Ainda estamos celebrando a "passagem" do grande irmão Pedro Casaldáliga, deixando inúmeros amigos, além dos povos nativos que conviveram com ele cheios de saudade, e, ao mesmo tempo, reanimados para ampliarem e continuarem o bom combate que aprendemos com ele. A cuidar da terra com amor, a defender o meio ambiente e os povos ancestrais que viviam neste chão Brasil muito antes da devastação provocada pela cana-de-açúcar, pelos cafezais e pelos "negócios" dos predadores da natureza, nas terras da Amazônia.
Hoje publicamos uma informação muito triste, ainda sobre o desmando da ignorância e do desprezo que os "donos do poder" no Governo Federal vêm mostrando em relação à Floresta Amazônica, aos seus povos nativos, à fauna e à flora. Esse rico ambiente vem sendo entregue pelo Governo Federal à direção de pessoas ignorantes, que desdenham do saber dos técnicos do Ibama, dos antropólogos e dos caciques. O resultado é o desmatamento da Amazônia, a perseguição às tribos nativas e a demissão de pessoas bem preparadas que fiscalizavam o "cuidado" com o meio ambiente. Agora, a Amazônia está nas mãos de coniventes com os depredadores.
Há alguns dias publicamos informações de um relatório produzido por órgãos internacionais de proteção ambiental, que demostrava a importância e os ganhos reais do "investimento financeiro" nas ações de proteção ambiental. Hoje, no Brasil, investe-se para oferecer resultados voltados aos interesses privados de parceiros, empresas e organizações que não amam o nosso país nem o seu povo, e desconhecem a história do nosso país e a importância do povo nativo nas matas de preservação ambiental. Segue o artigo de The Intercept Brasil.
IBAMA CONTRARIA TÉCNICOS E ENTREGA CHEFIA ESTRATÉGICA A FUNCIONÁRIO DA ABIN
The Intercept
UM FUNCIONÁRIO da ABIN, a Agência Brasileira de Inteligência, foi alçado ao comando de uma unidade crucial no combate aos crimes ambientais do Ibama. André Heleno Silveira, um oficial de inteligência que não tem qualquer experiência comprovada na área, foi nomeado o novo chefe da Coordenação de Inteligência de Fiscalização, setor que faz investigações e abastece com dados as principais operações do órgão contra a destruição da Amazônia e outros biomas brasileiros.
Publicada em 21
de agosto, a nomeação assinada pelo presidente substituto do Ibama,
Luis Carlos Hiromi Nagao, ignorou um aviso feito por servidores do próprio
órgão. Em nota técnica entregue à diretoria, em julho, eles recomendaram que
não se colocasse uma pessoa de fora do órgão à frente da unidade. O grupo
argumentou, entre outros motivos, que a área produz dados sigilosos e que
eventuais vazamentos ameaçam o sucesso da fiscalização.
Desde 2010 a área
teve apenas três coordenadoras, todas elas analistas ambientais com anos de
serviço no instituto. O próprio regulamento de fiscalização do Ibama determina que a
atividade de inteligência seja exercida por servidores de carreira. Mas o
governo Jair Bolsonaro desprezou o parecer técnico e as regras do órgão. Não é
a primeira vez. Já contamos como o ministro do Meio Ambiente, Ricardo
Salles, loteou o órgão com policiais militares sem nenhum conhecimento técnico.
Coordenar a
Inteligência de Fiscalização exige conhecimento especializado. A cada ano, a
unidade elabora um documento que classifica todos os crimes ambientais do
país conforme a área em que ocorrem, a frequência com que são flagrados e seus
impactos no meio ambiente. É com base nos dados da unidade que o Ibama planeja
suas principais operações contra madeireiros, garimpeiros, traficantes de
animais e outros criminosos.
Silveira, um
paranaense de 36 anos, chegou ao cargo em circunstâncias misteriosas. Em maio deste
ano, quando trabalhava em Manaus, ele foi chamado pelo Ibama para ser
“consultor” da coordenação de fiscalização em Brasília, apesar de não ter
nenhuma credencial para essa função.
