Há uma escultura no departamento de
antiguidades egípcias do Museu do Louvre, em Paris, que me fez grande impressão desde a
primeira vez que a contemplei.
O Escriba, um busto nu masculino de cor bronzeada, porte ereto, lábios serrados, queixo erguido, olhar fixo e vivaz, que forma um conjunto de presença marcante, e nos toca no profundo por sua densa expressividade. É um registro indelével nas entranhas da minha memória iconográfica.
O Escriba, um busto nu masculino de cor bronzeada, porte ereto, lábios serrados, queixo erguido, olhar fixo e vivaz, que forma um conjunto de presença marcante, e nos toca no profundo por sua densa expressividade. É um registro indelével nas entranhas da minha memória iconográfica.
Esse introito, ainda que insipiente, me assenta
na tarefa de consertar as ideias, em desafinada tentativa de desvelar o que eles,
os homens, mantêm selado, atado de todas as amarras, balbuciado em todas as formas
de silenciar, a nos desmanchar em avalanches de senões, de que-é-que-ele-quer-dizer-com-isso e de porquês - porque nossas histórias de mulher jamais desvendaram o precioso
saber desse mistério: o que é mesmo ser homem? Seria esse o seu encanto maior,
mais atraente, mais cativante, mais amável e sedutor?
A mulher ama um determinado homem
simplesmente porque o ama, o seu ser, o seu pensar, o seu jeito de se colocar
na vida; os traços de seu rosto e de seu corpo se embelezam pouco a pouco ao
ritmo contínuo da arte de amar. Não digo aqui do desejo ou da paixão súbita, que alguns
de nós conhecemos ou um dia chegaremos a conhecer; digo da conquista suave e alimentada, do aprendizado cotidiano do bem-querer - um aprendizado que carece de reciprocidade,
do cuidado diário da escuta e da atenção paciente e constante.
Mas... O que seria essa masculina forma de ser homem? Dizendo melhor: em quantas formas o homem assume o seu jeito de ser e de estar no mundo?
Toda mulher guarda as experiências da sua relação com os homens na breve ou longeva história de sua
vida: o pai amigo, confiante e incentivador ou o chefe de família sisudo,
temido, retido em seu pequeno espaço de poder e dominação; o irmão gentil,
atencioso e prestativo ou aquele outro distante e indiferente; o colega admirador e
admirável, por sua presença ativa e colaboradora, ou o companheiro de trabalho movido a inveja e interesse. O amigo, no entanto, é quase sempre um ouvinte prestativo; o parceiro, um companheiro de todas as horas.
Assim como na história do feminismo, da
metade do século passado para cá as relações entre as pessoas sofreram mudanças
profundas. O que se constata é que o homem tem conseguido se expressar melhor, como
aprendiz da convivência a dois, que requer a liberdade de ser e de sentir, o
exercício de cooperar e de partilhar, a prática de ouvir e de com-versar. Mesmo se muitos deles ainda
estejam a carregar a herança do seu silêncio, a carecer a paciência criativa da
mulher - ela que, por sua vez, precisaria controlar melhor certo jeito
destemperado de falar, quem sabe, levada pela carência de ser ouvida e de ouvir. Essa poderia ser ao que me parece,
a grande chave da relação a dois.
Para falar de grandes personalidades homens, chegaríamos a uma
lista interminável, mesmo se fossem enunciadas apenas as grandes figuras que
contribuem para o bem da humanidade. Entanto, me atenho a citar alguns,
do tempo recente do século passado e da nossa época.
Lembramos, aqui, aqueles cuja luta política legou ao mundo o testemunho da fidelidade às suas ideias, e da solidariedade com o seu povo.
O carismático advogado e ativista indiano Mahatma Gandi (1869/1948), que dedicou a vida para cooperar com o seu povo para saírem da dominação colonialista da Inglaterra. Foi assassinado.
O grande líder pacifista americano, Martin Luther King (1929/1968), que lutou pela liberdade dos negros nos Estados Unidos da América. Morreu assassinado.
O médico revolucionário cubano Che Guevara, (1928/1967) que dedicou a vida a lutar pela liberdade de povos vítimas de longas ditaduras. Dizia: "Correndo o risco de ser ridículo, deixem-me dizer-lhes, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor". Morreu assassinado.
Na América do Sul, o arquiteto Adolfo Pérez Esquivel, ativista argentinocomprometido com a Não Violência e com a Teologia da Libertação, foi reconhecido com o Prêmio Nobel da Paz, em 1980, em plena ditadura no país, por seu compromisso com a defesa da democracia e dos
direitos humanos contra os regimes militares na América Latina.
Na África do Sul, Desmond Tutu, um arcebispo anglicano da África do Sul, é reconhecido defensor ativista dos direitos humanos, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984, por se opor ao regime segregacionista do 'apartheid', abolido em 1994 no seu país. O sul-africano Nelson
Mandela (1918/2013), um advogado, ativista dos direitos humanos que passou sua juventude na prisão, por lutar contra a segregação racial no seu país. Considerado o mais importante líder da África Negra, foi laureado com o Prêmio Nobel da Paz de 1993.
