Faz um ano
hoje que luiz inácio lula da silva
- o
reconhecido ex-presidente lula –
se tornou o preso político
por quem a onu, juristas do
brasil e do mundo,
e grandes figuras nacionais
e internacionais,
defensores
da democracia,
reclamam a sua liberdade
UM ANO
Artigo de Lula: 'Por que têm tanto medo
de Lula livre?'
Em texto na
"Folha de S.Paulo", ex-presidente ressalta opinião de juristas do
Brasil e do mundo sobre a parcialidade de Sergio Moro, confirmada ao se tornar
ministro do governo que ajudou a eleger
por Redação RBA - publicado 07/04/2019

Lula diz ter a consciência tranquila e que sua
condenação é resultado de uma farsa judicial e sequência de um
movimento político iniciado pelos derrotados nas urnas nas eleições
presidenciais de 2014. E assinala que o que mais o angustia é o sofrimento
imposto ao povo, com direitos sendo alvo de ataques desde então.
"Era preciso impedir
minha candidatura a qualquer custo. A Lava Jato, que foi pano de fundo no golpe
do impeachment, atropelou prazos e prerrogativas da defesa para me condenar
antes das eleições", afirma o texto. "Haviam
grampeado ilegalmente minhas conversas, os telefones de meus advogados e até a
presidenta da República. Fui alvo de uma condução coercitiva ilegal, verdadeiro
sequestro. Vasculharam minha casa, reviraram meu colchão, tomaram celulares e
até tablets de meus netos."
Ao questionar por que o
sistema responsável por sua prisão "tem
medo de Lula livre", o ex-presidente afirma: "Eles sabem que minha libertação é parte
importante da retomada da democracia no Brasil. Mas são incapazes de conviver
com o processo democrático".
Leia o artigo na
íntegra:

O que mais me
angustia, no entanto, é o que se passa com o Brasil e o sofrimento do nosso
povo. Para me impor um juízo de exceção, romperam os limites da lei e da
Constituição, fragilizando a democracia. Os direitos do povo e da cidadania vêm
sendo revogados, enquanto impõem o arrocho dos salários, a precarização do
emprego e a alta do custo de vida. Entregam a soberania nacional, nossas
riquezas, nossas empresas e até o nosso território para satisfazer interesses
estrangeiros.
Hoje está claro que a
minha condenação foi parte de um movimento político a partir da reeleição da
presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Derrotada nas urnas pela quarta vez
consecutiva, a oposição escolheu o caminho do golpe para voltar ao poder,
retomando o vício autoritário das classes dominantes brasileiras.
O golpe do
impeachment sem crime de responsabilidade foi contra o modelo de
desenvolvimento com inclusão social que o país vinha construindo desde 2003. Em
12 anos, criamos 20 milhões de empregos, tiramos 32 milhões de pessoas da
miséria, multiplicamos o PIB por cinco. Abrimos a universidade para milhões de
excluídos. Vencemos a fome.
Aquele modelo era e é
intolerável para uma camada privilegiada e preconceituosa da sociedade. Feriu
poderosos interesses econômicos fora do país. Enquanto o pré-sal despertou a
cobiça das petrolíferas estrangeiras, empresas brasileiras passaram a disputar mercados
com exportadores tradicionais de outros países.
O impeachment veio
para trazer de volta o neoliberalismo, em versão ainda mais radical. Para
tanto, sabotaram os esforços do governo Dilma para enfrentar a crise econômica
e corrigir seus próprios erros. Afundaram o país num colapso fiscal e numa
recessão que ainda perdura. Prometeram que bastava tirar o PT do governo que os
problemas do país acabariam.
O povo logo percebeu
que havia sido enganado. O desemprego aumentou, os programas sociais foram esvaziados,
escolas e hospitais perderam verbas. Uma política suicida implantada pela
Petrobras tornou o preço do gás de cozinha proibitivo para os pobres e levou à
paralisação dos caminhoneiros. Querem acabar com a aposentadoria dos idosos e
dos trabalhadores rurais.
Nas caravanas pelo
país, vi nos olhos de nossa gente a esperança e o desejo de retomar aquele
modelo que começou a corrigir as desigualdades e deu oportunidades a quem nunca
as teve. Já no início de 2018 as pesquisas apontavam que eu venceria as
eleições em primeiro turno. Era preciso impedir minha candidatura a qualquer
custo. A Lava Jato, que foi pano de fundo no golpe do impeachment, atropelou
prazos e prerrogativas da defesa para me condenar antes das eleições.
Haviam grampeado
ilegalmente minhas conversas, os telefones de meus advogados e até a presidenta
da República. Fui alvo de uma condução coercitiva ilegal, verdadeiro sequestro.
Vasculharam minha casa, reviraram meu colchão, tomaram celulares e até tablets
de meus netos. Nada encontraram para me incriminar: nem conversas de bandidos,
nem malas de dinheiro, nem contas no exterior. Mesmo assim fui condenado em
prazo recorde, por Sergio Moro e pelo TRF-4, por “atos indeterminados” sem que
achassem qualquer conexão entre o apartamento que nunca foi meu e supostos
desvios da Petrobras. O Supremo negou-me um justo pedido de habeas corpus, sob
pressão da mídia, do mercado e até das Forças Armadas, como confirmou
recentemente Jair Bolsonaro, o maior beneficiário daquela perseguição.

Os mais renomados
juristas do Brasil e de outros países consideram absurda minha condenação e
apontam a parcialidade de Sergio Moro, confirmada na prática quando aceitou ser
ministro da Justiça do presidente que ele ajudou a eleger com minha condenação.
Tudo o que quero é que apontem uma prova sequer contra mim.

Na verdade, o que
eles temem é a organização do povo que se identifica com nosso projeto de país.
Temem ter de reconhecer as arbitrariedades que cometeram para eleger um
presidente incapaz e que nos enche de vergonha. Eles sabem que minha libertação
é parte importante da retomada da democracia no Brasil. Mas são incapazes de
conviver com o processo democrático.
Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente da República (2003-2010)
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Fonte do artigo de Lula,
publicado em 7-04-2019, na Folha de São Paulo:
Crédito
das imagens: divulgação da Rede Brasil Atual
1 - Ato de apoio a Lula na ONU - Os manifestantes ocuparam a emblemática
Place des Nations (Praça da Nações), palco em que, ao longo da história já
foi pedida a libertação de outros grandes líderes como Nelson Mandela, Xanana Gusmão, e Dalai Lama, entre outros.
2 - Ruas no entorno da PF são tomadas por manifestantes neste 7 de abril
para protestar contra a prisão política do ex-presidente, com a
presença de Fernando Haddad. A polícia parecia não esperar tantos
manifestantes.
3 - Ato em Florianópolis, com Haddad, por Lula Livre.
4 - O primeiro dia de atos da Caravana Lula Livre nesta
sexta-feira (5), percorreu a cidade de Porto
Alegre, com a presença
de Manuela d´Ávila.
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