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CARTA ABERTA À CNBB - CELSO PINTO CARIAS

28 maio, 2020


Não poderia deixar de publicar a mensagem abaixo, de Celso Pinto Carias, assessor da CEBs Brasil, como um gesto de apoio à sugestão por ele apresentada em 28.05.2020, à CNBB. E gostaria de pedir aos leitores que, por favor, disseminem esta mensagem como lhe for possível, e façam seus comentários. 

A CNBB é uma instituição representativa da comunidade eclesial brasileira e, portanto, neste momento, como outras instituições representativas da sociedade brasileira organizada, não poderia omitir a sua palavra e, certamente, também o seu gesto diante de tanta agonia por que passa o nosso povo. 

Gostei da inspiração do autor em Ariano Suassuna, que tão bem entendia do povo sofrido do Nordeste. Assim, da minha parte, "faço o pouco que me cabe",  reproduzindo a sua mensagem, como uma forma de buscar apoio para nossos irmãos que sofrem, cristãos e não cristãos, e especialmente os mais vulneráveis, perdidos na agonia do Covid-19, deixados a seus destinos, mas sempre à espera que "Deus proverá!"  

Sabe-se de muitos gestos que têm surgido, aqui e ali, através de grupos de amigos, de organizações sociais, e de pessoas chocadas com tanto sofrimento e desamparo. Mas, a CNBB, sem dúvida, tem muitos meios de fazer-se presente, e de promover mobilizações de apoio. Não são apenas os doentes que esperam o conforto dos seus pastores, e de nós todos, seus irmãos, mas há incontáveis aflitos de muitas necessidades, e há também os mais de 11 milhões de desempregados e outros inumeráveis desalentados, que mereceriam o nosso olhar, enquanto seguidores de Jesus Cristo. 

A IHU, que publicou originalmente a referida carta, faz a apresentação do autor. 

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CARTA ABERTA 

À IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA 
DO BRASIL

"A fé cristã, com todos os problemas históricos que não se pode negar, sempre teve o carisma da unidade, do diálogo, da paz e da solidariedade. Então, uma humilde sugestão para a nossa realidade brasileira, que pode ser exemplo para o mundo: a CNBB, através de sua presidência, poderia ser a mediadora de um grande debate virtual para garantir a democracia", escreve Celso Pinto Carias, doutor em Teologia pela PUC-Rio, assessor das CEBs do Brasil e do Setor CEBs da Comissão Pastoral Episcopal para o Laicato da CNBB e, nas palavras do autor, "um mendigo de Deus".  Segue a mensagem.


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Como sou pouco e sei pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando por inteiro
”.
(Ariano Suassuna)


No dia seguinte a exibição da reunião ministerial liberada pelo ministro do Supremo Celso de Melo, um padre muito meu amigo fez um pedido inusitado: fazer uma nota pedindo que a CNBB se pronunciasse a respeito. Respondi dizendo que não estava muito inspirado, pois me sentia navegando em um barco à vela, sem vento, sem bússola e em uma noite sem estrelas. E certamente, a CNBB não faria tal nota. Mas este padre é um santo homem, e aí resolvi escrever esta carta aberta. Não sei se vai ao encontro do amigo. Mas vou tentar.

Mais algumas coisas, além da santidade do padre, motivaram-me. Lembrei-me de um filme que eu e família assistimos na semana passada: “A menina que roubava livros”. Em uma cena na qual um judeu está sendo levado pelos nazistas, conhecido dos moradores da localidade de longa data, e um personagem vai ao encontro da polícia dizer que o judeu era um bom homem. É empurrado e bate com a cabeça no chão. Em casa a menina pergunta: “Por que eles fizeram isto com o senhor?” Resposta: “Minha ação tentou mostrar a humanidade deles, e neste momento eles odeiam isso”.

A outra foi o término da homilia de domingo passado (24/05) do padre que acompanha a Comunidade que participo (Batismo do Senhor) em Duque de Caxias, RJ (Estamos fazendo orações simultâneas duas vezes por dia pelo Whatsapp e domingo comungamos da Palavra, claro em nossas casas. O padre faz uma breve homilia). No final ele disse: “Jesus é a nossa humanidade junto de Deus”. E ainda encontrei a frase do Suassuna no facebook de um amigo.

Ora, em que uma cartinha “mixuruca” poderia alterar neste quadro um tanto quanto desolador? Não sei. Mas sei que não quero sentir minha humanidade se esvaindo e, como seguidor de Jesus Cristo, gostaria, pela mediação Dele, sentir minha humanidade junto de Deus. E aí, resolvi dizer algumas palavras.

Na Conferência de Aparecida, em 2007, os bispos da América Latina e do Caribe já observaram que estamos diante de uma grave crise. Crise que vem se aprofundando, e em vários níveis: social, político, econômico e cultural.

