Reproduzimos a introdução e a nota oficial do Conselho Permanente da CNBB, assinada em 28/03/2019, sobre o Projeto de Lei da Reforma da Previdência Social.
Reunidos entre os dias 26 e 28 de
março na sede provisória da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
em Brasília-DF, os bispos que integram o Conselho Permanente da entidade
emitiram uma mensagem na qual demonstram preocupação com a Reforma da
Previdência Social – PEC 06/2019.
No
texto, os bispos reafirmam que o sistema da Previdência Social possui uma
intrínseca matriz ética. “Ele é criado para a proteção social de pessoas que,
por vários motivos, ficam expostas à vulnerabilidade social (idade, enfermidades,
acidentes, maternidade…), particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para
equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores ético-sociais e
solidários”. (Nota
da CNBB, março/2017).
Reconhecem
que o sistema da Previdência precisa ser avaliado, e, se necessário, adequado à
Seguridade Social. Alertam, no entanto, que as mudanças contidas na PEC 06/2019
sacrificam os mais pobres, penalizam as mulheres e os trabalhadores rurais,
punem as pessoas com deficiência e geram desânimo quanto à seguridade social,
sobretudo, nos desempregados e nas gerações mais jovens.
Apontam
que o discurso de que a reforma ‘corta privilégios’, precisa deixar claro quais
são esses privilégios, quem os possui e qual é a quota de sacrifício dos
privilegiados, bem como a forma de combater a sonegação e de cobrar os
devedores da Previdência Social. “A conta da transição do atual regime para o
regime de capitalização, proposto pela reforma, não pode ser paga pelos
pobres”, reforçam.
Na
mensagem, os bispos fazem um apelo ao Congresso Nacional para que favoreça o
debate público sobre a atual proposta de reforma da Previdência, que incide na
vida de todos os brasileiros. “Conclamamos as comunidades eclesiais e as
organizações da sociedade civil a participarem ativamente desse debate para
que, no diálogo, defendam os direitos constitucionais que garantem a cidadania
para todos”.
Confira
o texto oficial, na íntegra:
MENSAGEM DO CONSELHO PERMANENTE
DA CNBB
“Serás libertado pelo direito e pela justiça” (cf. Is 1,27)
Nós, bispos do
Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunidos
em Brasília-DF nos dias 26 a 28 de março de 2019, assistidos pela graça de
Deus, acompanhados pela oração da Igreja e fortalecidos pelo apoio das
comunidades eclesiais, esforçamo-nos por cumprir nossa missão profética de
pastores no anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo e na denúncia de acontecimentos
e situações que se opõem ao Reino de Deus.
A
missão da Igreja, que nasce do Evangelho e se alimenta da Eucaristia,
orienta-se também pela Doutrina Social da Igreja. Esta missão é perene e visa
ao bem dos filhos e filhas de Deus, especialmente, dos mais pobres e
vulneráveis, como nos exorta o próprio Cristo: “Todas as vezes que fizestes
isso a um destes pequeninos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt
25,40). Por isso, nosso olhar se volta constantemente para a realidade do país,
preocupados com propostas e encaminhamentos políticos que ameacem a vida e a
dignidade dos pequenos e pobres.
Dentre nossas atuais
preocupações, destaca-se a reforma da Previdência – PEC 06/2019 – apresentada
pelo Governo para debate e aprovação no Congresso Nacional. Reafirmamos que “o
sistema da Previdência Social possui uma intrínseca matriz ética. Ele é criado
para a proteção social de pessoas que, por vários motivos, ficam expostas à
vulnerabilidade social (idade, enfermidades, acidentes, maternidade…),
particularmente as mais pobres. Nenhuma solução para equilibrar um possível
déficit pode prescindir de valores ético-sociais e solidários” (Nota da CNBB,
março/2017).
Reconhecemos que o
sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, adequado à
Seguridade Social. Alertamos, no entanto, que as mudanças contidas na PEC
06/2019 sacrificam os mais pobres, penalizam as mulheres e os
trabalhadores rurais, punem as pessoas com deficiência e geram desânimo quanto
à seguridade social, sobretudo, nos desempregados e nas gerações mais jovens.
O discurso de que a
reforma corta privilégios precisa deixar claro quais são esses privilégios,
quem os possui e qual é a quota de sacrifício dos privilegiados, bem como a
forma de combater a sonegação e de cobrar os devedores da Previdência Social. A
conta da transição do atual regime para o regime de capitalização, proposto
pela reforma, não pode ser paga pelos pobres.
Consideramos grave o
fato de a PEC 06/2019 transferir da Constituição para leis complementares
regras previdenciárias como idades de concessão, carências, formas de cálculo
de valores e reajustes, promovendo desconstruções da Constituição Cidadã
(1988).
Fazemos um apelo ao
Congresso Nacional que favoreça o debate público sobre esta proposta de reforma
da Previdência que incide na vida de todos os brasileiros. Conclamamos as
comunidades eclesiais e as organizações da sociedade civil a participarem
ativamente desse debate para que, no diálogo, defendam os direitos
constitucionais que garantem a cidadania para todos.
Ao
se manifestar sobre estas e outras questões que dizem respeito à realidade
político-social do Brasil, a Igreja o faz na defesa dos pobres e excluídos.
Trata-se de um apelo da espiritualidade cristã, da ética social e do
compromisso de toda a sociedade com a construção do bem comum e com a defesa do
Estado Democrático de Direito.
O
tempo quaresmal, vivido na prática da oração, do jejum e da caridade, nos leva
para a Páscoa que garante a vitória, em Jesus, sobre os sofrimentos e aflições.
Anima-nos a esperança que vem de Cristo e de sua cruz, como ensina o Papa
Francisco: “O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é,
simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura batalhadora
contra as investidas do mal.” (Evangelii Gaudium, 85).
Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil,
interceda por todos os brasileiros e brasileiras!
Brasília-DF, 28 de março de 2019
Cardeal
Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB
Dom
Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Arcebispo de Salvador
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
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Fonte do texto e da imagem:
http://www.cnbb.org.br/conselho-permanente-da-cnbb-divulga-mensagem-apos-reuniao-em-brasilia/