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COP 25 - EMERGÊNCIA CLIMÁTICA - É PRECISO INTERROMPER NOSSA GUERRA CONTRA A NATUREZA

29 janeiro, 2020


"Mudemos a política, e não o clima" - Greve pelo clima em Milão, na Itália.  Em 27 de setembro de 2019. — Foto: Antonio Calanni/AP


Continuamos a trazer aqui textos selecionados sobre questões de grande repercussão, e outras que não chegam a ser considerdas, na grande mídia, como temas vitais para a sociedade, como é o caso da questão climática. 


Todos os anos a ONU convoca a cúpula do clima para fazer um levantamento da situação global, e discutir novas políticas em defesa do Meio Ambiente. Embora precisemos considerar que muitos “acordos do clima” nem sequer são assumidos pelos países que se comprometeram, na prática nos interessam, para cobrar dos governos nos respectivos países.

De acordo com matéria publicada no g1.globo.com, líderes mundiais têm enfrentado uma pressão crescente, especialmente de jovens em todo o mundo, para que assumam políticas efetivas orientadas para evitar os impactos catastróficos produzidos pelo aquecimento global. 

A última cúpula do clima – chamada COP 25 - aconteceu em Madri, no período de 2 a 13 de dezembro de 2019. Cerca de 200 países estavam representados, chegando a mais de vinte mil pessoas presentes.  

Com uma participação mundial tão representativa, nas cúpulas que acontecem a cada ano, já deveríamos ter encontrado soluções para os graves problemas que assolam as cidades do mundo com inundações violentas, desflorestamentos e intermináveis queimadas que destroem a vida da Mãe Terra. Mas aqueles que as populações escolheram, para assumir essa tarefa, não correspondem a essas expectativas. 

Documentos científicos divulgados pela ONU informam que as emissões de gases causadores do efeito estufa continuam subindo – e não caindo, como deveria ser.

Na COP 25 o slogan adotado foi: "Hora da Ação" (Time for Action). Na abertura do evento, o atual secretário-geral da ONU, António Guterres,(*) afirmou que é preciso interromper "nossa guerra contra a natureza".

O principal desafio da COP 25 é acelerar o combate às mudanças climáticas. Eventos climáticos extremos, no mundo inteiro, como enchentes e queimadas, estão ligados ao aquecimento global causado pelo ser humano, conforme demonstram estudos científicos realizados em diferentes países.

Algumas informações acima foram recortadas da introdução de uma matéria divulgada no Blog do Camarotti – via g1, cujo texto central reproduzimos abaixo.

Conferência do clima da ONU
 COP 25 - em Madri

Principal desafio da COP-25 é acelerar o combate às mudanças climáticas




As negociações começaram na segunda (2/12) sob um cenário de impactos cada vez mais visíveis, como incêndios florestais se espalhando do Ártico e da Amazônia até a Austrália, e regiões tropicais atingidas por furacões devastadores.

O que está em jogo: metas mais ambiciosas

·   A próxima década é um momento crítico para evitar a catástrofe global. No Acordo de Paris, o compromisso assumido foi de manter o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis da era pré-industrial até o fim do século – o mundo já está, em média, 1,1ºC mais quente. Estudos recentes da ONU dizem que a meta precisa ser ainda mais rígida.

·    A  concentração dos principais gases do efeito estufa na atmosfera alcançou um recorde em 2018. Caso as emissões não sejam reduzidas em mais de 7% ao ano, o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3,2ºC. Impactos são imprevisíveis.

·   Os dois maiores emissores de gases, Estados Unidos e China, apresentam posicionamento dúbio. O presidente Donald Trump anunciou a saída do Acordo de Paris, adotado em 2015. A China vem assumindo discurso mais favorável ao combate ao aquecimento global, mas, na prática, constrói mais usinas de carvão.

