Vanise Rezende - clique para ver seu perfil

BRASIL - O PODER DE CALAR A GLOBO

15 maio, 2017



Após o memorável evento de Curitiba  quando o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva depôs com dignidade e destemor diante do juiz Sérgio Moro  todos puderam ouvir e ler registros e comentários em blogs, vídeos e diferenciadas redes sociais. Muitos buscavam acompanhar  os fatos, outros nem tanto assim ou sequer se interessaram. Essas são expressões da democracia e do direito à informação que precisamos respeitar, porque não é possível uma democracia em que todos pensam e divulgam informações de forma e conteúdo igual, irretocável.  

Mas há um fato recorrente que se vem assistindo: são os procedimentos tendenciosos e os enxertos mentirosos da TV Globo, o mais abrangente canal de de TV do país. Sem ignorar outros canais que seguiram o mesmo gesto do Jornal Nacional. 

Vou me ater ao Jornal Nacional. O que pensam aqueles que costuram a informação num jornal que repercute em significante porcentagem das moradias da população brasileira? Estariam pensando os senhores globais, que conseguiram formar um bando de ignorantes e alienados, em sua escola obscura, com mentiras repetitivas e, agora, com o seu silêncio indiferente a fatos que suscitaram o interesse de multidões?  

O silêncio aos fatos recentes de Curitiba – registrados nos detalhes em importantes jornais e TVs de outros países  deveriam promover uma resposta à altura. Foi uma desconsideração ao direito dos cidadãos à informação de seu interesse. Ser informado é um direito que se irmana àquele da educação, da moradia, da assistência à saúde, do trabalho e do lazer. Não se constrói cidadania sem esse conjunto de direitos humanos fundamentais, pois sem o conhecimento dos fatos não é possível preservar a democracia.  

A negação da informação – disseminada de forma impressionante nas redes sociais  foi uma atitude de desrespeito ao povo brasileiro. Esse acinte grosseiro aos que ainda ligam o canal da TV Globo em suas casas, expressou claramente o seu conhecido descaso a um jornalismo comprometido com a informação. 

Resta uma resposta a ser dada pelos que são capazes de compreender o significado de tal descalabro: a mesma força de expressão política e social que o povo brasileiro demonstrou nas manifestações de rua, na greve geral de 28 de abril e no apoio a Lula em Curitiba, deveria ser mobilizada agora para que a população demonstre o seu poder de calar a Globo, ignorando-a, fazendo-a silenciar em suas casas. 

Sabe-se muito bem da necessidade de lazer e da importância da novela para grande parte das famílias. Têm o direito de se divertir, pois são escassas as opções para a grande maioria do povo brasileiro. Sabe-se ainda que a qualidade artística e técnica da telenovela brasileira é uma das melhores do mundo. Muito embora a audiência das novelas esteja cansada dos seus enredos de futricas, de vinganças, de amores superficiais e traições. As frágeis políticas de cultura, turismo e lazer do país também foram fortemente golpeadas nos atos do desgoverno atual. 

Mas, há uma vereda a ser oportunamente considerada: calar a audiência do noticiário deste anti-democrático canal de TV. Os Movimentos Sociais, os blogueiros comprometidos com a democracia e outros divulgadores de opinião poderiam, sim, usar os meios que estão ao seu alcance para levar ao fundo do poço a audiência do Jornal Nacional. 

O que fazer, então? Sugiro que se inicie uma forte campanha em favor da democracia e do direito à informação. Sem jogar sujo com o desrespeito a qualquer cidadão. Sem  revides inconvenientes. Com dignidade e altivez. Da mesma forma que vemos agir o respeitado estadista Luís Inácio Lula da Silva diante dos que continuam tentando esconjurá-lo, por se sentirem apequenados diante de sua grandeza como político e como líder do seu partido. Este seria mais um gesto de cidadania a ser ensaiado de imediato. 

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E por falar em gesto de cidadania, as redes sociais estão divulgando uma significante atitude de um cidadão qualificado, o professor Silva Jardim. Eis a informação, que decerto não se ouviu na TV Globo: (i)

"São Paulo – Em seu perfil no Facebook, o mestre e livre-docente em Direito Processual pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Afrânio Silva Jardim se disse "indignado" com a atuação do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, no depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tomado nesta quarta-feira (10) na capital paranaense. O jurista pediu publicamente que um artigo do magistrado, publicado em livro que o homenageia, fosse retirado da obra.

"(...) solicito, de público, aos amigos Pierre Souto Maior Amorim e Marcelo Lessa, organizadores do livro 'Tributo a Afrânio Silva Jardim', que diligenciem junto à Editora Juspodium no sentido de que não conste, na sua terceira edição, o trabalho do referido magistrado. A obra foi publicada, em minha homenagem, sendo composta por vários estudos de renomados juristas pátrios e estrangeiros", diz Jardim em sua postagem.

Segundo o professor, considerado um dos maiores processualistas do país e citado em mais de cem acórdãos no Supremo Tribunal Federal (STF), outros autores da obra também estariam incomodados em figurar ao lado de Moro. "Esta minha solicitação, além de ser motivada pelo inconformismo acima mencionado, tem como escopo evitar constrangimento ao próprio juiz Sérgio Moro, diante de críticas técnicas que venho fazendo a seu atuar processual. Ademais, alguns colaboradores da obra coletiva já se manifestaram desconfortáveis em figurar na companhia deste magistrado no aludido livro."

"A minha indignação é tanta, que, apesar de professor e ex-membro do Ministério Público experiente, quase não consegui dormir esta noite e, por isso, estou aqui novamente fazendo este aditamento. Sinto necessidade de 'gritar', sinto necessidade de 'desabafar'", lamenta . "Posso estar errado, mas o ex-presidente Lula não está tendo o direito a um processo penal justo. Ele não merecia isso. Fico imaginando o 'massacre' a que seria submetida a sua falecida esposa D. Maria Letícia, pessoa humilde e inexperiente ...".

"Confesso que continuo amargurado e termino dizendo que, se o ex-presidente Lula restou humilhado, de certa forma, também restou humilhado o povo brasileiro, que nele deposita tantas esperanças", pontua o jurista. "Termino também dizendo que restou 'esfarrapado' o nosso sistema processual penal acusatório, que venho procurando defender nestes trinta e sete anos de magistério. O juiz Sérgio Moro me deixou triste e decepcionado com tudo isso."

Quando o processo da Operação Lava Jato teve início, o jurista chegou a trocar e-mails com Sérgio Moro, abordando questões processuais, conforme relatou em entrevista concedida ao site Viamundo, em setembro de 2016. "Quando a Lava Jato estava trabalhando só com o aspecto policial, até elogiei porque ninguém é a favor da corrupção”, disse. "Porém, quando percebi que a questão era política, mandei um e-mail falando da minha decepção. Ele perguntou por quê. Expliquei. Ele disse que lamentava e, assim, rompemos."

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(i) RBA Política - www.redebrasilatual.com.br/politica/2017/05/apos-depoimento-de-lula-jurista-pede-que-artigo-de-moro-seja-retirado-de-livro-em-sua-homenagem

Crédito de Imagens:


1. Lula em Curitiba - www.pt.org.com.br

2. Detalhe de um acampamento em Curitiba - www.pt.org.com.br
3. Afrânio Silva Jardim - safe-image: Facebook

Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida deste espaço, por favor entre  em contato com vrblog@hotmail.com 


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