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AMIZADE - AMOR QUE VAI SEM ESPERAR A VOLTA

17 janeiro, 2018

Chegou ao meu celular um agradecimento aos amigos, lembrados como "pessoas que deixam um pouquinho de si e carregam um bocadinho de nós". 

Já escrevi muito, neste espaço, sobre a amizade. E gosto de ver a amizade como um novo sacramento que nos ampara no enfrentamento da vida, do jeito que ela se apresentar.  

A amizade nos permite dividir, com outros, os momentos mais difíceis de suportar sozinhos. E nos a multiplicar, de forma prazerosa, a alegria dos dias de regozijo, e o bem-estar do afeto profundo por pessoas que antes não conhecíamos. 

Você já notou como  nos momentos de tristeza  só temos vontade de ficar a  sós, e só nos abrimos à companhia dos amigos?


O amigo pode ser  o pai ou a mãe, um filho ou uma filha, um irmão ou irmã, um colega de trabalho... alguém que conheci no elevador do condomínio, numa viagem, na universidade, na fila do ônibus, ou na festa de outro amigo. E assim se tornam  pessoas especiais, a quem o  o tempo oferece — e a nós também — a liberdade e o direito de partilhar a vida. 

Manifestar a gratidão pela amizade é reconhecê-la dom maior, é agradecer à vida por nos fazer experimentá-la e sermos dignos dela. 

Mas, é imprescindível  reconhecer que a amizade é uma das faces do amor. Portanto, é verdadeira quando somos estimulados tendo recebido, ou não, a atenção de afeto do outro — a lhe oferecer a nossa atenção, o nosso afeto, o dom que transborda, sem jamais fazer medições de nenhuma espécie.

O amigo é alguém de quem se reconhece a presença fraterna, atenciosa, cuidadosa — e, ao mesmo tempo, com o mesmo dinâmico movimento também nos leva a fazer gestos concretos de comunhão com a sua dor, e de partilha das alegrias e dos bens da vida.  

Nas minhas lembranças da exuberante época da música popular brasileira, Gilberto Gil produziu "Grão", Milton nos deliciou com "Maria" e cantou: "Amigo é coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves"... Muitos outros emprestaram o dom da música para cantar essa dádiva rara da vida, que é o amor configurado em troca comum do bem-querer. 


Leonardo Boof se referiu à dádiva do amor fraterno e amigo, chamando-a "carícia do afeto". E quando Jesus de Nazaré falava desse movimento amoroso pelo outro, dizia que deveria ser igual ao amor que se tem por si mesmo.

Há que se aprender a não ficar à espera que alguém cuide de mim, do meu bem-estar, da minha saúde, das minhas decepções. O amor requer que eu tenha, como prioridade, o cuidado comigo mesmo.

O que acontece, então? Eu cuido de mim para continuar a ser capaz de ensejar uma existência agradável ao outro. O que está longe de ser um ato egoísta de exclusão, mas de cuidado comigo, em o benefício daqueles que amo. 

Desse modo a amizade se torna uma atitude de amor que vai, sem esperar a volta. E não só. Como ensinava Jesus, o Nazareno  fazendo de modo que a  a mão direita não veja o que a esquerda realiza. 


Assim, ser amigo não é, simplesmente, esforçar-se para retribuir o favor ou o benefício que alguém me fez — este é um digno gesto de "civilidade", e chama-se gratidão. Ser amigo, é me colocar na vida como um dom para o outro, assim como ele é, seja lá o que me fez ou deixou de fazer. E em qualquer circunstância da vida. 

Ao experimentar a amizade,  aprofundamos, em nós, o necessário aprendizado do amor fraterno, alargado a todos, e os gestos pessoais e sociais da compaixão.  

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*Texto de Vanise Rezende

As imagens são exclusivas do "Espaço Poese".

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