Este
ano o Dia da Mulher celebrou o seu centenário (19014/2014). A UBM - União Brasileira da Mulher comemorou
a data em seu congresso anual, que se realizou nesse mês de junho, em Brasília.
Inúmeras mulheres se destacaram, em diferentes culturas e atividades, e alcançaram reconhecimento mundial. Entre essas, hoje queremos lembrar Maria Cury (1867/1934), Hannah
Arendt (1906/1975), Olga Benário Prestes (1908/1942), Simone de
Beauvoir (1908/1986) Simone Weil (1909/1943) e Bethy
Freadan (1921/2006).
Suas histórias de vida repercutem, ainda hoje, como alento a todas as mulheres que precisam lutar para defender seus ideais na sociedade em que vivem. Dentre essas grandiosas mulheres do século passado, destacamos:
Olga Benário Prestes - Nascida em Munique (Alemanha) de origem judaica, Olga entrou no partido comunista aos 18 anos. Assumiu grandes missões na Internacional Comunista, em Berlim, onde conheceu Luís Carlos Prestes (1931). Integrou o grupo de estrangeiros que o acompanhou para apoiar a Intentona Comunista, no Brasil, que sem sucesso, lutou para derrubar o ditador. Casada com Prestes e grávida de sete meses, Olga estava no grupo de judeus e comunistas que foi entregue, por Vargas, à polícia nazista (1936). Após intensa campanha, sua filha Anita, nascida na prisão nazista, foi entregue a seus familiares. Olga foi executada numa câmara de gás num campo de extermínio nazista. Seu retrato, pintado por Portinari, foi doado por Anita ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, junto com um busto de Carlos Prestes.
Suas histórias de vida repercutem, ainda hoje, como alento a todas as mulheres que precisam lutar para defender seus ideais na sociedade em que vivem. Dentre essas grandiosas mulheres do século passado, destacamos:
Olga Benário Prestes - Nascida em Munique (Alemanha) de origem judaica, Olga entrou no partido comunista aos 18 anos. Assumiu grandes missões na Internacional Comunista, em Berlim, onde conheceu Luís Carlos Prestes (1931). Integrou o grupo de estrangeiros que o acompanhou para apoiar a Intentona Comunista, no Brasil, que sem sucesso, lutou para derrubar o ditador. Casada com Prestes e grávida de sete meses, Olga estava no grupo de judeus e comunistas que foi entregue, por Vargas, à polícia nazista (1936). Após intensa campanha, sua filha Anita, nascida na prisão nazista, foi entregue a seus familiares. Olga foi executada numa câmara de gás num campo de extermínio nazista. Seu retrato, pintado por Portinari, foi doado por Anita ao Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, junto com um busto de Carlos Prestes.
Simone Weil -
escritora, mística e filosofa francesa por quem tenho grande admiração, decidiu ser operária da Renault, em
Paris, a fim de conhecer o cotidiano dos operários de sua época e escrever sobre a vida que levavam. Foi uma mulher de profunda espiritualidade, comprometida nas questões sociais do seu tempo.
No Brasil, ao rememorar algumas passagens da nossa história de intensas conquistas, encontramos um contínuo processo de ideias e testemunhos, no qual as mulheres brasileiras
começaram a definir, por elas próprias, com suas escolhas pessoais e profissionais, dando um passo de autonomia que as suas
mães não conheceram.
Muitas delas viveram longe de seus pais, para continuar seus estudos em busca de carreiras que, até então, eram reservadas apenas aos homens. Também
ousaram seguir profissões ligadas às artes,
um campo de expressão que, até o início do século XX não se podia cogitar. Enfim, foram mais além dos seus primeiros sonhos de concluir o curso do
magistério, casarem-se e se tornarem mães. Na nossa época, com a ampliação das oportunidades de inclusão, nas universidades, para as pessoas de baixa renda e para os afrodescendentes,
centenas de mulheres puderam se especializar em diferentes campos, até mesmo como professoras
universitárias e pesquisadoras, o que até a metade do século passado ainda era privilégio
dos homens.
A socióloga Angela Alonso, professora
da USP e atual diretora científica do CEBRASP, em um artigo intitulado Abolicionismo de Saias, destaca importantes nomes na história da
mulher brasileira.
Um deles é Maria Firmina dos Reis (1825/1917) : "maranhense, mulata, solteira, era professorinha de província, mas longe de acanhada: defendeu a abolição em jornais, com poemas, charadas, contos, e no primeiro romance brasileiro de autoria feminina: Úrsula (1859)".
