"Mudemos a política, e não o clima" - Greve pelo clima em Milão, na Itália. Em 27 de setembro de 2019. — Foto: Antonio Calanni/AP
Continuamos a trazer aqui textos selecionados sobre questões de grande repercussão, e outras que não chegam a ser considerdas, na grande mídia, como temas vitais para a sociedade, como é o caso da questão climática.
Todos os anos a ONU convoca a cúpula do clima para fazer um levantamento da situação global, e discutir novas políticas em defesa do Meio Ambiente. Embora precisemos considerar que muitos “acordos do clima” nem sequer são assumidos pelos países que se comprometeram, na prática nos interessam, para cobrar dos governos nos respectivos países.
De acordo com matéria publicada no g1.globo.com, líderes mundiais têm enfrentado uma pressão crescente, especialmente de jovens
em todo o mundo, para que
assumam políticas efetivas orientadas para evitar os impactos catastróficos produzidos
pelo aquecimento global.
A última cúpula do clima – chamada COP 25 - aconteceu em Madri, no período de 2 a 13 de dezembro de 2019. Cerca de 200 países estavam representados, chegando a mais de vinte mil pessoas presentes.
Com uma participação
mundial tão representativa, nas cúpulas que acontecem a cada ano, já deveríamos
ter encontrado soluções para os graves problemas que assolam as cidades do
mundo com inundações violentas, desflorestamentos e intermináveis queimadas que
destroem a vida da Mãe Terra. Mas aqueles que as populações escolheram, para
assumir essa tarefa, não correspondem a essas expectativas.
Documentos científicos
divulgados pela ONU informam que as
emissões de gases causadores do efeito estufa continuam subindo – e não caindo,
como deveria ser.
Na COP 25 o slogan adotado foi: "Hora da Ação" (Time for Action). Na abertura do evento, o atual secretário-geral
da ONU, António Guterres,(*) afirmou que é preciso interromper "nossa guerra contra a natureza".
O principal desafio da COP 25 é acelerar o combate às mudanças
climáticas. Eventos climáticos extremos, no mundo inteiro, como
enchentes e queimadas, estão ligados ao aquecimento global causado pelo ser
humano, conforme demonstram estudos científicos realizados em diferentes
países.
Algumas informações acima foram recortadas da introdução de uma matéria divulgada no Blog
do Camarotti – via g1, cujo texto central reproduzimos abaixo.
Conferência
do clima da ONU
COP 25 - em Madri
Principal desafio da COP-25 é acelerar o
combate às mudanças climáticas
As negociações começaram na segunda (2/12) sob um cenário de impactos cada
vez mais visíveis, como incêndios florestais se espalhando do Ártico e da
Amazônia até a Austrália, e regiões tropicais atingidas por furacões
devastadores.
O que está em jogo: metas mais
ambiciosas
· A próxima década é um momento crítico
para evitar a catástrofe global. No Acordo de Paris, o compromisso assumido foi
de manter o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis da era pré-industrial até o fim do século – o mundo já está, em média, 1,1ºC
mais quente. Estudos recentes da ONU dizem que a meta precisa ser ainda mais
rígida.
· A concentração dos principais gases do efeito estufa na
atmosfera alcançou um recorde em 2018. Caso as emissões não sejam reduzidas em mais de 7% ao ano,
o mundo caminha para um aumento de temperatura de 3,2ºC. Impactos são
imprevisíveis.
· Os dois maiores emissores de gases,
Estados Unidos e China, apresentam posicionamento dúbio. O
presidente Donald Trump anunciou a saída do Acordo de Paris,
adotado em 2015. A China vem assumindo discurso mais
favorável ao combate ao aquecimento global, mas, na prática, constrói mais
usinas de carvão.
· Em Paris, 70 países se comprometerem
a neutralizar emissões até 2050 – mas não são os maiores emissores de gases.
Isso significa que esses 70 países prometeram equilibrar as emissões de carbono
com tecnologias de captura de gases ou plantando árvores, por exemplo, e
atingir "emissões zero".
· Compromissos assumidos, no
entanto, são voluntários. A ONU não tem mecanismos
que obriguem os países a cumprirem as promessas assumidas no Acordo de Paris. A COP 25 é a última conferência do
clima antes da década de 2020. Restam dúvidas sobre como realizar a
transição para energias limpas e, mais do que isso, como financiar esse
processo.
· O ministro brasileiro do Meio
Ambiente, Ricardo Salles, disse que vai cobrar recursos de países ricos na COP 25 para
a preservação do meio ambiente no Brasil. O Acordo de Paris prevê contribuições
voluntárias dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, por meio de
um fundo. No entanto, isso ocorre num momento em que a pauta ambiental do país
vem sendo questionada: a Amazônia registra aumento no desmatamento e
manchas de óleo atingem centenas de praias brasileiras, sem um culpado ou origem do óleo identificados.
· O mercado de créditos de carbono
atualmente funciona somente a partir de acordos entre empresas e governos,
pois o sistema ainda não foi completamente implementado.
