Créditos da foto: Retrato do Brasil: multidão procura emprego em mutirão do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, no início deste mês (Reprodução)
Nas recentes eleições presidenciais, o Brasil perdeu a chance de eleger um candidato cujo programa de governo era sustentado em quatro pilastras fundamentais: educação para todos, criação de postos de trabalho, exercício da democracia e bem-estar social.
Fernando Haddad,
professor, advogado e doutor em economia, conhecia muito bem o cenário em que hoje o Brasil se encontra, e já havia trabalhado, como Ministro da Educação e Prefeito de São Paulo, para os brasileiros que vivem às margens das benesses de uma pequena parcela da população.
Em agosto de 2018, por exemplo,
o IBGE apresentou o quadro atualizado da precária situação dos desempregados
brasileiros que os seus especialistas chamam os subutilizados.
Não sou especialista nem
em política nem em economia, mas o quadro apresentado pelo IBGE me passa a
triste imagem de uma parcela dos que, infelizmente, resolveu apostar num candidato sem propostas sociais, que manifestava suas preferências ante-democráticas, racistas, homofóbicas, misóginas e violentas.
Falo de uma grande parcela representada por aqueles que desejam reafirmar que estão muito bem, sim senhor, que não se importavam com a derrocada do país nas mãos dos apoiadores do golpe ante-democrático de poucos anos atrás.
Falo também de parte dos ditos
subutilizados, que votaram contra Haddad por medo da “destruição da família", inspirados na
crença que têm em um modelo da ‘família cristã' que poucos deles entendem o que
seja. Muitos se tornaram visionários da falácia de alguns pastores, que entendem mais de tabus e de moralismos ingênuos e equivocados, do que da mensagem fundamental de Jesus
Cristo.
Junto a esses, há os que se dizem "católicos", no Brasil, que se amedrontaram com um candidato que se propunha realizar projetos e promover políticas adequadas para acolher os “descartados” - usando a linguagem do Papa Francisco. Também esses estão mais devotados a cuidar de "proteger" os seus interesses e o seu patrimônio.
Junto a esses, há os que se dizem "católicos", no Brasil, que se amedrontaram com um candidato que se propunha realizar projetos e promover políticas adequadas para acolher os “descartados” - usando a linguagem do Papa Francisco. Também esses estão mais devotados a cuidar de "proteger" os seus interesses e o seu patrimônio.
Muitos ainda se mantêm no espírito da Casa Grande, e até agradecem a Deus porque foram presenteados com tantos bens, inclusive a sua fé. Mas a fé, dizia o Mestre, sem as obras, a que serve? Deixa-os na mesma posição dos antigos usineiros, que tinham um sacerdote ao seu serviço, para bendizê-los e oferecer-lhe um lugar especial em suas mesas recheadas.
Por outro lado, também conheço muitos pobres, medianos e ricos – cristãos e não cristãos – que têm empenhado as suas energias em projetos políticos e sociais de acolhida e integração dos empobrecidos em atividades de produção, repartindo com eles seus saberes, seus talentos e recursos, para que possam ter oportunidades de cuidar de suas próprias vidas com trabalho e dignidade.
São muitas experiências, como, por exemplo, os projetos que envolvem grupos diversos de jovens e de mulheres em empreitadas dessa natureza. E há ainda o Movimento da Economia de Comunhão - EdC, que surgiu no Brasil e tem atuação em vários países. No Brasil, atua em parceria e troca de aprendizados com outras organizações, atuando para apoiar a formação de pessoas com vocação empreendedora, para ajudá-los a superar situações de vulnerabilidade e realizar pequenos e médios projetos produtivos que têm dado certo.
Mas somos uma gota d'água no chão brasileiro das multidões de descartados. O papel de um Governo sensível aos povos indígenas, aos negros, aos sem trabalho e sem escola seria fundamental para reverter tal situação. Essa era a nossa grande Esperança.
O que fazer agora?
Por outro lado, também conheço muitos pobres, medianos e ricos – cristãos e não cristãos – que têm empenhado as suas energias em projetos políticos e sociais de acolhida e integração dos empobrecidos em atividades de produção, repartindo com eles seus saberes, seus talentos e recursos, para que possam ter oportunidades de cuidar de suas próprias vidas com trabalho e dignidade.
São muitas experiências, como, por exemplo, os projetos que envolvem grupos diversos de jovens e de mulheres em empreitadas dessa natureza. E há ainda o Movimento da Economia de Comunhão - EdC, que surgiu no Brasil e tem atuação em vários países. No Brasil, atua em parceria e troca de aprendizados com outras organizações, atuando para apoiar a formação de pessoas com vocação empreendedora, para ajudá-los a superar situações de vulnerabilidade e realizar pequenos e médios projetos produtivos que têm dado certo.
