
Ele chegou a afirmar — sabendo que mentia — que o resultado da votação era "uma conquista do Estado democrático de direito, da força das instituições e da própria constituição...". (i)
Diante de tão arrogante desprezo ao povo brasileiro e à sua capacidade de discernimento, lembrei do que Ivone Gebara —filósofa e teóloga feminista — escreveu, recentemente, sobre "a vitória expressiva de Mamón".(ii)
A reflexão de Gebara — que reporto a seguir — também se refere a um fato já divulgado neste espaço. A autora, no entanto, tem uma percepção diferenciada, atual e aguda sobre essas questões. Tomei a liberdade de acrescentar, no texto, o sobrenome e o partido das senadoras citadas, para melhor identificação.
Segue o texto.
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Senado, da Reforma Trabalhista, foi de uma fina crueldade.
— Qual é a caravana que passa?
— E passa onde?
— E passa sobre quem?
Passa sobre corpos estendidos, sobre corpos famintos e sofridos que reclamam por casa, terra, trabalho e pão. A caravana passa, massacra e mata porque os cavaleiros e os cavalos estão gordos de tanto comerem a comida do povo.
Os cavaleiros armados e com armaduras são mantidos por outros de ‘corpos sutis’ que, de seus escritórios, em qualquer lugar do mundo jubilam de alegria diante da vitória expressiva de Mamón. É Mamón sua divindade suprema. Por ele sacrificam vidas que nada significam para seu culto e sua glória.
É Mamón que governa o mundo. Os políticos do governo são títeres de Mamón. São seus servos que apenas o ajudam a engordar seus cofres, suas Bolsas, e a dominar a terra em troca de benefícios que o fogo e as traças um dia comerão. Não gozarão individualmente de seus roubos. A bendita morte os alcançará. Um AVC, um infarto fulminante, um tumor maligno, um desastre inesperado, uma diarreia incontrolável os eliminarão.
É Mamón que governa o mundo. Os políticos do governo são títeres de Mamón. São seus servos que apenas o ajudam a engordar seus cofres, suas Bolsas, e a dominar a terra em troca de benefícios que o fogo e as traças um dia comerão. Não gozarão individualmente de seus roubos. A bendita morte os alcançará. Um AVC, um infarto fulminante, um tumor maligno, um desastre inesperado, uma diarreia incontrolável os eliminarão.
Mas, enquanto isso não acontece imaginam-se imortais. Creem em seu poder. Corrompem-se mutuamente, para gozar num instante breve das deliciosas iguarias recebidas pela glorificação de Mamón. Já recebem seus prêmios agora, enquanto o povo “lazarento” come migalhas caídas de suas mesas. Falam de humanidade e de respeito na medida em que estas palavras lhes servem. As banalizam para aparecer como cidadãos justos e dignos. Enganam os incautos e os que já não têm mais forças para entender o que está acontecendo no país e no mundo.

Parabéns Fátima Bezerra - PT-RN, Gleise Hoffmann - PT-PR), Vanessa Grazziotin - AM-PCdoB, Regina Souza - PI-PT, Lúcia Vânia Abrão - GO-PSB, Kátia Abreu - TO-PMDB, e tantas outras, como as deputadas Luiza Erundina (SP-PSL) e Benedita da Silva (RJ-PT), que bravamente, com outros oposicionistas, gritaram por justiça expondo-se à caravana loucamente desenfreada.
E, ainda assim, as senadoras foram acusadas por jornalistas e políticos de não agirem por força própria, mas por manipulações masculinas de fora. Incrível ousadia de querer virar o jogo desprestigiando a força das mulheres. E não só isto, foram também acusadas de perturbadoras da ordem do "honrado Senado Federal, algo nunca visto antes". Como se a mentira dos senadores fosse a ordem, e a denúncia da mentira, feita pelas mulheres, fosse a desordem.
E, ainda assim, as senadoras foram acusadas por jornalistas e políticos de não agirem por força própria, mas por manipulações masculinas de fora. Incrível ousadia de querer virar o jogo desprestigiando a força das mulheres. E não só isto, foram também acusadas de perturbadoras da ordem do "honrado Senado Federal, algo nunca visto antes". Como se a mentira dos senadores fosse a ordem, e a denúncia da mentira, feita pelas mulheres, fosse a desordem.
Mais uma vez confundem o povo com seus discursos sobre a ordem, sobre a lei, sobre a necessidade de modernização, sobre um bem que querem dar ao povo. Um “bem” sem que o povo o escolha! Insistem em dizer que as leis da CLT foram inspiradas por Mussolini e escritas e aprovadas por Getúlio, um ditador. Quando lhes serve, Getúlio é santo do povo, e quando não, é ditador. Camaleões da república colorindo-se conforme seus interesses! Insensatos que não distinguem o bem comum do individualismo que os caracteriza!

