias que permitiram o acesso irrestrito às armas, especialmente aqueles que estão armando o crime organizado. Enfrentaremos o aumento alarmante de casos de feminicídio e a violência contra a juventude negra, especialmente nas periferias. 

8| CULTURA E ESPORTES 

Vamos recriar o Ministério da Cultura e implantar um Sistema Nacional de Cultura para articular comitês estaduais de cultura. Vamos retomar o programa Cultura Viva, responsável pelos Pontos de Cultura, ampliar a presença da cultura nas redes sociais, incorporando tecnologias digitais. Vamos apoiar os esportes, aumentando o investimento no Bolsa Atleta e estimulando a prática esportiva de crianças e jovens nas escolas. Vamos retomar o conjunto de programas para a cultura, as artes, o esporte e o lazer, que foram atacados e destruídos pelo atual governo. 

9| DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA 

Vamos enfrentar as discriminações e preconceitos estruturais da sociedade brasileira, como o machismo, o racismo, a LGBTfobia, o capacitismo com as pessoas com deficiência, os preconceitos geracionais com idosos e a juventude. Vamos recriar o Ministério da Mulher para combater a violência e assegurar direitos, inclusive o de receber mesmo salário dos homens para as mesmas funções. Vamos recriar o Ministério da Igualdade Racial, com o fortalecimento de políticas de ações afirmativas para garantir direitos, promover a inclusão, a participação, o reconhecimento e as novas oportunidades. Vamos recuperar o programa Viver Sem Limites, especialmente o desenvolvimento e acesso às tecnologias assistivas para as pessoas com deficiência. Garantiremos o cumprimento integral da Lei que promulgamos para assegurar a mais ampla liberdade de religião e culto no Brasil. O futuro deve assegurar o respeito aos outros, a pluralidade e a diversidade, essenciais à democracia. 

10| REINDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL 

Vamos construir uma estratégia nacional para avançar em direção à economia do conhecimento. O Brasil não precisa depender da importação de respiradores, fertilizantes nem diesel e gasolina. Não precisamos depender da importação de microprocessadores, satélites, aeronaves e plataformas. Nosso país tem potenciais que devem ser impulsionados nas indústrias de software, defesa, telecomunicações e outros setores de novas tecnologias. Nosso país tem vantagens competitivas que devem ser ativadas, especialmente nos complexos econômico-industriais da saúde, do agronegócio e do petróleo e gás. Vamos iniciar a transição digital e trazer a indústria brasileira para o século XXI, com uma política industrial que apoia a inovação, estimula a cooperação público-privada, fortalece a ciência e a tecnologia e garante acesso a financiamentos com custos adequados. Os segmentos das micro, pequenas e médias empresas, bem como das startups, receberão atenção especial. O futuro pertence a quem implantar a sociedade do conhecimento.

11| AGRICULTURA SUSTENTÁVEL 

O Brasil é um dos mais importantes produtores e exportadores de alimentos do mundo. Para garantir e ampliar essa vantagem competitiva do país, vamos compatibilizar a produção com a preservação de recursos naturais, porque isso é necessário num mundo que enfrenta a crise climática e exige cada vez mais o consumo de alimentos saudáveis. Investiremos fortemente na Embrapa e no financiamento ao agronegócio, aos pequenos e médios produtores e à agricultura familiar e aos assentamentos. Para aumentar a produção sem desmatamento, implantaremos o Plano de Recuperação de Pastagens Degradadas, que somam cerca de 30 milhões de hectares. As taxas de juros serão reduzidas no Plano Safra, no Pronamp e no Pronaf para produtores comprometidos com critérios ambientais e sociais. Vamos reconstruir a Conab e estabelecer uma política de preços mínimos para estabilizar os preços dos alimentos e garantir comida na mesa das famílias. Vamos fortalecer o cooperativismo e a assistência técnica aos pequenos e médios produtores. 

12| POLÍTICA EXTERNA 

Superar o isolamento internacional e reposicionar o Brasil como protagonista no mundo é nosso compromisso. Retomaremos a política externa soberana, altiva e ativa, promovendo o diálogo democrático e respeitando a autodeterminação dos povos. Investiremos novamente na integração regional, no Mercosul e outras iniciativas latino-americanas, bem como no diálogo com os BRICS, com os países da África, União Europeia e Estados Unidos

Romper o isolamento e retomar política externa exitosa é fundamental para ampliar o comércio exterior e a cooperação tecnológica, além promover relações mais justas e democráticas entre os países. Reafirmaremos e fortaleceremos nossos pactos internacionais relativos ao desenvolvimento sustentável, em especial no marco da Convenção do Clima. Cultivaremos relações de mútuo respeito com todos os países. 

13| DEMOCRACIA E LIBERDADE 

O Brasil passa por um momento histórico em que os direitos, as instituições e as liberdades democráticas estão fortemente ameaçadas. 

Por isso, reafirmamos nosso total compromisso com a democracia, pois somente a democracia pode garantir os direitos da cidadania, condições de vida com dignidade para a população e as conquistas da sociedade. O Brasil não pode mais ficar nas mãos de quem admira a ditadura militar e idolatra monstruosos torturadores. O Brasil não pode ficar entregue a pessoas que questionam nosso processo eleitoral, procurando criar condições para golpes e aventuras totalitárias. O Brasil não pode estar submetido a um governante que agride sistematicamente o STF e o TSE e já ameaçou fechar o Congresso. Um governo que nega a transparência, o acesso público à informação e desestruturou os mecanismos de controle e combate à corrupção. Nossa democracia é fruto de décadas de luta, de mulheres e homens, pela nossa liberdade e pelos nossos direitos. 

A reconstrução do Brasil exige uma gestão pública competente, responsável, aberta ao diálogo e com a mais ampla participação da sociedade. Exige uma gestão da economia com credibilidade, responsabilidade e previsibilidade. Já governamos este país. Com responsabilidade fiscal, reduzimos a dívida pública, controlamos a inflação e acumulamos um expressivo volume de reservas cambiais que até hoje são fundamentais para a estabilidade da economia. Essas condições foram essenciais para o Brasil crescer o dobro da média internacional em nosso governo e enfrentar a maior crise financeira mundial da história recente. A política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação. O sistema tributário não deve colocar o investimento, a produção e a exportação industrial em situação desfavorável, nem deve penalizar trabalhadores, consumidores e camadas de mais baixa renda. É possível combinar responsabilidade fiscal, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável – e é isso que vamos fazer, seguindo as tendências das principais economias do mundo. 

Ao longo dessa campanha, vi a esperança brilhando nos olhos do nosso povo. A esperança de uma vida melhor num país mais justo. O Brasil precisa de um governo que volte a cuidar da nossa gente, especialmente de quem mais necessita. Precisa de paz, democracia e diálogo. É com a força do nosso legado e os olhos voltados para o futuro que dirijo esta carta ao povo brasileiro. Que Deus nos ilumine nessa caminhada. 

VAMOS JUNTOS PELO BRASIL! 
Luiz Inácio LULA da Silva
São Paulo, 27 de outubro de 2022.

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Imagem de: Ricardo Stuckert

O PÃO PARA TODOS OS QUE MASTIGAM A SOLIDÃO E A POBREZA

06 outubro, 2022



               Papa Francisco lê o seu discurso no encerramento do encontro do 
       movimento ECONOMIA  DE FRANCISCO, em Assis na Itália - 24.09.2022


Há algum tempo, Papa Francisco vem insistindo reiteradamente no seguimento de São Francisco de Assis - que amou a pobreza, cuidou com premura dos pobres e dos descartados sociais da sua época. 

Em maio de 2019, o papa escreveu uma carta de convocação para um encontro na cidade italiana de Assis. A secretaria do evento recebeu mais de 3.000 inscrições de jovens de 120 países dos cinco continentes, ligados à economia, gestão, filosofia, sociologia, teologia, proteção ambiental, recursos naturais, consumo responsável e estilos de vida, produção, inovação, trabalho, finanças, investimento para o desenvolvimento, pobreza, igualdade e dignidade humana, inteligência artificial, educação e novas gerações.O movimento foi chamado de ECONOMIA DE FRANCISCO.  

O O encontro de 2019 foi realizado, mas em razão da pandemia, o papa só pôde participar de forma virtual. Em alguns países fo    foram criadas organizações de mobililzação. Em 2021 houve um encontro  virtual para dar prosseguimento às discussões.  Finalmente, nos dias 22 a 24 de setembro de 2022, foi realizado um novo encontro presencial em Assis, que contou com a presença de Papa Francisco no dia do encerramento. 