Nos três meses em
que esteve na capital federal, a partir de 18 de maio, Silveira consumiu mais de R$ 17 mil em diárias e passagens para “participar de
ações de planejamento de combate ao desmatamento na Amazônia”, segundo a justificativa oficial de
sua viagem.
O que causou
espanto no Ibama, porém, é que a área de inteligência não foi consultada sobre
o recrutamento do agente da Abin e nem informada sobre as atividades que ele
exercia, segundo dois fiscais com quem conversei e que me pediram anonimato
devido ao risco de represálias.
Por todo o tempo
em que trabalhou “emprestado” ao órgão, Silveira interagiu apenas com a cúpula
da área de fiscalização, que desde abril está sob domínio de dois ex-comandantes da Rota, a violenta
tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Foram estes PMs que Salles
escolheu para substituir os antigos dirigentes, que foram demitidos sem explicações, após uma operação contra o
garimpo ilegal em terras indígenas no sul do Pará.
O padrinho de
Silveira no Ibama é Leslie Jardim Tavares, que aproveitou a degola de abril
para assumir a coordenação de operações de fiscalização, subordinada aos PMs.
Assim como o funcionário da Abin, Tavares trabalhava no Amazonas, onde era
braço direito do coronel da reserva da PM Olímpio Ferreira Magalhães. Até
assumir a diretoria de proteção ambiental em Brasília, Magalhães foi chefe do
Ibama no estado. A falta de transparência sobre a atuação de Silveira irritou
os fiscais do Ibama, que chegaram a suspeitar que o funcionário da Abin
estivesse trabalhando em uma espécie de atividade paralela de inteligência na
diretoria de proteção ambiental.
No dia 2 de
julho, a coordenadora da unidade, Sabrina Rodrigues Silva, deixou o cargo
alegando motivos pessoais. Foi durante esse vácuo de comando na unidade, em 10
de julho, que os técnicos alertaram a diretoria para a necessidade de preencher
a vaga com um servidor de carreira. A recomendação sequer foi respondida.
O diretor Olímpio
Magalhães se manifestou sobre a nota dos técnicos somente 41 dias depois, em 20
de agosto. Não para discutir a preocupação deles, como se esperava, mas para
questionar se o seu subalterno, o também PM da reserva Walter Mendes Magalhães,
havia orientado a equipe a fazer aquela nota, algo que ele se apressou em negar
no mesmo dia. Àquela altura, porém, o debate era inócuo: no dia seguinte, a
nomeação do funcionário da Abin aparecia no Diário Oficial da União.
Perguntei ao
Ibama por que o alerta dos técnicos foi ignorado pela diretoria, e qual era o
trabalho de Silveira como “consultor” do órgão. Também questionei a respeito
das qualificações na área ambiental que possam justificar a nomeação dele para
um cargo de chefia, e se ele fez algum serviço de “inteligência paralela”, como
suspeitam os servidores. Todas as perguntas ficaram sem resposta.
Também procurei
Silveira diretamente, mas ele não respondeu às várias tentativas de contato por
ligações, mensagens de WhatsApp e e-mail. Ao ministério do Meio Ambiente,
perguntei se a pasta foi consultada sobre a nomeação e deu aval a ela. Tampouco
houve retorno. O espaço está aberto para manifestações.
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Fonte da
matéria:
https://theintercept.com/2020/09/01/agente-abin-chefe-inteligencia-ibama-amazonia-salles/?utm_source=The+Intercept+Brasil+Newsletter&utm_camp
Sobre a matérioa, entre em contato com: Rafael Nevesrafael.neves@theintercept.com@contaneves
Crédito das imagens:
1. Imagem integrada na matéria aqui publicada.
2. Pedro Casaldáliga - reprodução foto/vídeo da homenagem realizada pelos amigos e seguidores do bispo, dia 8/09/2020 - YouTube.com
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