
A Poesia faz parte da vida de cada um de nós - ainda que não nos
reconheçamos poetas - porque a vida está enredada de poesia,
especialmente quando alguém se dispõe a refletir sobre a vida, se encontra a
ensaiar suspiros de amor ou, ainda, se aprofunda em momentos de dor.
A sua inspiração nasce e renasce dos sentimentos mais expressivos da visão de um mundo singular, introspectivo, ou daquilo que lá fora fala de vida, beleza, crueldade e dissabor. Escorre por versos e rimas cadentes, no claro escuro de
auroras e ocasos, nas noites irisadas de luar ou na cinzenta paisagem de uma
estrondosa tempestade.
A Poesia se ilumina nas telas do pintor e nasce das mãos calejadas
dos que conhecem a vida que brota do chão. Banha-se nas águas silenciosas dos
lagos, espreguiça-se nos leitos de rios caudalosos, assovia nas serras e
montanhas e emerge do ondejar de mares e oceanos.
Suas rimas cadentes, cantigas, fotografias e
desenhos são carregados da ilusão de expressar a sensação do viver e do morrer,
do amor e do desamor, do grito e do canto profundo da alma no esplendor de uma
alegre paisagem ou de um ocaso resvalando para a noite... Sua expressão maior é
como uma aurora madrugada que explode num azul rasgado de luz.
Os
artífices da poesia tateiam à procura do verbo que mais se aproxime do sentido
profundo do ser. Mas, que verbo poderia refletir o inefável pensar, dizer a
sensação do amor, falar da indizível dor? Quem jamais poderia exaurir o canto
inaudito do sentimento humano?
Mesmo assim
os poetas são chamados insistentemente - num sussurro saído do profundo do ser
- até que um dia ele acorda rabiscando fragmentos de contemplações na sua
história. E teima em seguir contemplando pela vida, a rabiscar paisagens
da sua ilusão. Não seria tarefa do poeta - no dizer do escritor e poeta
uruguaio Eduardo Galeano - senão a de "juntar os nossos pedacinhos?"
Aconteceu que
um dia me peguei a juntar rabiscos de paisagens e gestos, invernos e
primaveras, pessoas e sentimentos. Escrita com parecença de versos, sensações
inventadas na sensibilidade mulher com que vivenciei sonhos e percepções, ora
imersa na doce brisa que afaga, ora acalentada de chuviscos e raios de sol, ora
cambaleante nas ventanias atordoadas do trovejar da dor e do amor.
A Página POESIA
ITINERANTE do Espaço Poese é um livro digital
ilustrado, dividido em quatro partes:
1. AURORAS
2. SENSAÇÕES
3. DECLINAÇÕES DE AMOR
4. CANTIGAS
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Autor: Vanise Rezende
1. AURORAS
Um choro assim tão distante
Talvez choro de lamento,
De surpresa, de euforia,
Revelação de um rebento
Chorando assim ao nascer...
De tristeza, de alegria,
Ou só de contentamento?
Um choro assim tão presente
Na vida que revelava
Sua grande contradição:
Ouvindo, a mãe perguntava:
Ouvi um choro-canção
Ou foi um pressentimento?
Revelação
Na madrugada da manhã em que nasci
O sol riscou faiscante os céus do Moxotó
E me trouxe o cheiro do vizinho Pajeú...
Batizou-me nas águas do rio São Francisco
Arrastou-me nos mangues do Beberibe
E lavou-me no feitiço das águas
doces e alegres do Capibaribe!
Ah! Que essas bênçãos me cubram dos doces versos de João Cabral de Melo Neto e me tornem do Recife como era Manuel Bandeira, para amar e aprender as belezas dessa cidade onde estudei e cresci adolescente e mulher.
Cantarei as ruas do Recife em homenagem aos grandes recifenses e às mulheres que melhor representam tão linda cidade, embora, sejam os meus versos quebrados, apenas algumas rimas de humor...
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O RECIFE DE MANUEL BANDEIRA
8 DE NOVEMBRO DE 2016

Talvez os que deveriam cuidar dos pontos turísticos da cidade e da sua cultura, não tiveram tempo de ler Manuel Bandeira, e nem percebem a importância de preservar a memória dos cidadãos que enobrecem sua terra, de tanto ocupados com interesses de outra natureza. Mas o poeta eternizou, no poema Evocação do Recife, minuciosos detalhes de sua cidade natal.

“Versos de um 'transplantado’ - escreveDiogo Guedes por ocasião da comemoração dos 130 anos do nascimento do poeta, em abril deste ano. Era assim que Manuel Bandeira sintetizava a busca de um dos seus mais famosos poemas, – espécie de prova de sua origem que ele usaria sempre que o acusassem de ser um poeta carioca. Ali estava a garantia que Bandeira era um ‘transplantado’ longe do seu Recife sem história nem literatura, do seu Recife sem mais nada, do seu Recife morto, que tinha visto até os dez anos de idade“[i]
Continua: “A icônica rememoração do Recife foi criada pelo poeta ‘transplantado’ há mais de 90 anos. O convite – um pedido por versos sobre suas memórias de infância no Recife – veio de Gilberto Freyre, que parecia adivinhar no autor pernambucano a distância física e o afeto necessários para a empreitada. (...) Com a provocação na cabeça, o poeta pernambucano fez o texto do seu quarto de pensão na Rua do Curvelo, no Rio de Janeiro, enfermo de lembranças.”