·      Em Paris, 70 países se comprometerem a neutralizar emissões até 2050 – mas não são os maiores emissores de gases. Isso significa que esses 70 países prometeram equilibrar as emissões de carbono com tecnologias de captura de gases ou plantando árvores, por exemplo, e atingir "emissões zero".
·  Compromissos assumidos, no entanto, são voluntários. A ONU não tem mecanismos que obriguem os países a cumprirem as promessas assumidas no Acordo de Paris.       A COP 25 é a última conferência do clima antes da década de 2020. Restam dúvidas sobre como realizar a transição para energias limpas e, mais do que isso, como financiar esse processo.
·    O ministro brasileiro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que vai cobrar recursos de países ricos na COP 25 para a preservação do meio ambiente no Brasil. O Acordo de Paris prevê contribuições voluntárias dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, por meio de um fundo. No entanto, isso ocorre num momento em que a pauta ambiental do país vem sendo questionada: a Amazônia registra aumento no desmatamento e manchas de óleo atingem centenas de praias brasileiras, sem um culpado ou origem do óleo identificados.

·   O mercado de créditos de carbono atualmente funciona somente a partir de acordos entre empresas e governos, pois o sistema ainda não foi completamente implementado. Isso também foi discutido na COP 25. Além disso, foi previsto debater as operações de um fundo de US$ 100 bilhões para iniciativas de financiamento entre países.













 O secretário-geral da ONU, António Guterres, e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez — Foto: Andrea Comas/AP


Início da COP 25


Michał Kurtyka - ministro polonês do clima que liderou a rodada anterior de negociações climáticas da ONU, em 2019, na cidade polonesa de Katowice - disse que um aumento no ativismo climático entre jovens enfatizou a urgência da questão – conforme a agência Reuters.

"Talvez o mundo ainda não esteja se movendo no ritmo que gostaríamos, mas minha esperança ainda está particularmente entre os jovens. 

Eles têm a coragem de falar e nos lembrar que herdamos este planeta de nossos pais, e precisamos entregá-lo às gerações futuras".


A conferência tem como objetivo estabelecer as peças finais necessárias para apoiar o Acordo de Paris de 2015 para combater as mudanças climáticas, que entra em uma fase crucial de implementação no próximo ano. 

As promessas existentes feitas sob o acordo estão aquém do tipo de ação necessária para evitar as consequências mais desastrosas do aquecimento global em termos de elevação do nível do mar, seca, tempestades e outros impactos, de acordo com os cientistas.

Mais de 50 chefes de Estado devem comparecer à COP 25, mas nem o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, nem o americano, Donald Trump, confirmaram presença.

Guerra contra a natureza

O secretário-geral da ONU, António Guterres (*), afirmou que é preciso interromper "nossa guerra contra a natureza". Ele lembrou que estamos cada vez mais próximos de um "ponto de não retorno", e denunciou a falta de vontade política dos líderes globais para reduzir as emissões de gases estufa.
"E sabemos que é possível", disse Guterres



"Simplesmente precisamos parar de cavar e perfurar para aproveitarmos as vastas possibilidades oferecidas pelas energias renováveis ​​e pelas soluções baseadas na natureza.




A emissão de gases causadores do efeito estufa precisa diminuir mais de 7% ao ano no período entre 2020 e 2030 para que o aumento na temperatura média global seja de apenas 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais – conforme relatório lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Guterres disse que a meta atual não é suficiente. E afirmou:


“Os grandes emissores não estão fazendo sua parte e, 
sem eles, nossas metas são inatingíveis”.


O que são as cúpulas anuais do clima 

As cúpulas anuais do clima são organizadas como uma “Conferência das Partes” realizada anualmente por representantes de países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A convenção é um tratado internacional com objetivo de lidar com o aquecimento global, refletindo sobre o que já foi feito e o que ainda precisa ser adotado.

Em 2019 a conferência chegou à sua 25ª edição. Por isso o nome "COP25". A
próxima reunião, a COP26, será em Glasgow (Escócia), em novembro de 2020.

A Conferência do Clima da ONU estava marcada para acontecer em Santiago, no Chile. Mas, devido à onda de protestos que o país atravessa, o presidente Sebastián Piñera decidiu cancelar a sua realização no país. A Espanha se ofereceu para receber o evento, em Madri.

