Conservo em meus arquivos um registro poético e deslumbrante de um texto de uma das minhas filhas - Carla Rezende de Araújo - que costuma cultivar a escuta e a escrita amorosa das coisas de dentro. Ela faz transbordar do coração o dom sensível da palavra, cantiga de ninar para homens e mulheres que amam viver.
Aqui vai o registro da invenção de um sonho estupendo, todo seu. Quando, certo dia, ela se percebeu feito um toco de árvore seco e quebrado, sem folhas nem flores. Então, fechou os olhos e parecia-lhe penetrar numa luminosa energia vibrante,que se movimentava em direção à terra.
Em sua silenciosa e doce visão, a energia cósmica começou a fluir para cima e para baixo, com muito mais força para baixo, em direção à terra. E foi banhando o mundo de luz, iluminando e transformando em vida velhas raízes que jaziam intactas e esquecidas debaixo da terra.
À medida que a luz as tocava, as raízes cresciam para baixo e para os lados, atravessando as águas dos lençóis freáticos e encontrando outras raízes de árvores velhas, robustas e sábias com que se entrelaçavam. E a luz não parava de fluir... Cada vez mais forte, cada vez mais luzente e intensa.
De mãos dadas embaixo da terra,
as árvores velhas começavam a dançar entrelaçadas de luz, fazendo movimentos
circulares pra lá e pra cá... Sorriam e dançavam e partilhavam energia. Houve então um ajuste, um
movimento harmônico no fluxo de luz, pois algumas raízes entrelaçadas deram
sinais de querer subir. E o fluxo de luz brilhou igualmente intenso, para cima
e para baixo.
De repente, feito um doce milagre da vida, as raízes começaram a surgir do toco seco. Nele surgiam, tímidos, vários brotos verdinhos e brilhantes, que novamente foram inundando a terra de beleza, de cor, de esperança e de vida.
Foi quando a Grande-Mãe sorriu
satisfeita e em paz, vislumbrando contente os frutos do seu trabalho...
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* Texto inspirado num sonho da minha filha, Carla Rezende de Araújo.
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* Texto inspirado num sonho da minha filha, Carla Rezende de Araújo.
Tá lindo, Vana! Com os reparos que fizeste o texto ficou mais a tua cara do que a minha... Mas não tem problema. "La Grand-Mère" está em cada uma de nós e comungamos de sua energia de mãos dadas embaixo da terra :)
ResponderExcluirObrigada e um beijão!
Carlinha (Carla Rezende de Araújo)