E complementa: “O pesquisador e jornalista André Cervinskis, autor do livro Manuel Bandeira, Poeta até o Fim, lembra que os nomes citados no texto, como Totônio Rodrigues e Aninha Viegas, são de pessoas que realmente existiram: Não é só um poema sobre a infância, comenta, é um resgate de como era o Recife naquela época, de como era o falar do povo, da atmosfera familiar e provinciana da cidade.”
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritssatd dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois –
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância.
A Rua da União onde eu brincava de
chicote-queimado e partia as vidraças
da casa de Dona Aninha Viegas
chicote-queimado e partia as vidraças
da casa de Dona Aninha Viegas
Teotônio Rodrigues era muito velho
e botava o pincenê na ponta do nariz
e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias
tomavam a calçada com cadeiras,
mexericos, namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai! Não sai!
A distância as vozes macias
das meninas politonavam:
Coelho sai! Não sai!
A distância as vozes macias
das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longes da noite
nos longes da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era São José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância:
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora
...onde se ia pescar escondido.
Capiberibe
- Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Banheiros de palha
Um dia vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento.
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro os caboclos destemidos em jangada
de bananeiras.
de bananeiras.
Novenas
Cavalhadas
Eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos.
Capiberibe
- Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim que se chamava midumbim
e não era torrado era cozido.
e não era torrado era cozido.
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos de baratos
Dez ovos por uma pataca!
A vida não me chegava pelos jornais
nem pelos livros
nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso
o português do Brasil
o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos é macaquear
A sintaxe lusíada.
A vida com uma porção de coisa
que eu não entendia bem
que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficam...
Recife...
Rua da União...
A casa do meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse
Tudo parecia impregnado de eternidade.
Recife
Meu avô morto
Recife morto, Recife bom
Recife brasileiro como a casa do meu avô.
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Ver livro de André Cervinskis:
Manuel Bandeira - Poeta até o fim.
[i] Os 130 anos de Manuel Bandeira e seu inventário do Recife - Um dos gurus do modernismo, o poeta pernambucano recriou através da memória da cidade onde passou a infância. Publicado em JC 19/04/2016.
Crédito das imagens:
1. Casa natal de Manuel Bandeira - Rua Joaquim Nabuco,738 - Graças-Recife-PE
in: www.cultura.pe.imagens
2. Cidade do Recife - escultura: Manuel Bandeira-www.leocadio.wikspaces.com 3. Retrato Manuel Bandeira - por: Cândido Portinari - www.faciletrando.wordpress.com 4. Recife antigo - Rua Marquês de Olinda 1930 - fotos divulgação.
5. Meninos brincando - Abelardo da Hora - foto em exposição no Recife.
6. Meninas brincando - idem
7. Recife antigo - Rua da Aurora - fotos divulgação.
8. Capa de livro: Meus Poemas Preferido - Manuel Bandeira.
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma dessas imagens e deseja que ela seja removida deste espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com
A CIDADE DO RECIFE
Momento
Vivo em busca do tempo
De nascer e de crescer
De amar e ser amada
De pensar e aprender
De ouvir e de calar
De fazer e desfazer
De refletir e falar
De gozar e de sofrer.
De amar e ser amada
De pensar e aprender
De ouvir e de calar
De fazer e desfazer
De refletir e falar
De gozar e de sofrer.
Viver é engendrar o presente
De momento a momento.
Fome de Beleza
A lua se revestiu de fogo
E transbordou de luz
No meu olhar distante
Para apagar minha fome
De beleza.
A lua chegou em silêncio
E transbordou sobre mim
Seus matizes dourados
Para aconchegar a minha Solidão.
Saborear a lembrança gostosa
Do novo que irrompe
Como uma aurora tropical
Luzente e calma.
O mistério inteiro de nós dois
Na intensidade de m momento
Num gesto, num beijo,
No pleno abraço.
Vou querer guardar
Na memória do coração
A marca desse encontro
Incendiado de beleza.
Incendiado de beleza.
Nuances do nascer e do pôr do sol
Rito constante da inquieta terra
Que caminha ao redor da sua luz.
Da madrugada nasce um novo dia
A irromper nos altos edifícios
Construídos à margem de um rio
Que se espreguiça rumo à cidade.
Sublime paisagem de nuvens e cores...
Impressionista visão de nova aurora.
As nuvens em seu risco indefinido
De indefinidas sombras claro-escuras
Brincam de esconder com o sol nascente
A transformar a noite em madrugada.
Os lances de concreto embranquecidos
E nuanças de verde espraiadas
Nas ruas, a enfeitar o alvorecer.
Daqui revejo as manhãs da vida...
Auroras que caminham ao seu ocaso!
O dia sai feliz a passear
Nos raios estendidos no caminho
A derramar as cores das manhãs
No chão finito do infinito céu.
Ah! O alvorecer do dia em que nasci...
A luz vibrante de uma madrugada!
E a mãe alegre a me desejar
E a mãe alegre a me desejar
Uma vida qual esta que hoje vivo!
Um novo tempo na vida
Novo jeito de pensar
Um novo jeito de ser
Novo jeito de estar
Novo jeito de esquecer
Novo jeito de lembrar
Novo jeito de querer
De sofrer e de chorar
De renascer e viver
De amar e celebrar!
