Estive fora da cidade com uma das minhas filhas, meu genro e um neto de quase cinco anos. Aproveitamos um fim de semana prolongado para repouso num hotel, com todos os requisitos para gente grande e para os pequenos que ainda não conheceram os diferentes tipos de animais criados numa grande área campestre.
Também tivemos a alegria de conviver com outra família que expressava uma atenção especial à educação de seu filho, em busca de prepará-lo para encarar uma sociedade individualista, cada vez mais preocupada com o ter, o poder, e as chances de se sobressair às vezes a qualquer preço.
Que bom observar aquelas pessoas, no cuidado sincero com o rumo de suas vidas, e no empenho de educar coerentemente os filhos.
Nesses dias acompanhei alguns momentos em que as crianças disputavam um brinquedo, e um de seus pais, com incisiva segurança, interveio para orientá-los e ajudá-los a assumir uma relação mais solidária.
Samuel, de sete anos, liderava as brincadeiras. Vi-o resolver uma situação em que ele e o meu neto queriam a mesma vara. Em dado momento Samuel se saiu com a seguinte resolução:
- Deixa pra lá, Artur, vamos ali brincar juntos... A gente veio aqui pra se divertir!
O pequeno Artur aderiu tranquilo, aprendendo com o novo amigo a conciliar as primeiras contendas da vida. Fiquei a pensar quanto a sociedade futura poderia ganhar, se as crianças de hoje aprendessem a conviver no caminho do entendimento.
Na viagem de volta, com o coração agradecido por essas descobertas, me confortei repensando uns versos que me foram inspirados de um antigo rabisco, encontrado à mesa de uma senhora francesa dos pirineus, mãe de uma querida amiga. Versos que foram publicados na página "Poesia Itinerante" deste blog, com o título - Oferendas:
Não me ofereças casa...
Ofereça-me o aconchego, o bem-querer,
E um lugar iluminado de harmonia.
E uma vida de sobriedade.
Não me ofereças roupas...
Ofereça-me uma aparência
Saudável e atraente.
Não me ofereças sapatos...
Ofereça-me comodidade aos meus pés
E o prazer de caminhar.
Não me ofereças livros...
Ofereça-me um recanto assombreado
Para ler poetas e escribas.
Não me ofereças ferramentas...
Ofereça-me o benefício e o prazer
Não me ofereças dinheiro...
O que eu preciso para sobreviver.
Não me ofereças status...
E a partilha da sua emoção.
Não me ofereças coisas...
Ofereça-me ideias de partilha
E o testemunho da solidariedade.
Não me ofereças discursos...
Ofereça-me a atenção da escuta
E o dom de aprender o que ainda não sei.
1. Dois pássaros à janela do ateliê - Roberto van der Ploeg (pintor holandês) - ost. 40 x 30 cm. 2014 - www.robertovanderploe.blogspot.com.br
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1. Dois pássaros à janela do ateliê - Roberto van der Ploeg (pintor holandês) - ost. 40 x 30 cm. 2014 - www.robertovanderploe.blogspot.com.br
2. Crianças brincando - Morteza Katouzian (pintor iraniano do Teerã) - www. chadelimadapersia.blogspot.com.br/2012
3. Agreste - Roberto van der Ploeg - 2015
4. The grand Mother - Morteza Katouzian - ost. 80 x 60cm./2009
In: mestresdapintura.blogspot. com.br
5. Sabino - escultura de Abelardo da Hora - Recife (Brasil) -
foto durante exposição - Recife, 2014.
3. Agreste - Roberto van der Ploeg - 2015
4. The grand Mother - Morteza Katouzian - ost. 80 x 60cm./2009
In: mestresdapintura.blogspot. com.br
5. Sabino - escultura de Abelardo da Hora - Recife (Brasil) -
foto durante exposição - Recife, 2014.
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