E agora, diante de tal crise, aparece a pandemia pelo coronavírus. E se a covid-19, doença provocada pelo vírus, parasse de matar agora, já teria causado uma das mais violentas tragédias dos últimos tempos. Muitos podem perguntar: “E daí? Vamos rezar pelo fim da crise e da pandemia e pronto”. Porém, não posso me conformar com isso. A oração é antes mais nada um ato de comunhão com Deus, e não um balcão de negócios.

Não posso me conformar que uma primeira iniciativa, logo no início do isolamento, de algumas dioceses, tenha sido organizar como o dízimo seria pago. Evidentemente sei da necessidade da manutenção. Sei também, principalmente, que graças a Deus muitas iniciativas de solidariedade surgiram e continuam a acontecer. Mas a situação é muito grave. Grave porque há uma crise que ultrapassa uma doença virótica altamente perigosa. E por favor, quem diz não é um modesto teólogo da Baixada Fluminense, mas a grande maioria dos infectologistas e centros de pesquisa do mundo, das mais diversas concepções ideológicas.

Muita dificuldade para entender como setores que se afirmam cristãos, com um legado cultural que fez surgir de Agostinho a Teilhard de Chardin, homens e mulheres inspirados pelo Caminho de Jesus, com enorme capacidade de diálogo com a realidade da vida, possa reduzir a análise do que está acontecendo pelo víeis moral e com concepções ideológicas de baixíssimo valor intelectual.

Não é possível, repito, não é possível, que depois de tantas figuras emblemáticas na realidade cultural, ainda haja cristãos e cristãs que se colocam do lado da mais absurda ignorância.

Bem antes da pandemia, quando algumas revelações começaram a aparecer quanto ao governo atual, um bispo me disse: “Tudo bem, o importante é que tiramos a esquerda”. Depois da queda do Muro de Berlim, o que é esquerda e direita? Diria o meu mestre na arte de refletir teologia: “O dualismo antropológico platônico continua forte, gordo e corado”. O bem e o mal, anjos e demônios, fé e vida, e por aí vai. Um maniqueísmo que parece não cessar nunca. É difícil compreender que Deus criou a vida por inteiro? Que não há competição entre corpo e alma? Que é uma unidade?

Não se trata de defender governo “A” ou atacar governo “B”. Não se trata de “torcer” para dar certo ou errado, como se estivéssemos em um torneio de política. A realidade política, social e econômica é bem mais complexa que uma partida de futebol. “Ah, tá bom, a reunião foi ridícula, mas é melhor defender a família, Deus, etc. do que aqueles ladrões e aborteiros esquerdistas”. Custo a acreditar que pessoas com formação filosófica e teológica façam análises tão rasteiras.

Pergunto-me, apenas pergunto, se por trás de desculpas tão grosseiras não estaria uma perspectiva de manutenção de privilégios? Rotula-se determinados conceitos como demoníacos e aí nenhum debate prospera. Cultiva-se ódio, prega-se violência, apoiam-se em fundamentalismos bíblicos que estão superados faz décadas, para iludir um povo muito religioso e que sempre sofreu sob o impacto da injustiça. Recordam que havia teologia para justificar a escravidão? Alguém é capaz de negar?

Irmãos e irmãs. A situação é dramática. Sabe-se que já havia uma crise econômica que espreitava o planeta. A pandemia certamente será uma grande justificativa para aprofundar ainda mais dores e sofrimentos ao povo. E todos nós que trabalhamos com o simbólico não podemos ser instrumentalizados pelo poder da acumulação, mas devemos estar a serviço do outro e da outra. Devemos lavar os pés uns dos outros. Ou achamos que o serviço foi só um teatro de Jesus de Nazaré? “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus” (Fl 2,5).

Assim sendo, somos interpelados, em profunda comunhão com o Pai, por meio de Jesus Cristo, em unidade com o Espírito Santo, a agir como homens e mulheres que acreditam no Amor de Deus. Nestes dias o Evangelho de João tem nos alertado que poderemos sofrer tribulações. Mas vamos nos omitir?

Durante a pandemia devemos escutar a voz de quem estuda com profundidade tal situação. Podem errar? Naturalmente. Mas na dúvida não ultrapasse. Por que pressa em abrir as igrejas? Parecemos aqueles setores que acreditam ser a  economia mais importante que a vida. E o Papa Francisco já alertou: “Esta economia mata” (EG). A pandemia nos alerta para reconstruir o caminho espiritual de nossa fé, que pode estar centrada em prédios e não na Comunidade propriamente. Que pode estar centrada em vaidades pessoais na lógica do sucesso midiático. Voltemos a sinodalidade da origem de nossa fé. Mais do que nunca é preciso caminhar juntos.

fé cristã, com todos os problemas históricos que não se pode negar, sempre teve o carisma da unidade, do diálogo, da paz e da solidariedade. Então, uma humilde sugestão para a nossa realidade brasileira, que pode ser exemplo para o mundo: a CNBB, através de sua presidência, poderia ser a mediadora de um grande debate virtual para garantir a democracia. A Igreja sozinha não consegue. Sozinho ninguém consegue. Mas podemos tentar unir todos os setores sociais que acreditam que os direitos humanos são valores fundamentais desenvolvidos pelo mundo moderno, e não uma ONG para defender bandidos.