Um novo dia que surge
Da reconstrução da vida
Celebrando um novo tempo
Celebrando um novo tempo
E enfrentando nova lida...
(tempo, tempo, tempo, tempo)
Passou a longa agonia
Passou a longa agonia
Chegou o dia e a hora
De engendrar alegria
De descobrir nova aurora
De engendrar alegria
De descobrir nova aurora
De recomeçar o dia!
A grande proeza
"Transformar em beleza toda emoção..."
(Graça Aranha)
E o que é a emoção?
O que sinto, o que vejo
O que escuto cá dentro
O que penso e desejo?
É talvez um sentimento
A prorromper da saudade
Que é formada no unguento
Do afeto e da amizade?
É transformar em beleza
Alegria, dor e espanto
E amenizar a tristeza
Como se fosse um bel canto.
Esta é a grande proeza!
Alguma coisa deve acontecer
Para iluminar meus olhos
E lavar-me o peito
E banhar-me a alma
E tocar-me o coração.
Uma luz que seja
Neste meu caminho
Para que eu me veja
R e
i n
v e n
t a
d a
Que fazer da solidão
E desse grande afeto
Feito um sentimento
Quase uma explosão?
Que fazer da a l e g r i a
E do desabrochar
Do sonho e da p o e s i a
No brilho desse olhar?
Da vida pulsante
Do doce pensar
Da dor caminhante
Do amor no amar?
Alguma coisa deve acontecer
E tocar-me o coração!
A sombra e a luz
Vão-se as
ventanias e se movem as águas
Toda a força
do mar vem da Terra Mãe
Dia e
noite se embalam, giram, giram...
O Sol
se encobre... E a Noite a revelar-se.
Vão-se
as Águas gasosas para o Céu
Formando
bolhas pra dormir estrelas...
A Lua
chega sem Raios nem Trovões,
E a
Terra é engravidada em doce Luz.
No correr
do tempo que veloz se esvai...
A fauna,
a flora, humanas criaturas
A
descobrirem no amor o Dom da Vida.
A
Sombra e a Luz ... E a terna Esperança
A fluir
e a maturar nas desventuras...
Que
dom, oh Deus, te faço dessa lida?
Liberdade
Estar livre da ira
E não guardar rancor
Lavar a marca das mágoas
No chão solene dos meus novos passos
E aprender a coragem das águias
Para lançar meu voo de Liberdade!
Plenitude
Depois que passaste
Depois que passaste
O vazio se encheu de silêncios
E me plenificou de luz!
Quero um tempo de sonhar
Quero um tempo de pensar
E um bom tempo de aprender!
Também quero um bem-querer
E a força de renascer
Da dor que a vida me traz...
Tempo alegre de viver!
Quero os amigos juntar
E cuidar de encontrar
Um tempo só pra servir!
Um tempo também pra mim
Para encontrar o meu ser
E inventar novo tempo
Um tempo de renascer!
2. SENSAÇÕES
A dor do mundo
De
tanta dor no mundo espraiada
Dos
abalos infames, traiçoeiros
De
aleatórias mortes provocadas
Ventania
do ódio em nevoeiros...
De
tanta falta de serenidade
Da
infame lei de revidar no engodo,
Na
guerra, na cegueira e na maldade
Que
a violência traz ao mundo todo...
Essa
vontade de abraçar os tristes
Frente
à guerra, ao terror, ao gesto insano,
Nessa
dor que se espalha sem limites...
De
tantos ais e tantos desenganos,
Este
desejo meu, essa vontade,
De
revidar com gestos mais humanos!
Delicada força. Alteza.
Sabor de vida e graça
Incenso.
Cumplicidade e inteireza
Cerrado e grave segredo
Imenso. Inexplicável
Desejo, amor, ternura
Inigualável.
Mulher intensa, imensa,
Mulher... Humana criatura!
Mulher... Humana criatura!
Cena Aberta
Te trago a cada encontro em cena aberta
Vislumbres de uma história a refazer
O que dessa memória tão deserta
Pode ainda brotar ou renascer?
Se te conto do amor, já não existe
Pois o vi abrasar-se e arrefecer...
Se te falo da dor, a dor persiste
E a vida é como fiz por merecer.
No desejo te encontro bem presente
Feito um amor que não tive (e que não esqueço)
Feito a volta de um grande amor ausente.
Pois no ensejo da vida que inda tento
Tu sabes o roteiro, a luz e o tempo
Da cena que não teve o seu momento.
Madrugada
Sem sono a noite chegou
Assentou-se e se estirou...
Sem sono e sem cansaço
Nem nada mais a cuidar...
A noite queria apenas
Cuidar do encontro marcado
Do escuro com a madrugada
Transformando a noite em dia...
E num dia iluminado
De húmidos pensamentos
Explodiu a luz inteira
Numa manhã de poesia!
Sensações
Uma sensação doída de perda
Ou de espanto?
Sinto saudades do desconhecido
Anseio de ternura e de beleza
Ardor do ainda não experimentado
Lembrança do passado, incerteza
Do amor que já não era - o não vivido
Futuro que, então, já é passado.
Uma sensação doída de parto
Para me lançar à vida!
A Terra Móbile
A ventania e o mar se movem e se vão
A força do mar vem da terra móbile
Nela se embala e a banha toda e giram
Terra e mar a seguir o imóvel sol.
