Há diferentes momentos de se comemorar o aniversário dos
quinze anos, que quase todos não esquecem. Refiro-me, por exemplo, aos aniversários de 69 ou de 78 anos, cuja soma de seus algarismos resulta em 15. Um bom motivo para celebrar, de forma brincante, a chamada "boa idade".
É assim que hoje – 13 de abril de 2016 – estou
completando mais uma vez meus quinze anos! Há quem não goste da expressão “boa
idade” para esse momento da vida... Mas, acredito que há muito que se
comemorar. De minha parte, tenho razões para pensar assim.
No percurso da maturidade – que maduro você só está quando é naturalmente chamado ao seio da terra ou, como gosto de pensar, ao coração de Deus – a gente percebe que as lembranças do passado são vivas, intensas, cada vez mais presentes; e que as emoções afetivas não desaparecem (como tanta gente insiste em pensar), mas se apresentam de outro modo no seu coração e no corpo, às vezes até com alguns sintomas da euforia, da ousadia e do romantismo dos tempos adolescentes.
Outro grande dom no processo do envelhecimento, é quando
a pessoa se sente na liberdade de ainda ser aprendiz, aprendendo a aprender no exercício do diálogo com os talentos do outro, o diferente
de si, buscando interagir com outras visões de mundo, de saberes, e de jeitos
de bem-querer.
Yung, em suas Memórias, afirma: ”Há tantas
coisas que me preenchem: as plantas, os animais, as nuvens, o dia, a noite e o
eterno presente nos homens. Quanto mais me sinto incerto sobre mim mesmo, mais
cresce em mim o sentimento de meu parentesco com o todo”. (i)
Assim me vejo hoje. Uma pessoa
integrada com o mundo que me cerca, preenchida dos presentes da natureza, ao
contemplar as diferentes belezas do alvorecer e do anoitecer, da chuva e dos
trovões, dos pássaros que ainda cantam à minha janela – embora assombrados
entre um arranha-céu e outro – e do dom das filhas, do genro, da nora, e de um neto
vivaz de cinco anos, a me alegrar o viver.
Ainda sou uma pessoa aprendiz
do diálogo, na contradição exuberante das ideias que carecem de ser ajuntadas, iluminadas
e abraçadas, a nos convidar ao recomeço sempre.
Cultivo a alegria de manter aberta uma janela para o mundo – com este blog, por exemplo – embora seja um sentimento abastecido de teimosia, na vida que nos surpreende a cada momento.
Como Guimarães Rosa, estou cada vez mais convicta que:
"O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão". (ii)
"O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão". (ii)
(i) Yung, Carlos Gustavo - Memórias, Sonhos e Reflexões, p. 233
(ii) Guimarães Rosa, João – Grande Sertão Veredas, Ed. Nova Fronteira - Biblioteca do Estudante, p. 23.
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