Caro irmão Leonardo Boff:
quero expressar a minha gratidão e a alegria de poder compartilhar neste
blog – como faço repetidamente com o que escreves – essa profunda meditação da Luz. Você acertou quando a partilhou com os que leem o seu blog no mundo
inteiro, mas especialmente com os brasileiros, aturdidos que estamos por essa treva
política e institucional que nos deixa tão triste, embora sempre com algum lampejo de Luz, como você diz.
Chegará o dia de acendermos um fósforo que seja – e pedir ao Espírito da Luz que a faça chegar em breve – pois sabemos que as trapalhadas desse governo golpista só têm de bom as lições que o povo está aprendendo: de que precisamos continuar a manter e a defender – mesmo se algumas vezes de forma capenga – as instituições democráticas do pais.
Chegará o dia de acendermos um fósforo que seja – e pedir ao Espírito da Luz que a faça chegar em breve – pois sabemos que as trapalhadas desse governo golpista só têm de bom as lições que o povo está aprendendo: de que precisamos continuar a manter e a defender – mesmo se algumas vezes de forma capenga – as instituições democráticas do pais.
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No seio das trevas atuais,
abra-te à Luz do Alto!
Leonardo Boff
Depois
de semanas de turbulência política, onde dominaram densas trevas feitas de
distorções, vontade de destruir e raivas viscerais, mas felizmente com alguns
lampejos de luz, escrevemos esta meditação da Luz. Ela até hoje é para os
cosmólogos um mistério ainda indecifrável. Só a entendemos um pouco pensando-a
ora como onda ora como partícula.
Independentemente
desta imponderabilidade sobre a natureza da Luz, professamos a crença
inarredável de que a Luz tem mais direito do que as trevas. Basta a pequena luz de
um fósforo aceso para espancar a escuridão de toda uma sala.
Foi
o que nos moveu a publicar, recata e reverentemente, esta pequena reflexão
inspirada pela prática dos cristãos do norte do Egito, influenciados pela
cultura gnóstica da época, mas assimilada dentro da compreensão cristã que via
na Luz a presença do Espírito Criador.
Do fundo mais profundo do universo nos vem uma Luz misteriosa. Ela incide sobre a nossa cabeça, exatamente onde temos o corpo caloso, aquela parte que separa o cérebro esquerdo do direito. Essa separação é a fonte de nossas dualidades, por um lado o sentimento e por outro o pensamento, por um lado a capacidade de análise e por outro nossa capacidade de síntese, por um lado o senso de objetividade e por outro, da subjetividade, por um lado o mundo dos fins e por outro o universo do sentido e da espiritualidade.
A
Luz beatíssima do Alto suspende a separação dos cérebros e opera a união.
Pensamos amando
e amamos pensando.
Trabalhamos fazendo poemas. Combinamos arte com lazer. Mas sob uma condição, a de nos abrimos totalmente à Luz do Alto.
“Acolha a Luz misteriosa que atravessa todo o universo e chega até a ti! Faça-a correr por todo o teu corpo, pela cabeça, pelos olhos, pelos pulmões, pelo coração, pelos intestinos, por teus órgãos genitais. Faça-a descer pelas pernas, detenha-a nos joelhos, e, por um momento, fixe-a nos pés, pois são eles que te sustentam”.
“E
suba com ela, passando por todo o corpo, dirija-a novamente ao coração para que
de lá te venham os bons sentimentos de amor e de compaixão. Faça-a ascender até
ao meio da testa, àquilo que chamamos de o terceiro olho. Ela lhe trará
pensamentos luminosos. Por fim deixe-a repousar no alto da cabeça”.
“De
lá ela encherá de luz todo o teu corpo. Ela abrir-se-á a todo o universo,
conferindo-te a sensação de seres um com o Todo. Superar-se-ão as dualidades e farás a experiência
bem-aventurada da unidade originária de tudo o que existe e vive. E conhecerás
uma paz que é a integração das partes no Todo e do Todo nas partes. E de ti
sairá uma luz como aquela do primeiro momento da criação. Conhecerás, mesmo que
seja por um momento, o que é ser feliz em plenitude”.
“Por fim, agradeça a presença transformadora da Luz do Alto. Deixe-a sair para o seio do Mistério de onde veio”. No entanto, escute este conselho. Prepara-te sempre para acolhê-la. Pois ela nunca deixa de vir. E se não tiveres aberto todo o teu ser, ela passa ao largo e tu, estranhamente, te sentirás vazio, com um sentimento de falta de rumo e de sentido”.
“Sempre
que acolheres a Luz beatíssima, irradiarás bondade e benquerença. E todos se
sentirão bem junto de ti.”
“Abra-te
inteiramente à Luz até tu mesmo virares plena luz”.
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Texto publicado no site Leonardo BOFF, em 11/06/2016.
Leonardo Boff escreveu “Meditação da Luz - O caminho da simplicidade”. Vozes, 2012.
Leonardo Boff escreveu “Meditação da Luz - O caminho da simplicidade”. Vozes, 2012.
Créditos Imagens
1. Pombas em voo - www.canstockphoto.com.br
2. Manifestação em protesto contra o governo interino -
www.jornalapagina.com/2016/05/manifestantes em São Paulo.
3. Pirâmides do Egito- o deserto e o oasis - br.pinterest.com
Imagens 4.5.e 6 - www.canstockphoto.com.br
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