Posição do governo Bolsonaro

No ano passado, o Brasil também desistiu de sediar Conferência do Clima da ONU devido a restrições orçamentárias. A decisão ocorreu ainda durante o governo Michel Temer, mas, já na transição, o presidente Jair Bolsonaro disse ter recomendado que o encontro não fosse realizado no país, pois "custaria mais de R$ 500 milhões ao Brasil".

Segundo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o governo brasileiro pretende aproveitar a COP25 para apresentar propostas que facilitem o financiamento estrangeiro de medidas de preservação ambiental. Ele afirma que o Brasil já conduz medidas de preservação ambiental e que é preciso ser remunerado pelo que já realiza na área.

Salles diz que vai cobrar recursos de países ricos para preservação do meio ambiente. Salles se refere ao mecanismo de cooperação internacional por meio de um fundo global – o "Green Climate Fund" – por meio do qual países desenvolvidos podem ajudar a financiar projetos em países mais pobres. Entretanto, embora Salles tenha cobrado recursos, esses pagamentos não são obrigatórios.

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Para saber outros comentários sobre a posição do Governo brasileiro, representado na COP25 pelo Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, veja: 

https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Mae-Terra/Emergencia-climatica/3/46233  - 12/01/2020
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Fonte do texto:


Créditos das Imagens:

1. Foto de abertura - Protesto na Italia - Antonio Calann/AP
2. Foto do secretário-geral da ONU, António Guterres, com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez —  Andrea Comas/AP
3. Foto de Michal Kurtika, ministro do Clima na Polônia - www.msn.com.jpg
4. Foto do Secretário Geral da ONU, António Guterrez, ex-primeiro ministro português - www.dv.com.jpg

(*) O Secretário-geral da ONU António Guterrez é engenheiro, político e diplomata português - e foi primeiro ministro do seu país. Assumiu o cargo de secretário-geral da Organização das Nações Unidas desde 2017.


Nota: As imagens aqui postadas pertencem aos seus respectivos autores. Se algum deles não estiver de acordo com a sua reprodução neste espaço, por favor comunique-se conosco, fazendo um comentário nesta postagem. 


Para mais informações leia:





O DESAFIO DA COMUNICAÇÃO PARA A MUDANÇA

17 janeiro, 2020

Em dezembro passado publicamos um excelente texto escrito por Herbert de Souza, o Betinho* – um dos grandes ativistas defensores da democracia brasileira no período da ditadura militar em nosso país. Seu texto fala da importância da cultura para a construção da democracia brasileira.

Hoje nos deparamos com uma assustadora informação que nos chocou profundamente: o Secretário do Ministério da Cultura – Roberto Alvim – tratou de apropriar-se da tradução literal de uma decrépita prática da ditadura nazista de anos atrás, apresentando-a em vídeo como uma orientação de sua pasta para a comunicação no país. 
    
     Vejamos o que informa o jornal El País:

    "Ao som de Richard Wagner, o compositor favorito de Adolf Hitler, o secretário de Cultura do Governo, Roberto Alvim, plagiou em pronunciamento que foi ao ar nas redes sociais trechos de um discurso do ministro da Propaganda do führer nazista, Joseph Goebbels. “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa (...) ou então não será nada”, diz Alvim no vídeo. O líder nazista havia dito: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferrenhamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa (...) ou então não será nada”. O caso suscitou revolta nas redes sociais e a manifestação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Supremo, Dias Toffoli. A Confederação Israelita do Brasil considerou “inaceitável” o uso do discurso. No início da tarde desta sexta, o Governo demitiu o secretário, alegando que o pronunciamento “tornou insustentável” sua permanência”.

Há novos ventos distantes e bem diferentes, a serem observados. No governo  do Estado do Vaticano, o Papa Francisco vem atuando como lhe é possível, no intuito de acompanhar os dias atuais. Apesar do  engessamento dos seus ministérios (a chamada Cúria Romana) Francisco propôs recentes mudanças  organizacionais, a partir de 2020.

