FOTO: LULA MARQUES
Só um tsunami da educação
pode destruir o
atual cenário de ataques
Opinião – CARTA CAPITAL
A onda gigante de
defensores da educação pública, gratuita, democrática e de qualidade é uma
força da natureza que não se pode conter
Por:
José de Ribamar Virgolino Barroso
Os geógrafos
explicam as tsunamis como ondas descomunais, com grande volume de energia, que
ocorrem nos oceanos pela movimentação das placas tectônicas. Tal qual um
terremoto, o maremoto tem seu epicentro — isto é, o ponto da superfície
terrestre, nesse caso sob o oceano, a partir do qual se irradia — atingido em
primeiro lugar e com maior intensidade pelo abalo sísmico.
Não é em vão
que o 13 de agosto foi batizado como tsunami da educação. Neste
momento de estremecimento — das políticas públicas, dos direitos sociais
fundamentais e do próprio Estado Democrático de Direito —, a educação tem sido,
de fato, um ponto fulcral a absorver os primeiros impactos que prenunciam a
catástrofe. A onda gigantesca de estudantes, professores, técnicos
administrativos e defensores da educação pública, gratuita, democrática e de
qualidade socialmente referenciada é, portanto, consequência. Mais: é uma força
da natureza, que não se pode conter.
No Congresso
Extraordinário da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos
de Ensino (Contee), realizado no fim de julho em São Paulo, apontamos a participação
na mobilização do dia 13 como uma das prioridades de nosso plano de lutas.
Se mantivéssemos a metáfora das ondas do mar e seu potencial cataclísmico,
poderíamos dizer que, nesse volume de reação popular que se levanta, os
professores e auxiliares de administração escolar das instituições privadas,
que compõem a base da Contee, adensam tanto a base da onda que inundará as ruas
quanto fazem crescer sua crista.
Por um lado, o
da base, porque fazem parte da ampla parcela da sociedade civil organizada,
sobretudo nas entidades educacionais, que defende a educação pública como
basilar para um projeto soberano de nação, o qual está sendo fendido pelos
tremores — e terrores — postos em prática pelo atual governo. Por outro, o da
crista, porque é justamente uma antiga bandeira da Contee que precisa estar no
auge das mobilizações para enfrentar os atuais ataques: a luta contra a
mercantilização, financeirização, oligopolização e desnacionalização do ensino,
visando a atender os interesses privatistas — que, não por acaso, estão dentro
do próprio Ministério da Educação.
Faz-se
imprescindível, como se vê, que inundemos as ruas, a exemplo das grandes
mobilizações que realizamos nos dias 15 de maio (na greve nacional da
educação), 30 de maio (com os atos convocados pelo movimento estudantil em
defesa da educação pública) e 14 de junho (na greve geral da classe
trabalhadora contra a reforma da Previdência).
Que seja, sim,
uma tsunami a destruir o atual cenário de ataques e que, depois dela, um outro
projeto de educação (pública, gratuita, laica, inclusiva, crítica, de
qualidade, acompanhada da regulamentação do ensino privado) se construa.
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*José de Ribamar Virgolino Barroso é
coordenador da Secretaria de Finanças da Contee
Fonte do artigo:
Crédito das Imagens:
1. Manifestação de educadores - Foto de Lula Marques
2. Manifestação de educadores - reprodução
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