Vanise Rezende - clique para ver seu perfil

LISBOA DE ENCANTO E BELEZA

09 agosto, 2015


Quase sempre acontece, como hoje, encontrar-me diante de uma página em branco, em busca de inspiração para postar neste espaço. Por vezes consulto os assuntos que listei, a fim de pesquisar mais... ou vou em busca das informações do dia, a ver se devo escrever sobre. 

Não sei por que razão ou sem razão alguma, hoje lancei o olhar na minha pequena biblioteca  uma só parede com requadros em madeira, que me ajudam a diferenciar os assuntos  e peguei, casualmente, um dos meus cadernos de viagens com anotações de uma das minhas idas a Lisboa! Decidi, então, passear por aquela cidade tão linda, e tão cheia de prazerosas surpresas. Toda ela é um sem número de convites ao deleite do visitante. É, em síntese, uma cidade muito aconchegante!






Será necessário fazer aqui uma confissão, para que se entenda o quanto amo Lisboa - qualquer que seja o porquê e o para onde estou indo à Europa  e, no decorrer da vida estive lá algumas vezes, e sempre volto ao desejo de retornar... -  a viagem inicia ou é concluída com uma estada em Lisboa. Trata-se de uma relação de afeto com a cidade e o seu povo, como se minhas raízes chegassem até lá (ou de lá viessem) fincadas no meu coração. Vamos às anotações.




Dessa vez resolvi fazer um programa sem citytour e sem guia... Sai de ônibus, digo - de autocar - cuja fila de espera ainda não era tão grande (uma "bicha" pequena, pois!) Desci na Praça Marquês do Pombal. De lá peguei o metrô (ops! a metropolinata?) até a estação São Sebastião, póximo à Av. Berna, onde fica a Fundação Calouste Gulbenkian, para visitar o museu local. Uma contemplação 
prazerosa e rica de surpresas!    





Algumas peças me prenderam  mais a atenção. Se não estou equivocada, travava-se de iconografias extra coleção – "O Inverno", Millet   "Bolha de Sabão", de Edouard Manet e uma outra, parece-me que era "O arco-ires"...  Passeei o olhar - sem pressa - em algumas esculturas:"Flora" (Rodin); "Diana" (Houdon); além das esculturas de Carpeaux.
Mais adiante os auto-relevos chineses em marfim; e os vasos, objetos e tecidos maravilhosos da antiguidade chinesa e egípcia (Séc. XI a XVI), além dos tapetes flamencos do Séc. XVI, da ouriversaria francesa e dos móveis de Luís XV e XVI. Extraordinária a louça de jade das diferentes "famílias chinesas" (verde, rosa, etc.). Curiosas as coleções de pratarias e de moedas.























O contato com civilizações tão antigas promovem em nós, latino-americanos, um impacto cultural intenso. Lembrei-me das peças maravilhosas que eu já havia contemplado em outros museus ou exposições, especialmente da arte primitiva do México, da arte Inca, no Perú e dos povos indígenas do Brasil - os rústicos desenhos da Serra da Capivara, no Piaui, e as maravilhosas cerâmicas da região amazônica.  





Na região Nordeste do Brasil, onde vivo, conhecemos a riqueza da iconografia de barro dos nossos artesãos, entre esses o grande Mestre Vitalino, e os desenhos atuais de J.Borges - que expressam com imenso realismo a vida do povo do campo e da cidade. J.Borges foi convidado pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano, para ilustrar o seu livro intitulado: "As Palavras Andantes".  Assim, o encantamento da arte chinesa, em diferentes cores, e o impressionismo de Millet e Manet enriqueciam minha sensibilidade às diferentes expressões artísticas que sempre beliscam o que há de melhor em mim, e me estimulam à alegria da contemplação, presenteando-me de uma forma ou de outra com as diferentes dimensões da beleza e da arte. 






À saída do Gulbenkian, ainda consegui passear pelo seu magnífico parque lateral, com inúmeras nuanças de árvores e de águas, ora espelho, ora fontes e brancura. Almocei o 'menu turístico' do restaurante local onde conheci duas simpáticas portuguesas. 





Já havia passado na Praça da Figueira, bela por si mesma e por seu entorno, especialmente pela visão do Castelo de São Jorge que dali se contempla de longe e de baixo. Ao visitar o castelo, a  impressão que se tem é de um espaço grandioso de uma beleza rústica que se impõe, inserindo-se na paisagem e na história do seu povo. Um contraste de tijolo árido e luz, a luz exterior que inunda o nosso espírito de muitas emoções...