No dia 23/12/2019, o Papa fez um discurso dirigido ao corpo cardinalício da Cúria Romana. Coube a ele apresentar as propostas de mudança na prática de governança da Cúria. Na sua fala, referindo-se a cada pasta, o papa insistiu na importância da comunicação, e sugere aos Ministérios Vaticanos – ditos “dicastérios” – mudanças no modo como a comunidade eclesial deveria se comunicar com o mundo de hoje. 

Suas atitudes e palavras buscam identificar e iluminar critérios para dialogar, formular, produzir e divulgar informações nos moldes de comunicação da era digital e imagética. O modo de governar de Francisco, em diálogo com os responsáveis dos dicastérios, poderiam também servir aos políticos de boa vontade que se preparam para as próximas eleições no Brasil. O Papa nos mostra a urgente necessidade de se conhecer, de fato e na prática, os clamores das populações locais, para que se possa ir em busca de respostas, criando políticas  e programas efetivos e eficazes de governo.  

Estamos a viver, não simplesmente uma época de mudanças, mas uma mudança de época. As mudanças já não são lineares, mas de época; constituem opções que transformam rapidamente o modo de viver, de se relacionar, de comunicar e elaborar o pensamento, de comunicar entre as gerações humanas e de compreender e viver a fé e a ciência”.

“Obviamente, não se trata de procurar a mudança por si mesma nem de seguir as modas, mas de ter a convicção de que o desenvolvimento e o crescimento são a caraterística da vida terrena e humana, enquanto no centro de tudo, segundo a perspectiva do crente, está a estabilidade de Deus.” (*)
   
Falando sobre a tarefa do recém-criado Dicastério para a Comunicação, o papa enfatiza:  “A perspectiva que se nos depara é a da mudança de época, pois ‘largas faixas da humanidade vivem mergulhadas no ambiente digital de maneira ordinária e contínua.’ Já não se trata apenas de ‘usar’ instrumentos de comunicação, mas de viver numa cultura amplamente digitalizada que tem impactos muito profundos na noção de tempo e espaço, na percepção de si mesmo, dos outros e do mundo, na maneira de comunicar, aprender, obter informações, entrar em relação com os outros. Uma abordagem da realidade que tende privilegiar a imagem com relação à escuta e à leitura, influenciando o modo de aprender e o desenvolvimento do sentido crítico". (Francisco - Exortação Apostólica pós-sinodal Christus vivit, 86).

Mas Francisco, ao buscar conhecer a realidade usa o discernimento. “Aqui é necessário advertir contra a tentação de assumir a atitude da rigidez - ele insiste. Esta nasce do medo da mudança e acaba por disseminar estacas e obstáculos pelo terreno do bem comum, tornando-o um campo minado de incomunicabilidade e ódio. 

Lembremo-nos sempre de que, por trás de qualquer rigidez, jaz um desequilíbrio. A rigidez e o desequilíbrio nutrem-se, mutuamente, num círculo vicioso. E hoje essa tentação da rigidez tornou-se muito atual”.

Voltando à questão da “cultura”, retorno ao artigo de Betinho, como oferta de clareza e de conhecimento de causa das dificuldades a serem enfrentadas em governos autoritários, como acontecia e volta a acontecer agora, em nosso país. O seu é um texto incisivo e ao mesmo tempo poético, cheio de fé, e carregado da vontade de enfrentamento e mudança. Muitos, como ele, se inscreviam no mundo cultural daquele período da ditadura militar.

A cultura está entre nós, sempre - afirma Betinho. É no campo da consciência que o mundo se faz ou se desfaz, é nesse universo da imagem, do som, da ação, da ideia. Tudo se resolve na criação. É na invenção que o tempo volta atrás e o atrás vai para frente. É onde o homem vira bicho, bicho conversa com gente. É onde eu sou Guimarães e você é Rosa. É onde fica como dantes ou tudo muda num átimo. É onde você se entrega de mãos amarradas ou se rebela de faca no dente. É onde o silêncio vira pedra ou o grito rompe tudo e esparrama vida por todos os poros. E onde o risco chora e o choro é o começo da cura. 

