
A tentativa do presidente Michel Temer de se manter no cargo mesmo após a delação de Joesley Batista, dono da JBS, levou o caos a Brasília na quarta-feira 24. Enquanto as tropas governistas na Câmara e no Senado tentavam dar uma demonstração de que o País continua funcionando, as tropas da Polícia Militar realizavam uma dura repressão contra manifestantes na Esplanada dos Ministérios. No meio da tarde, o esforço de Temer para afirmar a normalidade ganhou ares de exceção, com a convocação do Exército para fazer a segurança do Distrito Federal por uma semana.


Mesmo neste clima, ao menos 35 mil pessoas se juntaram para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência, contra Temer (ainda que algumas centrais sindicais estejam poupando o peemedebista) e por eleições diretas. Por quatro horas, das 13h30 às 17h30, a Esplanada dos Ministérios foi palco de violência. (...)
A repressão foi violenta. Com tiros de bala de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta, policiais militares avançaram contra os manifestantes, deixando dezenas de feridos.

Em nota, a Frente Brasil Popular, uma das organizadoras do protesto, criticou
a repressão policial na manifestação. “O uso das Forças Armadas, de bombas de gás
lacrimogêneo e bala de borracha demonstra a atual fraqueza do governo de Michel
Temer e seus aliados, ainda mais instável após as inúmeras denúncias de
corrupção que envolvem o próprio presidente", afirmou a organização. (...)


Em protesto
contra o decreto de Temer, os deputados da oposição deixaram o plenário. O
líder do PT, Carlos Zarattini (SP), afirmou que se inaugura uma nova fase na
história do Brasil, que, para reprimir uma manifestação popular com mais de 100
mil pessoas, coloca-se o Exército na rua. “Isso é um retrocesso com o qual nós
não podemos compactuar”. Maia recebeu a solicitação de que a sessão fosse
encerrada, o que aconteceu por volta das 17h30. Pouco menos de uma hora depois,
no entanto, a sessão foi retomada, sem a presença da oposição. Do lado de
fora do plenário, no salão verde, os deputados se manifestaram com gritos de
“Fora Temer” e "Diretas Já”. (...)
Para a oposição, o bate-cabeça revelou que a decisão foi um erro. "Ninguém tem coragem de assumir essa decisão, de tão absurda que é", afirmou o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), autor do primeiro pedido de impeachment contra Temer após a delação da JBS. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou um projeto de decreto legislativo para sustar o decreto de Temer. Para Randolfe, a medida é autoritária e se trata, na verdade, da decretação de estado de defesa, com a desculpa da manutenção da lei e da ordem. O PSOL também havia protocolado um projeto com o mesmo objetivo na Câmara, por meio do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). (...)
Por volta das 19 horas da quarta 24, a Secretaria de Comunicação Social
da Presidência afirmou que o decreto que solicita a presença das Forças Armadas
em Brasília será revogado quando houver o restabelecimento da
"ordem". Citando atos de "violência e vandalismo" durante o
protesto, a nota diz que Temer decidiu empregar os efetivos devido a
"insuficiência dos meios policiais" para conter os manifestantes. O
objetivo, segundo a nota, é garantir a integridade física dos servidores e
proteger o patrimônio público. "Restabelecendo-se a ordem, o
documento será revogado", diz o comunicado, ressaltando, porém, que o
presidente "não hesitará em exercer a autoridade que o cargo lhe confere
sempre que for necessário".
Em artigo de hoje postado no El País às 21h49, assinado por Talita Bedinelli "o tempo contra Michel Temer corre rapidamente. O presidente brasileiro tem pouco mais de dez dias para tentar recobrar seu prestígio político no Congresso e convencer de que é capaz de comandar a aprovação das reformas liberais que prometeu antes de enfrentar os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem cassar seu mandato por irregularidades na campanha de 2014, quando era vice de Dilma Rousseff. Se há pouco mais de uma semana sua cabeça parecia mais distante da degola, com o Governo presenciando uma tímida recuperação econômica e suas reformas progredindo no Congresso, o abalo político que Temer sofreu desde a semana passada, com a divulgação da comprometedora delação da JBS, pode ter invertido suas chances. Apesar da dezena de pedidos de impeachment protocolados na Câmara, a aposta da oposição e até mesmo entre governistas é de que a saída do presidente tem mais chance de sair mesmo é pelo tribunal, que começa o julgamento no próximo dia 6 de junho. Seria uma solução mais rápida para a crise do que um arrastado processo de destituição". ii
--------------------------------------------------
i Ver informação integral de Carta Capital em: https://www.cartacapital.com.br/politica/perdeu-o-dia-de-caos-em-brasilia-entenda-o-novo-episodio-da-crise
ii Fonte: www.brasil.elpais.com/brasil201705/25/politica
ii Fonte: www.brasil.elpais.com/brasil201705/25/politica
1 - "Acabou Temer" - www.brasil.elpais.com/brasil201705/24/politica
2 - Forças do Exercito no Planalto: https://www.cartacapital.com.br/politica/perdeu-o-dia-de-caos-em-brasilia-entenda-o-novo-episodio-da-crise
3 - Manifestação em Brasilia - www.brasil.elpais.com/brasil201705/24/politica
4 - Manifestante vítima da violência policial - idem
5 - O Retrocesso - www.vermelho.org.br
6 - Imprensa e Temer em Brasília -
7 - OAB apresenta seu pedido de impeachement à Câmara dos Deputados - https://www.cartacapital.com.br/politica/perdeu-o-dia-de-caos-em-brasilia-entenda-o-novo-episodio-da-crise
Nenhum comentário :
Deixe seu comentário: