Vanise Rezende - clique para ver seu perfil

O DIÁLOGO NO AMOR

05 julho, 2014


Vivemos em busca de uma linguagem que exprima, com clareza, o que lá dentro do coração, no mais profundo, desejamos comunicar. Mas, como fazer para que o outro nos escute, e compreenda, e acolha - o dito e o não dito - como fosse uma telemetria de coração a coração?

Como seria diferente se a linguagem da gente expressasse, de fato, o que se deseja transmitir! A fala, muita vez, tem apenas a capacidade de anular o sentimento, de esconder o que se quer dizer, e quase sempre está aquém, ou até pode negar o que nos move o coração.


Para expressar o amor – a carícia essencial – faz-se necessário o gesto. O amor, longe de ser um sentimento, é uma arte que se expressa no cuidado, no bem-querer. A escuta atenta, o vazio do pressentido, e o falar como oferenda que nasce da minha atenção pelo outro... Tudo isso compõe o desprendimento desejado, nas duas pontas de contato.  

O que seria o diálogo com uma pessoa crivada pela dor do amor doído, do amor ofendido, do amor perdido? Se não se permite à dor que se torne a passagem para a mudança, abre-se o caminho da desistência, da renúncia a tudo o que a vida tem a oferecer, enxergando-se apenas uma pedra no meio do caminho..."No meio do caminho tinha uma pedra!"

Tudo se esvai numa dor expectante, na agonia do mistério, do não previsto a espancar-nos o coração, da negação do sonho.


Mas, atenção: na vida, há fortes sinais de que não há lugar para acomodar-se, deixar pra lá... Alguns fatos ou situações nos convidam a assumir uma sólida posição,  para além das nossas possibilidades. O amor é exigente e o viver convida à sabedoria de se colocar, por inteiro, no momento que se vive. Sempre tentando abrir nosso coração para o amor, a começar pelo amor por nós mesmos.

É quando se consegue escutar as sensações profundas do ser, o corpo, a razão, tudo em nós parece sussurrar, com suave intensidade, que aquela sentida agonia representa a convulsão que vai gerar o novo, pois toda mudança nasce  de um rebuliço social, ou de um sofrimento pessoal, ou de uma perda irreparável. Devagar vai surgindo a madrugada, o sol deixa a noturna escuridão do outro lado do mundo... E, para nós, do lado de cá, explode a aurora!

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Créditos das Imagens:

1. Cachimbos e Feirantes - facebook.com/photo.php?fbid - Do Sertão ao Litoral - as encantadoras feiras livres.
2. Janela - arquivo pessoal.

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