Foi o mundo da cultura que primeiro aceitou o desafio de mudar. De criar um outro Brasil. Sem pobreza e sem a arrogância dos ricos. 

Um Brasil totalmente simples, mas radicalmente humano. Um Brasil onde todos comam todos os dias, trabalhem, ganhem salários, voltem para casa e possam rir, beijar a mulher que ama, a filha que emociona, abraçar o amigo na esquina, se ver no espelho sem chorar pelo que não realizou”.

Inspirados nas palavras de Betinho, precisamos continuar sonhando e agindo, a fim de contribuir - como cidadãos e como políticos - em colaboração e de forma cooperante, na necessária e incessante caminhada de reconstrução da democracia em nosso país.  

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 (*) Numa das suas orações, o cardeal Newman afirmava: «Não há nada de estável fora de Vós, ó meu Deus. Vós sois o centro e a vida de todos aqueles que mudam, que confiam em Vós como seu Pai, que levantam os olhos para 
Vós e que são felizes por se colocarem nas vossas mãos. Eu sei, meu Deus, 
que devo mudar, se quiser ver o vosso rosto» (Meditazioni e preghiere, ed. 
G. Velocci, Milão 2002, p. 112).

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Fonte das informações, no corpo do texto:

www.vaniserezende.com.br – dezembro, 2019.


Crédito das Imagens

1. Recorte da imagem do vídeo do Sr. Roberto Alvim divulgada pela TVT.

2. Richard Wagner - reprodução:
http://www.terra.com.br/noticias/educacao/historia-richard-wagner-o-revolucionario.

3. Jesus em missão - obra de Adolfo Perez Esquivel - Prêmio Nobel da Paz - www.adplfoperezesquivel.org

4. Papa Francisco - O Pastor - www.centraldenoticias.radio.br

5. Cantadores de Viola - talha de JBorges 


Nota: As imagens aqui postadas pertencem aos seus respectivos autores. Se algum deles não estiver de acordo com a sua reprodução neste espaço, por favor comunique-se conosco, fazendo um comentário nesta postagem. 


UMA ECONOMIA CHAMADA COMUNHÃO

07 janeiro, 2020




Fechando o ciclo natalino, reproduzimos aqui – com versões em português, español, italiano, francés e english – um texto assinado pelo renomado professor e economista italiano Luigino Bruni, de quem já publicamos outras postagens neste espaço. Parece-me significar uma “fraterna comunhão” pós-natalina, que nos fala da revelação do Menino de Nazaré, cuja chegada inaugura a distinção do que ele chama a “economia do dinheiro” e a “economia do Reino”. Uma revelação que, ano após ano vem sendo equivocadamente festejada como “o negócio do Natal”. Mesmo em terras ensolaradas, o Papai Noel, também este ano, foi a figura mais presente nos Shoppings Centers, no imaginário das crianças e nas sacolas de presentes de cristãos e não cristãos. Segue o texto, em suas diferentes versões. 



A ECONOMIA DO NATAL 
CHAMA-SE COMUNHÃO


Por: Luigino Bruni 

Tem-se abundante economia na gruta de Belém. Ali encontra-se a imagem mais forte da “economia da salvação”, da sua conveniência misteriosa, divina e humana, que fez o Verbo de Deus tornar-se criança. Ali estão, também, os trabalhadores (os pastores), José, um marceneiro, e os animais no estábulo, que naquela economia antiga eram os primeiros fatores de produção. E estava Maria, uma jovem mulher, que conhecia a economia de casa e das relações primárias.

No entorno da manjedoura confrontaram-se a economia do dinheiro e a economia do Reino. Um confronto que será uma constante no ensinamento de Jesus. Os hotéis, isto é, as empresas de Belém, “não tinham lugar” para aquele parto. Mas uma família – talvez uma pessoa do povo de Belém – encontrou espaço no único lugar que estava disponível: um estábulo.  

A economia do Natal foi Comunhão. Uma certa economia não encontrou espaço – porque todos os espaços já estavam ocupados – e uma outra economia ativou um processo. A economia dos espaços e a economia dos processos, a economia de Francisco e a economia de Bernardone, a nudez do bebê de Belém e a nudez do pobre de Assis. 

Se olhamos o nosso mundo, hoje, devemos dizer que não foi a economia do estábulo nem aquela de Francisco a tornar-se a economia que hoje gerencia o negócio do Natal, todos os dias de festa e todos os dias feriados. O lucro continua a vencer, e o dom da festa continuará desnudo. Ainda hoje, diante da nudez das crianças e dos pobres, devemos escolher qual é a Economia que queremos. A cada ano o período do Natal apresenta-nos a mesma questão: 
                                
                                   – Tu, de que lado estás? Qual é a tua Economia?



UNA ECONOMÍA LLAMADA "COMUNIÓN"

Despues del ciclo natalino, riproducimos aquí - con versiones en português, español, italiano, francés e english – un texto firmado por el reconocido profesor y economista italiano Luigino Bruni, de quien ya hemos publicado otras publicaciones en este espacio. Mi parece una "comunión fraterna" postnatal que nos habla de la revelación del Niño de Nazaret, cuya llegada inaugura la distinción de lo que él llama la "economía del dinero” y la "economía del Reino". Una revelación que año tras año ha sido erróneamente celebrada como "el negocio navideño". Incluso en tierras soleadas, Papá Noel, este año también, fue la figura más prominente en la imaginación de los niños y en las bolsas de regalo de cristianos y no cristianos. Sigue el texto.

La Economía de la Navidad 
se llama Comunión

Por: Luigino Bruni 

Hay abundante economía en la gruta de Belén. Allí está la imagen más fuerte de la “economía de la salvación”, de aquella convivencia misteriosa, divina y humana, que hizo convertirse en niño al Verbo de Dios. Están también presentes los trabajadores (los pastores), está José, un carpintero, están los animales de la granja, que en esta economía antigua eran los primeros factores de producción. También está una joven mujer, María, que conocía de la economía del hogar y sus relaciones primarias.

En torno al pesebre se confrontan la economía del dinero y la economía del Reino, una confrontación que será constante en las enseñanzas de Jesús. Los hoteles, es decir, las empresas de Belén, no tenían lugar para ese parto. Por otro lado, una familia, quizás una persona del pueblo de Belén, encontró espacio en el único lugar que tenía disponible: un pesebre. 

La economía de la Navidad fue Comunión. Cierta economía no encontró espacio, porque todos los espacios ya estaban ocupados, y otra economía activó un proceso. La economía de los espacios y la economía de los procesos, la economía de Francisco y la economía de Bernardone, la desnudez del niño de Belén y la desnudez del pobre de Asís. 

Si miramos nuestro mundo, debemos decir que no fue la economía de la gruta ni la de Francisco la que se convirtió en la economía que hoy gestiona el negocio navideño y todos los días festivos o feriados. El beneficio continúa siendo el ganador y el regalo permanece desnudo. Pero incluso hoy, ante la desnudez de los niños y de los pobres debemos decir cuál es la economía que queremos. Esta Navidad nos pode cada año la misma pregunta: 

                                     Tú, ¿De qué parte estás? ¿Cuál es tu Economía?



Una Economia chiamata “Comunione”

Chiudendo il ciclo natalino riproduciamo qui la versione italiana di una riflessione che vedo come una "comunione fraterna”, firmata da un professore e  economista italiano, Luigino Bruni. Abbiamo già altri suoi scritti in questo blog. Suo corto testo ci parla della rivelazione del Bambino di Nazaret, il cui arrivo inaugura la distinzione chiamata da lui di "economia del denaro” e "economia del Regno". Una rivelazione che, anno dopo anno viene erroneamente celebrata come "il business del Natale".  Anche in terre soleggiate, Babbo Natale è la figura di spicco dell'immaginazione dei bambini e nei sacchetti dei regali di cristiani e non cristiani. Segue il testo.