O sindicalista e ex presidente polonês Lech Walesa (1943), fundador do sindicato Solidariedade e prêmio Nobel da Paz, em 1983, ainda hoje atuante na defesa dos direitos humanos de seu povo. Todos eles foram lutadores incansáveis por ideais que mudaram a sociedade em que viveram.
Lembramos, aqui, aqueles cuja luta política legou ao mundo o testemunho da fidelidade às suas ideias, e da solidariedade com o seu povo.
O carismático advogado e ativista indiano Mahatma Gandi (1869/1948), que dedicou a vida para cooperar com o seu povo para saírem da dominação colonialista da Inglaterra. Foi assassinado.
O grande líder pacifista americano, Martin Luther King (1929/1968), que lutou pela liberdade dos negros nos Estados Unidos da América. Morreu assassinado.
O médico revolucionário cubano Che Guevara, (1928/1967) que dedicou a vida a lutar pela liberdade de povos vítimas de longas ditaduras. Dizia: "Correndo o risco de ser ridículo, deixem-me dizer-lhes, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor". Morreu assassinado.
O sindicalista e ex presidente polonês Lech Walesa (1943), fundador do sindicato Solidariedade e prêmio Nobel da Paz, em 1983, ainda hoje atuante na defesa dos direitos humanos de seu povo. Todos eles foram lutadores incansáveis por ideais que mudaram a sociedade em que viveram.
Do Brasil, do século passado, impossível não citar em primeira linha o educador Paulo Freire (1921/1997) que revolucionou a concepção do processo educativo com suas experiências e seus escritos sobre a "pedagogia do oprimido" e que, ainda hoje, subsidia a prática dos educadores mais conscientes de sua missão e fundamenta os estudos da pedagogia moderna.
Da mesma época, lembramos o sociólogo e humanista Herbert de Souza (1935/1997), com quem tive a grande honra de participar da fundação da ABONG - Associação Brasileira de ONGs. Mais conhecido como Betinho, foi um dos fundadores e dirigentes do IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, no Rio de Janeiro, e iniciador da campanha do Natal Sem Fome. Um homem delicado e atencioso no trato, mas firme e lutador por reformas políticas e sociais no Brasil, mobilizando grandes manifestações populares.
Da mesma época, lembramos o sociólogo e humanista Herbert de Souza (1935/1997), com quem tive a grande honra de participar da fundação da ABONG - Associação Brasileira de ONGs. Mais conhecido como Betinho, foi um dos fundadores e dirigentes do IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, no Rio de Janeiro, e iniciador da campanha do Natal Sem Fome. Um homem delicado e atencioso no trato, mas firme e lutador por reformas políticas e sociais no Brasil, mobilizando grandes manifestações populares.
Da literatura brasileira, não bastaria este espaço, nem os meus poucos conhecimentos. Atenho-me especialmente aos escritores que descreveram a vida do povo do Nordeste, em homenagem às minhas raízes sertanejas. Fazendo antes uma homenagem pessoal ao grande mestre romancista Machado de Assis (1839/1908) e ao grande poeta e cronista Carlos Drummond de Andrade (1902/1987).
Do Nordeste lembro o romancista de Vidas Secas, Graciliano Ramos (1822/1953); o criador de uma linguagem saborosa e inovadora no romance Grande Sertão, Veredas – João Guimarães Rosa (1908/1967); o grande poeta pernambucano, autor de Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto (1920/1999) e os grandes embaixadores do Nordeste: Ariano Suassuna, escritor, poeta e romancista conhecido especialmente pelo livro "O auto da compadecida", e pela criação do Movimento Armorial;o grandioso e inesquecível poeta Patativa do Assaré, por sua brilhante e extensa obra. E, por fim, o meu irmão amigo, Heleno Oliveira, mais conhecido na Itália, onde foi premiado como poeta bilíngue.
Dos nossos poetas e escritores clássicos nordestinos tenho em minhas prateleiras obras de Ascenso Ferreira, Aluízio de Azevedo, José Lins do Rego, Jorge Amado e Josué Montello.
Do Nordeste lembro o romancista de Vidas Secas, Graciliano Ramos (1822/1953); o criador de uma linguagem saborosa e inovadora no romance Grande Sertão, Veredas – João Guimarães Rosa (1908/1967); o grande poeta pernambucano, autor de Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto (1920/1999) e os grandes embaixadores do Nordeste: Ariano Suassuna, escritor, poeta e romancista conhecido especialmente pelo livro "O auto da compadecida", e pela criação do Movimento Armorial;o grandioso e inesquecível poeta Patativa do Assaré, por sua brilhante e extensa obra. E, por fim, o meu irmão amigo, Heleno Oliveira, mais conhecido na Itália, onde foi premiado como poeta bilíngue.
