
Um sentir
nascido das lembranças do amor quando foi viçoso e intenso, ou da sombra de
uma dor já ida, relembrada num ai trazido pela ventania...
Cada um tem o seu dia de sim e de não.
O dia dos apaixonados longe da pessoa amada...
O dia de um pai ao lado do filho adoecido...
O dia da dor cruel, com tantas faces...
O dia da expectativa do encontro almejado...
Há dias do escriba entorpecido diante de uma página em branco...
O dia de um pai ao lado do filho adoecido...
O dia da dor cruel, com tantas faces...
O dia da expectativa do encontro almejado...

Dias do músico inquietado por sons
difusos em seus ouvidos...
Dias de pesada imobilidade nas mãos do pintor – a tela inteira diante de si, em sua brancura inexpressiva...
O dia a dia dos médicos de um precários sistema público de saúde – ainda incapaz de lhes oferecer iguais oportunidades...
O dia a dia dos médicos de um precários sistema público de saúde – ainda incapaz de lhes oferecer iguais oportunidades...
Dias de crianças famintas a clamar pelo pão que não chega...
Dias de guerras insanas que desarmam a harmonia da convivência, a esperança de um futuro melhor, os projetos de vida dos cidadãos...
Dias de perceber os próprios limites diante do que ainda há que realizar...
Dias de guerras insanas que desarmam a harmonia da convivência, a esperança de um futuro melhor, os projetos de vida dos cidadãos...
Dias de perceber os próprios limites diante do que ainda há que realizar...
E o todo dia de recomeçar mais uma vez, na tentativa de mudar o rumo da vida, em busca de um sonho. Diferentes dias – do passado e do presente – que às vezes nos convidam a repetir: "Meu deus, meu deus, por que me abandonaste?"
Nesses momentos, a vida nos convoca a dizer um 'sim', feito as palavras daquele homem tão especial, que fez história e, queiramos ou não, continua inspirando a nossa vida: "Em tuas mãos entrego o meu espírito!’"

Crédulos e incrédulos, e mesmo os que se dizem indiferentes – todos são chamados a definir o sim histórico da sua própria vida, o desenho do seu destino, a sua participação pessoal e única na construção do viver civil, do viver cordial, do viver enredado de amor.
Pois que seja hoje, esse dia. O hoje de um ano que está por começar. O hoje deste momento que preciso aceitar, o hoje que devo enfrentar na luta por tempos melhores, na construção de relações mais saudáveis, como brisa de alívio a tantas preocupações.
Que seja hoje o dia de dizer 'sim' ao recomeço, e que isto signifique o momento de optar pelo 'não' diante da negligência, da exploração, do comodismo, do vício de uma lastimosa vida.

Que seja hoje o momento do não à preguiça e ao engodo e, especialmente, aos incontáveis atos da corrupção do dia a dia. Que seja um 'sim' de adesão às iniciativas de contenção nos gastos de água, do cuidado pessoal com a manipulação do lixo da própria casa e da empresa ou instituição em que se trabalha. Um 'não' às camufladas faces do desamor e do ódio (nas relações pessoais e na participação política); um não à indiferença e à desinformação alimentada nas mesmas fontes da mídia.
Cada um sabe qual será o seu primeiro passo, o seu gesto mobilizador e necessário para hoje mesmo retomar a vida em suas mãos, pois o tempo não espera os que dormem. É tempo de acordar e de assumir atitudes que envolvam participação, e coragem para as mudanças na vida pessoal e civil.

Atitudes signifiquem juntar-me aos que também desejam construir – no ambiente profissional e social – os pequenos e grandes sonhos dos tantos deserdados sociais que vivem em busca do seu dia de 'sim'.
Pois a indiferença, o descaso, e a comodidade são as grandes doenças de uma sociedade que não enxerga além do seu próprio quintal – um quintal em que viceja o culto à riqueza, a busca do poder, a indiferença à dor do outro.
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Crédito de Imagens:
As três primeiras imagens são de: www.canstockphoto.com.br
Imagem 4 - Babel - pintura de Roberto Ploeg. ost. 120x220cm. - 2012
Imagem 5 - Desenho de João LIN - Recife - PE - Brasil
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