L’economia del Natale
si chiama Comunione

Per: Luigino Bruni

C’è molta economia nella grotta di Bethlehem. Lì c’è l’immagine più forte della “economia della salvezza”, di quella convenienza misteriosa, divina ed umana, che fece diventare Bambino il Verbo di Dio. Ci sono anche dei lavoratori (i pastori), c’è Giuseppe, un falegname, ci sono gli animali della stalla, che in quella economia antica erano i primi fattori di produzione. C’è una giovane donna, Maria, che conosceva l’economia di casa e delle relazioni primarie.

Attorno a quella mangiatoia si confrontarono l’economia del denaro e l’economia del Regno, un confronto che sarà una costante dell’insegnamento di Gesù. Gli alberghi, cioè le imprese di Betlemme, non ‘avevano posto’ per quel parto. Una famiglia, invece, forse una persona del popolo di Betlemme, trovò spazio nell’unico luogo che aveva a disposizione: una stalla. 

L’economia del Natale fu Comunione. Una certa economia non trovò spazio, perché tutti gli spazi erano già occupati, e un’altra economia attivò un processo. L’economia degli spazi e l’economia dei processi, l’economia di Francesco e l’economia di Bernardone, la nudità del bambino di Bethlehem e la nudità del poverello di Assisi. 

Se guardiamo il nostro mondo dobbiamo dire che non è stata l’economia della Grotta né quella di Francesco a diventare l’economia che oggi gestisce il business del Natale, tutti i giorni di festa e tutti i giorni feriali. Il profitto continua a vincere ed il dono ad essere nudo. Ma, anche oggi, di fronte alla nudità dei bambini e dei poveri dobbiamo dire quale è l’economia che vogliamo. Il Natale che viene ci pone ogni anno la stessa domanda:

                                    Tu, da quale parte stai? Qual è la tua Economia?



Une Économie appelée “Communion”

Alors que le cycle de Noël se termine, nous reproduisons ici - avec des versions portugaise, espagnole, italienne, française et anglaise - un court texte signé par le professeur et économiste italien Luigino Bruni, dont nous avons déjà publié d'autres articles dans cet espace. Cela me semble signifier une «communion fraternelle» postnatale qui nous raconte la révélation de l'Enfant de Nazareth, dont l'arrivée inaugure la distinction de ce qu'il appelle «l'économie de l'argent» et «l'économie du Royaume». Une révélation qui année après année a été à tort célébrée comme «l'entreprise de Noël». Même dans les pays ensoleillés, le Père Noël, cette année également, a été la figure la plus éminente de l'imagination des enfants et des sacs-cadeaux des chrétiens et des non-chrétiens. Suit le texte.

L’économie de Noël
s’appelle Communion

Pour: Luigino Bruni

Il y a toute une dimension économique dans la grotte de Bethléem. C’est l’image la plus forte de l’économie du salut, de cette vie en commun tellement mystérieuse, à la fois divine et humaine, où le Verbe de Dieu se fait Enfant.
Il y a aussi des travailleurs (les bergers), y compris Joseph, un Charpentier, il y a les animaux de l’étable, qui, dans l’économie de cette période antique, étaient les premiers facteurs de production. Il y a une jeune femme, Marie, qui connaît l’économie domestique et des relations primaires.
Autour de la mangeoire, il y a confrontation entre l’économie de l’argent et l’économie du Royaume, confrontation qui sera constante dans l’enseignement de Jésus. Les auberges, c’est-à-dire les entreprises de Bethléem, n’avaient pas de place pour cet accouchement. Par contre, une famille, probablement des gens du peuple de Béthléem, a trouvé de la place dans l’unique lieu dont elle disposait: une étable.

