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VIVER BEM A VELHICE - O QUE VOCÊ TEM PARA NOS CONTAR?

19 julho, 2021


Recebi de um amigo e seguidor deste blog, um pequeno e interessante texto sobre a velhice 

um tema sobre o qual muito se escreve (há uma página, neste blog, sobre a velhice), embora ainda nos pareça que não se disse tudo. A velhice é um período de plenitude da vida, em que se tem o conforto de lembrar o passado, a sensação bonita da saudade das coisas que vivemos, e a segurança da experiência que nos torna mais livres e felizes, quando não há necessidades imperiosas ou o desgosto do desamor familiar.

Para muitos, a velhice pode significar um tempo penoso de se viver, mas devíamos escrever mais sobre a graça e a riqueza de se alcançar a culminância da vida! Nós, os velhos, temos sentimentos que, se fossem mais conhecidos, muitos cuidariam de preparar com mais empenho pessoal essa etapa tão preciosa do viver. Seria bom sempre poder contar com a companhia de quem se ama, na velhice, mas às vezes se precisa viver na dependência de familiares, em casas de repouso ou na solidão de nossa própria casa, quando, por diversos motivos, o companheiro ou a companheira já não estão conosco.

Alguns alcançam a graça de uma solidão cultivada de bem-quereres e  de pensares, com momentos de alegria impagáveis por ainda podermos cooperar com o nosso fazer, colaborando para o bem-estar do mundo em que vivemos. Para muitos, o que mais os sustenta é a prática de uma espiritualidade de convivência fraterna e de amor pelo outro, que preenche a sensação de solidão, apoia o inevitável sofrer, e amplia o nosso horizonte para as diferentes diferenças que muito nos acrescenta e nos faz sentir cheios de vida. É quando a velhice nos torna abertos para o novo, e somos capazes de compreender aqueles que não pensam nem vivem como nós desejaríamos.

Mas sempre devemos  refinar a nossa mente e o nosso olhar sobre a preciosa longevidade que nos é dada, especialmente se a vida nos favoreceu com saúde e a autonomia financeira. O que não significa que, com isto, estejamos dispensados de conhecer ou de nos solidarizar com as várias faces da dor, em todos os seus matizes, especialmente aquela de saber que muitos, velhos como nós, estão sofrendo o desalento da necessidade em várias dimensões.

O precioso texto que me foi enviado, atiçou-me a curiosidade e o prazer de conhecer um pouco da sabedoria e da poética do seu autor  um grande escritor  e crítico literário francês. Émile A. Faguet nasceu na primeira metade do século XIX. 

Seu texto, aqui reproduzido, deve ter sido encontrado num dos livros de uma coleção escrita por Faguet entre 1900 e 1910, chamada “Le Dix Commandements” (Os dez Mandamentos), produzida em 10 volumes que abarcam os nossos principais interesses, incluindo um livro sobre a velhice.


Eis os títulos dos 10 volumes de
Émile A. Faguet:

  1.   De l’Amour de Soi (Do Amor de Si),

  2.   De l’Amour (Do Amor),

  3.   De la Famille (Da Família),

  4.   De l’Amitié (Da Amizade),

  5.   De la Vieillesse (Da Velhice),

  6.   De la Profession (Da Profissão),

  7.   La Patrie (A Pátria),

  8.   De la Verité, (Da Verdade),

  9.   Le Devoir (O Dever),

   10. De Dieu (Sobre Deus).  

Segue o texto que me foi enviado:

“Existem cinco coisas antigas que são boas:

• Esposas idosas.

• Os velhos amigos para conversar.

• A velha lenha para aquecer.

• Velhos vinhos para beber.

• Os livros antigos para ler.”