As águas vão e ao céu gasosas chegam
Sobem da terra em noites estreladas
Luar e raios em carícia abraçam
A ensolarada terra engravidada.
Fauna e flora... e humanas criaturas
No correr desse tempo que se esvai...
Na emoção do amor, na dor da vida
A fluir... Maturar nas desventuras
A tênue Esperança se retrai...
Que dom, oh Deus, te faço dessa lida?
Paisagem Sertão
A esperança na espera
Conjectura e conjura
Resguardo, anseio, quimera
Viver a doce aventura
Do encontro com outro olhar!
Poder ouvir novo canto
Poder ficar e entender
Sem queixumes e sem pranto
Só no anseio de aprender
Pra onde vai essa rima...
Essa vida carregada
Esse desgosto, este medo
Essa resina grudada
Feito emenda de arrego
Numa roupa já rasgada.
O pano em pedra curtida
A pedra quente e o cambão
E essa vida doída
Nessa paisagem sertão
Num chão sem verde e sem rio!
Engravidar de Amor
Dar-se conta de mim
E da mulher que sou
E fui e quero ser

Coisa mais deslumbrante recordar
O pão doce quentinho lá da venda
No meu tempo criança saltei corda,
Os bichinhos de barro e os biscuits
O cinema e o circo e a canção
Os rios da minha vida
Lindas manhãs renascem a céu aberto
Um dia, em fuga, as águas dos meus rios
Aos vinte anos a ensaiar a vida
Ali incorporei à minha história
O silêncio tem jeitos diferentes
Quando o silêncio está quiçá bem perto
Quero um silêncio inteiro, um fomento
Renascimento
No encontro contigo
Abri as comportas
De todas as águas
Chorei minhas mágoas
Revi os meus sonhos
Retalhos de vida
Agora refeitos.
No encontro contigo
Sonhadora e alegre
Segura e criativa
E cheia de ternura.
Dar-se conta de mim
E construir caminhos
E caminhar sozinha
E recriar a vida...
Cantar um novo canto
E engravidar de amor!
Sonho Guardado
Sonhei um dia um sonho que insiste
Na beleza do olhar que entrevi...
Um desejo criança que persiste
De um amor que não tive nem perdi.
De ti não sei o amor de quem te ama
Nem teu jeito de ser e de amar
Teu sabor preferido, o livro, a trama,
Teus anseios de ir ou de ficar.
Fica o sonho guardado intenso e mudo
De encontrar-te quiçá, em algum lugar
Neste sonho impossível e desnudo.
Fica a imagem de ti, o teu olhar,
A certeza de um sonho já perdido
E a doce ilusão de te amar!
Solitude
Esses dias de mar
de sol, brisa e silêncio...
Tranquilidade.
Distância do trabalho
Proximidade de mim
Intimidade.
Ouvir música e pensar
Na companhia
de Milan Kundera.
Silêncio... Solitude...
Um céu de pleno azul
Repouso e quimera!
A condição de estar só
Assim como estou agora
Outras vezes já senti
Estando em companhia.
Mas, esta solidão serena
Eu ainda não conhecia!
Amigos
Amigos de hoje
Amigos distantes
Amigos de sempre
Os amigos
Presentes e ausentes
São os únicos que têm acesso
Ao camarim da nossa intimidade
Para o retoque final
Dos grandes momentos de nossas vidas.
Oferendas
Não me
ofereças casa...
Ofereça-me o aconchego, o bem-querer,
E um lugar
iluminado de harmonia.
Não me ofereças flores...
Ofereça-me a comunhão com os simples de coração
E uma vida de sobriedade.
Não me
ofereças roupas...
Ofereça-me
uma aparência
Saudável e
atraente.
Não me
ofereças sapatos...
Ofereça-me
comodidade aos meus pés
E o prazer
de caminhar.
Não me
ofereças livros...
Ofereça-me
um recanto assombreado
Para ler
poetas e escribas.
Não me
ofereças ferramentas...
Ofereça-me
o benefício e o prazer
De
realizar coisas bonitas.
Não me
ofereças dinheiro...
Ofereça-me
o carinho de enxergar
O que eu
preciso para sobreviver.
Não me
ofereças status...
Ofereça-me
a presença dos amigos
E a
partilha da sua emoção.
Não me
ofereças coisas...
Ofereça-me
ideias de partilha
E o testemunho da solidariedade.
Não me
ofereças discursos...
Ofereça-me
a atenção da escuta
E o dom de
aprender o que ainda não sei.
3. DECLINAÇÕES DO AMOR
Experiência
Conhecer os limites
Da reciprocidade do afeto
- quando se faz a experiência
da gratuidade de amar -
É experimentar a dor
E a graça
De saber o que é o amor.
Rimas do Amor
O verbo não exprime o sentimento
Nem a razão sabe expressar o amor.
Preciso encontrar algum soneto
Em que o amor não rime com a dor
Nem a falta de amor com sofrimento.
VERBO AMAR
Eu amei
Tu amaste?
Ele me amou!
Nós fugimos do amor
E vós, o que fizestes?
Eles se foram...
Eu te amei
Tu me amaste?
Já não sabes dizer
Já não será poesia
Não haverá mais rima
Mas, amarás um dia?
Eu amei
Eu te amei
Ele me amou.
Mas tu, não.
Tu rimas desencanto
Com desarmonia.
É livre o coração de te querer
De te pensar no enlevo reticente
E de buscar-te agora a reviver
A fantasia mais adolescente.
É livre o meu sonhar e o meu desejo
A ânsia de banhar-me no teu cheiro
Provar do teu sabor e do teu beijo
E envolver-te num abraço inteiro.
É livre te sonhar mesmo sabendo
Esse desejo meu de que desdenho
Ao querer te querer e não podendo.
É livre o sentimento forte e vero
Desse denso amor teu que diz, não amo!
Desse tão querer meu que diz, não quero!
Presença
Desconfio que deixei meu coração
Carregar-se de amor e de afeto
Carregar-se de amor e de afeto
E sem limites derramar-se em ti
Nutrindo assim a nossa afeição.
Desconfio que agora percebemos
A impossibilidade de nós dois
E assim recuamos aos limites
Das diferenças que bem conhecemos.
Restou-me indefinido o sentimento
Da tua ausência (ou indiferença?)
Tão latente a doer todo momento.
Um sentimento que faz diferença
Como se fosse a garantia extrema
De querer e saber tua presença.
A liberdade e a hora
Quero saber o teu sabor e o cheiro
E toda a tua luz e a penumbra
Que te habita, e o teu calor inteiro
Conhecer-te o olhar sem qualquer sombra.
Quero apagar-te a dor e, neste intento,
Deixar-te as marcas do amor em ti
E dar-te agora esse meu momento
Mistério que de ti ressoa em mim.
Quero encontrar-te renascido agora
E eu renascida. E o tempo não contar
E o jogo ser a liberdade e a hora...
A hora tua e a minha de saber
A hora tua e a minha simplesmente
De dizer sim ou não, ser ou não ser.

O mar que nos separa
De tão distante eu te penso, amor
E tão distante sinto o teu sabor
O mar que nos separa em seu tremor
No seu cantar é grávido de dor!
Te trago dentro e em vão te busco em mim
Recordações me acendem o desejo
E se arde quente o sol que brilha enfim
O céu que vês não é este que vejo!
Que fazes, pensas, que lembranças hás?
O teu silêncio é tão grande e prenhe
Do doce afeto que de ti me traz...
Tu que do pranto meu sabes a dor
Faz-me saber que um dia haverá
Um novo dia e outra vez o amor!
A chuva
A chuva carrega os restos da noite
E vai lavando as memórias
Ao longo do seu caminho...
A chuva traz sua cantiga
Longínqua, igual e triste,
E me convida a pensar...
A chuva apaga as luzes do céu
E anuvia o meu olhar cansado
A vagar na escura paisagem...
A chuva é carinhosa com a preguiça
- companheira quieta e sedutora -
Doce ninar dos sonhos acordados...
A chuva só não lava o coração
Do homem que amo, e ainda espero
Pra umedecer de amor nossa emoção.
Reencontrar-se
Te percebi ausente e bem distante
Plenificado desse teu viver
E da paixão que te levou errante.
Cavaste o fosso que nos separou
Com o silêncio e a indiferença
E no tempo... o tempo te afastou.
Experimentei a dor e a solidão
Reaprendi a vida a um, e a sós
Reinventei o amor e a razão.
A vida me remiu quase feliz
E quis amar e amei, e ainda a sós
Me reencontrei na vida como quis.
Caminhos caminhados que não voltam
Caminhos tão perdidos quanto nós...
A vida nos levou tão longe os passos
Que eu nem sei se estrada existe ainda
Para inventar encontros de perdão
Que abram o sol e a chuva sobre nós
E sobre nós façam luzir os astros
Que nos tragam do amor a compaixão.
Era suave e doce o teu olhar
Tão cheio de mistério e talvez
De curioso anseio de amar.
Era desejo o meu, ternura e medo
A alegria intensa de querer-te
Doce e contida no infantil segredo.
Agora já me escapa o teu olhar
E já não sinto arder de amor o peito
E encher-se de prazer meu sentimento.
Perdemos o momento?
O meu, o teu,
O nosso encantamento?
O gosto do fim
Começo a escutar
Mais fundo e mais forte
O grito e o espanto
No espaço sofrido
Da dor...
As razões do amor
Começo a sentir
O ciclo da vida
Que segue a fluir
Gerando um processo
De morte...
E marcando a sorte
De um amor desejo.
Começo a provar
O gosto do fim
Que já é passado
Sem hoje e
Sem futuro...
Perdido no escuro
Da cena do adeus.
Noite de adeus
Nos caminhos da minha terra
Sob um sol escaldante
A desvelar-me o dia
Infinito e claro
Me distraio a observar
As faces cansadas, suadas,
Dos que passam ao meu lado
E sonho repousar-me
Na sombra acolhedora
Do teu abraço pleno.
Nos caminhos da minha terra
Que desafiam o Atlântico
A navegar o horizonte
Azul e pleno,
Me distraio no triste claror
Da brilhante lua cheia
E te procuro em mim
No desejo nostálgico
De tua presença.
Nos caminhos da minha terra
(Em que tempo, em que dia?)
Um infinito tempo
Um dia qualquer...
Me distraio de todo o meu sofrer
Te busco e te encontro
Na densa lembrança
De um suave momento de amor
Numa noite infinita de adeus.
Amor Menino
Foi-se o primeiro amor, da vida um hino
De doçura e de bem-querer imenso
Um desejo tão breve, inda menino,
Delicado, fiel, doce e intenso.
Depois se foi um amor de longa história
E suaves momentos construídos
Tantos elos deixados e a memória
Do afeto e dos gestos tão sentidos!
E pela vida afora outros amores
Todos breves, passados e sofridos
Dando à vida nuanças e sabores.
Ah emoções profundas, tempos idos!
Ah o amor menino de então!
Ah que tempos tão bons e bem vividos!
4. CANTIGAS
As primeiras bênçãos
Coisa mais deslumbrante recordar
A menina que fui tão curiosa
Traços de índia e olhos repuxados
Sonhadora, feliz, meticulosa,
Aprendiz desde a infância da poesia
No tento firme de viver, sonhar!
Algaroba, Aroeira e Umbuzeiro,
Baraúna, Romã e Mulungu,
Imbaúba, Pau-d´Arco e Juazeiro,
Imburana, Confrei, Mandacaru,
As fecundas belezas do Sertão!
E nas primeiras bênçãos me chegaram
Doce de leite e bolo de goma
Cocada, pirulito, pão-de-ló...
O pão doce quentinho lá da venda
Os pratos de Maria lá de casa
A água de Sabá me saciando!
No meu tempo criança saltei corda,
Brinquei de roda e de cozinhar
Declamei, fiz teatro, pastoril,
Banhei-me feliz na bica da igreja
Corri pra casa nas torrentes chuvas
A cruz de capim-santo atrás da porta!
Histórias inventadas de ninar
E as do bicho-papão que a mãe contava
De madrastas ruins, contos de fada...
Aprendi a gostar dessas leituras
E o Tesouro deixei pra juventude
Quantas histórias de ler e contar!
As bonecas de pano lá da feira
Coloridas, as roupas de filó
Também de chita com tranças e laços
Tinham olhos pintados e batom...
Quantas coisas bonitas do sertão!
Os bichinhos de barro e os biscuits
E as cordas trançadas de cordão
Utensílios pequenos e pintados
De branco, de azul, de encarnado...
Copos bonitos com letras douradas
Por acaso eram vindos de Paris?
Para os meninos tinha o caminhão
Bolas de gude e os carros de boi
Atiradeira chamada peteca
Brinquedos de meninas não entrar
Correrias e gritos e empurrões
E pelas ruas a rodar pião.
O cinema e o circo e a canção
E o primeiro amor a inquietar
Menina e mulher a iniciar-se
Na vida, no estudo e no amor...
Minha mãe no cuidado a costurar
E o meu pai na tarefa de escrivão.
Os rios da minha vida
E olhar o pôr do sol ao fim do dia
Nascente e ocaso na agitada terra
Eterna dança a procurar a luz.
O sol acorda a noite madrugada
E as estradas da vida se alumiam.
Manhã e noite imantam de mistério
Finito chão da abóbada infinita!
Lindas manhãs renascem a céu aberto
Entre as brechas dos arranha-céus
Auroras em retalhos de beleza
Para embalar os que da noite chegam.
Na memória paisagem que ficou!
E o Pajeú imerso em tantas águas...
Sertão que inda me traz o encantamento
Do São Francisco rio e das carrancas.
Nos jovens anos dos meus jovens sonhos
Vivi nas ruas do Capibaribe
E partilhei a vida entre amigos
Ao despertar suas águas nas auroras
Do Recife e das pontes que o guiam
Triste beleza de um triste rio!
Ah! O alvorecer dos rios meus
Que tão cedo ficaram na memória!
Um dia, em fuga, as águas dos meus rios
Levaram-me no Atlântico Oceano...
Aqui deixei o sol e os quentes mares
E me encontrei no chão mediterrâneo!
Aos vinte anos a ensaiar a vida
E as primeiras escolhas necessárias
Vivi feliz verões e primaveras,
Outono e inverno densos de saudade.
O Tibre, em Roma,
Em Florença o Arno;
Em Florença o Arno;
O Tejo e o Mar de Espanha, na Ibéria
E os poéticos Reno e Danúbio.
Os ideais e as lutas de aprender.
Descoberta de povos e culturas
Descoberta do amor e do trabalho
Descoberta de mim e da coragem
De em diferentes águas me banhar.
A vida não chegara ao meio-dia
E seus mistérios já se revelavam...
De volta aos rios meus e aos quentes mares,
Ao amor me entreguei e aos sonhos meus.
Longe, depois, no tempo e no espaço
Vi as águas morenas do Mar Negro
E o Bósforo otomano de Pamuk
Melancólico e doce a contemplar!
Que o estreito do Bósforo revela.
Pra sentir o mistério de suas águas
E repensar da vida as grandes perdas
Carece o outono ao entardecer
E a companhia da maturidade...
E então, pra mitigar a minha dor
E então, pra mitigar a minha dor
O mar que ali se aninha me contou
Do vento forte
E das manhãs dos povos
E das manhãs dos povos
Que celebram, na dor, o
amanhecer!
A liguagem do silêncio
O silêncio tem jeitos diferentes
Pra dizer o querer e o não querer
Pra falar do que não se sabe como
Ou buscar da razão um parecer.
Do encontro de amigos e amantes
É o sabor de dizer o bem-querer
Presença do que se sabia dantes.
