Não podia deixar de homenagear a festa de São João, também este ano!
Tenho grandes lembranças das brincadeiras e das muitas alegrias de quando eu vivia no Sertão, ainda criança, há cerca de 70 anos atrás...
Muita festa e comidas que juntavam as famílias e os vizinhos, amigos e convidados, para celebrar a amizade e o bem-querer! E para fazer as brincadeiras que nos permitiam "adivinhar" o que poderia acontecer às nossas vidas, mais tarde, especialmente em relação ao parceiro ou parceira no amor.
Também tenho lembranças das fogueiras que cheguei a observar, de longe, viajando em regiões interioranas da França, visitadas há anos atrás. E das festas em terras incaicas, que conheci nos anos '80, (Lima, Cuzco, Macchupichu, Arequipa...) de que fala o grande irmão e amigo beneditino Marcelo Barros, de quem reproduzo um texto postado no facebook.
Lembro as rodas de assar castanhas de caju, quando nos juntávamos nas terras secas do semiárido, a fumaça, o tempo de assá-las e descascá-las para comer e oferecer aos outros...
Ah! Foi um aprendizado que registrei na memória do afeto, para todo o sempre!
Segue o texto de Marcelo Barros
"Nossa aventura em direção à Luz"
"Nossa aventura em direção à Luz"
Todo o Brasil, principalmente o Nordeste, festeja São João. Na cordilheira dos Andes, vestida de neve para a festa, nesses dias que vão do 21 a 24 de junho, se celebra o Inti Raymi, a festa do Sol. O centro maior das festividades é na fortaleza Sacsayahuaman, antigo centro de culto inca a dois quilômetros da cidade de Cuzco no Peru.
No entanto, por
toda a cordilheira, as comunidades indígenas marcam o solstício do inverno em
nosso hemisfério com ritos dedicados ao Sol e a toda luz que clareia a nossa
vida. Assim como na Páscoa judaica, as famílias jogam fora todo fermento que, por
acaso, possa ainda se encontrar nas casas, as comunidades andinas ficam um dia
ou dois sem acender nenhum fogo. Assim, celebram com maior intensidade o fogo
novo que é aceso por aquele que simboliza o Inca. Em 1570, o governo colonial
proibiu essa festa sob a justificativa de que ela era idolátrica e contra a
Igreja Católica. Na verdade, o fato é que os índios organizados para a festa se
sentiam mais fortes para armar resistências à escravidão e ao
colonialismo.
Mesmo proibidas, durante séculos, as celebrações sempre se mantiveram
clandestinamente. Nunca os índios pararam de celebrar o Sol. Somente em 1940, a
partir de antigos escritos contando em detalhe como eram os festejos, as
comunidades retomaram a fazer a festa pública. Hoje, em Cuzco, essa festa reúne
mais de cem mil pessoas.
Turistas vêm do mundo inteiro para participar.
Certamente, para muitos, fazer festa ao sol tem uma dimensão mítica e
folclórica. No entanto, é um rito que lhes faz retomar a relação
com seus antepassados e honrar a natureza inundada de novo com a luz do
sol.
Nos tempos coloniais, os índios festejavam a luz, quando podiam sair da
escuridão das minas nas quais, durante o dia, eram escravos. No Brasil
colonial, as comunidades negras só podiam festejar seus Orixás durante a noite.
E os senhores de engenho que ouviam os atabaques e os cânticos acreditavam que
eram puros lamentos de escravos. Ao contrário, aqueles ritos faziam a religação
dos filhos com os pais e as mães divinizados, assim como os índios andinos
retomavam a sua condição de filhos e filhas do Sol.
Atualmente, no mundo, enquanto os filhos e filhas do Sol celebram a sua
dignidade no carinho à mãe Terra e nas margens do lago sagrado (o Titicaca),
nos palácios dos grandes, a cada dia, governos monstruosos se dedicam a novos
golpes contra os povos aos quais deviam servir. Na Colômbia, o presidente
eleito é contra o processo de paz. Provavelmente tem negócios com os
fabricantes de armas.
No Equador, o novo governo abre novos contratos com
mineradoras que expulsam comunidades e destroem a natureza. No Peru, se sucedem
governos e a política é a mesma. No Brasil, não precisamos comentar que todo
brasileiro sabe o que estamos sofrendo. Nos Estados Unidos, o presidente tinha
decidido de prender as mães e separá-las de suas crianças. Mesmo governadores
do partido de Bush declararam que aquilo era um crime contra a humanidade. E a
medida foi abolida. No entanto, o núcleo da desumanidade contra os migrantes
continua.
Eduardo Galeano contava que no Haiti o povo dizia que só se deve contar
histórias à noite. De dia, é perigoso. Que histórias poderemos contar em nossas
noites para que o sol venha iluminar um novo dia da libertação? É urgente nos
organizarmos para a festa e, assim, nos sentirmos juntos nas lutas de hoje.
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21 de Junho às 21:23
Crédito das Imagens:
1. Quadrilha caipira - foto de Elielma Santos.
- www.historiasecenariosnordestinos.blogspot.com
2. Roda de assar castanhas de caju no Sertão - arquivo blog Espaço Poese
3. Festa do Sol - www.h www.pacoteserotas.com
4. Machupiccho - Festa do Sol - www.hotelurbano.com
5. Lago Titicaca, no Peru - www.hotel.urbano.com.br.jpg
6 - Mineiros no Equador - www.noticias.sapo.cv.jpg
7 - Fogueira de São João - www.apai.org.jpg
Nota: Todas as imagens, aqui publicadas, pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida desse espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com
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1. Quadrilha caipira - foto de Elielma Santos.
- www.historiasecenariosnordestinos.blogspot.com
2. Roda de assar castanhas de caju no Sertão - arquivo blog Espaço Poese
3. Festa do Sol - www.h www.pacoteserotas.com
4. Machupiccho - Festa do Sol - www.hotelurbano.com
5. Lago Titicaca, no Peru - www.hotel.urbano.com.br.jpg
6 - Mineiros no Equador - www.noticias.sapo.cv.jpg
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