Uma matéria da Sputniknews – com o título: Acabou a lua de mel? – nos faz sentir que a temperatura da economia do país está descendo ladeira
abaixo, feito um termômetro descontrolado, refém de um governo que não governa
e, igualmente, das manobras políticas que atingem a macroeconomia global. As informações são do pesquisador
sênior da área de Economia Aplicada da FGV/IBRE, Marcel Balassiano, e de José Penna, economista chefe da Porto Seguro Investimentos.
Segue o texto da matéria citada.
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Pela
primeira vez no ano, economistas de instituições financeiras reduziram a estimativa de alta do PIB
para abaixo da marca de 2%. A queda na previsão de crescimento acompanha uma tendência observada nos
últimos boletins Focus, realizados pelo Banco Central semanalmente.
Especialistas explicam o que pode estar por trás do pessimismo.
Para o economista do Instituto
Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FVG), Marcel Balassiano, a piora no humor do mercado pode ser explicada pelos resultados
macroeconômicos do último trimestre de 2018 e do primeiro em 2019, que
trouxeram indicadores abaixo do esperado. Ele também acredita que a possibilidade de
desidratação da reforma da previdência no Congresso tem impacto direto no
pessimismo.
"Após o período
eleitoral, os índices de confiança apresentaram tendência de alta e
as variáveis do mercado financeiro ensaiaram trajetória de crescimento. A
FGV pondera a situação atual e a expectativa para o futuro. Essa melhoria da
confiança está ligada a expectativas e não a mudança de fato no cenário
estabelecido. Só que os problemas do governo — como a briga entre o
presidente e o Rodrigo Maia — levam a uma incerteza
maior e a uma diminuição da confiança", pondera o
economista. No mês de março, o Índice de Confiança
Empresarial (ICE) metrificado pela FGV caiu para o menor nível desde outubro de
2018.
Marcel ressalta que, até que a reforma seja
aprovada, a oscilação na expectativa e na bolsa serão comuns. Para ele, o
mercado reage muito mais rápido à movimentação política do que à economia
porque tenta precificar ganhos e perdas. Assim, "o timing de como vai
acontecer a votação da reforma (da previdência), as mudanças que ocorrerão
ou não, tudo isso vai ditar o rumo nos próximos meses principalmente em relação
ao mercado financeiro e na confiança e projeções do empresariado".
"No
fim das contas, a grande questão para 2019 seja talvez não econômica, mas sim
política. Da reforma da previdência depende um crescimento mais forte ou não no
futuro", avalia.
Economista-chefe da Porto Seguro
Investimentos, José Penna concorda, destacando
que "embora haja convicção de que a
reforma será aprovada, duas questões permanecem: o prazo e o nível de economia
fiscal após a tramitação, já que há expectativa de diluição da economia
originalmente pretendida" pela equipe
do ministro da Economia, Paulo Guedes.
"O próprio presidente deixou
aberta a possibilidade de se rediscutir a idade mínima para aposentadoria de
mulheres e há um aparente consenso no Congresso contra as mudanças no
Benefício de Prestação Continuada (BPC)", menciona, em referência ao
pagamento concedido a idosos de baixa-renda que atualmente é de um salário
mínimo e pelo texto seria fixado em R$400 reais até que se complete 70 anos de
idade.
Penna também ressalta a agenda de desaceleração mundial.
Para ele, a instalação de tensões comerciais
entre China e Estados Unidos produziu efeitos-cascata mundiais, impactando sobretudo a Europa. "Há questões
específicas, como a decisão do governo chinês em desacelerar a economia
nacional desde 2016 e que produziu uma queda nos indicadores globais de forma
defasada. O Brexit e indicadores de produtividade na Europa também
contam".
O economista destaca que o mercado vai estar de olho nos resultados das
negociações entre Planalto e Congresso.
Ao final da viagem para Israel nesta quarta, Bolsonaro falou à imprensa sobre
"jogar pesado na questão da
Previdência". Ele deve receber líderes
partidários ainda nesta semana, na tentativa de reparar o relacionamento
estremecido com parlamentares.
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Fonte do texto: reproduzido do site Carta Maior
Crédito das Imagens:
1. Ricos e pobres - Foto da revista "Cidade Nova" - junho/2016
2. Banco Central - Foto de Antônio Cruz/Agência Brasil - reprodução da imagem do texto acima.
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