Pelo amor de Deus. Não existe intervenção militar democrática. Sabemos que a democracia não é perfeita. Aliás, a democracia representativa já deu sinais claros de esgotamento. Precisamos caminhar para uma democracia participativa. Mas como diria Winston Churchil: “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras”.

Não deixemos que a institucionalidade cristã, mais uma vez, precise no futuro explicar por que se deixou envolver com o que tem de pior na sociedade. Que um futuro papa não tenha que repetir o grandioso gesto de São João Paulo II em pedir perdão por erros que foram cometidos no passado.

Sejamos capazes de nutrir aquela esperança apocalíptica dos primeiros tempos: “Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo, e ele, Deus-com-eles, será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram!” (Ap 21, 3-4).

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 Fonte do texto publicado: 

Carta Aberta à Igreja Apostólica Romana do Brasil 
Por: Celso Pinto Carias -  http://www.ihu.unisinos.br/ em 28/05/2020.

Nota do autor:

Pela Graça de Deus sou doutor em Teologia pela PUC-Rio. Consegui até publicar livros. Hoje, além de professor na PUC, sou assessor das CEBs do Brasil e do Setor CEBs da Comissão Pastoral Episcopal para o Laicato da CNBB. Mas gosto de me apresentar como “mendigo de Deus”, expressão que encontrei em um livro de teologia para designar o trabalho teológico: um pedinte diante de Deus. Que Ele tenha misericórdia do nosso Brasil, sobretudo dos excluídos morrendo de covid-19 e familiares recebendo o atestado de óbito como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) sem ter o luto respeitado.

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Créditos das imagens:

1. www.cebsdobrasil.com.br - 5/09/2019_115333.jpg
2. Celso Pinto Carias - www.cebsdobrasil.com.br
3. Dois livros do autor - divulgação.

Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja retirada desta publicação, por favor entre em contato conosco fazendo um comentário nesta postagem.

BRASIL - DOIS PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA: A PANDEMIA E O PRESIDENTE JAIR BOLSONARO

27 maio, 2020




O reconhecido sociólogo português  Boaventura de Souza Santosdoutor em Sociologia do Direito pela Universidade de Yale, professor e coordenador do CES – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e um dos mais importantes pensadores ibero-americanos, recentemente produziu um vídeo do seu isolamento, em Portugal, com uma mensagem aos seus "companheiros e companheiras", cujo teor segue registrado abaixo. 






O BRASIL NÃO TEM UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA. 
 SÃO DOIS OS PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL:  
A PANDEMIA E O PRESIDENTE BOLSONARO


Por: Boaventura de Souza Santos




Companheiros e companheiras:

Falo-vos de Portugal, da minha Aldeia, do isolamento voluntário em que me encontro, para vos dar duas mensagens muito rápidas. 

A primeira é que esta grande crise humanitária em que estamos a viver, está a regular duas coisas: em primeiro lugar é a total falência dos governos à direita e de extrema-direita, para salvar vidas, poupar vidas, num momento de crise tão grave – porque põem os seus interesses políticos acima dos interesses da vida. Exemplos: Inglaterra, Estados Unidos, Índia e o Brasil.
Mostra ainda duas coisas: os países menos atingidos pela lógica neoliberal de um capitalismo selvagem e bárbaro, disposto a sacrificar vidas para salvar os seus vínculos, enfrentaram melhor os problemas de crise, para salvar vidas: Cingapura, Taiwan e China.  

Mas o Brasil tem um caso especial, porque o Brasil não tem um problema de saúde pública. O Brasil tem dois problemas de saúde públicaA pandemia e o presidente Jair Bolsonaro. Jair Bolsonaro é, obviamente, um homem transtornado mentalmente. Um louco que deve, obviamente, sair do poder o mais rapidamente possível. 

A loucura de Jair Bolsonaro não é indiscriminada. A sua loucura se orienta para aquilo que os interesses econômicos das elites brasileiras - que o puseram no poder – querem continuar a salvar: aproveitar essa crise para destruir toda a lógica da proteção do trabalho e dos trabalhadores do Brasil. Toda a lógica social de políticas sociais, aproveitando a crise para criar um estado completamente ao serviço de um capital selvagem. É isso que estão a fazer. 

