É sempre importante trabalhar com dados "oficiais" sobre as desigualdades no nosso país. Também é igualmente importante conhecer a opinião de pesquisadores e estudiosos confiáveis que fazem um bom trabalho comparativo entre o que se publica e a realidade de fato. Os presentes dados - que se referem a um estudo publicado em 2018 - também poderão servir para fazer comparações com informações que já se vem publicando sobre as desigualdades no Brasil, que está se expandindo neste primeiro semestre de 2019.
A indignação que o desgoverno brasileiro atual nos vem causando, especialmente se refletimos sobre os mais vulneráveis e desassistidos, os desempregados, os sem teto e sem terra, nos atinge tanto quanto o descuido com a Educação e a Cultura no Brasil. Foi esse o grito da Greve Geral e das novas manifestações que de tantos lados falam por eles e com eles no pais. Vejamos um artigo publicado no Estado de São Paulo, há pouco mais de um ano.
A indignação que o desgoverno brasileiro atual nos vem causando, especialmente se refletimos sobre os mais vulneráveis e desassistidos, os desempregados, os sem teto e sem terra, nos atinge tanto quanto o descuido com a Educação e a Cultura no Brasil. Foi esse o grito da Greve Geral e das novas manifestações que de tantos lados falam por eles e com eles no pais. Vejamos um artigo publicado no Estado de São Paulo, há pouco mais de um ano.
Desigualdade no Brasil (era) o dobro da oficial (ainda em 2018)
Estudo mostra que abismo entre faixas A e D/E é
maior que o apontado pelo IBGE
Por: Anna Carolina Papp, O Estado
de São Paulo
Ano
a ano, pesquisas reforçam que o Brasil é um país desigual. Porém, um
levantamento mostra que a concentração de renda é ainda mais alarmante do que
as estatísticas oficiais reportam. Dados divulgados em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam
que, em 2017 as famílias da classe A ganharam 22 vezes a renda das famílias
das classes D/E. No entanto, esse abismo social tem quase o dobro do tamanho –
a diferença entre os extremos da pirâmide é de cerca de 42 vezes.
Levantamento com dados da Receita Federal mostra que, em 2016, famílias com renda mensal acima de 20 salários mínimos abocanhavam 38% da renda nacional.
Foto: Clayton de Souza/Estadão
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com base em dados da Receita Federal mostra que, em 2016, as famílias com renda
mensal acima de 20 salários mínimos abocanhavam 38% da renda nacional. Já
segundo os dados oficiais da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios
(Pnad), a classe A detinha apenas 14,9% da massa de renda.
Os economistas Adriano Pitoli e Camila Saito,
responsáveis pelo estudo, fizeram uma espécie de Pnad “ajustada” para chegar a
um número mais preciso sobre distribuição de renda. Para as famílias com ganhos
de até cinco salários mínimos por mês, foram utilizados os dados tradicionais
da Pnad. Já para a população que ganha acima desse valor, foram consideradas as
declarações de Imposto de Renda. Os dados de 2016 estão consolidados. Já o de
2017 é uma projeção com base no histórico, uma vez que as informações da
Receita referentes a 2017 só serão divulgados ao final deste ano.
“Apesar de já apontar enorme desigualdade, a Pnad
tende a subestimar os dados de renda, pois as pessoas não informam corretamente
o seu rendimento”, diz Adriano Pitoli. Ele explica que a Pnad, por ser
declaratória, não mensura de forma precisa algumas fontes de renda, como ativos
financeiros, aluguéis e ganhos eventuais, como dividendos, indenizações e FGTS.
A pesquisa aponta ainda que a subestimação fica
maior à medida que se avança na pirâmide. Nas famílias com renda de cinco a dez
salários mínimos por mês, a massa de renda ajustada pela Receita é 25% maior do
que a apurada pelo IBGE. Entre os brasileiros que ganham entre 20 e 40 salários
mínimos, o número ajustado é mais que o dobro do oficial – 159,6%. Já na faixa
de brasileiros com ganhos acima de 160 salários, a diferença é gritante – quase
120 vezes maior.
A desigualdade se deteriorou por conta da crise e o
impacto é maior sobre as extremidades – os mais pobres e os mais ricos”, diz
Pitoli. Ele afirma que, se por um lado a significativa participação de
empregadores na classe A (27% dos chefes de domicílio) possibilita reações mais
agudas e rápidas em períodos de recessão ou de recuperação, o elevado peso de
servidores nesse estrato tende a atenuar esse efeito. Além disso, a despeito
das perdas com a crise, as classes mais altas tiveram um grande ganho
financeiro nesse período, uma vez que os juros estavam em patamar elevado.
Mesmo a comemorada evolução da massa de renda real
em 2017 (2,3%), após dois anos de retração, esconde desigualdade. Os
empregadores foram os que tiveram maior queda de renda em 2016 (-6,8%), mas
também, como apontou Pitoli, a mais rápida recuperação: alta de 12,4% no ano
passado. Já entre os trabalhadores por conta própria, que cresceram em meio à
alta do desemprego, praticamente não houve melhora (0,1%).
Tamanho do bolo. A pesquisa também
mostra que o País, apesar de mais desigual, é mais rico – com o ajuste, a massa
de renda total cresceu 50,4% em relação à apurada pelo IBGE. “Apesar de o ‘bolo
ter aumentado’, a renda não foi acompanhada por crescimento econômico”, observa
Marcelo Neri, ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
e pesquisador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Nós já saímos da recessão, mas o desenvolvimento precisa vir da produtividade
partilhada – que cresce mais na base. E isso acontece com educação e incentivo
a pequenos negócios.”
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Fonte
da informação:
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,desigualdade-no-brasil-e-o-dobro-da-oficial -70002267741
Publicado pelo Estadão, em 14 de abril de 2018.
Imagem de abertura: www.portalsuaescola.com.br.jpg
Publicado pelo Estadão, em 14 de abril de 2018.
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