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ARTIGO DE LULA - EX-PRESIDENTE DO BRASIL

07 abril, 2019


 

Faz um ano hoje que luiz inácio lula da silva
- o reconhecido ex-presidente lula –
se tornou o preso político
por quem a onu, juristas do brasil e do mundo,
e grandes figuras nacionais e internacionais,
defensores da democracia,
reclamam a sua liberdade

UM ANO
Artigo de Lula:  'Por que têm tanto medo de Lula livre?'
Em texto na "Folha de S.Paulo", ex-presidente ressalta opinião de juristas do Brasil e do mundo sobre a parcialidade de Sergio Moro, confirmada ao se tornar ministro do governo que ajudou a eleger

por Redação RBA - publicado 07/04/2019

Neste domingo (7), em que Luiz Inácio Lula da Silva completa uma ano de prisão, considerada uma prisão política por especialistas em direito no Brasil e no mundo, o ex-presidente afirma, em artigo publicado na Folha de São Paulo, estar preso injustamente por um crime que nunca existiu. 

Lula diz ter a consciência tranquila e que sua condenação é resultado de uma farsa judicial e sequência de um movimento político iniciado pelos derrotados nas urnas nas eleições presidenciais de 2014. E assinala que o que mais o angustia é o sofrimento imposto ao povo, com direitos sendo alvo de ataques desde então.

"Era preciso impedir minha candidatura a qualquer custo. A Lava Jato, que foi pano de fundo no golpe do impeachment, atropelou prazos e prerrogativas da defesa para me condenar antes das eleições", afirma o texto. "Haviam grampeado ilegalmente minhas conversas, os telefones de meus advogados e até a presidenta da República. Fui alvo de uma condução coercitiva ilegal, verdadeiro sequestro. Vasculharam minha casa, reviraram meu colchão, tomaram celulares e até tablets de meus netos."

Ao questionar por que o sistema responsável por sua prisão "tem medo de Lula livre", o ex-presidente afirma: "Eles sabem que minha libertação é parte importante da retomada da democracia no Brasil. Mas são incapazes de conviver com o processo democrático".
Leia o artigo na íntegra:   

Faz um ano que estou preso injustamente, acusado e condenado por um crime que nunca existiu. Cada dia que passei aqui fez aumentar minha indignação, mas mantenho a fé num julgamento justo em que a verdade vai prevalecer. Posso dormir com a consciência tranquila de minha inocência. Duvido que tenham sono leve os que me condenaram numa farsa judicial.

O que mais me angustia, no entanto, é o que se passa com o Brasil e o sofrimento do nosso povo. Para me impor um juízo de exceção, romperam os limites da lei e da Constituição, fragilizando a democracia. Os direitos do povo e da cidadania vêm sendo revogados, enquanto impõem o arrocho dos salários, a precarização do emprego e a alta do custo de vida. Entregam a soberania nacional, nossas riquezas, nossas empresas e até o nosso território para satisfazer interesses estrangeiros.

Hoje está claro que a minha condenação foi parte de um movimento político a partir da reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2014. Derrotada nas urnas pela quarta vez consecutiva, a oposição escolheu o caminho do golpe para voltar ao poder, retomando o vício autoritário das classes dominantes brasileiras.

O golpe do impeachment sem crime de responsabilidade foi contra o modelo de desenvolvimento com inclusão social que o país vinha construindo desde 2003. Em 12 anos, criamos 20 milhões de empregos, tiramos 32 milhões de pessoas da miséria, multiplicamos o PIB por cinco. Abrimos a universidade para milhões de excluídos. Vencemos a fome.

Aquele modelo era e é intolerável para uma camada privilegiada e preconceituosa da sociedade. Feriu poderosos interesses econômicos fora do país. Enquanto o pré-sal despertou a cobiça das petrolíferas estrangeiras, empresas brasileiras passaram a disputar mercados com exportadores tradicionais de outros países.

O impeachment veio para trazer de volta o neoliberalismo, em versão ainda mais radical. Para tanto, sabotaram os esforços do governo Dilma para enfrentar a crise econômica e corrigir seus próprios erros. Afundaram o país num colapso fiscal e numa recessão que ainda perdura. Prometeram que bastava tirar o PT do governo que os problemas do país acabariam.