 Para trazer uma síntese das ideias de Papa Francisco sobre o movimento, trazemos aqui um registro da  sua homilia diante de centenas de pessoas que, no dia seguinte, o acolheram, em Matera, na Itália - por ocasião do  Congresso Eucarístico Nacional. Na ocasião, o papa  falou das questões mais importantes tratadas no seu longo discurso, proferido no dia anterior, 24/09/2022, na cidade de Assis, por ocasião do 3º encontro internacional do movimento. 

Segue uma reportagem que sintetiza o discurso de Papa Francisco em Matera. A íntegra do histórico discurso de Francisco, em Assis, pode ser encontrada no canal do Movimento Economia de Francisco, indicado no final da postagem.


O PÃO PARA TODOS OS QUE 

  MASTIGAM A SOLIDÃO E A POBREZA

  

     Reportagem de: Jesús Bastante – em: Religión Digital
Traduzida e publicada por: IHU-Usininos
Em: 25/09/2022
  

·  “Não haverá verdadeiro culto eucarístico sem a compaixão pelos muitos Lázaros que ainda hoje caminham ao nosso lado".


 ·  "Uma Igreja que se ajoelha diante da Eucaristia e adora com espanto o Senhor presente no pão; mas que também sabe curvar-se com compaixão diante das feridas de quem sofre, levantando os pobres, enxugando as lágrimas de quem sofre, tornando-se pão de esperança e alegria para todos".


 · "Como é triste essa realidade ainda hoje, quando confundimos o que somos com o que temos, quando julgamos as pessoas pela riqueza que possuem, pelos títulos que possuem, pelos papéis que desempenham ou pela marca de roupas que vestem".


·  "Se cavarmos um abismo com nossos irmãos agora, cavamos nossa própria cova para depois; se construirmos muros contra nossos irmãos agora, mais tarde permaneceremos presos na solidão e na morte”.


· “As injustiças, as desigualdades, os recursos da terra distribuídos desigualmente, os abusos dos poderosos contra os fracos, a indiferença ao clamor dos pobres, o abismo que cavamos todos os dias gerando marginalização, não podem nos deixar indiferentes”.

 

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Papa Francisco viajou no domingo 25 de setembrode 2022 a Matera, 'a cidade do pão', para encerrar o  XVII Congresso Eucarístico Nacional da Itália. Cerca de 15.000 pessoas o acolheram num grande estádio da cidade. Na ocasião, ele convocou os 800 delegados presentes no congresso, e as dezenas de milhares de fiéis que o acompanharam: 

"Retornemos ao sabor do pão para ser uma Igreja Eucarística que coloca Jesus no centro, tornando-se pão de ternura e misericórdia para todos.”  

Iniciou sua homilia denunciando que, ainda hoje, "o pão nem sempre é partilhado à mesa do mundo; nem sempre emana o perfume da comunhão; nem sempre é partido na justiça". Na parábola de Jesus que fala do rico sem nome e do pobre Lázaro, o papa apontou uma contradição. E deixou-nos uma pergunta: "o sacramento da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã, a que nos convida?".

“Voltemos ao sabor do pão para recordar que, enquanto se consome essa nossa existência terrena, a Eucaristia antecipa a promessa da ressurreição e nos guia para a vida nova que vence a morte”.

“Voltemos ao sabor do pão, porque enquanto temos fome de amor e esperança, ou estamos quebrados pelo cansaço e pelo sofrimento da vida, Jesus se torna alimento que nos alimenta e cura, porque, enquanto a injustiça e a discriminação contra os pobres continuam a ocorrer no mundo, Jesus nos dá o Pão para Compartilhar e nos envia todos os dias como apóstolos da fraternidade, da justiça e da paz". 

 O rico sem nome e o  pobre  Lázaro

Comentando a parábola evangélica do homem rico e do pobre Lázaro, Francisco sublinhou: nesta parábola do rico sem nome e do pobre Lázaro, “o rico não está aberto a um relacionamento com Deus: ele só pensa em seu próprio bem-estar, em satisfazer as suas necessidades, em gozar a vida". "Satisfeito consigo mesmo, bêbado de dinheiro, atordoado pela feira de vaidades, não há lugar em sua vida para Deus porque ele só adora a si próprio", acrescentou o papa.

"Como é triste ver que ainda hoje se pode encontrar essa realidade, quando confundimos o que somos com o que temos, quando julgamos o valor das pessoas pela riqueza que têm, pelos títulos que possuem, pelos papéis que desempenham ou pela marca de roupas que vestem", lamentou o Papa.