Isso também foi discutido na COP 25. Além disso, foi previsto debater as
operações de um fundo de US$ 100 bilhões para iniciativas de financiamento
entre países.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez — Foto: Andrea Comas/AP
Início da COP 25
Michał Kurtyka - ministro polonês do clima que liderou a rodada anterior
de negociações climáticas da ONU, em 2019, na cidade polonesa de Katowice - disse que um
aumento no ativismo climático entre jovens enfatizou a urgência da questão –
conforme a agência Reuters.
"Talvez o mundo ainda não esteja se movendo no ritmo que
gostaríamos, mas minha esperança ainda está particularmente entre os
jovens.
Eles têm a coragem de falar e nos lembrar que herdamos este planeta de nossos pais, e precisamos entregá-lo às gerações futuras".
Eles têm a coragem de falar e nos lembrar que herdamos este planeta de nossos pais, e precisamos entregá-lo às gerações futuras".
A conferência tem como objetivo estabelecer as peças finais necessárias para apoiar o Acordo de Paris de 2015 para combater as mudanças climáticas, que entra em uma fase crucial de implementação no próximo ano.
As promessas
existentes feitas sob o acordo estão aquém do tipo de ação necessária para
evitar as consequências mais desastrosas do aquecimento global em termos de
elevação do nível do mar, seca, tempestades e outros impactos, de acordo com os
cientistas.
Mais
de 50 chefes de Estado devem comparecer à COP 25, mas nem o presidente
brasileiro, Jair Bolsonaro, nem o americano, Donald Trump, confirmaram
presença.
Guerra contra a natureza
O secretário-geral da ONU, António Guterres (*), afirmou que
é preciso interromper "nossa guerra contra a natureza". Ele lembrou
que estamos cada vez mais próximos de um "ponto de não retorno", e
denunciou a falta de vontade política dos líderes globais para reduzir as
emissões de gases estufa.
"E sabemos que é possível", disse Guterres.
"Simplesmente
precisamos parar de cavar e perfurar para aproveitarmos as vastas
possibilidades oferecidas pelas energias renováveis e pelas soluções
baseadas na natureza.”
A emissão de gases causadores do efeito estufa precisa diminuir mais de 7% ao ano no período entre 2020 e 2030 para que o aumento na temperatura média global seja de apenas 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais – conforme relatório lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Guterres disse que a meta atual não é suficiente. E afirmou:
“Os grandes emissores
não estão fazendo sua parte e,
sem eles, nossas metas são inatingíveis”.
O que são as cúpulas anuais do clima
As cúpulas anuais do clima são organizadas como uma “Conferência das Partes” realizada anualmente por representantes de países signatários da
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). A convenção
é um tratado internacional com objetivo de lidar com o aquecimento global,
refletindo sobre o que já foi feito e o que ainda precisa ser adotado.
Em 2019 a conferência chegou à sua 25ª edição. Por
isso o nome "COP25". A
próxima reunião, a COP26, será em Glasgow (Escócia), em novembro de 2020.
próxima reunião, a COP26, será em Glasgow (Escócia), em novembro de 2020.
A Conferência do Clima da ONU estava marcada para acontecer em Santiago,
no Chile. Mas, devido à onda de protestos que o país
atravessa, o presidente Sebastián Piñera decidiu cancelar a sua realização no país. A Espanha se ofereceu para receber o evento, em Madri.
Posição do governo Bolsonaro
No ano passado, o Brasil também desistiu de sediar Conferência
do Clima da ONU devido a restrições orçamentárias. A decisão ocorreu ainda
durante o governo Michel Temer, mas, já na transição, o presidente Jair
Bolsonaro disse ter recomendado que o encontro não fosse realizado no país,
pois "custaria mais de R$ 500 milhões ao Brasil".
Segundo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o governo brasileiro pretende
aproveitar a COP25 para apresentar propostas que facilitem o financiamento
estrangeiro de medidas de preservação ambiental. Ele afirma que o Brasil já conduz
medidas de preservação ambiental e que é preciso ser remunerado pelo que já
realiza na área.
Salles diz que vai cobrar recursos de países ricos para preservação do
meio ambiente. Salles se refere ao mecanismo de
cooperação internacional por meio de um fundo global – o "Green Climate
Fund" – por meio do qual países desenvolvidos podem ajudar a financiar
projetos em países mais pobres. Entretanto, embora Salles tenha cobrado
recursos, esses pagamentos não são obrigatórios.
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Para saber outros comentários sobre a posição do Governo brasileiro, representado na COP25 pelo Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles,
veja:
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Fonte do texto:
Créditos das Imagens:
1. Foto de abertura - Protesto na Italia - Antonio Calann/AP
2. Foto do secretário-geral da ONU, António Guterres, com o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez — Andrea Comas/AP
3. Foto de Michal Kurtika, ministro do Clima na Polônia - www.msn.com.jpg
4. Foto do Secretário Geral da ONU, António Guterrez, ex-primeiro ministro português - www.dv.com.jpg
(*) O Secretário-geral da ONU António
Guterrez é engenheiro, político e diplomata português - e foi primeiro ministro do
seu país. Assumiu o cargo de secretário-geral da Organização das Nações
Unidas desde 2017.
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