Mas somos uma gota d'água no chão brasileiro das multidões de descartados. O papel de um Governo sensível aos povos indígenas, aos negros, aos sem trabalho e sem escola seria fundamental para reverter tal situação. Essa era a nossa grande Esperança.
O que fazer agora?
Retomemos a vida, a nossa missão de divulgar ações de efetivo empenho com os mais vulneráveis da sociedade, e testemunhos de superação dos seus limites e dos seus temores e das suas dores. Comecemos por analisar os dados atuais do IBGE, levantados antes das eleições, numa matéria originalmente publicada na Rede Brasil Atual.
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Em
dois anos, o país acumulou mais 5 milhões de subutilizados e mais de um
milhão e meio de desalentados
Segundo o IBGE, no segundo trimestre a subutilização da mão-de-obra chegou a 27,6 milhões: queriam trabalhar, mas não conseguiram emprego. E outros 4,8 milhões desistiram de procurar trabalho.
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Por: Redação RBA
17/08/2018 17:04
São Paulo – O país fechou o segundo trimestre com 27,636 milhões de
subutilizados, termo usado pelo IBGE para definir o conjunto de desempregados e
aqueles que gostariam de trabalhar mais, mas não conseguem. Um número estável
diante do primeiro trimestre, mas que subiu em relação a igual período de 2017,
com a taxa passando de 23,8% para 24,6%. No segundo trimestre de 2016, eram
22,651 milhões. Assim, depois de dois anos, a partir do impeachment de Dilma Rousseff, esse contingente aumentou em quase 5 milhões.
Pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados nesta quinta-feira (16), isso acontece também com os desalentados, aquelas pessoas que desistiram de procurar emprego por diversas razões. Eram 4,833 milhões no final do segundo trimestre – a maior quantidade da série histórica, iniciada em 2012 –, ante 4,630 milhões no primeiro, 3,994 milhões há um ano e 3,242 milhões em 2016 – 1,6 milhão a mais em dois anos.
Os desalentados somam 4,4% da força de trabalho, também o maior percentual da série. Eram 3,7% um ano atrás. Mas chegam a 16,2% no Maranhão e a 16,6% em Alagoas. E se reduzem a 1,2% no Rio de Janeiro e a 0,7% em Santa Catarina.
Segundo o IBGE, as maiores taxas de subutilização são as de Piauí (40,6%), Maranhão e Bahia (ambos com 39,7%). E as menores, de Santa Catarina (10,9%), Rio Grande do Sul (15,2%) e Rondônia (15,5%). Em São Paulo, a taxa é de 13,6%.
Perfil do desemprego
Considerada apenas a taxa de desemprego, as maiores no segundo trimestre
foram apuradas em Amapá (21,3), Alagoas (17,3%), Pernambuco (16,9%), Sergipe
(16,8%) e Bahia (16,5%). As menores, em Santa Catarina (6,5%), Mato Grosso do
Sul (7,6%), Rio Grande do Sul (8,3%) e Mato Grosso (8,5%). A taxa média
brasileira foi de 12,4%. Entre as capitais, a maior é a de São Luís (19,6%) e a
menor, de Florianópolis (6,3%).
A proporção diminuiu, mas as mulheres ainda são maioria (51%) entre os desempregados. A taxa de desemprego delas é de 14,2%, ante 11% dos homens. Quase 35% dos desempregados têm de 25 a 39 anos, 32% têm de 18 a 24 anos e 22,7%, de 40 a 59 anos. Pretos e pardos (classificação do IBGE) representam 64,1% dos desempregados e brancos, 35%. A taxa de desemprego dos pretos é de 15,5% e a dos brancos, de 9,9%.
No recorte por escolaridade, a maior taxa de desemprego segue sendo a do grupo com ensino médio incompleto (21,1%). Entre os que têm
ensino superior completo, cai para 6,3%.
De acordo com a Pnad, 74,9% dos empregados no setor privado tinham carteira assinada no segundo trimestre, 0,9 ponto percentual a menos do que em igual período do ano passado. No trabalho doméstico, a proporção de registro em carteira caiu de 30,6% para 29,4%.
O país tinha 91,2 milhões de ocupados no final do segundo trimestre. Desse total, 67,6% eram empregados (incluindo domésticos), enquanto 25,3% trabalhavam por conta própria, percentuais que sobem para 34,3% no Pará, 33% no Maranhão e 32,2% no Amazonas.
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Fonte do texto:
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*Publicado originalmente na Rede Brasil Atual
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