E comentou: "é a religião do ter e do parecer, que muitas vezes domina a cena deste mundo, e que no final nos deixa de mãos vazias". Tão vazia, que "esse rico do Evangelho não tem nem nome. Não é mais ninguém". Pelo contrário, "os pobres têm um nome, Lázaro, que significa 'Deus ajuda'; apesar da pobreza, ele "mantém intacta sua dignidade porque vive em relação com Deus".

Este é o desafio da Eucaristia: “Adorar a Deus e não a si mesmo”. Porque "se nos adoramos, morremos na asfixia do nosso pequeno eu; se adoramos as riquezas deste mundo, elas se apoderam de nós e nos escravizam; se adoramos o deus da aparência e nos embriagamos com o desperdício, mais tarde ou mais cedo a própria vida nos pedirá contas".

Em vez disso, "quando adoramos o Senhor Jesus, presente na Eucaristia, recebemos um novo olhar sobre nossas vidas: não sou as coisas que possuo e os sucessos que alcanço; o valor de minha vida não depende de quanto posso me gabar, nem diminui quando falhei e falhei. Sou um filho amado, sou abençoado por Deus".

Amar nossos irmãos

Junto a isso, acrescentou Bergoglio, "a Eucaristia nos chama a amar nossos irmãos". "Este Pão é por excelência o Sacramento do amor. É Cristo que se oferece e o parte por nós, pedindo-nos que façamos o mesmo, para que nossa vida seja trigo moído e se torne pão que alimenta nossos irmãos", sublinhou.

No final da parábola "é o rico quem cava um abismo entre ele e Lázaro durante sua vida terrena e, assim, na vida eterna esse abismo permanece. Porque nosso futuro eterno depende da vida presente: se cavarmos um abismo com nossos irmãos agora, "estaremos cavamos nossa própria cova" para depois; e, se agora, erguemos muros contra nossos irmãos, ficaremos presos na solidão e na morte mais tarde".

Uma profecia para um novo mundo

"É doloroso ver que essa parábola continua a ser a história do nosso tempo", denunciou Francisco. “As injustiças, as desigualdades, os recursos da terra distribuídos de forma desigual, os abusos dos poderosos contra os fracos, a indiferença ao clamor dos pobres. É o abismo que cavamos todos os dias gerando marginalização; isso não pode nos deixar indiferentes”. O Papa aida pediu que "hoje, reconheçamos juntos  que a Eucaristia é uma profecia de um mundo novo, é a presença de Jesus a nos pedir que comprometamo-nos a realizar uma conversão eficaz: da indiferença à compaixão, do desperdício à distribuição, do egoísmo ao amor, do individualismo à fraternidade". 

Pensemos, por exemplo, no  povo pobre martirizado do Rohingya* que vaga de um lugar a outro porque não pode habitar na própria pátria: uma injustiça política. Exortou o Papa no seu discurso em Assis.

"Sonhamos com uma Igreja assim: Eucarística. Feita de mulheres e homens que partem o pão para todos aqueles que mastigam a solidão e a pobreza; para aqueles que têm fome de ternura e compaixão; para aqueles cujas vidas desmoronam porque lhes faltou o bom fermento de esperança", afirmou Francisco.

 "Uma Igreja que se ajoelha diante da Eucaristia e adora com espanto o Senhor presente no pão; e que também sabe curvar-se com compaixão diante das feridas de quem sofre, levantando os pobres, enxugando as lágrimas de quem sofre, tornando-se pão de esperança e alegria para todos", porque "não há verdadeiro culto eucarístico sem compaixão pelos muitos Lázaros que ainda hoje caminham ao nosso lado".

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Fonte da postagem: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/622467-francisco-sonho-com-uma-igreja-composta-de-mulheres-e-homens-que-partem-o-pao-para-todos-aqueles-que-mastigam-a-solidao-e-a-pobreza

Imagens:

1 - Papa Francisco fala aos jovens em Assis - 24/09/2022 - tendo ao lado alguns representantes das centenas de jovens ali presentes, todos comprometidos com a Economia de Francisco.

2 - Um painel do encontro da Economia de Francisco, realizado em Assis nos dias 22 a 24 de setembro deste ano.

3 - Uma triste imagem dos povos Rohingya* em fuga, em 2017. Foto: TOMAS MUNITA Agência O Globo. 

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Atenção: veja a versão integral, em português, do discurso do Papa Francisco neste blog - Página:  PAPA FRANCISCO  (na coluna à esquerda da postagem).

