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Não era uma velha rabugenta, a avó de Luizinho. Tinha um aspecto jovial e ainda trabalhava como dentista, na cidade, mas, o que ela gostava mesmo era de ocupar o seu tempo livre com os netos, na casa do filho, quando lhe era possível pegá-los na escola. Eram dois, os netos - uma menina de sete anos e um garoto de cinco, com os quais a doutora virava uma alegre criança. Ela se refazia de todas as suas preocupações quando brincava com Maria, tão carinhosa e meiga, que sempre curtia participar das criativas brincadeiras da vovó Inês. Assim era, e nunca deixara de ser: a avó ficava ali, no tapete da sala, salpicado de livros sobre animais e florestas, princesas e fadas, alguns bonecos, os caminhões de bombeiro de Luizinho, e os tratores com caçambas de todos os tipos: para levar areia,
carregar pedrinhas, transportar máquinas e cavalos.
Luizinho era exímio em criar pistas e ladeiras difíceis para
os seus tratores: subidas feitas com as almofadas da casa, ladeiras de tampas de
caixas de sapato achadas nos armários da mãe, e um indispensável túnel, bem comprido, antes da curva da estrada, construído com os tapetes de borracha que ele trazia dos banheiros, e que formavam paredes revestidas de alta resistência. Assim, ele praticava o que aprendia nos finais de semana, com o seu pai, engenheiro de uma construtora. Difícil era Luizinho deixar algum tempo livre para a avó e a neta brincarem ou lerem suas histórias.
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Naquela tarde ele tentava explicar, a avó Inês, para que servia
tudo o que Joelma lhe havia emprestado, da cozinha: os palitos de canela, agora transformados em toras de madeira, e as cargas de grão de bico e de castanhas do Pará, que viravam pedras arrastadas pelos tratores. Uma vez ou outra, a própria
avó lhe fornecia areia, igual àquela com que Joelma fazia uma
farofa bem nordestina, misturada com ovos, cebola e manteiga.
A cozinha corroborava a criatividade de Luizinho. Aquele era o momento em que as crianças brincavam em casa, durante a semana. A mãe os levava logo cedo à escola, para depois passar todo o dia de plantão, em dois hospitais da cidade. Assim, também os filhos passavam o dia inteiro na escola. À tardinha, era o pai que os levava para casa. Assim, Luizinho precisava aproveitar bem, durante a semana, aquele seu restrito espaço de liberdade, mas não gostava quando a avó brincalhona o ocupava nas farras com Maria, sua irmã. Ainda bem que ele contava com a sua imaginação
deslumbrante e a ajuda da boa Joelma que nunca deixava de lhe fornecer os
materiais de que a sua invenção precisava.
Mas, logo hoje, parecia que a avó passava dos limites. O menino começou a embirrar com as brincadeiras dela com Maria: precisava do ambiente inteiro da sala, pois todos os seus caminhões estavam em atividade, a levar as cargas pela estrada. A avó, entanto, por mais que ele pedisse não se retirava, ela e a afoita da Maria. Até que ele, aborrecido,
sem perceber que o pai acabara de entrar na sala, irrompeu abusado: Você é uma bruxa, vó! No
mesmo instante, ao notar a presença do pai, Luizinho completou, auspicioso: ...Que vai se transformar numa linda princesinha!
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Crédito imagens: www.cnastockphoto.com.br
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