Quando o silêncio está quiçá bem perto
Do pensamento, basta o seu eco.
O amor e a dor falam num abraço,
No encontro o silêncio é livro aberto
Para dizer o afeto e o desafeto
Ou chorar, de amor, no seu regaço.
Na distância o silêncio enlouquece
Ruidosa é a presença das lembranças
Que o silêncio tão cedo não esquece
E as transforma consigo e as enrijece
Refazendo o sentido das palavras
Que qual mágoa gravadas permanece.Quero um silêncio inteiro, um fomento
A cuidar da memória que maltrata
E resgatar a história no seu tempo
E iluminar o dito e o não dito
E como a história faz, ata e desata,
Desfazer, no silêncio, o seu mito.
Quero um silêncio longe da anuência
E a palavra do silêncio inteira
Que anula a fonte da interferência...
Um olhar silencioso de ternura
Quiçá uma palavra derradeira
A acarinhar de luz a noite escura. Renascimento
No encontro contigo
Abri as comportas
De todas as águas
Chorei minhas mágoas
Revi os meus sonhos
Retalhos de vida
Agora refeitos.
No encontro contigo
Enchi-me de espanto
Voltei do exílio
Entrei nos teus laços
Cantei o meu canto
Lembrei meus desejos
Saí do engano
Deixei meus brinquedos
Pequena vidinha
De dor sem enredo.
No encontro contigo
Perdi as amarras
Revi minhas crenças
Larguei minhas armas
E as tramas da vida
Seus lances, seus feitos
Se tornam beleza
Na fé renascida.
Era tudo o que eu tinha, o presente e o sonho
O dom da minha vida e a vida toda em
dom
E o imenso futuro a escolher, a amar
Vinte anos eu tinha, e a vida a gozar!
Vinte anos eu tinha de planos, desejos
E uma luminosa decisão na vida
De seguir um ideal, ter uma bandeira
Por toda a minha vida, a minha vida
inteira!
Como herança primeira entregar o meu sonho
Como herança a riqueza de de todo o meu viver!
Aprendendo a ouvir, a ouvir mais que falar
A não titubear nos momentos difíceis
E a trazer sobre mim o fardo e a dor
do irmão
Partilhando na vida o que eu tinha então!
Aprendendo a crescer e a crescer na
alegria
E na sabedoria do amor comunhão
A consagrar a vida com toda a ousadia
A consagrar a vida com toda a ousadia
Com os outros fazendo o que eu melhor
podia.
A riqueza tamanha da escuta e do dom
A tamanha riqueza de poder amar!
De amar nesta vida o presente e a
dor
E
a dor, na alegria, transformar em amor!
Maria Menina
Maria de Nazaré
Maria da Soledade
Maria das Dores...
Maria cheia de Saudade
Maria plena de Graça
Aos olhos ternos de Deus!
Maria Anunciada
Maria Cansada
Maria Agradecida
Maria da Humanidade
Maria Entristecida
De ouvir tantos lamentos
Das mulheres que amam!
Maria da Esperança
E do Amor bem-vindo
Maria do Amor gerado
Maria da Confiança
Maria Amor espraiado
Maria do Amor que é dado
Maria do Amor perdido!
Maria junto do filho
Sofrida, ao pés da cruz
Ouvindo aquele “por quê?”...
Maria Desolação
Na solidão do viver
Maria Abandonada
Maria nas mãos de Deus!
Maria que foi Mulher
Maria Anunciada
Maria que foi Casada
Maria Engravidada
Maria só - Desolada
Maria Mãe dos Aflitos!
Doce Mãe da Humanidade!
A semente que o meu povo planta
Lá nas brenhas das terras do sertão
É semente tirada do seu prato
Da comida de milho e do feijão.
Desde cedo na vida eles aprendem
Que a pessoa não deve virar ilha
Nem deixar de o bocado dividir
Com irmãos que precisam da partilha.
Mas deixando a minha terra eu esqueci
Do meu povo essa tão grande lição...
Só depois, já crescida, reaprendi
A cultura do povo do sertão!
Junto deles, então, eu entendi
O que é ver o outro como irmão
Pra somar, ajuntar e repartir
Se você conseguir ter algum tempo
Para ouvir docemente a melodia
De um doce e amigo violão
Seja então todo seu esse momento
Abraçando o prazer e a agonia
E vivendo tranquilo esse refrão:
Importante é cuidar no dia a diaDo lazer, do carinho e do perdão.
Se você se soltar como esse vento
E cuidar de aprender com alegria
O mistério do amor e do perdão
Pode ser que você consiga o tento
De fazer essa grande estripulia
E de ouvir o que fala o coração:
Importante é cuidar no dia a dia
Do lazer, do carinho e do perdão.
De na vida ter rumo, mapa e guia
Neste verso de amor e devoção
É preciso não ser lerdo nem lento
E aprender na esperteza a melodia
Pra cantar hoje e sempre essa canção:
Importante é cuidar no dia a dia
Do lazer, do carinho e do perdão.
A Certeza
O encontro
A descoberta
O dom
A alegria
A iluminação
A plenitude
A beleza!
A expectativa
A realidade
O apelo
A solidão
A ingenuidade
A insegurança
A incerteza!
A incerteza!
A esperança
A veleidade
O acordo
O adeus
O choro
A crueza!
O silêncio
O espanto
A angústia
O vazio
O grito
A dor
Indefesa!