Acompanhe o movimento ECONOMIA DE FRANCISCO pelos seguintes canais:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/letters/2019/documents/papa-francesco_20190501_giovani-imprenditori.html

https://francescoeconomy.org/ 

https://www.youtube.com/c/TheEconomyofFrancescoOfficialchannel/about 

http://economiadefranciscoeclara.com.br


 (*) Os Rohingya são uma minoria muçulmana apátrida de Mianmar. Em 25 de agosto de 2017, quando a violência eclodiu no estado de Rakhine, em Mianmar, a crise humanitária tomou grandes proporções, levando mais de 742.000 pessoas a buscar refúgio em Bangladesh..

Refugiados Rohingya cruzam a fronteira de Mianmar, na Ásia,  rumo a Blangladesh, em meados de 2017 Foto: TOMAS MUNITA - Agência O Globo. 

 Os Rohingya, adeptos da religião muçulmana, são hoje classificados como "a minoria mais perseguida do mundo". Em Mianmar, país majoritariamente budista,eles são vítimas de múltiplas discriminações: trabalho forçado, extorsão, restrições à liberdade de circulação, regras de casamento injustas e confisco de terras. Centenas de milhares dos Rohingya fugiram e ainda fogem do país.  Desde os tempos da Idade Média eles vivem no território de Mianmar, antiga Birmânia, mas são considerados um povo sem Estado e não são reconhecidos como um dos 135 grupos do país. Mesmo assim, ainda há milhares deles em Mianmar, vivendo na mais profunda miséria. Os Rohingya falam o idioma rohingya ou ruaingga, um dialeto próprio. Como têm a cidadania negada pelo governo birmanês, eles têm fugido há anos, sobretudo para Bangladesh, Malásia, Índia, Nepal e EUA —, onde quase sempre enfrentam condições de vida tão precárias quanto em Mianmar. 

CARTA AOS BRASILEIROS PELA DEMOCRACIA SUPERA MEIO MILHÃO DE ASSINATURAS

30 julho, 2022




  
              Nova Carta aos Brasileiros defende                                  democracia e resultado das eleições

 

“Foi como um fio d’água que se transforma em um rio caudaloso e se espraia pelas várzeas, regando plantas aparentemente adormecidas. Assim nasceu a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, documento surgido na Faculdade de Direito da USP, já em circulação, mas que será lançada oficialmente no próximo dia 11 de agosto, data tradicional de comemoração do Dia do Advogado” - publicada no jornal da USP, em 26 de julho, e atualizada no dia 28 seguinte. Na ocasião, eram três mil assinaturas de apoio de juristas, empresários, artistas e de demais representantes da sociedade civil. Ontem, sexta-feira 29/07/22 às 22h55, a CNN informava que as adesões à Carta às Brasileiras e Brasileiros pela democracia, já tinham atingido meio milhão de assinaturasNa terça-feira 26/07, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Josué Gomes da Silva, anunciou o apoio da entidade à inciativa. 

 

Visto que este espaço é lido também por brasileiros que vivem ao norte e ao sul do mundo, reproduzimos aqui o teor da referida carta. E esperamos que, aqueles que estão fora do Brasil não deixem de assiná-la, “em vigília cívica contra as tentativas de rupturas” e “pelo Estado Democrático de Direito sempre”, em nosso país!

 

“Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos às brasileiras e aos brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições”, diz a carta, no início de seu parágrafo final. E continua: “Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado de Direito Sempre!”


Segue o texto integral do documento.

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CARTA ÀS BRASILEIRAS E AOS BRASILEIROS 

EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO 

 

Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

 

A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

 

Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

 

Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o País sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

 

A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição: “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

 

Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

 

Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em um país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

 

Nos próximos dias, em meio a esses desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando a convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

 

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

 

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

 

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar à democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito. Aqui, também não terão.

 

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar de lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

 

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

 

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

 

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona: Estado Democrático de Direito Sempre!!!

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Fonte do documento: https://jornal.usp.br/atualidades/nova-carta-aos-brasileiros-defende-democracia-e-resultado-das-eleicoes/

https://www.cnnbrasil.com.br/politica/carta-em-defesa-da-democracia-atinge-meio-milhao-de-assinaturas/ às 22h55 de 29.07.22

Crédito imagem: https://www.canstockphoto.com.br/myaccount.php

 

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