O povo logo percebeu que havia sido enganado. O desemprego aumentou, os programas sociais foram esvaziados, escolas e hospitais perderam verbas. Uma política suicida implantada pela Petrobras tornou o preço do gás de cozinha proibitivo para os pobres e levou à paralisação dos caminhoneiros. Querem acabar com a aposentadoria dos idosos e dos trabalhadores rurais.

Nas caravanas pelo país, vi nos olhos de nossa gente a esperança e o desejo de retomar aquele modelo que começou a corrigir as desigualdades e deu oportunidades a quem nunca as teve. Já no início de 2018 as pesquisas apontavam que eu venceria as eleições em primeiro turno. Era preciso impedir minha candidatura a qualquer custo. A Lava Jato, que foi pano de fundo no golpe do impeachment, atropelou prazos e prerrogativas da defesa para me condenar antes das eleições.

Haviam grampeado ilegalmente minhas conversas, os telefones de meus advogados e até a presidenta da República. Fui alvo de uma condução coercitiva ilegal, verdadeiro sequestro. Vasculharam minha casa, reviraram meu colchão, tomaram celulares e até tablets de meus netos. Nada encontraram para me incriminar: nem conversas de bandidos, nem malas de dinheiro, nem contas no exterior. Mesmo assim fui condenado em prazo recorde, por Sergio Moro e pelo TRF-4, por “atos indeterminados” sem que achassem qualquer conexão entre o apartamento que nunca foi meu e supostos desvios da Petrobras. O Supremo negou-me um justo pedido de habeas corpus, sob pressão da mídia, do mercado e até das Forças Armadas, como confirmou recentemente Jair Bolsonaro, o maior beneficiário daquela perseguição.

Minha candidatura foi proibida contrariando a lei eleitoral, a jurisprudência e uma determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU para garantir os meus direitos políticos. E, mesmo assim, nosso candidato Fernando Haddad teve expressivas votações e só foi derrotado pela indústria de mentiras de Bolsonaro nas redes sociais, financiada por caixa 2 até com dinheiro estrangeiro, segundo a imprensa.

Os mais renomados juristas do Brasil e de outros países consideram absurda minha condenação e apontam a parcialidade de Sergio Moro, confirmada na prática quando aceitou ser ministro da Justiça do presidente que ele ajudou a eleger com minha condenação. Tudo o que quero é que apontem uma prova sequer contra mim.

Por que têm tanto medo de Lula livre, se já alcançaram o objetivo que era impedir minha eleição, se não há nada que sustente essa prisão?

Na verdade, o que eles temem é a organização do povo que se identifica com nosso projeto de país. Temem ter de reconhecer as arbitrariedades que cometeram para eleger um presidente incapaz e que nos enche de vergonha. Eles sabem que minha libertação é parte importante da retomada da democracia no Brasil. Mas são incapazes de conviver com o processo democrático.

Luiz Inácio Lula da Silva
Ex-presidente da República (2003-2010)

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Fonte do artigo de Lula, publicado em 7-04-2019, na Folha de São Paulo:

Crédito das imagens: divulgação da Rede Brasil Atual

1 - Ato de apoio a Lula na ONU - Os manifestantes ocuparam a emblemática 
      Place des Nations (Praça da Nações), palco em que, ao longo da história já 
      foi pedida a libertação de outros grandes líderes como Nelson Mandela,                                      Xanana Gusmão, e Dalai Lama, entre outros.       
2 - Ruas no entorno da PF são tomadas por manifestantes neste 7 de abril
      para protestar contra a prisão política do ex-presidente, com a 
      presença de Fernando Haddad. A polícia parecia não esperar tantos
      manifestantes. 
3 Ato em Florianópolis, com Haddad, por Lula Livre.
4 - O primeiro dia de atos da Caravana Lula Livre nesta 
     sexta-feira (5), percorreu a cidade de Porto Alegre, com a presença
     de Manuela d´Ávila.


     















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