Não sei se adormeci de cansaço ou de uma profunda tristeza, pois adormeci abatida por ver – de um modo incisivo, espantoso, doloroso – quem são as pessoas que se apresentam, na maioria da Câmara dos Deputados, como representantes dos cidadãos brasileiros. Excetuando-se alguns dignos cidadãos comprometidos com um ideário político de respeito à democracia do seu país, e poucas e brilhantes mulheres que, sem temor, defendiam a significância do seu "Não".
Via-se – entre os adeptos do Sim ao impedimento democrático da
atual presidente eleita, sem interferências alheias ou subterfúgios – uma
gente tão "religiosa", tão ciosa de sua família, de sua fé pessoal,
da propriedade rural, dos seus filhos, sobrinhos e netos (como muitos aludiram) e mais, – quem sabe não lhes deram tempo para acrescentar – do seu papagaio, seu
cachorro de raça, seus grandes hectares de terra deserta ou atapetados de monocultura, com o seu despudor político e seus acordos pessoais escusos, e "correligionários" que, - coisa mais delirante! - ao dar seu voto contra a
democracia brasileira, pretendiam que acreditássemos que estavam defendendo o seu "amor à pátria!"...
Alguns deles chegaram a afirmar ou faziam entender que, embora
pensassem diversamente, deviam ser "fiéis" ao próprio partido! Uma
"fidelidade" que significava o SIM à vergonha de um país que
mantém na presidência da Câmara um réu publicamente declarado, um ícone dos grandes
enroscados nos enredos da corrupção nacional, da antiética, da antidemocracia,
com arranjos políticos claramente capciosos em favor de si mesmo e de sua
gente.
Apaguei a TV profundamente abatida, confundida se por acaso não
tivesse visto um programa do Fantástico da Globo ou de uma exaltada aposta esportiva. O
que me restou, de Esperança, é que os Senadores da República possam ter
discernimento e uma clarificante visão política, para analisar a contenda jurídica que fundamenta o julgamento político do chamado
"crime de responsabilidade fiscal" da presidenta, negado por respeitáveis
juristas e intelectuais do país.
Bem sabemos que na história sul-americana - mais precisamente
durante o período fascista da época Vargas e, mais tarde, das longas e pesadas
ditaduras militares de infeliz memória - eram conhecidos os canalhas e vilões que se
empoleiravam ao lado dos interesses que traíam a nossa luta democrática, e se
vendiam como delatores de muitos que deram suas vidas por essa causa,
especialmente no Chile, na Argentina, no Uruguai e no Brasil.
Se
te quero é porque tu és
Meu amor, meu cúmplice e tudo
E na rua, lado a lado,
Somos muito mais que dois...
... Tua boca que é tua e minha
Tua boca não se equivoca
Te quero porque tua boca
Sabe gritar rebeldia
E por teu rosto
sincero
E teu passo
vagabundo
E teu canto pelo
mundo
Porque és povo
te quero...
...
Te quero no meu paraíso
Quer dizer que em meu país
A gente viva feliz,
Ainda que sem permissão!
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(i) Este poema, cuja autoria da tradução não é informada, foi
copiado de uma agenda de 2002, em cuja capa tem a foto de uma criança
que carrega um cartaz dizendo: Mulheres são fortes. (Distribuidora Opinião - Rua
Loefgreen, 909 - Vila Mariana - São Paulo).
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Crédito das imagens
1. Imagem com frase de Mario Benedetti - www.poesiamnoalzada.com.ar
Tradução livre da frase:
"Estávamos, estamos, estaremos juntos.
A intervalos, a momentos, ao piscar de olhos, a sonhos".
2. Foto de Mario Benedetti - www.taringa.net
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja removida deste espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com
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