Mas, há lutas importantes e lutas urgentes: 

A luta importante é evitar que essa política siga adiante. 
A luta urgente é impedir Bolsonaro continuar no poder.

As duas crises estão relacionadas. A pandemia é importante, obviamente, e é a mais importante de todas. Mas a mais urgente é que Bolsonaro deixe de ser presidente do Brasil. 

As forças de esquerda – que têm estado perturbadoramente silenciosas neste caso, apesar dos panelaços – evidentemente devem saber que a luta depois recomeça. Uma luta muito forte, porque o próximo presidente – neste caso o Mourão – certamente vai querer continuar a seguir as políticas de proteção dos interesses econômicos da burguesia, os mesmos que puseram, em primeiro lugar, o Bolsonaro no poder. 

Serão dois problemas: um problema econômico que é Paulo Guedes e um problema político que é Sérgio Moro. São as lutas que é preciso travar a seguir.

Mas a luta mais urgente, que todos os brasileiros e brasileiras realizem o quanto antes – sejam de esquerda que de direita (e o exemplo dos governadores é um bom exemplo): é tirar este homem do poder – e toda a sua família, e toda a sua corja de máfia miliciana que está à sua volta e quer destruir o Brasil.

É esta a missão, agora!
Um grande abraço daqui de Portugal!


Veja o vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=YxUAH-WWmmk 


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Em tempo: Dois integrantes dos Jornalistas LivresClara Domingos e Bruno Falcirecentemente entrevistaram o sociólogo Boaventura, que certamente poderá  complementar a mensagem acima reproduzida.

Veja a entrevista completa:  https://youtu.be/VUfGv-or7d4youtu.be/VUfGv-or7d4





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Crédito das imagens:

1. Boaventura de Souza Santos - www.boitempoeditorial.com.br.
2. Fotografia de imagem do vídeo mensagem do sociólogo.
3. Fotografia de imagem do vídeo da entrevistas dos Jornalistas Livres.


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PANDEMIA - O QUE PENSAM QUATRO JOVENS BRASILEIRAS EM ISOLAMENTO?

22 maio, 2020


Durante a pandemia, jovens têm choque de consciência
 sobre privilégios e injustiças do Brasil 


A estudante Nathalya Reis Soares, 15 anos, moradora da Brasilândia, em São Paulo.TONI PIRES


Adolescentes relatam a angústia e as percepções sobre as diferenças sociais do país. “Tem gente que não tem água pra lavar a mão”, diz Dora. Refúgio na tecnologia ganha outro sentido na quarentena.

Por: FELIPE BETIM
El País - São Paulo


Nathalya Reis, Clara Mello, Ana Regina Costa e Dora Fernandes. Quatro adolescentes que vivem realidades sociais diferentes, mas contam com uma estrutura familiar e de moradia que permitem atravessar a pandemia de coronavírus dentro de suas casas. Em comum, vivem as angústias de um confinamento de quase dois meses que praticamente deixou em suspenso suas vidas. E suas juventudes. 

Acho que as pessoas têm vivido a quarentena de forma muito individual, mas a juventude é uma fase em que as coisas estão pulsando. Não poder sair é muito cruel, opina Dora Fernandes, 19 anos, moradora do rico bairro de Higienópolis, em São Paulo. Também compartilham preocupações com os estudos, com suas relações pessoais e com a própria realidade do país. “A escola liberou agora os estudos online, mas a maioria não conseguiu acessar o site ou enviar as lições. E muito menos enviar o seu trabalho”, relata Nathalya Reis Soares, 15 anos, moradora da periférica Brasilândia e aluna do 9º ano de uma escola da rede municipal de São Paulo.

As quatro garotas nasceram e cresceram já nos tempos da Internet e da explosão das novas tecnologias. Pertencem a uma geração que sentirá os efeitos mais fortes das mudanças no mercado de trabalho e do aquecimento global. E agora precisam lidar também com uma pandemia de proporções equiparáveis à gripe espanhola — que matou milhões de pessoas entre 1918 e 1920 — e com potencial para alterar não só o seu futuro como também suas percepções sobre a própria vida. 

Por mais que continuemos a usar as redes sociais, nada substitui o contato físico com as outras pessoas. Acho que vamos valorizar mais isso tudo. Ouço gente dizer que deveria ter aproveitado mais”, conta Clara Mello, 15 anos e moradora do Leme, bairro de classe média da zona sul do Rio de Janeiro.

A adolescente se dedicava a várias atividades fora de casa. Entre as que mais sente falta está o futevôlei na praia. Fazer exercícios pelo aplicativo não é a mesma coisa. Ela ainda está se acostumando a viver 24 horas no mesmo ambiente — um apartamento de dois quartos — com seus pais e sua irmã. 

Divido o quarto com ela e não tenho privacidade, então fico muito agoniada com isso. Tô tendo que conviver com minha família como não fazia há muito tempo”, conta Clara. Por outro lado, tem a parte boa de conversar com minha família, conhecer esse lado que não conhecia. Nunca fui uma pessoa aberta com eles, e agora esses dias acabo conversando sobre coisas como escola, relacionamentos, amigos...”.

De forma geral, essas jovens são céticas sobre a possibilidade de mudanças profundas no mundo após a pandemia. 

Quando paro para pensar que é algo muito histórico, de algo que vamos falar para nossos netos, fico assustada. Não gosto da ideia de viver essas grandes coisas", opina Dora. Ela até acredita que sua geração, que em geral é muito acelerada, quer tudo na hora, vai passar a dar valor a outras coisas. "Mas não acho que a humanidade vai repensar hábitos ou o próprio sistema capitalista”, acrescenta.

Para Ana Regina, 17 anos, moradora do município de Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana de Recife, o período de quarentena deixará “uma mensagem  de humanidade para todos”. O que isso significa? Ela explica:

"A gente vê que a natureza está voltando, que as pessoas estão amorosas. E isso fica de lição para o jovem, que dá tanta importância para a tecnologia, para o mundo virtual, a valorizar mais a família e as pessoas da escola. Esse mundo virtual não é tão interessante”.

“Meu lado emocional está bastante fragilizado”

Enquanto esse futuro ainda não chega, Ana Regina vem vivendo as angústias da quarentena. Aluna do 2º ano do Ensino Médio de uma escola da rede estadual de Pernambuco, deseja cursar Direito e vem, desde o ano passado, se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A pandemia de coronavírus fez com que interrompesse as aulas do cursinho. Sua escola, por outro lado, foi uma das poucas da rede pública da região a adotar o esquema de aula online. “Tenho dificuldade. Ainda que os professores passem tudo na plataforma online, não é a mesma coisa que estar na sala de aula explicando e fazendo perguntas", explica.

Com exceção das aulas da escola, conta que seu dia “acaba sendo vazio”, sem que ela consiga organizá-lo com muito sucesso. Ao contrário de outras pessoas, séries e filmes da Netflix ou as videoconferências com os amigos não entraram em sua rotina. A jovem conta estar com o “emocional bastante fragilizado” e até mesmo o gosto de ler perto do pau-brasil em seu quintal foi deixado de lado. 

Eu adoro ler, mas não tenho conseguido. O que mais tenho feito é dormir”, explica. Ela elenca os motivos de estar emocionalmente fragilizada: “Eu tenho problemas de asma e coração e gostaria muito de poder caminhar, mas não tenho nenhum tipo espaço para fazer exercício. Não posso estar perto das pessoas que amo, não posso atuar politicamente, não posso estar na escola estudando...".

Apesar de morar numa região de periferia, Ana Regina, que mora com a mãe numa casa de três quartos com quintal, considera ter mais estrutura que muitos de seus colegas. “Enquanto alguns romantizam a quarentena e falam sobre se reinventar e se adaptar às plataformas online, outras pessoas nem mesmo têm acesso a internet”. 

Não surpreende que, diante desse cenário, o Governo Jair Bolsonaro queira manter as provas do ENEM, uma de suas principais preocupações. Os adolescentes mais ricos, com mais estrutura para continuar estudando durante a quarentena, serão beneficiados, em detrimento de pessoas com menos recursos para tal, acredita ela. “É algo feito para os adolescentes mais ricos, e os prejudicados somos nós. Estamos vivendo na prática um governo que sempre se apresentou como preconceituoso e misógino”.

A quarentena também afetou a saúde mental da estudante Nathalya Reis Soares, de 15 anos, que mora na Brasilândia, em São Paulocom a mãe e o padrasto. A garota conta ter ficado os primeiros dias de isolamento em seu quarto. Ainda hoje “é horrível" estar trancada dentro de casa. 

“Eu adorava sair para um monte de lugares, para festas... Ia de ônibus para a escola, então estava sempre vendo gente. Estava sempre rodeada de amigos, então foi um baque no início”. Além da Netflix, se distrai com ligações com os amigos. “Aí tem que mexer no celular, ver vídeo no Youtube, para ir passando o tempo, ir enrolando...". A quarentena também afetou seu horário de sono e fez com que trocasse o dia pela noite: as séries e filmes têm feito com que durma por volta de cinco da manhã e só acorde na tarde do dia seguinte.

