Hoje falaremos de um valor
desumano e muito equivocado entre aqueles que são avessos ao sentimento
do amor: a hipocrisia.
A
hipocrisia é uma
atitude que demonstra o contrário daquilo que uma pessoa realmente sente ou
pensa, enquanto dissimula a sua personalidade e esconde a sua verdadeira
natureza. Essas são características das pessoas fingidas, falsas,
simuladas.
O legalismo está entre as formas mais torpes da
hipocrisia. Simula virtude e justiça na forma vazia da lei. O legalismo é letra
sem espírito que não discerne, mas esconde, no silêncio, toda possibilidade de
cura e de amor. O mesmo silêncio dos fariseus de que fala o Evangelho de Lucas 14,1-16. Contra essa hipocrisia o Papa Francisco nos convida à
vigilância.
Existe o caminho da lei e existe aquele da justiça.
Não são iguais. O amor pela lei não é verdadeiro
amor, mas é alguma coisa que se assemelha à idolatria. E talvez o seja. Antepõe
a lei ao amor. Antepõe a lei ao homem. Antepõe a lei a Deus. E o silêncio
hipócrita dos fariseus diante de um doente que com digna humildade pede cura é
o mais eloquente dos sinais. A hipocrisia significa, etimologicamente a “simulação de uma
virtude”.
Em 31 de outubro de 2014, na homilia da missa em
Santa Marta, comentando o Evangelho do dia Papa Francisco expressou o seu desapontamento pelos “cristãos hipócritas" que escolhem o caminho do legalismo e se servem disso para
fechar as portas que só a justiça – que tem uma alma, não unicamente uma
forma – pode reabrir.
“(...) Jesus pede aos fariseus se seria lícito ou
não curar no sábado, mas eles não respondem. Jesus não se desorienta diante do
silencia deles, toma a mão do doente e o cura. Os fariseus, colocados diante da
verdade da doença e da cura silenciavam ‘mas depois comentavam por trás... e
procuravam um modo de fazê-lo cair na cilada’.
Jesus corrige essa gente que ‘era muito apegada à lei, que tinha esquecido a justiça’ e negava até mesmo a ajuda aos mais anciãos, com a desculpa de ter dado tudo em dom ao Templo. Mas, “o que é mais importante?” – pergunta o papa – o quarto mandamento ou o Templo?”.
Jesus corrige essa gente que ‘era muito apegada à lei, que tinha esquecido a justiça’ e negava até mesmo a ajuda aos mais anciãos, com a desculpa de ter dado tudo em dom ao Templo. Mas, “o que é mais importante?” – pergunta o papa – o quarto mandamento ou o Templo?”.
Papa Francisco prossegue: “Este caminho de viver preso à lei os distanciava do amor e da justiça.
Cuidavam da lei, transcuravam a justiça. Eram modelos: eram os modelos.
E Jesus só encontra uma palavra para essa gente: hipócritas. Se por um lado eles vão a por todo lado à procura de prosélitos, o que fazem depois? Fecham a porta.
Homens fechados, homens muito atentos à lei, à letra da lei, não à lei, porque a lei é o amor; mas ficam ligados à letra da lei que sempre fecha as portas da esperança, do amor, da salvação... Homens que sabiam apenas fechar”.
Cuidavam da lei, transcuravam a justiça. Eram modelos: eram os modelos.
E Jesus só encontra uma palavra para essa gente: hipócritas. Se por um lado eles vão a por todo lado à procura de prosélitos, o que fazem depois? Fecham a porta.
Homens fechados, homens muito atentos à lei, à letra da lei, não à lei, porque a lei é o amor; mas ficam ligados à letra da lei que sempre fecha as portas da esperança, do amor, da salvação... Homens que sabiam apenas fechar”.
“O caminho para sermos fieis à lei sem
transcurar a justiça, sem transcurar o amor” – prosseguiu
o Papa, citando a Carta de São Paulo aos Filipenses – “é o caminho inverso: do amor à integridade; do amor ao discernimento;
do amor à lei”:
“Este é o caminho que nos ensina Jesus,
totalmente oposto aquele dos doutores da lei. E este caminho do amor à justiça
leva a Deus. Diversamente, o outro caminho de apegar-se somente à lei, à letra
da lei, leva ao fechamento, leva ao egoísmo.
O caminho que vai do amor ao conhecimento e ao discernimento, à plena realização, leva à santidade, à salvação, ao encontro com Jesus.
Ao contrário, o fechamento leva ao egoísmo, à soberba de se sentir justo, àquela santidade entre aspas, das aparências, não é? Jesus diz àquela gente: ‘Mas, a vocês agrada que os outros os vejam como homens de oração, de jejum’... exibir-se, não é? E por isso Jesus diz: ‘Fazei aquilo que eles dizem, mas não aquilo que fazem’.”
O caminho que vai do amor ao conhecimento e ao discernimento, à plena realização, leva à santidade, à salvação, ao encontro com Jesus.
Ao contrário, o fechamento leva ao egoísmo, à soberba de se sentir justo, àquela santidade entre aspas, das aparências, não é? Jesus diz àquela gente: ‘Mas, a vocês agrada que os outros os vejam como homens de oração, de jejum’... exibir-se, não é? E por isso Jesus diz: ‘Fazei aquilo que eles dizem, mas não aquilo que fazem’.”
E o Papa ainda observa: “Essas são as duas estradas e há pequenos gestos de Jesus que nos fazem
entender este caminho do amor ao pleno conhecimento e ao pleno discernimento”.
Jesus nos toma pela mão e nos cura:
“Jesus se aproxima: a aproximação é, na
verdade, a prova de que nós caminhamos no caminho certo. Porque é este o
caminho que Deus escolheu para nos salvar: a aproximação, a vizinhança.
Aproximou-se de nós, fez-se homem. A carne: a carne de Deus é o sinal; a carne de Deus é o sinal da verdadeira justiça. Deus se fez homem como um de nós, e nós devemos nos fazer como os outros, como os necessitados, como aqueles que têm necessidade da nossa ajuda”.
Aproximou-se de nós, fez-se homem. A carne: a carne de Deus é o sinal; a carne de Deus é o sinal da verdadeira justiça. Deus se fez homem como um de nós, e nós devemos nos fazer como os outros, como os necessitados, como aqueles que têm necessidade da nossa ajuda”.
“A carne de Jesus – afirma o Papa – “é a ponte que nos aproxima de Deus. Não é a letra da lei: não! Na carne de Cristo a lei encontra o seu pleno sentido;
... é uma carne que sabe sofrer, que deu a
sua vida por nós.”
“Que estes exemplos, este exemplo da
aproximação de Jesus, do amor à plenitude da lei – concluiu o Papa
Francisco – ajudem-nos a jamais escorregar na hipocrisia: jamais. É muito
feio um cristão hipócrita. Muito feio. Que o Senhor nos salve disto!”.
Créditos das Imagens:
1 - "A estudante" (1915) - Anita Mafalti - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand-
- Reprodução fotográfica di Romulo Fialdine.
1 - "A estudante" (1915) - Anita Mafalti - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand-
- Reprodução fotográfica di Romulo Fialdine.
2 - O fariseu - www.imagensbíblicas.com.br
3 - Cadeado - arquivo fotográfico do blog.
4 - Imagem fotográfica africana representativa do movimento UBUNTU.
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma dessas imagens e deseja que ela seja removida deste espaço, por favor entre em contato com: vrblog@hotmail.com
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