Um deles é Maria Firmina dos Reis (1825/1917) : "maranhense, mulata, solteira, era professorinha de província, mas longe de acanhada: defendeu a abolição em jornais, com poemas, charadas, contos, e no primeiro romance brasileiro de autoria feminina: Úrsula (1859)".
Outra mulher citada pela socióloga é Maria Amélia
de Queiroz, "de quem pouco se sabe" (...) "Em
conferência no Recife, brandia a incompatibilidade entre escravidão e direito
civil e natural. Em 1887, conclamou seu gênero: (...) que a mulher se convença
de uma vez para sempre que já é tempo de levantar um brado de indignação contra
o passado ignominioso de tantas raças malditas. A mulher também é capaz de
grandes e altos cometimentos. Vinde! Vinde, pois, minhas amáveis patrícias!".
Chiquinha Gonzaga (1847/1935) foi um marco na história feminista
brasileira, ao abrir o seu espaço na sociedade carioca do século XIX,
confrontando a vigente mentalidade machista e preconceituosa. A letra de sua
marchinha, de 1889, parece-me indicativa de como a autora estava ciente do
lugar que ocupava na sociedade de seu tempo:
Que eu quero passar! (bis)
Eu sou da Lira,
Não posso negar...
Não posso negar...
Ô Abre Alas,
Que eu quero passar! (bis)
Rosas de Ouro é quem vai ganhar!
Chiquinha Gonzaga não só foi musicista inovadora, também
se destacou como grande líder abolicionista. Aproveitando-se de sua inserção no
mundo da arte, ela realizava sessões musicais em favor da abolição. Sobre essa
mulher negra, inquieta e inovadora, Angela Alonso comenta: "ao pedirem
a emancipação dos escravos, as associações femininas que saíam às ruas no fim
do século XIX, alçaram a mulher ao mundo do poder." Segundo a
socióloga, Chiquinha "varreu teatro, pregou cartaz, leiloou em
quermesse, panfletou em cafés. Regia um coro de meninas nas
conferências-concerto e vendeu suas composições de porta em porta para
alforriar um escravo músico, o Zé Flauta."
Alonso conclui o seu brilhante artigo: "O ativismo... das Marias e de Chiquinha "sinalizou o início do fim da escravidão da porta para dentro e a afirmação das mulheres da porta para fora. Ainda que pedindo emancipação não para si, mas para os escravos, as abolicionistas puseram as mulheres brasileiras na política, coletivamente, de maneira inédita. Por isso me parece difícil pensar em Marina e Dilma sem lembrar Maria Amélia".
Alonso conclui o seu brilhante artigo: "O ativismo... das Marias e de Chiquinha "sinalizou o início do fim da escravidão da porta para dentro e a afirmação das mulheres da porta para fora. Ainda que pedindo emancipação não para si, mas para os escravos, as abolicionistas puseram as mulheres brasileiras na política, coletivamente, de maneira inédita. Por isso me parece difícil pensar em Marina e Dilma sem lembrar Maria Amélia".
Em
2010, a revista Veja produziu uma edição especial “Mulher”, na qual retratava o
processo penoso das conquistas da mulher na sociedade brasileira, e mais
especialmente no período da ditadura militar: “Direitos da mulher era um
assunto espinhoso."
Ao estrear, em 1963, na revista CLAUDIA, a coluna "A Arte de Ser Mulher," em que defendeu a pílula, o divórcio e a inserção no mercado de trabalho, a jornalista e psicóloga Carmen da Silva foi ameaçada por maridos furiosos.
Quase dez anos depois de a edição da REALIDADE ter sido recolhida das bancas, em 1967, por estampar a fotografia de um parto e a informação de que uma, em cada quatro brasileiras, já provocara um aborto, um número do jornal Movimento, que não trazia uma palavra sobre sexo (nem sobre política) foi proibido na íntegra – seu tema Mulher e Trabalho foi considerado provocador.”
O processo da autonomia conquistada pela mulher, na sociedade brasileira, a partir dos anos trinta, e, em maior intensidade, dos anos sessenta para cá,produziu brilhantes personagens femininas que nos orgulham e causam admiração.