L’économie de Noël a été Communion. Une certaine économie n’a pas trouvé de place, car toutes les places étaient déjà occupées, tandis qu’une autre économie met en œuvre un processus. L’économie de places et L’économie des processus, L’économie de François et L’économie de Bernardone, la nudité de l’enfant de Bethléem et la nudité du poverello d’Assise.

En regardant notre monde, on ne peut pas dire que c’est l’économie de la Grotte ou celle de François, l’économie dominante qui régit aujourd’hui le business de Noël, de tous les jours de fêtes ou des jours chômés. Le profit continue à dominer et le don reste à nu. Mais, aujourd’hui aussi, face à la nudité des enfants et des pauvres, nous sommes sommés de dire quelle est l' économie que nous voulons. Noël nous pose chaque année la même question: 

                                        De quel côté es-tu? Quelle est ton Économie?


An Economy called “Communion”

As the Christmas cycle closes, reproduce here - with Portuguese, Spanish, Italian, French and English versions - a short text signed by the italian professor and economist Luigino Bruni, from whom we have already published other posts in this space. It seems to me to mean a postnatal “fraternal communion” that tells us of the revelation of the Child of Nazareth, whose arrival inaugurates the distinction of what he calls the “economy of money” and the “economy of the kingdom”. A revelation that year after year has been mistakenly celebrated as "the Christmas business." Even in sunny lands, Santa Claus, this year too, was the most prominent figure in the imagination of children and gift bags of Christians and non-Christians. Follows the text.

The name of the economy 

of Christmas is Communion

By: Luigino Bruni 

There is a lot of economy in that cave in Bethlehem. It constitutes the most powerful image possible of the "economy of salvation", of that mysterious, divine and human convenience that turned the Word of God into a Child.

There are also workers (shepherds) present, Joseph a carpenter is also present, the animals of the stable are also there, which in that ancient economy were the first elements of production. There is a young woman, Mary, who knew about home economics and primary relationships.

The Economy of Money and the Economy of the Kingdom confronted each other around that manger, a comparison that would later become a constant in the teachings of Jesus. The hotels, that is, the Bethlehem businesses, did not have 'room’ for that birth. A family, however, perhaps just one person, among the people of Bethlehem, found room for them in the only place he or she had available: a stable.

And so the economy of Christmas became Communion. A certain type of economy did not find room, because all the spaces available were already occupied, and another kind of economy gave way to a new process. The economics of space and the economics of processes, the economy of Francis and the economy of Bernardine, the bareness of the Child of Bethlehem and the bareness of that poor man of Assisi.

Looking at our world today, we must admit that it was not the economy of the Cave or that of Francis that ended up becoming the economy that rules the business surrounding Christmas, all holidays and all weekdays. Profit continues to win and the gift to be bare. Even today, however, faced with the bareness of children and the poor around the world, we need to ask ourselves what kind of economy and economics we want. Each approaching Christmas holiday asks us the same question every year: 

                                     Which side are you on? What is your Economy?

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Fonte dos textos:

A versão portuguesa do original italiano, é de autoria de Vanise Rezende.  
As outras versões encontram-se em:

http://edc-online.org/es/86-josetta-1-es-es/news-es/es-news-varias/15659-la-economia-de-la-navidad-se-llama-comunion.html

http://edc-online.org/fr/652-francais/fr-nouvelles-diverses/15660-l-economie-de-noel-s-appelle-communion.html

http://edc-online.org/it/eventi-e-news/news/news-internazionali/82-varie/15658-l-economia-del-natale-si-chiama-comunione.html

http://edc-online.org/en/home-en/news/15661-the-name-of-the-economy-of-christmas-is-communion.html

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Créditos das Imagens:

1. Aristides. Presépio de palha e milho na cabaça. Minas Gerais. In: www.jornalpuc-campinas.edu.br
2. Presépio de Valência - ES - www.m.gaudiumpres.org
3. Giorgione. Natività Azendale.jpg
4. www.m.camarappiracicaba.sp.gov.br-natal-presepios-de-todo-o-mundo-
5.Paulo Suez - Linha do Tempo - dez.2015.

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