Após a expressiva mobilização de milhares de mulheres brasileiras e de inúmeros grupos em diferentes cidades do mundo - contra a candidatura anti-democrática, misógina e hemofóbica que todos repudiamos com o movimento ELE#NÃO - nós não poderíamos deixar de louvar um fato novo nessas eleições de 2018.
Pela primeira vez, no Brasil, há muitas candidaturas representativas dos povos autóctones e, mais ainda, de mulheres jovens e guerreiras em favor de seus direitos.
Sonia Guajujara é candidata à vice presidência na candidatura de Boulos.
Reproduzimos um artigo de Carol Castro, de
Carta Capital, sobre essa questão.
O que esperamos é que essas lideranças das comunidades nativas, tenham mais oportunidades de se preparar para concorrer com maior apoio nas próximas eleições. E que os brasileiros e brasileiras afrodescendentes também consigam chegar a esse patamar.
O Brasil teve um período de grandes feitos e de conquistas na educação e na saúde, uma excelente política de relações internacionais, e inúmeros projetos sociais que beneficiaram as populações marginais no governo Lula - um ex-torneiro mecânico que não frequentou a universidade mas se tornou o grande estadista que é, reconhecido em todo o mundo. Por que não esperar que os representantes desses povos nativos e os afrodescendentes se fortaleçam e reforcem cada vez mais sua presença na política brasileira?
A nossa Esperança, é que FERNANDO HADDAD - que nessas eleições recebe do povo a missão de enfrentar o fantasma Bolsonaro - possa continuar e ampliar o que fez o ex-presidente Lula, como tem se comprometido a fazer, se eleito presidente do Brasil.
Segue o artigo de Carta Capital:
Indígenas buscam mais espaço na política
Cresceu a
presença de candidatos indígenas nessas eleições. Mas Jair
Bolsonaro ameaça a
preservação de comunidades tradicionais.
Telma Taurepang, do PCB, concorre ao Senado pelo estado de
Roraima - a terra de Romero Jucá, envolvido em escândalos durante sua passagem
pela presidência da Funai
O ano de 2017 não foi
fácil para os povos originais do Brasil. Com uma canetada, Michel Temer acabou com 347
cargos na Funai – deixando ainda mais abandonados os mais
de 800 mil indígenas, de 300 etnias existentes no País.
Por essa mesma época, em
abril do ano passado, a socióloga Azelene Kaingang assumiu a Diretoria de
Proteção Territorial da Funai. De origem indígena, Kaingang trabalhou junto à
LLX, em 2008, para negociar com índios a troca de suas terras por fazendas,
carros e salários. E é acusada de violações de direitos indígenas. Para fechar
o pacote, Temer ainda atrasou a demarcação de terras a essas comunidades.
No melhor dos mundos
para essa população, 2019 começaria com Sônia Guajajara e
Guilherme Boulos, do PSOL, subindo a rampa do Planalto. “Temos de contrapor esse modelo econômico
baseado na produção, no uso da terra e na exploração das florestas e dos rios.
Os projetos de hoje passam por cima das comunidades e não são tão eficientes”,
contou a vice de Boulos em entrevista recente a Carta Capital.
“No atual governo, os retrocessos deixaram de ser ameaças e se tornaram
casos concretos. Em diversos estados as demarcações de terra foram anuladas”,
completou. Guajajara é a primeira
indígena a compor uma chapa presidencial. Mas dificilmente tem chances -
segundo a última pesquisa Datafolha,
a dupla tem só 1% de intenção de votos.
Fora o sonho do
Planalto, falta aos povos indígenas representatividade
no Congresso. Só o cacique Márcio Juruna, nos anos 1980, conseguiu ocupar o
cargo de deputado federal na história desse país. Nunca houve outro
representante indígena eleito, seja à Assembleia estadual ou federal. Para
piorar, nas últimas eleições o que se viu foi um aumento da bancada ruralista.
Em 2018, eles esperam eleger ao menos alguns de seus 130 candidatos – um recorde de inscrições indígenas.
Em 2018, eles esperam eleger ao menos alguns de seus 130 candidatos – um recorde de inscrições indígenas.
Telma Taurepang é uma delas. Candidata ao Senado pelo PCB de Roraima, quer ganhar uma cadeira
para lutar pelas demarcações e pelos direitos das comunidades tradicionais. “Todos esses que estão na política ou nunca
olharam para questões indígenas ou colocaram em segundo plano. Queremos fazer
valer os artigos 231 e 232 da Constituição, que nos garantem os direitos às
nossas terras, à educação diferenciada, à saúde, moradia”, explica.
A briga pelo Senado no
estado tem um velho conhecido: Romero Jucá. Em 1987, quando presidiu a Funai,
Jucá reduziu o território dos Yanomami e costurou acordos entre indígenas e
madeireiras para explorar florestas nativas.
Ao contrário de Taurepang, nem todos os candidatos de etnia indígena se
interessam pelas pautas de proteção ao meio ambiente ou às próprias causas.