Dos nossos poetas e escritores clássicos nordestinos tenho em minhas prateleiras obras de Ascenso Ferreira, Aluízio de Azevedo, José Lins do Rego, Jorge Amado e Josué Montello.
Seria longo demais por-me a citar as grandes figuras que sobressaem, hoje, na iconografia, no cinema, nas ciências, na música e no teatro
brasileiro. Mas, como nordestina, e ainda dos tempos áureos da MPB, não poderia deixar de lembrar o ritmo e a poesia dos extraordinários compositores baiano Dorival Caimy, cuja obra trouxe um significante enriquecimento à produção musical brasileira, abrindo um período de grandes mestres como João Gilberto, Antônio Carlos Jobim, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Milton Nascimento e Chico Buarque.
Desejo, por fim, homenagear três personagens representativas na história da Igreja Católica e do Brasil –
os arcebispos Hélder Câmara (1909/1999), irmão e defensor dos excluídos,
ícone da luta ativa pela paz; e José Maria Pires (1919/2017) que se dedicou com sensibilidade fraterna e trabalho efetivo pelo povo da Paraíba.
E o Dom Paulo Evaristo Arns (1921/2016) o carismático cardeal de São Paulo, um homem solidário e de coragem intrépida em favor do seu povo, especialmente no período efervescente da ditadura militar.
Tive a honra de trabalhar e de muito aprender com os três – tratos da minha vida que preservo com imenso carinho na memória afetiva, vividos em São Paulo e, mais tarde, no Recife.
Neste século XXI, estamos seguindo o emblemático percurso de um cardeal argentino nomeado papa em 2013, denominando-se Francisco, o papa que está conquistando o mundo por sua forte coerência com o sentido do amor fraterno, com a simplicidade e com o seu compromisso com o destino da humanidade.
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E o Dom Paulo Evaristo Arns (1921/2016) o carismático cardeal de São Paulo, um homem solidário e de coragem intrépida em favor do seu povo, especialmente no período efervescente da ditadura militar.
Tive a honra de trabalhar e de muito aprender com os três – tratos da minha vida que preservo com imenso carinho na memória afetiva, vividos em São Paulo e, mais tarde, no Recife.
Neste século XXI, estamos seguindo o emblemático percurso de um cardeal argentino nomeado papa em 2013, denominando-se Francisco, o papa que está conquistando o mundo por sua forte coerência com o sentido do amor fraterno, com a simplicidade e com o seu compromisso com o destino da humanidade.
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Crédito das Imagens:
1. "Escriba", escultura egípcia exposta no Museu do Louvre - www.
2. Carlos Sandroni - músico, pesquisador, compositor e professor da UFPE - www.ufpe/departamentodemúsica.
3. Papa Francisco em oração, no muro da Palestina - foto divulgação
4. Martin Luther King - https://www.conhecimentocientifico.r.7.com - martin-luther-king.jpg
5. Che Guevara - https://br.pinterest.com.pin.jpg
6. Adolfo-Pérez-Esquivel.wfs.2003jpg
7. Lech Walesa - https://brasil.elpais.com/tag/lech_walesa
8. Betinho, Herbert de Souza, no lançamento da campanha Natal Sem Fome - www.paralelo.spaceblog.com.
9. Lula, Luís Inácio Lula da Silva, em campanha para a presidência de república - www.ultimosegundo.ig.com.br
10. Machado-Assis.jpg
11. Patativa do Assaré - tjce.jus.br.jpg
12. Dorival Caymmi e Jorge Amado -www. revistamarina.com.br
13. Hélder Câmara - www.teologiadalibertacao.blogspot.com
2. Carlos Sandroni - músico, pesquisador, compositor e professor da UFPE - www.ufpe/departamentodemúsica.
3. Papa Francisco em oração, no muro da Palestina - foto divulgação
4. Martin Luther King - https://www.conhecimentocientifico.r.7.com - martin-luther-king.jpg
5. Che Guevara - https://br.pinterest.com.pin.jpg
6. Adolfo-Pérez-Esquivel.wfs.2003jpg
7. Lech Walesa - https://brasil.elpais.com/tag/lech_walesa
8. Betinho, Herbert de Souza, no lançamento da campanha Natal Sem Fome - www.paralelo.spaceblog.com.
9. Lula, Luís Inácio Lula da Silva, em campanha para a presidência de república - www.ultimosegundo.ig.com.br
10. Machado-Assis.jpg
11. Patativa do Assaré - tjce.jus.br.jpg
12. Dorival Caymmi e Jorge Amado -www. revistamarina.com.br
13. Hélder Câmara - www.teologiadalibertacao.blogspot.com
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma dessas imagens e deseja que ela seja removida deste espaço, por favor deixe um comentário nesta postagem.
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