A adolescente vê as opções de lazer dos jovens da periferia, como ela, reduzida, ao contrário de jovens de classe média ou alta. “Eles vão ter uma piscina dentro do condomínio ou de casa, vão conseguir colocar o som alto, se divertir... Agora, a gente aqui não dá”. 

a estudante de psicologia Dora Fernandes, de 19 anos, que mora num apartamento de três quartos em Higienópolis, São Paulo, se considera uma privilegiada, sempre romantizou o fato de que moradores das periferias e favelas brasileiras possuem, segundo explica, um senso maior de coletividade, de solidariedade. “Vivem mais em comunidade, nas ruas, enquanto a gente, por ser mais individualista, já ficava em casa vendo Netflix", argumenta. “Tenho uma amiga que foi com o namorado para a praia. As pessoas mais ricas subestimam as mais pobres, como se fossem menos conscientes da doença, e não é assim”.

Faz uns dias que ela deixou, com seus pais e seu irmão, o apartamento em que vivem, para continuar a quarentena no sítio da família em Mogi Mirim. “Tem árvore, tem piscina, dá para tomar sol”. Também mantém uma rotina de aulas online da faculdade de Psicologia da PUC, de 9h às 16h, aula de violão às terças e terapia às quartas por Skype, além das conversas constantes com os amigos por Facetime. 

Todos esses fatores, além do fato de que ela e seu irmão podem dormir em quartos separados, aumentaram ainda mais sua consciência sobre como o Brasil é desigual. "Não são só as coisas materiais, é a tranquilidade de tomar sol. As pessoas não têm tranquilidade todo o tempo. A gente tem a capacidade de relaxar, descansar a mente, enquanto as pessoas estão desesperadas. A mulher que trabalha na minha casa estava desesperada, com medo que minha mãe fosse mandá-la embora. Tem gente que não tem água pra lavar a mão”.



Clara Mello, aluna do 1º ano do Ensino Médio de uma escola privada do Rio, também conta se reconhecer como alguém com privilégios nessa pandemia. “Eu já tinha consciência da desigualdade e de que tenho privilégios, mas agora me dou ainda mais conta disso". 

Como exemplo ela cita o ensino a distância, um regime de aulas que, quando começou a pandemia, ela já imaginava que seu colégio adotaria. Uma forma de perceber como isso por si só era um privilégio, uma oportunidade que não seria oferecida para todos os jovens de sua idade, se deu através de seu pai, professor tanto de escola privada, como pública. “Vejo ele sempre tendo reunião, e discutindo coisas distantes da minha realidade, debatendo uma forma de os alunos da escola pública terem acesso ao conteúdo e não ficarem no prejuízo”.


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Fonte da postagem:

Observação: é possível ouvir os relatos em vídeos, acessando o El País, no registro da reportagem, aqui abaixo: 

https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-05-12/jovens-tem-choque-de-consciencia-sobre-privilegios-e-injusticas-do-brasil-durante-a-pandemia.html?

Publicado em 12 de maio - 2020

Crédito das Imagens - Todas as imagens desta postagem fazem parte da  reportagem aqui reproduzida.

Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja retirada desta publicação, por favor entre em contato conosco fazendo um comentário nesta postagem.





EDUCAÇÃO - PAULO FREIRE E ANÍSIO TEIXEIRA

19 maio, 2020

O Governo da Bahia continua a celebração do emérito educador, escritor e jurista baiano, Anísio Teixeira que seguirá até julho próximo, celebrando o "Ano Anísio Teixeira". Para rememorar  a sua contribuição à Educação no Brasil, nada melhor do que um artigo do jornalista Paulo Cannabrava Filho, editor de "Diálogos do Sul", que, em dezembro passado escreveu um registro histórico sobre as contribuições de três grandes figuras pilares da Educação no Brasil: Paulo Freire, Aloísio Teixeira e Darcy Ribeiro.  

Pecado de Paulo Freire
foi sonhar com a utopia de um país
educado e com liberdade

Educador já se eternizou, e aqueles que com ele aprenderam a grandeza do que significa ser livre continuam sua missão de educar