— Qual é a democracia que se
sustenta fora dos apelos e das
necessidades reais do povo?
Aqui está a chave do problema. É que imaginamos estar numa democracia, mas estamos apenas nominalmente, apenas retoricamente, apenas para encher a boca com essa palavra esvaziada de seu sentido original. Não há democracia por aqui! O que há é algo sem nome, algo confuso parecido com uma oligarquia, uma gerontocracia ou, como disseram alguns, uma 'corruptocracia'. Tudo pela e para a Bolsa, nada para os pobres!
Estamos todas e todos misturados nessa massa pegajosa sem saber como sair dela, como limpar nossas mãos e nosso corpo de sua aderência incômoda. Não temos ainda a água pura que possa nos ajudar a limpar as mãos, o corpo, as mentes e o coração.
O ar poluído desse momento nos sufoca. Tudo está alterado e em ebulição como se estivéssemos num dilúvio de proporções nacionais e mundiais. Ainda não avistamos terra firme. Ainda não dá para mandar nossos pássaros para ver se há algum ramo verde para além do dilúvio. Mas dá para esperar que, de repente, um ramo verde possa aparecer e nutrir a esperança da reconstrução de nosso país. Dá para algumas e alguns darem-se as mãos e pensar em caminhos alternativos.
O ar poluído desse momento nos sufoca. Tudo está alterado e em ebulição como se estivéssemos num dilúvio de proporções nacionais e mundiais. Ainda não avistamos terra firme. Ainda não dá para mandar nossos pássaros para ver se há algum ramo verde para além do dilúvio. Mas dá para esperar que, de repente, um ramo verde possa aparecer e nutrir a esperança da reconstrução de nosso país. Dá para algumas e alguns darem-se as mãos e pensar em caminhos alternativos.

Parabéns, senadoras! Vocês são o ramo verde, — ainda que apenas um broto de pequenas proporções — que nos fazem esperar e crer num Brasil onde todas e todos possam caber com dignidade. Reconhecendo nossos imites pessoais e institucionais, e dentro dessa massa pegajosa na qual todas e todos estamos, continuaremos dizendo "Não" a esta insana e corrupta “caravana”!
Parabéns a nós todas e todos que mantemos nossas lâmpadas acesas em meio à obscuridade de nosso tempo!
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Introdução atualizada em 06/07/2017.
(i) In: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/08/02/temer-agradece-a-camara-destaca-maioria-dos-votos-e-promete-mais-reformas.htm?cmpid=copiaecola
(ii) Mamón, Mammon, Pandemonium ou Demon - denominações usadas nas histórias bíblicas cujo significado é dinheiro, riqueza e cobiça. A personificação ou a divinização de algo diabólico e impuro. Era o nome do deus fenício e sírio da riqueza.
No Diccionario Abierto de Español, Mamóna é uma expressão que qualifica alguém que se sente superior aos demais e gosta de castigá-los, amparado na sua presumida superioridade. In: www.significadode.org
(i) In: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/08/02/temer-agradece-a-camara-destaca-maioria-dos-votos-e-promete-mais-reformas.htm?cmpid=copiaecola
(ii) Mamón, Mammon, Pandemonium ou Demon - denominações usadas nas histórias bíblicas cujo significado é dinheiro, riqueza e cobiça. A personificação ou a divinização de algo diabólico e impuro. Era o nome do deus fenício e sírio da riqueza.
No Diccionario Abierto de Español, Mamóna é uma expressão que qualifica alguém que se sente superior aos demais e gosta de castigá-los, amparado na sua presumida superioridade. In: www.significadode.org
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Créditos das Imagens:
1. Mammon - pintura assinada, divulgada em: www.pinterest.com
2. Ivone Gebara - Foto divulgada em: www.koinonia.org.br
3. Mammon - pintura assinada, divulgada em: www.pinterest.com
4. Tenacidade - imagem ilustrativa - www.canstochphoto.com.br
5. Mammon - pintura da mesma autoria, divulgada em: www.pinterest.com
6. Muheres de Chipko, no Himalaia - www.asoutrasalmas.blogspot.com.br/
2016/04/a-era-ecologica-iii-o-abate-de-florestas.html
Nota: As imagens publicadas neste blog pertencem aos seus autores. Se alguém possui os direitos de uma delas e deseja que seja removida deste espaço, por favor entre em contato com vrblog@hotmail.com
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