Ao lado do texto, seguem ditos de filósofos, romancistas, artistas, produtores de
 teatro, cinema e outros, escolhidos por Émile A. Faguet, para complementar suas ideias sobre a velhice. Sugiro, aqui, uma leitura demorada e mais refletida, para que a curiosidade não nos deixe perder a profundidade do que os autores se propõem dizer. Pode acontecer que não estejamos de acordo com todos, e isso é bom. Significa que temos o direito de discordar, de pensar diferente, contanto que saibamos ampliar a nossa experiência com o de outras pessoas de culturas e tempos diversos. 

Vejamos: 

Velho é aquele que considera que sua tarefa está cumprida. Aquele que se levanta sem metas e se deita sem esperança. Autor desconhecido*

O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão - Gabriel Garcia Marques*

Os primeiros quarenta anos de vida nos dão o texto; os próximos trinta, o comentário. Arthur Schopenhauer*

A velhice tira o que herdamos e nos dá o que merecemos. Gerald Brenan*

Um homem não é velho até que comece a reclamar em vez de sonhar. John Barrymore*

Leva-se dois anos para aprender a falar e sessenta para aprender a calar a boca. Ernest Hemingway*

Quando me dizem que estou velho demais para fazer alguma coisa, tento fazer mais rápido. Pablo Picasso*

A maturidade do homem é ter recuperado a serenidade com a qual brincávamos quando éramos crianças. Frederich Nietzsche*

Os velhos desconfiam dos jovens porque já foram jovens. William Shakespeare*

Na juventude aprendemos, na velhice entendemos. Marie von Ebner Eschenbach*

O jovem conhece as regras, mas o velho conhece as exceções. Oliver Wendell Holmes*

O velho não pode fazer o que um jovem faz; mas faz melhor. Cícero*

A arte do envelhecimento é a arte de preservar alguma esperança.  André Maurois*

As rugas do espírito nos fazem mais velhos que as do rosto. Michel Eugene de le Montaigne*

As árvores mais antigas dão os frutos mais doces.  Provérbio alemão*

Envelhecer é como escalar uma grande montanha: enquanto escala, as forças diminuem, mas o olhar é mais livre, a visão mais ampla e mais serena. Ingmar Bergman*

O meu desejo sincero é que alguns leitores me enviem seus comentários sobre  como se prepara para a velhice, ou a vivenciam agora. Quem desejar, deixe o seu comentário aqui abaixo, ou escreva para: rezende.vanise@gmail.com. Eu teria muito prazer em publicar sua experiência, mesmo se você prefira não se identificar na postagem. É um gesto de partilha com os caros leitores deste blog. Agradeço de coração!

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                          Èmile A. Faguet /1915), nasceu em La Roche-sur-Yon (Vendée), na França. Estudou na École  Superieure em Paris. Doutorou-se em Literatura em 1883. A partir de 1892 foi crítico literário para o “Revue Bleue” e em 1896 assumiu o lugar de Jules Lamaître no “Jounal des débats”. Também atuou como crítico dramático para o Soleil.  Em 1897 tornou-se professor de crítica literária na Universidade de Paris. Em 1900 foi eleito para a Academia Francesa de Letras, recebendo a faixa do “Légion d’honor” no ano seguinte. É autor valiosos livros sobres temas diversificados. Em 1890 escreveu Estudos Literários sobre o século XIX, sobre Política e Moralismo (1890), Nietche (1900), Liberalismo (1903), Feminismo (1910), Culto à incompetência (1911), Iniciação à Filosofia e A arte de Ler (1912), Pequena história da Literatura (1913), e muitos ensaios sobre grandes nomes da literatura francesa. Morreu aos 68 anos.
A imagem ao lado, de Émile A. Faguet, é de 1894.



Créditos das Imagens:

1 a 3 - Imagens do portal www.canstockphoto,com.br

4. Cadernos da Coleção dos 10 vol., em português.

5. Retrato Émile A.Faguet - https://images.app.goo.gl/kBPzQP7KPiNrXB1J8  

6. Imagem de Émile A. Faguet em 1897. 

Nota As imagens publicadas nesta postagem pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja retirá-la, por favor envie-nos um comentário.


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