A presença do povo que acampa hoje nesta cidade do Sul do Brasil – representando organizações sociais brasileiras e centenas de pessoas de diferentes regiões do país – é uma significativa manifestação do sentimento do povo brasileiro comprometido com a democracia, os direitos humanos, a justiça e a liberdade de expressar seus interesses políticos.

No peso que carrega das agruras que as instituições anti-democráticas o fazem passar, um dos últimos fatos foi a Justiça Federal do Distrito Federal ter determinado (na terça-feira 8.05.2017) a suspensão das atividades do Instituto Lula. A decisão foi tomada no âmbito da ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato. Em sua decisão, o juiz substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, Ricardo Augusto Soares Leite, disse que, pelo teor do depoimento dado por Lula à Justiça, verificou que a sede do instituto pode ter sido "instrumento ou pelo menos local de encontro para a perpetração de vários ilícitos criminais".(i)

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Branca dos Santos, que se nega a contar a idade, estava entre os militantes (do MST). Filha de agricultores vítimas da geada de 1975, que arrasou os cafezais do Paraná, viveu em Suzano (SP) onde o pai foi operário de uma indústria química. Ao se aposentar resolveu voltar às raízes: “Meu pai era um homem do campo. Eu não queria viver na cidade grande e retornei ao Paraná".
E continuou: "Vim a Curitiba para mostrar que nós, os trabalhadores sem-terra, vamos lutar por nossa causa. Lula faz parte dessa estratégia. Sua liberdade é a nossa liberdade. Estamos junto nessa caminhada”, afirmou. "Queremos um governo com compromissos populares. É grande a presença de jovens entre os manifestantes acampados".
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Suzane Silva é nordestina de Vitória do Santo Antão (PE). Estudante do último ano de enfermagem, na Universidade Federal de Pernambuco, veio a Curitiba para participar da manifestação. O namorado, Adilson Matos, 26 anos – graduado em Licenciatura em Educação do Campo, pela Universidade do Oeste do Paraná – é coordenador da Escola Milton Santos, em Maringá, norte do Paraná. Se conheceram em um treinamento na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP).
Suzane é filha de latifundiários: “Meu pai é um grande proprietário de terras. Minha família não aceita minha decisão. Ainda hoje recebi uma mensagem da minha mãe onde ela diz esperar 'que eu não esteja participando dos protestos’, afirmou.
Suzane cresceu ouvindo a versão que o movimento era um grupo de desocupados. “Eu era mais uma que aceitava a versão da mídia”. O primeiro contato com a realidade dos sem-terra aconteceu num estágio da faculdade. Temerosa, foi visitar um acampamento no interior de Pernambuco, como parte de seu currículo escolar. Era o projeto 'Vivência e Realidade do Sistema Único de Saúde' (Versus).
“A realidade daquela gente me chocou. Eu não tinha noção do que se passava. Sabia da importância da saúde pública, mas nunca tinha vivenciado aquele drama. Foi ali que decidi me engajar ao movimento”. Atualmente, é coordenadora do Setor de Formação do MST em Pernambuco.
Adilson Matos, o namorado, tem outra história. Conheceu na pele as agruras da vida em um
acampamento, aos 10 anos, quando o pai se engajou no movimento: “Pude experimentar e conhecer a realidade de viver num acampamento sem as mínimas condições. Sei o que é a luta para conquistar um pedaço de terra” disse Adilson. Agora, juntos, querem levar adiante a luta do campo pelos direitos de milhões de brasileiros.
Embora contestem e critiquem a política de reforma agrária no governo Lula – “poderia ter sido melhor” – reconhecem que seu governo foi parceiro do movimento. “Tínhamos divergências pontuais e acho que o presidente Lula poderia ter avançado mais na questão da reforma agrária. Mas agora estamos aqui para lutar por justiça, por sua liberdade”.
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Se a juventude é a esperança de um futuro melhor, a experiência e a sabedoria do passado não podem ser esquecidas. No vai e vem de pessoas que transitam pelo acampamento, a professora aposentada Roseni Cabral Violin, 77 anos, chama a atenção. Passos lentos, amparada pelo filho, caminha e observa tudo o que vê.
“Sempre fui muito preocupada com as questões sociais” afirmou. Na adolescência, fez parte da Juventude Estudantil Católica (JEC), um movimento ligado à Igreja Católica que teve grande importância na resistência à ditadura militar de 64. Mais tarde, o casamento com um físico, professor da USP e os filhos fizeram-na abandonar a militância política. “Na sala de aula, como professora, continuei engajada na discussão das questões sociais com os jovens”.
Para Roseni Violin, a juventude hoje perdeu um pouco daquele ímpeto de sua geração: “Às vezes penso que nossa geração falhou em alguma coisa. Mas também reconheço que os tempos são outros. Acho que o consumismo exagerado mudou o perfil da juventude. Precisam ser mais atuantes, mais ousados. Por isso estou aqui hoje. Vejo neles toda a força que necessitamos para mudar o Brasil. Sou otimista e acredito na juventude”.
Para ver o vídeo: https://youtu.be/zG8r1rb-XNQ
Fonte dos textos:
* A Liberdade de Lula é a nossa liberdade - Por: René Ruschel, de Curitiba in: www.cartacapital.com.br/política - 10.05.2017
* www.conversaafiada.com.br - política - 9.05.2017
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Crédito das Imagens:
1 - Foto Lula - www.amazonasatual.com.br
2 - Acampados em Curitiba - www.conversaafiada.com.br - 09.05.2017
3 - Convocação à manifestação em Salvador - BA - 10.05.2017
5 - Fotos dos três entrevistados por René Ruschel - www.cartacapital.com.br
6 - Foto de José Stédile - Movimento dos Sem Terra
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida deste espaço, por favor entre em contato com vrblog@hotmail.com
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