“Do mesmo jeito que tem indígenas lutando
muito firmemente pela sua origem e história, que viveram processos de lutas,
tem aqueles que não participam desse processo, que não viveram a luta, e estão
usando a imagem indígena como negócio”, explicou Francisco Piyãko,
candidato a deputado federal no Acre, pelo PSOL, ao colunista Felipe Milanez.
Como pensam os
presidenciáveis
Bolsonaro também já cansou de dizer que discorda da política de demarcação de terras, por atrapalharem o agronegócio, ou impossibilitarem a construção de hidrelétricas no norte do país. Ainda assim, há indígenas encantados pelo discurso do militar.
Bolsonaro aparece, de longe, como o candidato menos interessado em questões ambientais e em manter ou preservar os direitos das comunidades tradicionais. De acordo com o Observatório do Clima, Marina Silva, da Rede, e Fernando Haddad, do PT, vêm logo atrás da chapa composta por Bolous e Guajajara, que tem o mais completo programa de governo sobre o tema.
“PT, PSOL e Rede se interessam
mais pelas populações tradicionais.
Demonstram uma maior compreensão do caráter estratégico desses ativos
socioambientais como estratégia de desenvolvimento para o futuro do país”,
explica Marcio Santilli, sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA).
Marina Silva propôs, em seu programa,
a criação de um fundo de regularização fundiária, para indenizar produtores
rurais assentados pelo próprio governo em terras indígenas e devolvê-las a essa
população. Também quer tirar da fila as demarcações pendentes na Justiça.
Já Fernando Haddad, candidato à presidência pelo PT, garante o
compromisso, de forma mais genérica, sem apontar soluções. No seu programa
ele diz:
“Promoverá a reforma agrária, a titulação
das terras quilombolas e a demarcação das áreas indígenas
(...)”, informa o programa de governo do partido. “Houve uma preocupação de encaixar essas questões ao que chamam de
‘transição ecológica’. E, embora seja mais sintético, resumido, vejo uma boa absorção
em relação às questões indígenas”, avalia Santilli.
Ciro Gomes (PDT), por
outro lado, trata de forma ainda mais genérica, sem firmar qualquer
compromisso. E gera apreensão, já que Kátia Abreu, sua companheira de chapa,
nunca fez questão de esconder seu envolvimento com o agronegócio. Em um dos
debates, no entanto, Ciro afirmou que ela já entendeu a “necessidade de
equilíbrio” nesse ponto.
Essa “necessidade de
equilíbrio” gera lucro ao país. Segundo relatório do ISA,
a comercialização de produtos existentes na biodiversidade brasileira, como
açaí, castanha brasileira, erva-mate, amêndoa de babaçu, entre outros,
movimentou cerca de 1,5 bilhão de reais entre 2013 e 2016. E não dá para esquecer a importância ambiental dessas terras. Ainda de acordo com o ISA, metade dos 52 gigas toneladas do estoque de carbono estão armazenados
em Unidades de Conservação e em terras indígenas.
Se as áreas de vegetação nativa cederem lugar ao agronegócio,
ou se perderem entre queimadas e desmatamentos, o impacto é óbvio: agravamento
do aquecimento global.
Além disso, segundo pesquisadores, não fosse pela Amazônia, o Sudeste viraria um deserto – a floresta manda umidade para cá e, com isso, provoca chuvas. Imagine, então, quanto custaria ao governo (ou seja, a nós) investir em estratégias ou tecnologias para acabar com a seca. Ou quanto tempo levaria até desfazer o estrago por entregar as florestas brasileiras ao agronegócio – em vez de deixá-las sob os cuidados das comunidades indígenas.
Além disso, segundo pesquisadores, não fosse pela Amazônia, o Sudeste viraria um deserto – a floresta manda umidade para cá e, com isso, provoca chuvas. Imagine, então, quanto custaria ao governo (ou seja, a nós) investir em estratégias ou tecnologias para acabar com a seca. Ou quanto tempo levaria até desfazer o estrago por entregar as florestas brasileiras ao agronegócio – em vez de deixá-las sob os cuidados das comunidades indígenas.
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Fonte do texto reproduzido:
https://www.cartacapital.com.br/diversidade/apos-retrocesso-de-temer-indigenas-buscam-mais-espaco-na-politica?utm_campaign=newsletter
https://www.cartacapital.com.br/diversidade/apos-retrocesso-de-temer-indigenas-buscam-mais-espaco-na-politica?utm_campaign=newsletter
Créditos
das Imagens:
1. Sonia Guajajara – http://wikipedia.org /sonia-guajajara
2. Telma Taurepang - Funai. Reprodução Facebook.
3. Telma Taurapang - www.cartacapital.com.br/diversidade
3. Francisco Piyâko – http://amazonia.org
4. Fernando Haddad - foto de Lula Marques/AGT (Infomoney)
Nota: As imagens, aqui publicadas, pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida desse espaço, por favor faça um comentário neste espaço.
2. Telma Taurepang - Funai. Reprodução Facebook.
3. Telma Taurapang - www.cartacapital.com.br/diversidade
3. Francisco Piyâko – http://amazonia.org
4. Fernando Haddad - foto de Lula Marques/AGT (Infomoney)
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