Entre inúmeras informações dos estados brasileiros - neste período da Covid-19 – bem pouco temos ouvido falar das populações autóctones atingidas no Brasil, especialmente aquelas situadas na Bacia Amazônica.
O portal IHU-Usininos nos traz uma reportagem atualizada, com números e informações sobre as dificuldades que passam esses nossos irmãos que – como a população empobrecida às margens das grandes cidades – estão desamparados nas reservas onde vivem. Antes de reproduzir a reportagem da IHU, vejo necessário esclarecer o significado de algumas siglas das organizações que acompanham e apoiam as ações de assistência a essas populações, na chamada Amazônia Legal.


A
APIB - Articulação dos Povos Indígenas do
Brasil –
é uma organização que, em conjunto com as
outras organizações indígenas, busca a unificação da
luta pela garantia dos direitos e das políticas públicas para os povos indígenas.
Segue a reportagem do IHU-Usininos.
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Dados mostram que já são 75 etnias atingidas no Brasil, quatro
vezes mais que no fim de abril
Por:
Maria Fernanda Ribeiro
IHU - 3
de junho de 2020

Amapá, Maranhão, Mato Grosso,
Pará, Tocantins, Rondônia e
Roraima - têm ao todo 51 etnias atingidas pela Covid-19, com 996 casos confirmados. As informações são da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Maranhão e Tocantins são os únicos
estados que não registram mortes entre indígenas na Amazônia. São 141 óbitos no total, sendo o Amazonas, o estado onde o
sistema de saúde foi um dos primeiros a colapsar, a região mais crítica, com
104 mortes, seguido pelo Pará (23)e Roraima (9). No Acre são dois casos
(até o momento). Rondônia, Amapá e Mato Grosso registram um óbito
cada.
No dia 2/06 o Acre registrou as duas primeiras mortes, uma do povo Jaminawa e
outra da etnia Huni Kui. Também foi divulgada ontem a
primeira morte de uma indígena do Vale do Javari, no Oeste do
Amazonas. Ela estava internada em Manaus desde novembro,
para tratamento de um tumor. O Vale do Javari é onde está
concentrado o maior número de indígenas isolados do mundo.
Distância das aldeias é fator
agravante
O povo Kokama é,
disparado, o que mais tem sentido os impactos da pandemia, com 51
mortes, seguido pelos Tikuna com 12 mortes. Foi entre os Kokama o
primeiro registro de contaminação no Brasil entre os povos indígenas, após o contato
com um médico que voltou de férias e foi trabalhar sem ser testado. No início
do mês eles fizeram um alerta sobre o estado de emergência: “Povo Kokama pede
socorro e diz que mortos pela Covid-19 estão sendo registrados como pardos“.
Segundo dados
da Rede de Apoio Mútuo Indígena no Sudoeste do Pará, há 102 casos
confirmados e oito óbitos somente nessa região, atingindo quatro Terras Indígenas.
As aldeias da Amazônia Legal estão,
em média, a 315 km de um leito de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com informações publicadas em reportagem do InfoAmazônia - resultado de um cruzamento de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde, com a
localização das aldeias amazônicas disponibilizadas no sistema da Fundação Nacional
do Índio (Funai) - mais da metade (58,9%) das 3.141 aldeias
analisadas está a mais de 200 quilômetros de distância de uma UTI. A maior
parte delas, entre 200 e 700 quilômetros de distância. Em 10% das aldeias, a
distância está entre 700 e 1.079 quilômetros. Para se ter uma ideia, a
distância entre São Paulo e Brasília, em linha
reta, é de 873 quilômetros. De carro, mil.
A Coiab aponta crescimento
'desenfreado'
Os números da Coiab agrupam
dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), os boletins informativos e informações levantadas com líderes das comunidades,
profissionais de saúde e organizações da rede criada pela coordenação indígena, com o objetivo de registrar os casos que não entram nas estatísticas da Sesai - órgão ligado ao Ministério da Saúde, que não inclui nos dados
os indígenas em contexto urbano. A sub-notificação
tem gerado críticas de associações e entidades indígenas e da sociedade civil
por não retratar com fidelidade a pandemia entre os povos originários.
