Vanise Rezende - clique para ver seu perfil

A MINHA HISTÓRIA NAS MÃOS

02 maio, 2014


Há momentos, na vida, em que não se consegue escrever ou falar – pode-se apenas viver. Grandes são aqueles que na literatura, na dança, no teatro, nas artes em geral conseguem atingir, engenhosamente, alguns acordes da experiência do amor e da dor.

A música me parece ser mais fiel, delicadamente nascida para nada dizer, mas para sugerir à alma os acordes poéticos do amor ou revelar-lhe o ruído torturante do sofrimento. Sua harmonia será tanto mais sentida, quanto mais irmanado alguém se fizer do artista com o seu próprio momento de vida.

Rabisquei essas ideias há anos atrás, quando me parecia reviver, tal como um filme ao revés, uma história que, então, se não a tomasse nas mãos e não lhe desse um nome e um destino, poderia tornar-se mais uma estúpida novela de cenas repetidas, infiéis ao seu roteiro original.

Tomar a própria história nas mãos é graça, é coragem de conhecê-la até onde se viveu e, talvez, reconhecê-la mesquinha. É perceber que não se sabe claramente o para onde, embora o para quê reclame atitude e esperança.

A história nas mãos é assumir a liberdade de escolha do rumo do próprio caminho, que não exclui o aprendizado adquirido na convivência com o outro, o diferente de si, nem o desejo de realizar, um dia, a experiência da reciprocidade.  

A opção da liberdade de escolha não é coisa tão simples, especialmente quando a nossa atitude recai numa história que se realizara a dois, em busca do exercício do afeto e da cumplicidade. Na cumplicidade, a liberdade individual adquire o seu maior impulso, deixa de significar, apenas, o poder de realizar aquilo que se quer, para deitar-se em espaços mais amplos e auspiciosos.   


A liberdade  atinge o seu o pleno sentido, quando alguém consegue engendrar vivências que promovam situações de esperança e de serenidade, para si e para o outro. É verdade que, em certos momentos, para se permanecer fiel às próprias escolhas chega-se a magoar o outro, ou aqueles com quem se convive. Pode-se, então, ser cobrado das próprias decisões. Para enfrentar esses momentos, é importante promover um cuidadoso diálogo, para não deixar que esvaeça aquilo que mais importa: a fidelidade à benevolente compreensão, na convivência com as pessoas.





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Imagem: Madeleine Veilleuse -  George de La Tour - Museu do Louvre - Paris





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