"Onde não puderes amar não te demores".
Consideradas as dificuldades que Frida Kahlo passou em sua vida, é possível que a frase se refira a uma experiência de desmanche de uma relação amorosa. Quem já vivenciou essa experiência
sabe como é doloroso quando um dos parceiros, na relação amorosa, não mais se interessa de partilhar a vida com o outro.
Aqui, eu ousaria afirmar o contrário do que diz Frida, lembrando que amar é arte que se aprende como se aprende a caminhar
e a falar... No caso da arte de amar, é preciso tempo e cuidado, além do exercício diário.
Começa-se do jeito que se sabe, o coração e a mente abertos para conhecer o outro, cada outro com quem se está a relacionar por motivos diferentes, por compromissos diversos, por razões que só o coração conhece. Pessoas da família, os que se encontra na rua e, ainda, aqueles com quem se convive no trabalho - uns mais camaradas e colaboradores, outros desconfiados, invejosos, irritantes - um aprendizado que não tem fim.
O amor não é um sentimento coletivo, é personalizado de acordo com o dia e a hora, na
alegria e na tristeza, nos dias de sim e nos dias de não.
A gente ama a natureza e por amor à
natureza se cuida bem do lixo e da água. Fazendo assim, se está cuidando
dos que hoje precisam de ar puro, das nascentes dos rios e da Mãe Terra. E se cuida hoje também dos que virão mais tarde.
Amamos as plantas, suas flores e seus frutos. Por causa da partilha da beleza que nos entregam e dos alimentos que nos dão a gente oferece água, põe um pouco mais de terra boa, faz chegar o sol e a sombra como requer cada situação.
A gente também ama os animais e alguns trazem gatinhos e cachorros para o próprio convívio.
Cuidamos dos filhos e das filhas, e vibramos com as traquinices
dos netos. E, mesmo sem netos nem filhos, a gente gosta de ver crianças e velhinhos felizes, curtindo a vida que podem ter.
Quantos jeitos de exercitar o amor, de aprender a
carícia da atenção essencial sem pieguices nem esmolas, sem
jeitinhos nem apadrinhamentos, mas oferecendo o melhor que se tem e que se sabe
e que se pode dar.
Carece que te demores, para amar. Buscar uma
brecha para começar a praticar o amor, que o
amor se dilata, se renova, conquista, rejuvenesce, faz bem à saúde.
É importante fazer esse aprendizado sem esmorecer. Observar com
atenção o que está por trás do olhar triste ou preocupado da assistente doméstica,
do motorista, da babá, da manicure, do porteiro...
Até que um dia se terá aprendido a informar mais sobre a própria cidade - que é preciso saber o que se passa com o descuido das políticas sociais de hoje, em nosso país. Carece se interessar, ainda, sobre as aspirações dos jovens e o sofrimento dos que estão sós...
Talvez até se descobra que há refugiados próximos ao
lugar onde vivemos, e que há vários desempregados
que a crise colocou ao nosso lado.
Aprendi certa vez, de Chiara Lubich, que onde não houver amor, faz a tua parte para o amor chegar, porque o mundo tem sede de amor.
Sede de amor - não de um sentimento piedoso nem de esmolas, nem da oração destacada do teu irmão, nem da "caridade ao pobrezinho",
nem da indiferença. Há muitos projetos sociais inclusivos e não assistencialistas esperando a nossa cooperação.
Descobriremos, por exemplo, o testemunho dos estudantes que ocupam as escolas por que querem mais do que boas aulas e boa educação. Querem educação e saúde como um serviço cidadão que deve chegar a todos; querem mais do que têm os seus pais, querem democratizar a cidadania.
O amor - também aquele dos casais de
diferentes expressões, dos pais e dos filhos, dos amigos e dos apaixonados, do
empenho social pela mudança, pela justiça, pela fraternidade... Todos os
amores carecem de um olhar para fora de si, e não a esmo, mas na direção das possibilidades reais do lugar onde se está. Como, por exemplo, buscar informação e conhecimento dos direitos que
o povo deste país está perdendo. Uma informação que não se encontra no silêncio
imbecilizado diante da TV nem das meias verdades da imprensa de maior circulação.
O amor também carece de "misericórdia", uma palavra
antiga que carregada de um sentimento universal e humanitário, como nos faz entender o Papa Francisco.
Visto assim, temos um bom caminho a fazer para aprender a amar.
Onde não houver amor, carece que te demores...
Experimenta começar em primeira pessoa. E verás que, com o teu gesto pessoal e único, que depende só de ti, o amor poderá florescer e vingar ao teu redor.
Experimenta começar em primeira pessoa. E verás que, com o teu gesto pessoal e único, que depende só de ti, o amor poderá florescer e vingar ao teu redor.
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Crédito Imagens:
1. Imagem de: www.canstockphoto.com.br
2. Jardim doméstico - Idem
3. Refugiados - divulgação - epa.
4. Greve na UFPE - Recife-PE - WattsApp - Foto de Bruno Lafaiete -TV
Globo.
5. Imagem divulgada em: www.outraspalavras.com.br
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