Na literatura as mulheres se afirmaram, com maior notoriedade, a partir do início do século XX. Entre elas se destacam: Cecília Meireles (1901/1964), jornalista e poetisa de imensa sensibilidade; Rachel de Queiroz
(1910/2003), escritora
cearense, a primeira mulher a ser eleita, em 1977, para a Academia Brasileira
de Letras; e Clarice Lispector (1920/1977) – que chegara da
Ucrânia, no Recife, com três meses de idade, e que hoje se insere, também ao lado
de Maria Clara Machado (1921/2001), Cora Coralina (1880/1985), Nélida Piñon e Adélia Prado, entre as maiores literatas
brasileiras.
No teatro, continuamos a nos deleitar com
as extraordinárias performances de grandes atrizes como Bibi Ferreira,
Ruth de Souza, Fernanda Montenegro e Eva Vilma, que já superaram os oitenta
anos e ainda continuam atuando no cenário artístico nacional, sem
esquecer Maria Della Costa e Tônia Carrero. Um pouco mais jovens,
mas igualmente importantes, na dramaturgia brasileira, lembramos Aracy
Balabanian, Marieta Severo, Lília Cabral, Glória Pires e Taís Araújo, entre muitas outras de reconhecida qualidade.
No exercício da política - e ampliando
nossa visão aos países da América Latina - a Argentina,
o Chile e o Brasil elegeram uma mulher como presidenta. No Brasil, a
partir de 1989, seis mulheres foram candidatas à presidência da república, todas
apresentadas por partidos de pequena expressão política. Após
os dois mandatos de Lula, o PT conseguiu maior robustez e apresentou uma mulher
que tinha, em seu currículo, experiência e capacidade para se candidatar. Assim,
Dilma Russeff foi a primeira brasileira a ser eleita presidenta do
Brasil, após mais de um século da proclamação da república. Hoje, ela figura,
ao lado da presidenta da Alemanha, como uma das mulheres mais poderosas do
mundo.
Poucas
mulheres alcançaram, no Brasil, expressão política nacional. No registro dos nossos dias, apenas duas me parece ter atingido maior
expressão: a nordestina Marina Silva - que além de ter
assumido um ministério no governo Lula, chegou a receber uma significativa
votação, quando se candidatou à presidência da república.
A nordestina, Luiza
Erundina - que já foi prefeita de São Paulo, o
estado que a elegeu deputada federal. Sua atuação tem honrado o Nordeste, por
sua integridade e sua coragem na abordagem e na defesa de questões que
interessam os direitos humanos e o bem-estar social.
Há,
certamente, dezenas de mulheres que se destacaram ou se destacam em movimentos sociais
como o Movimento Negro do Brasil, o
Movimento dos Sem Terra, a Comissão Pastoral da Terra, os Sindicatos das
Empregadas Domésticas e a União Brasileira das Mulheres, para citar aqueles de maior
representatividade. Nesses espaços, as mulheres atuam e se expressam com
coragem, grandeza e determinação.
Um exemplo emblemático na luta das mulheres do campo, é Margarida Alves (1933/1983),
que foi traiçoeiramente assassinada em sua casa. Sobre a sua participação na
luta dos trabalhadores rurais ela afirmou: “Eu sentia que os direitos
da gente são iguais, ninguém é mais do que ninguém. E se eu estava aqui era
porque certamente tinha vontade de trabalhar. Porque tinha coragem de lutar.
Não tinha medo e achava que este negócio de homem e mulher é besteira. A mulher
pode ser até presidente de sindicato, pode ser”.
É
importante lembrar que as conquistas da mulher, aqui apenas enunciadas, não
foram alcançadas com facilidade. Foi preciso o testemunho de mulheres idealistas, comprometidas e fortes, que abriram caminhos para que a
Constituição brasileira, em 1988, reconhecesse a homens e mulheres iguais
direitos e deveres, como "pessoas" e cidadãos.
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Crédito das Imagens :
Bibi Ferreira – wikipédia.com
Olga Benário - pitura de Portinari - amazon.com
Bibi Ferreira – wikipédia.com
Olga Benário - pitura de Portinari - amazon.com
Chiquinha Gonzaga - www.educacao.uol.com.br
Simone Weil - www.simoneweil.com.br;
Rachel de Queiroz -
www.racheldequeiroz.releituras.com.br
Ruth de Souza - www.funarte.gov.br/brasilmemoriasdasartes;
Dilma Russeff -
www.desabafopais.blogspot.com/2011
Luiza Erundina - www.luizaerundina.com.br
Margarida Alves - wikipédia
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida deste espaço, por favor escreva-nos um comentário neste blog.
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