Alguns
meses se passaram e ela ainda saberia dizer o dia e a hora, descrever aquele olhar
emocionado, a sensação das mãos a se tocarem, e a sonoridade envolvente de suas
palavras no momento da despedida: o
que eu mais desejo, de coração, é partir agora com você! Assim ele dissera, com a ansiedade do tempo que urgia. Ela, emocionada, partira com a certeza doída da distância necessária.
Naquela vez o encontrara mais presente e alegre, embora, como sempre, de forma contida. Conversaram sobre arte, viagens e os sonhos recíprocos da idade madura. Saíram juntos a conhecer novas lugares que só ele sabia encontrar. E subiram de automóvel até o planalto da montanha que eles tanto amavam.
Contidos, não ousavam falar daquilo que, então, os surpreendia - um afeto doce e forte, que se insinuava em cada gesto, em cada olhar... Um sentimento nascente no regaço das grandes impossibilidades.
Contidos, não ousavam falar daquilo que, então, os surpreendia - um afeto doce e forte, que se insinuava em cada gesto, em cada olhar... Um sentimento nascente no regaço das grandes impossibilidades.
Quando chegou de volta ao seu país, a distância e o tempo parecia ampliar a evidência
de tudo o que quiseram silenciar, e a saudade a fazia imaginá-lo a surpreendê-la, como a primavera que irrompe num chão coberto de neve.
Resta-lhe o desejo de que haverá, quiçá, um dia e uma hora em que eles se permitirão expressar o que ficara encerrado na memória daqueles dias.
Imagens: www.canstockphoto.com.br
Memórias,VaniseRezende,Amor/Amizade,
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