
“Eu só queria nascer de novo,
pra me ensinar a viver!” [i]
Esse desejo da pequena Herzer
– menina de rua e poeta – também pode ecoar em nossa vida, na ânsia de
consertar uma atitude tomada na adolescência, na juventude ou mesmo na idade
adulta: nascer de novo, recomeçar!
Se hoje eu pudesse encontrar essa garota – eu que há
mais de sete décadas vejo o nascer e o pôr do sol – diria a ela que seguisse em
frente, na sabedoria dos seus poucos anos, tendo o cuidado de ser fiel ao seu
desejo tão intenso: nascer de novo, recomeçar!

Sim, é possível nascer
de novo, quando alguém se propõe a aprender, com sinceridade – e, possivelmente,
em comunhão com outros – a recomeçar a cada momento, dia após dia. Esta é uma
sabedoria secular, de imensa simplicidade e, ao mesmo tempo, carregada de
sentido para o nosso viver.
Recomeçar a cada
momento não significa ficar preocupado com o que vai acontecer a cada instante;
basta cuidar de manter o coração atento e não se deixar corroer pelas
lembranças do passado, nem se exasperar com o que virá a acontecer mais tarde: “a
cada dia o seu fardo”, diz a sabedoria do Evangelho.
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Nascer de novo é
consignar a nossa história pessoal à profundeza de Deus – Alá ou Javé, o Pai/Mãe, a
Energia Vital, o Ser, o Pastor, o Indizível, o Desconhecido, o Deus Amor. Entregar a Ele a
nossa história pessoal – a do passado, a de hoje e a de amanhã (se amanhã
houver). Este é o gesto fundamentador
dos crentes de toda a história da humanidade: confiar-se aos cuidados de Deus, realizando
no dia a dia aquilo que a vida nos exige e também nos enleva.
Na profundidade do seu verso, a menina poeta me estimula a
viver este momento em que me empenho em comunicar o que há de
melhor em mim. E você, por sua vez, neste momento em que se dispõe a ler esses
rabiscos, talvez em busca de alguma carícia para o seu coração ou quiçá, de algo que possa alumiar um pouco mais o seu cotidiano viver.
É desse modo que comungamos o dom um ao outro,
no desejo de estender esse vento suave de vida que a experiência e a poesia carregam
em si.

E por falar em poesia e vida, encontrei uma feliz confirmação desse meu pensar nas palavras de um grande líder americano, Martin Luther King. Eu gostaria de dedicar esses seus versos à menina Herser:
Nós não somos o que
gostaríamos de ser
Nós não somos o que
ainda iremos ser
Mas, graças a Deus,
não somos mais quem nós éramos.
[i] Herzer, menina
de rua e poeta, citada por Leonardo
Boff.
Fonte das imagens:
1. Meninas brincando - Desenho de Abelardo da Hora - Recife (Brasil)
2. Cantores - Brennand - Foto divulgação de obra exposta na entrada da sua oficina Brennand, em Recife (Brasil)
3. Papa Francisco com os chefes dos Estados da Autoridade Palestina e de Israel - divulgação na internet.
4. Figura egípcia exposta no Museu Louvre - foto do acervo do museu, na internet.
5. Martin Luther King - Wikpedia.
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida deste espaço, por favor entre em contato com vrblog@hotmail.com
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