Mais tarde estive a contemplar o mar ao lado da Torre de Belém - e a me perguntar se talvez dali havia saído uma das embarcações que  se perderam do "caminho das Índias", chegando às praias das terras de Santa Cruz. Para repousar, fui ao café que serve os famosos pastéis de Belém - esses que aqui no Brasil se busca como uma preciosidade - pois é difícil encontrar um sabor que nos remeta, um pouco que seja, à delicada doçura e ao sabor único do "pastel de Belém lisbonense, lisboês ou "alfacinha", alcunha dos portugueses para os que nascem em Lisboa.


Visitei o Mosteiro dos Jerônimos - que apesar de ser visto a pouca luz nos permite contemplar sua maravilhosa parede de calacário e seus luminosos vitrais. Não consegui identificar alguma semelhança com o que já havia visto em outros países europeus. O teto da grande nave me fazia recordar igrejas visitadas na Toscana (Itália), que me disseram serem inspiradas ao gosto manuelino.  Ali ainda observei a beleza dos túmulos mais modernos da chamda "idade de ouro" portuguesa - Vasco da Gama e Luís de Camões, ambos ligados à história da descoberta do Brasil. 

À noite voltei à Torre de Belém para assistir um concerto de Mariza, com a "Sinfonietta de Lisboa". Para mim, um deslumbramento! Talvez o seu estilo chegue a falar um pouco do toque moçambicano de seu nascimento... O seu desempenho é muito pessoal, trazendo uma preciosa sonoridade ao fado.



No terceiro dia estive a visitar a região do Oceanário, que foi mantido na cidade após a Expô 2008, outra ocasião de uma minha visita a Lisboa. Não esqueço o deslumbramento daquele evento e o aprendizado que me trouxe, na ocasição. 







Depois sai a passear feito um caminhante sem destino, até alcançar a Ponte 25 de Abril de onde se tem uma espetacular vista da cidade. O meu desejo era ficar mais próxima do rio Tejo  pois nas cidades por onde passo, sempre saio em busca de contemplar as águas de seus rios, e saber deles a história das pessoas que contemplam suas passageiras águas, elas também passageiras... e quase sempre turistas. Quem mais, no correr da vida intensa das grandes cidades, lembra-se de parar um pouco a ver o correr das águas, que como a vida não voltam mais a ser o que são naquele momento?


Quanto ainda teria a dizer sobre a beleza, o sabor da comida e a graça de tantos recantos que se descobrem em Lisboa! Especialmente quando se pega o bondinho, ali mesmo próximo à Torre de Belém, e segue-se arriba até o bairro Alfama, em cujas ruelas um dia descobri um restaurante que ainda voltarei a visitar! E depois descer, descer, e apear-se nas proximidades de Rocio, a caminhar e a regalar-se de muitas surpresas observando o povo a passar... Imaginando o que terá inspirado o grande poeta Fernando Pessoa, ao escrever:



                                       Não tenho, não, já dúvida ou alegria;
                                       Mas nem regresso mais a essa dúvida
                                       Nem a essa alegria regressava,
                                       Se possível me fosse. enho o orgulho
                                       De ter chegado aqui, onde ninguém,
                                       Nem nas asas do doído pensamento
                                       Nem nas asas da louca fantasia,
                                       Chegou. E aqui me quedo. Consolado,
                                       Nesta perene desconsolação.

Deixo ao leitor o desejo de desvendar mais e mais da beleza de Lisboa - uma cidade que aprendi a amar como extensão dessa terra brasílica latino-americana. 

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Créditos imagens:    

1. Castelo de São Jorge - Lisboa - PT -  www.tripadivisor.com.br
2. Vista do Castelo e bondinho - Lisboa PT - www.pro2000.pt
3. Fundação Calouste Gulbenkianwww.jornalacores9.net 
4. "Bolhas de Sabão" - Edouard Manet - reprodução - pt.aliexpress.com  
5. Coleção chinesa (verde) - Foto casual - Arquivo do blog Espaço Poese.  
6. Serra da Capivara - Goiás-BR - Desenhos primitivos - www.cmfcps.artblog.com.br 
7. Obra do Mestre Vitalino - Pernambuco - BR - www.girafamania.com.br
8. Jardim Fundação Calouste Gulbenkian - Foto casual - Arquivo blog Espaço Poese.
9. Praça da Figueira - Lisboa-PT - www.flicker.com
10. Torre de Belém - Lisboa-PT - Foto casual - Arquivo blog Espaço Poese.
11. Aboboda Mosteiro dos Jerônimos Arquivo blog Espaço Poese. 
12. Expô 2008 - Lisboa - Foto casual - Arquivo blog Espaço Poese
13. Ponte 25 de  Abril - Lisboa-PT - www.pt.wikpedia.org   
14. Bairro Alfama - Lisboa-PT - www.blogrumbo.com
                  
*** Agradecimentos aos fotógrafos das imagens aqui creditadas, dado que nas fontes indicadas infelizmente não estão registrados os seus respectivos nomes.

Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma dessas imagens e deseja que ela seja removida deste espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com




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