Uma nota da Coiab informa que o crescimento de contaminados e
de mortes pela doença está “desenfreado” e que os povos indígenas da Amazônia brasileira vivem uma situação de emergência jamais
imaginada. Em todo o Brasil, de acordo com a APIB,
são 159 mortes, 1.604 infectados e 75 etnias atingidas. O Nordeste é
a segunda região mais atingida, com nove mortes em Pernambuco e
sete no Ceará.
No dia 27 de abril noticiamos que eram 18 as etnias atingidas, a partir
de levantamento próprio. Uma semana depois - quando a APIB a Coiab já contabilizavam os casos, também
por etnia - esse número tinha saltado para 29, conforme reportagem publicada no
dia 06. A Sesai – Secretaria de Saúde Indígena, não faz essa
contagem.(*)
Fluxo entre rural e urbano é intenso
Associações
indígenas pedem à Sesai um plano emergencial de apoio
às comunidades, que atenda a demandas específicas de cada um dos
territórios e povos e não um plano genérico, como o estabelecido até o momento.
Enquanto o plano não vem, os indígenas têm realizado, por
conta própria, diversas ações para impedir o avanço da pandemia nos
territórios, como bloqueios sanitários e fechamento das aldeias.
No entanto, a
necessidade de ida para as cidades em busca do auxílio emergencial tem
sido considerado um dos principais fatores de transmissão, assim como a
presença nos territórios de profissionais de saúde não testados para o
coronavírus e que se transformam em agentes de contágio.
Uma publicação
elaborada pelo Instituto Mamirauá, em parceria com a
Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Universidade
de Harvard, mostra que, embora sejam vistas como isoladas, as
comunidades tradicionais e indígenas da Amazônia estão
intensamente conectadas às áreas urbanas por meio da extensa rede hidrográfica
da região, mantendo vínculos econômicos e de acesso a serviços públicos e
privados essenciais.
O fluxo intenso
entre as localidades rurais e as sedes municipais e a falta de infraestrutura
de saúde básica adequada tornam as populações da Amazônia extremamente
suscetíveis à Covid-19.
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EM TEMPO: O CONVID E A SITUAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL
Valéria Paye, Assessora Política da Coiab, explica que quando o Coronavírus estourou no Brasil foi iniciado um processo de acompanhamento dos casos a partir da análise da situação de 25 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), e em nove estados da Amazônia. “A Sesai começou a soltar seus Boletins Informativos e rapidamente percebemos que os dados não estavam de acordo com o que as lideranças e indígenas profissionais de saúde estavam reportando para a Coiab, pois os casos de indígenas que vivem nas cidades não estão sendo registrados”.
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Fonte da Reportagem:
Reportagem publicada
originalmente em: De Olho Nos Ruralistas, 01-06-2020.
Demais informações foram retiradas de:
https://coiab.org.br/quemsomos
Demais informações foram retiradas de:
https://coiab.org.br/quemsomos
Crédito das Imagens:
2. Bacia do Amazonas - mapa do trajeto do rio Amazonas, seus principais afluentes e a área aproximada de sua bacia hidrográfica.
- https://ambientes.ambientebrasil.com.br/amazonia/bacia_do_rio_amazonas/bacia_do_rio_amazonas.html#
3. Amazônia:América do Sul - https://www.todamateria.com.br/amazonia-legal/
4. Amazônia Legal - https://www.todamateria.com.br/amazonia-legal/
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja retirada desta publicação, por favor entre em contato conosco fazendo um comentário nesta postagem.
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- https://ambientes.ambientebrasil.com.br/amazonia/bacia_do_rio_amazonas/bacia_do_rio_amazonas.html#
3. Amazônia:América do Sul - https://www.todamateria.com.br/amazonia-legal/
4. Amazônia Legal - https://www.todamateria.com.br/amazonia-legal/
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas, e deseja que seja retirada desta publicação, por favor entre em contato conosco fazendo um comentário nesta postagem.
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(*) "A SESAI - Secretaria Especial de Saúde Indígena, é responsável por coordenar e executar a Política Nacional de
Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo
de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS)".
"Panorama dos
Povos Indígenas no país:
·
Distritos Sanitários Especiais
Indígenas (DSEI): 34
·
Indígenas: 760.350
·
Etnias: 416
·
Aldeias: 6.238
·
Casas de Apoio a Saúde Indígena
(CASAI): 67
·
Unidades Básicas de Saúde Indígena
(UBSI): 1.199"
Fonte:
Plano Distrital de Saúde Indígena – quadriênio 2020 – 2023
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