Fiquei impactada e indignada, ao ouvir uma importante entrevista concedida à TV 247 pelo cientista
brasileiro Dr. Miguel Nicolelis – reconhecido
por sua atuação no âmbito internacional. O
professor Nicolelis atualmente preside o Consórcio
Nordeste – comissão científica integrada por
infectologistas e cientistas que acompanham a pandemia no país, oferecendo pesquisas
e recomendações para subsidiar as decisões dos governadores do Nordeste e,
atualmente, de outros estados do país. Suas palavras fazem mais impressão porque, ainda em 15/05/2020 ele dissera, numa entrevista à revista “Gauchazh”,
de Porto Alegre: “Vamos viver algo que nunca imaginamos na história do
Brasil”. (*)
Estamos no final de janeiro de 2021. O resultado desastroso das festas de fim de ano está aí: o vírus ampliou a sua circulação, apresenta-se com novas características, e continuam subindo as estatísticas de infectados e mortos no país. Os governos estaduais parecem não ouvir o clamor das famílias que perdem os seus entes queridos. Com raras exceções, não os vemos tomar as atitudes recomendadas pelos cientistas, que hoje sugerem a drástica medida de fechar tudo. Impor lockdown. É o que insistentemente a Comissão Cietífica vem sugerindo. Mas os governos não dão ouvidos aos cientistas. A quem estarão ouvindo? Que critérios teriam para escolher que a população continue sendo dizimada? Uma situação como esta não é "culpa" dos irresponsáveis e delinquentes" que se esmeram em desobedecer os protocolos sugeridos pelas autoridades. Recordo ter ouvido - durante as comemorações do final de ano - o secretário de saúde do Recife dizer, que não havia pessoal suficiente para inspecionar a implosão de festas e aglomerados. Mas, sabe-se que, havendo responsabilidade e empenho, esse tipo de dificuldade não é impedimento para agir adequadamente.
Por outro lado, sabe-se
de uma importante reunião, marcada no âmbito do governo federal – com os
Secretários de Saúde, e os infectologistas e cientistas convidados – para
discutir a questão da vacinação no Brasil. Infelizmente – e, direi,
desastrosamente – a reunião foi suspensa, sem se prever outra data de realização. No
entanto, o Dr. Nicolelis diz que já passamos da hora de se impor normas mais drásticas à sociedade. Esta seria a atitude mais correta, como poucos estados ou cidades estão
fazendo.
A anunciada vacinação – “que até agora surge apenas como um espetáculo midiático” – está longe de atingir toda a população. O total de doses disponíveis é um número insignificante. Isto, num país que sempre foi reconhecido por sua tradição no uso da vacinação em momentos de epidemia.
“2021 está indo para o buraco."
”O otimismo que se podia ter está se esfumando."
Restam-nos muitas perguntas e perplexidades:
– Como explicar o fato de os governos estaduais não ouvirem as recomendações de infectologistas e cientistas renomados, que eles mesmos convidaram para orientá-los durante a pandemia?
– Que motivo seria mais importante do que as vidas de cidadãos brasileiros, inclusive inúmeros jovens, para não se adotar a medida extrema e necessária de se fechar tudo?
– Por que motivo não consideram os resultados exitosos dos países que adotam lockdown?
– Mesmo que já se tenha fechado uma vez, por que não agora, que a situação entra em profundo colapso?
Essas são algumas das considerações preocupantes tiradas da entrevista com o cientista Dr. Miguel Nicolelis – registrada em vídeo pela TV-247, em 22.01,2021.
Para
compreendê-las melhor, e conhecer o quadro atual da pandemia no Brasil,
recomendamos que não deixem de ouvir a entrevista.
Segue a indicação do vídeo: https://youtu.be/8HzMNpifXRQ
Sugirimos que o repassem aos seus contatos.
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Miguel Angelo Laporta Nicolelis - Referência mundial na área de neurociência, o médico brasileiro Miguel Nicolelis vive na Carolina do Norte (EUA), onde lidera um grupo de pesquisadores do campo de fisiologia de órgãos e sistemas do corpo humano na Universidade Duke. (Foi considerado um dos vinte maiores cientistas em sua área no começo da década passada pela revista de divulgação para leigos Scientific American. A Revista Época o colocou entre os 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009). Mas não em tempos de pandemia.
“Nas grandes nações, como Brasil, China e Estados
Unidos, as coisas são mais incontroláveis. São esses países que precisariam ter
comandos uniformes, presidentes engajados na luta contra o vírus. Se você não
tem um comando central que diz claramente o que se deve fazer, baseado em dados
científicos, fica muito difícil. Não tem como. É como ir para uma guerra sem um
general. A derrota é só uma questão de tempo.” (*)
(*) https://gauchazh.clicrbs.com.br/saude/noticia/2020/05/miguel-nicolelis - 15/05/2020.
Crédito das Imagens
1. Ano Novo - 2021- Cabo Frio RJ - https://www.poder360.com.br/brasil/ano-novo-na-pandemia-tem-de-aglomeracoes-a-cidades-vazias-veja-fotos/
2. Imagem Miguel Nicolelis - Reproduação/Divulgação
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