Diálogos do Sul
Por: Paulo Cannabrava Filho


"Eu não concebo a existência fora do sonho e da utopia". Frase lapidar do educador que encarava o ato de educar e ser educado como um processo de libertação individual necessária, ou seja, sem a qual não se tem uma nação livre e soberana.
Educar e ser educado pressupõe uma troca. Todos somos sábios e todos temos o que ensinar e o que aprender. Essa simbiose está na essência do processo cultural e leva a preservar o conhecimento ancestral, que compõe a raiz da cultura nacional.
Augusto Salazar Bondi, um sábio peruano que, como Paulo Freire, se dedicava à missão educadora, reclamava o quanto é duro convencer uma pessoa que se deixou escravizar intelectualmente a ser livre.
Paulo Freire queria precisamente isso, libertar as mentes porque somente uma mente liberta e possibilita a realização do ser humano em toda sua plenitude. Ele aprendeu isso no convívio com camponeses analfabetos na zona da mata pernambucana, quando integrante do Movimento de Educação de Base. Viu e aprendeu da sabedoria do camponês nordestino, em que o ato de sobreviver já era uma prova de extrema sabedoria. 
Criticada pelo governo, metodologia Paulo Freire revolucionou povoado no sertão
Darcy Ribeiro, outro sábio, foi convertido a educador por Anísio Teixeira. Ambos pretenderam realizar uma verdadeira revolução cultural no país, sonhando e praticando o não ter nenhuma criança fora da
escola. Com uma escola pública de qualidade e de tempo integral, oficializaram a prática de Paulo Freire, tornando-a política de Estado.
Nenhum desses três personagens, próceres da revolução cultural necessária, eram comunistas. Paulo Freire era um católico fervoroso. Anísio Teixeira foi formado nos Estados Unidos e lá percebeu que educação é sinônimo de desenvolvimento. Darcy Ribeiro, antropólogo de formação, foi um livre-pensador que conquistou na Europa o título de pai da antropologia moderna. Eles trabalhavam para a libertação do Brasil pela educação.
Anísio não sobreviveu para ver o colapso do projeto. Paulo e Darcy conseguiram escapar da morte certa recorrendo ao exílio, ou melhor, refugiando-se onde havia espaço para continuarem sua missão educadora. Escaparam da sanha assassina daqueles que tomaram o poder em 1º de abril de 1964 e impuseram à nação 21 anos de obscurantismo.
Paulo Freire queria libertar as mentes porque somente uma mente liberta possibilidades do ser humano em toda sua plenitude - Acervo Instituto Paulo Freire

Veja que o governo de João Goulart, um latifundiário que nada tinha de comunista, foi derrubado por decisão do governo dos Estados Unidos, precisamente porque admitia o processo libertador levado a cabo através da educação. O filme “O dia que durou 21 anos”, de Camilo Tavares, contém cenas gravadas na Casa Branca em que o ex-presidentes John F. Kennedy, Lyndon B. Johnson e o ex-conselheiro nacional de segurança Henry Kissinger, dão ordens para que seja derrubado o governo brasileiro.
Com a Lei de Anistia (anistia a médias) de 1979, conquistada a duras penas pelos movimentos populares, esses dois educadores puderam voltar ao país e continuar, cada um no seu espaço possível, a obra revolucionária de oferecer educação de qualidade aos nossos jovens, a maior riqueza de qualquer nação.
Darcy Ribeiro morreu em 1997. Dizia que foi perseguido pelas coisas boas que fez, que jamais se arrependeria de seus feitos e não gostaria de estar no lugar daqueles que o condenaram. 
Darcy e Anísio criaram o conceito de "Universidade Necessária", a universidade colocada para pensar o país. Expulso de sua terra, Darcy reformou as universidades de Montevidéu e de Caracas, serviu como assessor ao governo de Salvador Allende, no Chile, e, a serviço da Organização Internacional do Trabalho (OIT) participou do processo revolucionário de Velasco Alvarado no Peru.
De regresso ao país, após anistia em 1983, Darcy foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro, onde implantou o projeto de escola de tempo integral para todos, os Cieps, e chamou seu amigo Paulo Freire para ajudá-lo na concretização de mais esse desafio. Nos moldes da Universidade de Brasília (UnB), criou a Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Suas obras basilares, entre tantas, o Processo Civilizatório (1968) e Os Brasileiros - teoria do Brasil, de 1972, o coloca como um dos principais pensadores brasileiros, por possuir identitário e libertador.
Paulo Freire participou do governo de Salvador Allende, lecionou em Harvard, nos Estados Unidos, esteve a serviço do Conselho Municipal da Igrejas, em países da África, assessorando governos e a serviço da Unesco. Produziu intensa obra didática pedagógica, conhecida como a Pedagogia do Oprimido, na realidade, uma pedagogia de libertação, pois esse é o sentido de sua obra.
Seu livro "Educação como Prática de Liberdade", de 1969, é, digamos, a matriz de toda sua obra e de toda sua existência. Regressou ao Brasil em 1980, foi recebido como professor na Unicamp e na Universidade Católica de São Paulo (PUC). Em 1988, com a eleição de Luiza Erundina à Prefeitura da cidade de São Paulo, Paulo Freire aceitou o desafio de assumir a Secretaria Municipal de Educação. Desafio mesmo. Seu sonho de colocar todas as crianças na escola esbarrou com a falta de infraestrutura (60% das escolas sem condições de serem usadas). Fez o que pôde e criou o Mova - Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos.
Paulo morreu do coração em maio de 1997. Formou mais de uma geração de educadores que continuam a prática de uma educação libertária. Sua obra é traduzida em mais de 40 idiomas e o Congresso Nacional proclamou Paulo Freire patrono da educação brasileira.
Só se apequenam e se desmerecem os que pretendem borrar a imagem de Paulo Freire como Patrono da Educação. Paulo já se eternizou e aqueles que com ele aprenderam a grandeza do que significa ser livre continuam sua missão de educar aprendendo e fazendo que a escola, em todos os níveis, seja o espaço onde se aprende a pensar e a olhar crítica e criativamente a realidade.
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*Paulo Cannabrava Filho é jornalista e editor de Diálogos do Sul
Veja o vídeo integrado ao texto original sobre Paulo Freire:

