"Mesmo com toda a trama
com toda a brahma,
com toda a lama,
a gente vai levando,
a gente vai levando,
a gente vai levando
essa chama!"
No dia-a-dia do aprendizado que se faz do viver e do amar, percebe-se quanto é importante dar atenção ao adequado ajuste que precisamos fazer nas relações com os que fazem parte da nossa convivência. Os hábitos familiares podem ser leves ou pesados, mas são facilitadores: já sabemos como tratar os avós rabugentos ou cheios de exigências, os pais controladores ou distraídos de tudo, as crianças desejosas de atenção e às vezes impertinentes... Mesmo assim, ainda é possível se surpreender com um gesto grosseiro, uma expressão que nos tira do sério, um desejo inesperado de maior atenção.
Mas
os convivas são os de sempre, já se conhece o espaço em que vivem, e se está
habituado aos trejeitos de cada um... Assim, como cantava o grande Tom Jobim, "a gente vai levando"...
Mas, nem sempre
dá para contornar a situação e reparar equívocos inevitáveis.
Menos preparados talvez se esteja
para a relação com o desconhecido, com quem encontramos por acaso, por exemplo, um
prestador ou prestadora de serviço... Foi o que me aconteceu há dias atrás.
Em lugar de chamar um táxi comum, como costumo fazer, chamei o serviço da URB, e, nesse dia, me dei mal. Na verdade, no dia anterior havia feito uma experiência positiva voltando do cinema com uma amiga. Dessa vez, fiquei feliz porque vi que o carro era dirigido por uma uma jovem mulher. Entrei sorridente, mas, ela talvez não estivesse preparada para o meu modo de tratar estranhos, pois faço igualzinho à minha mãe Ester que conversava com o caixa do mercado, a atendente do médico, o empregado do condomínio como fossem velhos amigos.
– Que bom que hoje é uma mulher! Gosto de ver uma mulher competindo assim no mercado!
Silêncio... De resposta, após indagar o meu destino, fez uma entrada brusca na rua que dava acesso à pista
principal.
– Ainda sou aprendiz do aplicativo da Urb - continuei, tentando me manter tranquila. – Estou vendo fechar o meu pedido...
– Ainda sou aprendiz do aplicativo da Urb - continuei, tentando me manter tranquila. – Estou vendo fechar o meu pedido...
Então ela se virou, e me disse: – Deixe-me olhar... Freiou de forma
brusca, atrás do carro da frente, diante
do sinal vermelho que já ia abrir.
Reagi cuidadosa: – Não, deixe pra lá! (não achava prudente que ela ficasse olhando o celular enquanto dirigia, e fiz um gesto de manter comigo o celular).
Reagi cuidadosa: – Não, deixe pra lá! (não achava prudente que ela ficasse olhando o celular enquanto dirigia, e fiz um gesto de manter comigo o celular).
Foi mal. A jovem motorista reagiu, como quem não gostou:
– Eu não ia
mexer no seu celular. A senhora é muito grosseira!
– Mas, eu só
queria...
– A senhora me
fez uma grosseria, sim. Não diga mais nada... Vamos parar essa conversa, até o final
da corrida!...
Ligou o rádio, e ficou a cantarolar uma canção em
voz baixa... Obedeci, estremecida, por ter causado tamanha reação. Minha
vontade era interromper a corrida, imediatamente. Mas, queria respeitá-la, tentei
me controlar e segui, em silêncio, até o fim.
À saída pedi-lhe desculpas, sem mais explicações. Percebi que havia agido sem exercitar minha sensibilidade, sem ponderar melhor quem era meu interlocutor. Enquanto lhe pagava, ela falou que quem me devia
desculpas era ela... E nos despedimos numa boa!
Minha jovem interlocutora não devia ter iniciado bem o seu dia... Acontece!
"Mesmo com todo o emblema,
Todo o problema, todo o sistema,
Todo Ipanema...
A gente vai levando,
A gente vai levando
A gente vai levando essa chama!”
A gente vai levando essa chama!”
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(*) Trechos de música de Tim Jobim com letra de Chico Buarque.
Créditos das Imagens: www.canstockphoto.com.br
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