O cansaço
Na estrada
A escuridão
A espera
A espera
A perda
A separação
A aspereza!
O sim profundo
A esperança
O renascimento
A vida
A carícia
A graça
A certeza!
Quando vieres sentirás meu canto!
E as águas do rio que eu amei
Acolherão as cinzas liquefeitas...
Mais viva e presente estarei
Quando chegares, e sem lamentos,
Mais do que ontem no furor dos ventos.
Quando vieres te darei a mão
Serena feito um rio a passar
Tal que a nova ilusão de um sonho...
E tu mais vera que os meus temores
Mais luz encontrarei ao te encontrar
Mais presente serás que os meus amores.
Quando vieres estarei feliz!
Como feliz me procurei na vida
O meu sofrer a reverter-se em força...
A memória do belo repartida
Os amores e sonhos revelados
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Crédito das Imagens:
1. Mulher e Pássaros - quadro do escultor brasileiro José Corbiniano Lins - foto tirada na retrospectiva havida em Recife - maio, 2014. Arquivo do Espaço Poese.
2. Mulher de véu - escultura de Giovanni Strazza
3. Folhas de Outono - www.canstockphoto.com.br
4. Aurora - imagem de: canstockphoto.com.br
5. Porto de Mônaco - quadro da pintora brasileira Anita Mafalti - www.anitamafalt.com - galeria.
6. Rio Moxotó, Sertão de Pernambuco (Brasil) - imagem de José Carneiro Soares de F. Souza.
7. Revelação - imagem de: www.canstockphoto.com.br
8. Lua Cheia - Imagem de: www.canstockphoto.com.br
9.. Raios de sol - Imagem de: www.canstockphoto.com.br
10. Globo terrestre ao amanhecer - imagem de: www.canstockphoto.com.br
11. Aurora na cidade - Imagem do Espaço Poese
12. Relógio - imagem de: www.canstockphoto.com.br
13. Flor brotando na neve - imagem de: www.canstockphoto.com.br
14. Águias em voo - imagem de: www.canstockphoto.com.br
15. Jovem mulher pensante - Imagem do pintor indiano Iman Maleki
- www.imanmaleki.com/galery
16. Mulher moçambicana - imagem do pintor português José Antonio do Vale Soares -
pt.wikipedia.org/wiki/José-Soares
17. Canindé Soares.com - fotojornalismo
18. India Amazonas - divulgação in: www.avaaz.com.br
19. Mulher lendo na praia - imagem de: www.canstockphoto.com.br
20. Casal contemplando a lua - imagem de: www.canstockphoto.com.br
21. Carnaval - aquarela do pintor brasileiro Lula Cardoso Ayres, no pórtico do Cinema São Luis (Recife/Brasil) - imagem do Espaço Poese.
21. Carnaval - aquarela do pintor brasileiro Lula Cardoso Ayres, no pórtico do Cinema São Luis (Recife/Brasil) - imagem do Espaço Poese.
22. Tempestade - imagem da pintora portuguesa Michele Bevilacquia.
23. Fantasia - aquarela do pintor brasileiro Lula Cardoso Ayres, no pórtico do Cinema São Luis (Recife/Brasil) - imagem do Espaço Poese.
24. Paisagem Tropical - imagem de: www.canstockphoto.com.br
25. Chuva na rua - imagem de: www.canstockphoto.com.br
26. Passos na areia - imagem de: www.canstockphoto.com.br
27 Noite estrelada - imagem de: www.canstockphoto.com.br
28. Luar - imagem de: www.canstockphoto.com.br
29. Rosto de Mulher - imagem de: www.canstockphoto.com.br
30. Rosto esfumaçado - imagem de: www.canstockphoto.com.br
31. Umbuzeiro - arquivo do Espaço Poese
32. Crianças pulando corda - quadro do pintor/escultor Abelardo da Hora (Brasil). Fotografia do Espaço Poese.
33. Bonecas de Pano - imagem de: www.canstockphoto.com.br
34. Meninos com bolas de gude - imagem de: www.canstockphoto.com.br
35. Amanhecer na cidade - imagem do Espaço Poese.
36. Rio Capibaribe - imagem de divulgação do Catamarã
37. Rio Tibre em Roma - pintura antiga - divulgação.
38. Estreito do Bósforo - Istambul - arquivo do Espaço Poese
39. Casal longevo - imagem de: www.canstockphoto.com.br
40. Rosto de Jesus - pintura de Rembrant - reprodução in: "Veja", revista da Ed. Abril
41.Rosto de jovem por trás do vidro - imagem do pintor indiano Iman Maleki - www.imamaleki.com/galery
42. Santa Ana com Maria e o menino - pintura de Leonardo Da Vinci exposta no Museu do Louvre - imagem do Espaço Poese.
43. Feira de Rua - www.nas feiras.facebook.com/photos
44 Cantadores de Viola - entalhe na madeira de J.Borges - in:
derepentecordel.blogspot.com/2013
45. Abóbada da Catedral de Brasília - Imagem do Espaço Poese.
46. Caminhantes - imagem de: www.canstockphoto.com.br
46. Caminhantes - imagem de: www.canstockphoto.com.br
47. Uma flor na praia - www.canstockphoto.com.br
Nota: As imagens aqui publicadas estão creditadas acima. E pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida deste espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com
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