Fonte do texto:

Publicado em: 17 de dez de 2019


Textos complementares de: pt.wikippedia.org

Anísio Spínola Teixeira foi um jurista, educador e escritor brasileiro.  Personagem central na história da educação no Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, difundiu os pressupostos do movimento da Escola Nova, que tinha como princípio a ênfase no desenvolvimento do intelecto e na capacidade de julgamento, em preferência à memorização. Reformou o sistema educacional da Bahia e do Rio de Janeiro, exercendo vários cargos executivos. Foi um dos mais destacados signatários do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova,[2] em defesa do ensino público, gratuito, laico e obrigatório, divulgado em 1932. Fundou a Universidade do Distrito Federal, em 1935, depois transformada em  Faculdade Nacional de Filosofia da  Universidade do Brasil.

Como parte das comemorações dos 120 anos de nascimento de um dos mais renomados educadores baianos, Anísio Teixeira, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) realizou, em novembro passado, a primeira etapa da Caravana Anísio Teixeira. A caravana integra a ampla programação desenvolvida de julho/2019 e seguirá até julho de 2020, pelo projeto “2020: Ano Anísio Teixeira”, que visa resgatar a memória e obra histórica, filosófica, pedagógica e política do educador.


  Vídeo sobre a obra de Anísio Teixeira - https://youtu.be/ls-FoXhfM_Y?t=5

Darcy Ribeiro nasceu em Montes ClarosMinas Gerais, em 26 de outubro de 1922. Filho de Reginaldo Ribeiro dos Santos e de Josefina Augusta da Silveira. Em Montes Claros fez os estudos fundamentais e secundário, no Grupo Escolar Gonçalves Chaves e no Ginásio Episcopal de Montes Claros. Notabilizou-se fundamentalmente por trabalhos desenvolvidos nas áreas de educaçãosociologia e antropologia tendo sido, ao lado do amigo a quem admirava Anísio Teixeira, um dos responsáveis pela criação da Universidade de Brasília, elaborada no início da década de 1960, ficando também na história desta instituição por ter sido seu primeiro reitor. Redigiu o projeto, como funcionário do Serviço de Proteção ao Índio, do Parque Indígena do Xingu, criado em 1961. Também foi o idealizador da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Publicou vários livros, vários deles sobre os povos indígenas.[2]
Darcy Ribeiro foi ministro da Educação durante Regime Parlamentarista do Governo do presidente João Goulart (18 de setembro de 1962 a 24 de janeiro de 1963) e chefe da Casa Civil entre 18 de junho de 1963 e 31 de março de 1964. Durante a ditadura militar brasileira, como muitos outros intelectuais brasileiros, teve seus direitos políticos cassados e foi obrigado a se exilar, vivendo durante alguns anos no Uruguai.[2]
Durante o primeiro governo de Leonel Brizola no Rio de Janeiro (1983-1987), Darcy Ribeiro, como vice-governador, criou, planejou e dirigiu a implantação dos Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), um projeto pedagógico visionário e revolucionário no Brasil de assistência em tempo integral a crianças, incluindo atividades recreativas e culturais para além do ensino formal - dando concretude aos projetos idealizados décadas antes por Anísio.[2]
  
Trecho do discurso de Darcy Ribeiro ao assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras:

“Confesso que me dá certo tremor d'alma o pensamento inevitável de que, com uns meses, uns anos mais, algum sucessor meu, também vergando nossa veste talar, aqui estará, hirto, no cumprimento do mesmo rito para me recordar. Vendo projetivamente a fila infindável deles, que se sucederão, me louvando, até o fim do mundo, antecipo aqui meu agradecimento a todos. Muito obrigado. Estou certo de que alguém, neste resto de século, falará de mim, lendo uma página, página e meia. Os seguintes menos e menos. Só espero que nenhum falte ao sacro dever de enunciar meu nome. Nisto consistirá minha imortalidade". 

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Créditos das Imagens

1. Anísio Teixeira - www.ebc.com.br.jpg
2. Augusto Salazar Bondi - www.ec.acipprensa.com.jpg
3. Anísio Teixeira - www.institucionaleducação.ba.gov.br.jpg
4. Paulo Freire - acervo instituto Paulo Freire
5. Darcy Ribeiro - www2.camara.leg.br.jpg
6. Darcy Ribeiro - www.voarforadaasa.blogspote.com.jpg
7. Caravanas Anísio Teixeira -



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